Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 30
Jantar e sobremesa


Notas iniciais do capítulo

POV: Tyrion



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Sansa, Tyrion e todo o conselho almoçavam na companhia de lordes – e de suas respectivas famílias - de Karhold, Porto Branco, Atalaia da Viúva, Fosso Cailin e Vila Acidentada. O banquete era simplório, mas muito bem preparado. Apesar das boas notícias todos acharam mais seguro serem prudentes com relação a comida. Independente da comida, festejavam a melhora considerável do reino. Graças à rainha Sansa.

odos no salão usavam suas melhores roupas. A rainha usava um vestido azul e branco de mangas longas, porém justas. O cabelo estava preso em uma trança que descia-lhe pelas costas. A coroa pousava em sua cabeça majestosamente. A luz que vinha das lareiras e das velas abrilhantava-a. Tyrion vestia um gibão cinza, com bordados em azul escuro. O lobo dos Stark estava desenhado no lado esquerdo do seu peito, ao lado de um pequeno leão Lannister. Mais simplório do que a rainha, isso era certo, mas quase tão deslumbrante quanto. Afinal, sou um anão e não há quem se compare a Sansa.

No salão, a mesa principal dispunha-se no lado oposto da porta, alguns degraus mais altos que o restante. Nela sentavam-se a rainha e o rei e os irmãos da rainha. Em outras mesas estavam dispostas de uma forma em que o centro do salão ficasse vazio para que se pudesse dançar. Nelas estavam os lordes e suas famílias. Porém, não haviam lugares marcados, e havia mais lugares do que o necessário. As pessoas iam e vinham livremente dentro do salão. Ao canto, próximo a porta, estavam os músicos, vestidos de forma uniformizada, preparados para tocar os mais diversos tipos de música.

A esposa do Lorde de Karhold havia acabado de dar a luz a uma menina há menos de dois meses e não havia podido fazer a viagem até Winterfell. Os outros quatro filhos, entretanto, estavam à mesa do banquete. Todos mais novos do que Sansa. O mais velho já tinha uma prometida: a filha do Lorde de Porto Branco. O casamento apenas entre o norte ficou ainda mais vigoroso depois da guerra.

Algumas das filhas e filhos ali já tinham seus próprios filhos e filhas. Sansa, entretanto, não tinha nenhum dos dois. A rainha não tinha herdeiros. Especulava-se sobre a possibilidade da esterilidade da rainha e/ou do rei, afinal, nunca houve boatos de que Tyrion Lannister houvesse tido um bastardo. Todos conversavam animadamente sobre seus respectivos herdeiros, até que...

- Vossa Graça, se me permite perguntar,...

- Já sei o que o senhor perguntará: porque ainda não tenho herdeiros, estou certa?

Tyrion esperava por diversas perguntas. Mas nenhuma delas nem se quer chegava perto desta. Um calafrio se apossou do anão, que rezava para que a pergunta não fosse esta.

- Sim, se aprouver a Vossa Graça.

Maldito seja. Quais direitos ele tem de fazer uma pergunta dessas? Sansa não irá responder. Isso é certo, pensou o anão consigo mesmo. No fundo temendo que Sansa acabasse por responder a pergunta e revelasse o maior segredo que os dois esconderam por anos.

- Certo. Respondê-lo-ei, então- a rainha respondeu de imediato. Tyrion se remexeu na cadeira. O silêncio no salão era incontestável. - Simples: com toda essa guerra em todos os cantos de Westeros eu não sabia se estaria viva no dia seguinte, com isso, o medo de ter um filho e pô-lo em um mundo devastado e horrível me impediu que fazê-lo. O senhor meu marido foi muito benevolente quanto a isso. Prevejo bons anos, espero poder trazer ao mundo ao menos herdeiro para cuidar do norte.

Tyrion soltou o ar que nem sabia que estava prendendo.

- Viva à rainha Sansa! – clamou um dos lordes sentados à mesa. Um coro seguiu-o gritando vivas à Sansa e eventualmente à Tyrion.

A rainha pousou uma de suas mãos sobre a mão do anão que repousava sobre a mesa. Sorriu para ele e ele retribuiu. Não havia banquete, não haviam lordes, não haviam moças e rapazes, não haviam crianças, não haviam servas. Eram apenas os dois, como sempre era quando estavam juntos.

- Vejo que alguns dos senhores parecem cansados. Antes que os senhores se retirem, o que eu permito completamente, tenho uma notícia a dar - disse Sansa, levantando-se de sua cadeira. Assim que todos se silenciaram e estavam com os olhos nela, ela continuou: - Carrego dentro de mim, a herdeira ou o herdeiro do Reino do Norte - assim que ela terminou, Tyrion ergueu-se sua cadeira e pegou entre as suas, as mãos da esposa. O olhar admirado e assustado, ao mesmo tempo. - Aquele que comandará essas terras tão bem ou, ainda, melhor do que meu pai. Aquele que será o Rei ou aquela que será a Rainha dessas terras que tanto amo.

Quando ela terminou lágrimas escorriam de seus olhos e desciam por sua face. Todos pareciam sem palavras.

- Sansa, eu... É verdade? Está carregando um filho... Meu? - sussurrou Tyrion, sem conseguir falar mais alto do que aquilo.

- Sim. Sim. Sim. É seu. É nosso - ela respondeu excitada e exaltada, ajoelhando-se no chão, deu um leve beijo nos seus lábios. Trazendo a mão dele ao encontro de seu ventre ela disse: - É o nosso filho.

Como despertos de uma hipnose de uma só vez, todos do conselho e os lordes e suas esposas se levantaram das mesas.

- Viva a Rainha Sansa! Viva ao Rei Tyrion! E agora, viva ao pequeno herdeiro que cresce! - gritou um deles, sendo seguido por todos os outros.

As esposas cercaram a rainha felicitando-a, separando-os. Bran, Rickon e Arya demoraram-se mais tempo com a irmã. Por mais que Rickon tentasse escondê-las, lágrimas de felicidade escorriam por seu rosto. Meistre Theodore orava silenciosamente aos deuses.

Tyrion estava perdido em pensamentos quando sentiu Bran tocá-lo.

- Vossa Graça?

- Brandon.

- Sei que não tenho sido o que se esperava que eu fosse, mas-

- Não precisa e explicar. De verdade. Eu entendo. Eu provavelmente agiria da mesma forma.

- Bom, eu... Ahn... A Rainha Sansa carrega um filho do norte. O seu filho. Aquele que será Rei, ou Rainha, um dia. Devo respeitá-lo. E para isso, devo respeitar também o pai dele. Além disso, posso ver no rosto da minha irmã o quanto o senhor a faz feliz. E como irmão, isso é tudo o que eu quero.

- Obrigado, Bran. Isso é muito importante para mim - disse Tyrion, realmente surpreso com as palavras do jovem.

Bran se despediu com um aceno silencioso.

Um dia repleto de surpresas, pensou Tyrion consigo mesmo e sorriu. Postou-se novamente ao lado da esposa na mesa.


[...]


O banquete havia acabado há alguns poucos minutos. Alguns lordes se dirigiram para os quartos que seriam seus durante a estadia em Winterfell. Alguns resolveram visitar o Bosque Sagrado. Muitas crianças corriam pelo castelo. Enquanto as esposas cuidavam de bebês. Bran e Rickon pareciam ter se interessado por duas jovens e mostravam a elas o castelo e o reino. Enquanto Arya mantinha uma conversa com um rapaz que havia viajado por Westeros quando mais jovem.

Sansa e Tyrion estavam no quarto. Retirando as roupas de festa e colocando algo mais confortável. E vendo-se livres do peso de carregar uma coroa. Ele, que havia terminado de se arrumar antes dela, estava deitado na cama, perdido em pensamentos.

- No que tanto você pensa, Tyrion? - ele ouviu a voz dela dizer vagamente.

- Eu? Em nada. Em tudo - ele disse, fazendo uma breve pausa enquanto ela se aproximava da cama. - Em como ele será, com quem ele se parecerá, como ele vai se chamar.

- Ele? Então você presume que será um menino?

- Não. Todos querem um menino como o primeiro.

Ela concordou pensativa.

- Isso foi o que eu sempre sonhei - ela disse, olhando para o nada. - No início eu queria me casar com um rei. Não foi com um rei, mas me casei. E me tornar rainha. Cá estou rainha. Queria também um filho, é aqui está ali - ela diz, demonstrando a barriga. - Depois eu quis... Bom, eu quis diversas coisas. Eu quis minha família unida, ou melhor, o que restou dela. Eu quis voltar a Winterfell. Eu quis ser feliz. Os caminhos foram tortos, mas eu tenho tudo o que sempre quis. E ainda mais.

- Eu não sei o que dizer. Você está me dando tudo o que eu sempre soube que eu queria, mas nunca confessei, nunca achei que teria. Um amor correspondido, uma casa para chamar de mim, uma família que me aceita e agora um filho. - Tyrion exclamou, animado, extasiado. - Eu simplesmente te amo. Mais do que tudo. Mais do que qualquer coisa. Eu te amo, Sansa Stark.

- E eu te amo, Tyrion Lannister.


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Notas finais do capítulo

Acabei de perceber que os três últimos capítulos dessa fanfic foram escritos sob o ponto de visto do Tyrion. Devo estar loucamente apaixonada por ele. HAHA.
Bom, meus caros leitores - que eu amo imensamente - este é o último capítulo. Tenho mais um preparado como "Epílogo", sobre algo que ocorrerá alguns meses depois dessa noite desse capítulo. Estou extremamente ansiosa em postá-lo.

Antes de mais nada, eu queria agradecer de todo o coração por cada um que chegou até aqui. Eu nunca poderia imaginar que uma coisa dessas poderia acontecer. Foram 29 capítulos corridos - e um bônus que eu ainda publicarei. Mais de 35 mil palavras - aproximadamente. E 9 meses escrevendo. Muitas horas de sono perdidas e muita dor devido à tendinite. Mas, no final das contas, não me arrependo de nada, faria tudo de novo. Obrigada por fazer esse meu sono de escrever algo que as pessoas se interessassem e gostassem de ler virar realidade.



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