Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 24
Empecilhos


Notas iniciais do capítulo

POV: Tyrion



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A construção corria em ritmo acelerado, mais acelerado do que Tyrion e Rickon achavam ser possível. Metade deveria estar quase pronta assim que Arya voltasse de Porto Real, o que não faltava muito para acontecer, e pelo visto, acabaria bem a tempo.





Cerca de 130 braços trabalhavam por lá grande parte do dia, e às vezes, algumas modificações podiam ser feita durante a noite à luz de velas. Não fora fácil escolher cada uma das pessoas, havia o triplo de pessoas que se dispuseram a trabalhar, e todos pareciam muitos dispostos a tentar qualquer coisa. Rickon fora quem cuidou dessa parte.



A neve dera trégua e o sol dera o ar de sua graça alguns dias. Apesar disso, o frio continuava absurdo – pelo menos, para ele. Os nortenhos, já acostumados com as baixas temperaturas e as altas camadas de neve, não pareciam se importar. Entretanto, o trabalho braçal ajudava Tyrion a manter o frio distante. Além disso, debaixo da terra a temperatura era bem mais agradável aos sentidos do pequeno anão, que nos primeiros dias do lado de fora, enterrado até os joelhos com neve previra perder alguns dedos dos pés, o resto que ainda resta do nariz, e sabe-se lá mais o quê.



Felizmente, nada de mal acontecera. E se dependesse de Tyrion e Rickon, os mestres da obra, não aconteceria.



Ter encontrado Sansa no quarto fora uma surpresa quase desagradável, não estava preparado para aquilo. Rickon havia dito que tinha planos de estar com ela a tarde inteira, assim ele poderia pegar os outros manuais que havia deixado escondido. Mas algo em algum lugar saíra dos eixos e ele teve que resolver. Felizmente não era nada relacionado às obras que os dois vinham executando há semanas.



Sansa. Era impossível não pensar no beijo que dera nela. Do arrepio que percorrera seu corpo simplesmente por estar perto dela. Lembrar do frenesi que percorreu seu corpo quando colou seus lábios nos dela fazia suas pernas tremerem.



Não, não, não posso pensar nela dessa forma. Não posso.



Ele vira a cara que ela fizera quando ele entrara de repente no quarto. Talvez nojo, aflição, fúria por tê-la tocado. Principalmente quando ele havia prometido que não a tocaria se ela não permitisse. Mais uma promessa quebrada. Talvez a promessa mais verdadeira que já fizera.



Seu pequeno covarde, faça o que você tem que fazer e deixe de pensar bobagens.



Depois do encontro com Sansa, Tyrion esperou mais alguns minutos dentro de um dos quartos desocupados, até que estivesse seguro de que ela não estaria por perto. Precisava urgentemente daqueles novos manuais, ou os trabalhadores lá embaixo não poderiam dar o próximo passo.



Ele os havia escondido dentro do armário, em espaços vagos que só alguém tão baixo como ele poderia ver, se estivesse procurando, e como Sansa não tinha nem ideia do que aquilo era, ela nunca veria. Como o esperado eles estavam lá, esperando por Tyrion.



O anão correu com eles nos braços para fora do quarto, sem se preocupar se estaria chamando atenção de que passava por ali. Afinal, ele era tão importante quanto as cinzas da lareira.



Entretanto, chamou a atenção de um alguém em especial. Alguém que não deveria ver nada daquilo. Alguém que mal conseguia olhar para seu rosto. Alguém que faria o possível para vê-lo longe do norte.



– Lannister. Tyrion Lannister – uma voz gritava por ele no final do corredor.



Sem precisar se virar para ver de quem pertencia àquela voz, Tyrion já sabia quem era. Era uma voz única, com uma rouquidão usual. Brandon Stark. Como um pequeno pantomimeiro Tyrion girou sobre seus calcanhares.



– Sim, sou eu. Em que posso ajuda-lo?



– Aonde vai com toda essa pressa? E o que é isso que carrega? – perguntou o comandante da Guarda Real, cheio de autoridade. Autoridade que no fundo irritava o anão.



O que responder, afinal? Estou indo para a construção que está acontecendo atrás do castelo. Sinto muito, mas você não foi convidado para participar. Isso aqui são manuais de tudo o que está sendo montado lá fora. Não, nunca poderia responder uma coisa dessas. A não ser que quisesse sua cabeça espetada na muralha de Winterfell.



Pelos deuses, o que digo à esse menino?



– E então...?



– São... Besteiras, bobagens, apenas desenhos. Desenhos bobos de alguém que não tem o que fazer. Pensei em jogá-los fora. Lá fora. Apenas isso.



– Ahn. Eu o acompanharei, então.



– Não é necessário. Creio que o Sor deva ter muito o que fazer. Guarda Real, Patrulha da Cidade... Não quero atrapalhar, nem... Nada.

– Não se preocupe comigo. Faço questão de acompanhá-lo – retrucou, dando passagem a Tyrion em direção a um dos latões direcionados ao depósito de lixo.



Sem saída, Tyrion foi. Rezando para o lixo estivesse vazio ou, se vazio fosse pedir muito, parcialmente vazio. Não poderia perder aqueles manuais, todo o trabalho até agora iria por água abaixo.



No meio do caminho, repleto de um silêncio absoluto, os dois são parados pelo segundo em comando da Patrulha da Cidade. Uma troca de olhares rápida confirma a suspeita do anão sobre a existência de algum problema.



Estou livre. Salvo pelo carinha que eu não faço ideia de qual seja o nome.



Espere-me aqui, isso levará apenas um minuto. Serão apenas algumas palavras – assegura Bran, que sem se distanciar mais do que cinco metros, começa a cochichar algo com o outro.



Tyrion pensou seriamente sobre sair dali, deixa-los conversando, e sair sem ser visto. Sem deixar-se ser visto. Logo percebeu que sair assim atrairia uma suspeita ainda maior por parte de Bran, o que era completamente desnecessário.



Sem saída, ele estava sem saída. Depois de muito tempo. Conseguira por fogo nas embarcações de Stannis Baratheon na Baía da Água Negra, mas não conseguia se ver livre de um rapazote.



É o fim dos tempos. Definitivamente.



– Tyrion, podemos continuar a caminhada.



– É claro.



– Eu não sabia que você desenhava.



– Eu costumava desenhar mais quando criança. Aí me mandaram crescer, claro que não literalmente, como você poder ver, e eu parei com os desenhos – assim que terminei vi o rosto de Bran se contorcer numa carranca odiosa. Parabéns, anão. Ele já não te odeia o suficiente?!



Os dois já estavam do lado de fora, a menos de vinte passos da lata de lixo mais próxima e, pelo que Tyrion conseguia ver e sentir, estava repleta de lixo malcheiroso. Nada bom.



– Sor Bran! Sor Bran! Meistre Theodore o chama urgentemente no viveiro. Notícias sobre Arya, diz ele.



Salvo pelo Meistre Theodore.



– Diga que o encontrarei em um minuto, preciso terminar um assunto aqui.



– Mas...



– UM MINUTO – respondeu ao rapaz, e depois se virando para Tyrion, gesticulando a lata de lixo: - Por favor. Não tomemos tempo demais com isso.



Comemorei cedo demais. Cedo demais.



– Não, é claro que não.



O fim estava próximo. Mesmo que Tyrion voltasse ali mais tarde atrás dos manuais sabe-se lá como eles estariam. Relutante o anão se dirigiu até a lata e jogou tudo o que carregava lá dentro.



– Se não se importa, tenho assuntos a tratar agora. Com licença – disse Bran, dando meio volta e indo em direção ao castelo. – Tenha cuidado, Lannister. Veremos-nos em breve.



Ameaça. Uma sútil ameaça. Ainda assim uma ameaça. Mas, ameaças não funcionam comigo, meu caro¸ queria ter respondido, mas manteve-se calado.

Tyrion segurou o ímpeto de pegar os manuais e voltar e correr dali, percebeu que Bran olhava para trás. Instantes depois ouviu seu nome ser chamado, mas dessa vez, por alguém que não queria ver sua cabeça espetada numa lança.


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Notas finais do capítulo

Mil perdões pela demora!!
As coisas na faculdade tem sido um pouco corridas e eu fiquei meio sem tempo para escrever. Sem falar que eu peguei uma gripe horrível.
Falando em faculdade, estou toda ralada. Caí. Brincando na faculdade. Vê se pode?! Fazer o quê professora mandou, os alunos obedecem! Enfim, estou com braço, cotovelo e quadril ralados. Mal consigo sentar! Horrível. Com isso ficou tenso vir escrever mais capítulos no computador.
Bom, eu queria agradecer a recomendação da Caroline Lacerda: MUITÍSSIMO OBRIGADA! Quase chorei com o que você escreveu sobre "Depois da Guerra".
Isso tudo é por vocês. ♥
Bom, aproveitem o capítulo. Sei que não é um dos melhores. :/ Mas eu queria que o Bran implicasse um pouquinho mais com o anão mais amado de todos. ♥



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