Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 25
Três Palavras


Notas iniciais do capítulo

POV: Sansa



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Os dias pareciam estar mais curtos e as noites mais longas. Com as provisões que Tommem enviara de Porto Real o reino estava em um momento de paz. Finalmente. Com isso, entretanto, ela passava grande parte do tempo sozinha. Bran estava sempre ocupado com a Guarda Real e com a Patrulha da Cidade. Com os preços dos alimentos próximos ao normal as pessoas voltaram a comprar. As provisões de Tommem foram essenciais. E as notícias que a Patrulha da Cidade reportava a Bran, que depois passava a Sansa, apontavam uma redução acentuada da criminalidade. Nada roubos, homicídios, assaltos. Mas ainda assim ele insistia nas rondas o dia inteiro. E Arya cuidava de grande parte das responsabilidades da rainha. Coisas pequenas, ela dizia. Às vezes, passava as tardes com meistre Theodore. Mas mesmo ele parecia ter mais obrigações que ela. E eu sou a rainha.

Com essa calmaria Sansa acreditava que passaria um pouco mais de tempo na companhia de Tyrion. Mas ele nunca estava à vista. E ninguém nunca parecia saber onde ele estava. Era verdade que era pequeno, mas como podia se esconder de todos?

Lembrar de Tyrion trazia memórias. Muitas. A noite do baile de boas vindas. A primeira noite em que dormiram na mesma cama. O desjejum na Muralha em que quase disse para ele tudo o que pensava e sentia. E o beijo que ele lhe dera semanas atrás. Não fora como os beijos que Joffrey dera. Mas também não fora como o beijo que ela sempre sonhara ganhar do Cavaleiro das Flores, Sor Loras. Fora diferente. O que não queria dizer que ela não havia gostado.

Ele havia sido gentil. Desde o momento que a tocara, que a acariciara. Desde a têmpora até o queixo. Ela se lembrava dos detalhes. E ficava arrepiada só de pensar. Não tinha certeza apenas se fora ela quem os aproximara ou ele. Talvez os dois. Não poderia encontrar sua boca sozinha. Não fora um beijo forçado, afinal.

Os dois não haviam conversado sobre o assunto. Nunca conversavam sobre esse tipo de assunto. E pelo jeito que Tyrion andava sempre se escondendo, Sansa supunha que ele estava com vergonha ou, talvez, arrependido. E se estivesse arrependido... Bom, aí ela não sabia o que iria fazer.

Pensando sobre o assunto, decidiu perguntar, talvez confrontá-lo. Ela precisava saber o que ele havia achado. Hoje. Pela noite. Esperarei por ele. Ele não poderá fugir.

Ainda faltavam horas para o sol se por. Sansa decidiu procurar algo para se ocupar até lá e poder desviar a atenção dos seus pensamentos.

Olhou pela janela mais próxima que dava de frente para o reino. Sem pensar direito resolveu subir até a ameia da torre mais alta. Sem realmente saber o que faria lá.

O frio lá em cima era mais acentuado. O vento fazia seus cabelos dançarem. Chegou o mais próximo possível dos pequenos muros que cercavam a ameia. Ali na frente se estendia o reino. O seu reino se estendia além dos portões de Winterfell. O reino que agora a pertencia. E pelo qual ela estava disposta a fazer todo o possível para torná-lo perfeito novamente.

Tudo parecia extremamente pequeno dali de cima. Pessoas, cavalos, casas. Até mesmo as muralhes que cercavam Winterfell. Exatamente tudo parecia menor, inclusive seus problemas.

Avistou dali o Bosque Sagrado. Já fazia algum tempo que ela não ia até lá. Muitas memórias cruzavam sua mente, algumas delas desagradáveis. Mas, afinal, acho que isso faz parte da vida. E o Bosque Sagrado faz parte do Norte.

Sansa perdeu-se em pensamentos e quando percebeu, o céu já estava escuro e a lua alta. Dirigiu-se para o seu quarto o mais rápido possível, sem mostrar desespero ou ansiedade, rezando para que o anão estivesse no quarto. Desperto.

Ao que parece, os deuses estavam contra Sansa. Quando ela entrou no quarto, encontrou Tyrion dormindo. Sabia que não teria coragem de acordá-lo. Não para falar sobre o beijo. Sobre eles.

Desistiu. Foi para o quarto de banho despir-se daquele vestido e colocar outro mais apropriado para dormir. Mais uma vez não estava com sono. Da última vez a canção que Tyrion cantara a fez dormir. Não conseguia se lembrar da canção, nem do ritmo. Lembrava-se de ouvi-lo dizer que ela uma canção para leões. Funcionara com ela. Talvez leões e lobos não sejam tão diferentes.

Decidiu tentar dormir do mesmo jeito. Olhou o fogo que queimava na lareira, tons de vermelho, amarelo e laranja dançavam em cima de pequenas toras. Sentiu os cobertores se moverem em cima de si. Era Tyrion se virando na cama. Virou-se para ele, esperando encontrá-lo com os olhos fechados num sono profundo.

Quando se virou encontrou dois olhos encarando onde estavam suas costas e agora se encontravam seus seios. Apesar da escuridão parcial no quarto, Sansa percebeu um certo desconforto passando pelo rosto de Tyrion, que logo elevou seu olhar ao dela.

O silêncio perdurou durante algum tempo, afinal, era a primeira vez, depois do beijo, em que se viam completamente sozinhos. Muita coisa passava pela cabeça de Sansa, mas nada saía por sua boca. Antes de dizer qualquer coisa, ela gostaria de saber o que se passava pela cabeça dele. Mas isso parecia impossível.

- Mais uma vez sem sono? – ele quebrou o silêncio perguntando. Como resposta, ela deu um leve aceno com a cabeça.

Mais um minuto de silêncio se estendeu ali.

- Sansa, eu... Eu sinto muito pelo beijo. Eu sei que não deveria ter feito nada disso. Foi estupidez minha. Se você quiser me por para fora do quarto, do castelo, de Winterfell, eu vou entender. Eu lembro do que eu disse quando nos casamos, que não iria tocá-la. Eu só... Não consegui – Tyrion fez jorrar todas as palavras, sem suas devidas pausas. Sansa tentava discernir cada palavra e o que todas elas juntas significavam.

Tyrion já não estava mais deitado. Agora encostado na cabeceira da enorme cama parecia ainda menor, ela continuava deitada. Ainda assim, Sansa não poderia acreditar no que ele havia dito... Quer dizer que...

- Você se arrepende? – ela sussurrou para ele.

Sansa viu Tyrion abaixar a cabeça e encarar as próprias mãos enlaçadas no colo. Pode ouvir sua respiração pesada. Ela não conseguia acreditar. Era demais. Ele se arrependia de ter feito algo que ela havia adorado. Sansa não tinha ideia do que iria fazer a partir dali.

Até que ele resolveu falar.

- Sei que deveria, mas não. Não me arrependo. Sansa, eu quis beijá-la. Queria beijá-la ainda mais, queria tocá-la, queria simplesmente tê-la. Sansa, eu te amo. Não há como não amá-la. Você não precisa dizer nada. Quero dizer, só diga o que você quer que eu faça que eu farei. Eu... a amo – sussurrou ele por fim, erguendo os olhos e encarando-a. Sansa não tinha certeza da expressão do seu próprio rosto. – E então, o que quer que eu faça?

- Beije-me – pediu Sansa, liberando todo o ar que nem sabia que estava prendendo.

Sem mais delongas Tyrion se aproximou dela, vagarosamente, atento às reações dela. Colocou-se parcialmente por cima dela. E antes de beija-la, olhou-a nos olhos. Logo, trouxe o rosto dela para perto do seu com uma das mãos e colou seus lábios nos dela, ela imediatamente fechou os  olhos. As mãos de Sansa percorreram o peito dele até chegarem ao pescoço. As mãos dele acariciando seus cabelos ruivos e seu rosto.

Tyrion aproximou-se dela minimizando ainda mais o espaço entre eles. Passou a mão pelos cabelos soltos dela, e logo, pressionou sua língua no lábio inferior dela. Sansa abriu levemente a boca, imitando o movimento do anão. A mão dela percorreu o cabelo dele, insegura, enquanto ele deslizou uma das mãos até as costas dela e dali, até a cintura, deixando-a arrepiada. Ouviu um gemido sair dos lábios dela.

Gentilmente ele se separou dela, ainda com as mãos em sua cintura. Sansa mantinha os olhos fechados, sorrindo. Sentiu o polegar dele acariciar o seu rosto, só então abriu os olhos para encará-lo.

- Não sabe quanto tempo eu esperei fazer isso – disse ele enquanto brincava com uma mecha do cabelo dela. – A espera valeu a pena – Sansa sorriu mais uma vez. Era impossível não sorrir. 

- Tyrion, eu te amo.

Ele provavelmente não esperava ouvir aquelas três palavras saírem dos lábios dela pelo simples fato de ter ficado durante algum tempo mudo, apenas olhando-a entorpecido.

- Nunca imaginei que a ouviria dizer uma coisa dessas. Eu sou o cara mais sortudo de Westeros e das terras além. E mais feliz também.

Ela não conseguia deixar de sorrir. Chegava a ser bom demais para ser verdade. Dessa vez não fora ele quem a beijou. Ela o beijou.

Ela tentava passar tudo o que sentia por ele através daquele beijo. Beijo que começou calmo e ficava mais intenso a cada segundo. As línguas se remexiam numa dança única, em perfeita sincronia. As mãos tocavam, conhecendo o corpo um do outro. As respirações descompassadas.

- Sansa... – Tyrion sussurrou entre um beijo e outro, até separar-se dela, que o olhou confusa. – Pela primeira vez, eu quero fazer as coisas direito e com calma. E se nós continuarmos assim, eu não vou conseguir me segurar.

Ela sabia sobre o que ele estava se referindo. Era até melhor assim. Sem pressa.                          

- Certo. Vamos parar por aqui, então – respondeu, sem deixar de corar.

Como alguém poderia ser tão apaixonante?

- Esse é um lado seu que eu nunca imaginei que veria.

- Esse é um lado meu que eu não sabia que ainda existia – Tyrion respondeu, sério.

Tyrion deitou ao lado dela, trazendo-a para deitar em seu peito.

- Boa noite, meu amor.

- Boa noite.

A última coisa que ela sentiu foi o beijo que ele deu no topo de sua cabeça.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??
Oh deuses, espero que vocês tenham gostado. Estou roendo minhas unhas.
Espero que vocês tenham gostado.
Não sei mais o que dizer, estou tão animada esperando pelos comentários.
Bom, divirtam-se meus amores. :*



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