Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 15
Portão da Rainha


Notas iniciais do capítulo

POV: Tyrion



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A primeira coisa que Tyrion viu assim que abriu os olhos foi o rosto perfeito e angelical de sua esposa. Pela primeira vez ele reparou em seus cílios, ruivos como o próprio cabelo, tão longos que ele se perguntava como eles não se embaraçavam. Os olhos seguiram em direção à boca. A pequena rosada boca. A boca que ele quase beijara. A boca que ele ansiava beijar. Ela estava tão próxima e ao mesmo tempo tão distante, perdida em uma rede de sonhos. Desejou tocá-la, beijá-la e possui-la ali mesmo. Afastou esses pensamentos que sabia que só trariam confusão.

Ainda deitado ao lado dela lembrou-se de como Sansa havia afirmado que ele poderia dormir ao lado dela. Havia uma grande entonação no “dormir” para que ele soubesse que era apenas isso e nada mais. De qualquer forma, Tyrion havia ficado feliz com isso. Um passo importante, afinal, não é todo dia que se vê alguém disposto a dormir ao meu lado sem que eu precise mostrar ouro.

Não quis acordá-la. Seria maldade demais tirá-la do sono. Dirigiu-se ao quarto de banho. Gostaria de estar com uma cara mais apresentável quando ela o visse pela manhã. Sabia que ela e Jon tinham planos para ir até algum castelo próximo dali e gostaria de acompanhá-los.

Quando voltou para o quarto, Sansa já não estava mais dormindo, havia acabado de se levantar, ainda sonolenta abria a cortina das janelas. Uma grande mesa de desjejum havia sido posta próxima à janela, por onde entravam os raios de um sol ainda tímido. Sansa vestia um roupão de seda por sua da sua veste de dormir. O cabelo desordenado cai-lhe pelos ombros em uma rede de cachos. O sol batia-lhe no cabelo tornando-os quase de um vermelho vivo. Vermelho Lannister, pensou ele.

- Oh, Tyrion – disse ela assim que viu o anão encarando-a. – Eu... É... Teve uma boa noite?

O desconcerto dela com a noite anterior fez Tyrion querer rir. O máximo que fez foi sorrir, tendo se esquecido de que seu rosto ficava pior quando sorria. Quando se lembrou, desfez o sorriso no mesmo momento.

- Sim, uma ótima noite. Apesar do frio lá fora, parece não atravessar essas paredes. E a senhora?

- Sim... Uma ótima noite – disse ela corando. – Eu vou me... Trocar.

Não sabia se começava o desjejum ou se ela preferia que ele a esperasse. Decidiu por esperar. A mesa estava realmente convidativa. Frutas frescas, pães e uma torta ainda quentes, ovos cozidos e uma sopa. A pergunta era como eles conseguiam estocar tanto e mantê-los bons no meio de tanto frio, gelo e neve.

- Obrigada por esperar – disse Sansa saindo do quarto de banho enquanto Tyrion encarava o céu lá fora. Sansa usava um vestido de lã verde escuro com mangas justas, usava um corpete preto com desenhos em verde; o cabelo, antes solto, agora estava preso em um coque alto preso com uma fita. Tyrion não percebeu que a encarava até ela dizer:

- Algo errado com o vestido?

- Oh, não. Não. Eu estava apenas... É linda, Sansa. Digo, lindo. É lindo.

Anão estúpido, qual seu problema?

Tyrion direcionou o olhar para a mesa à sua frente. Não tinha certeza do que deveria fazer ou dizer. Depois do que disse talvez fosse melhor ficar quieto. A dúvida não levou pouco mais que alguns segundos. Dirigiu-se à cadeira a sua frente, afastou-a da mesa e fez um aceno para que Sansa se sentasse. Sentou-se logo depois.

- Jon e eu vamos até Portão da Rainha hoje. Gostaria que viesse conosco.

- Será um prazer.

Começaram o desjejum em silêncio. Até ela quebrá-lo.

- Sabe, Tyrion... Essa noite eu... – começou dizer, corando fortemente. Ela corava com facilidade, apesar de tudo. Esse era um dos pontos fracos dele. – Acho que finalmente entendi o que sint-

Sansa interrompeu o que dizia e dirigiu-se a porta.

- Com sua licença, Vossa Graça, Lorde Snow mandou-me para dizer que espera Vossa Graça lá fora, assim que estiver pronta. Com sua licença – e se retirou.

Tyrion ainda estava sentado à mesa. Sem reação. Sabia que Sansa não continuaria a dizer o que pretendia. Não depois dessa interrupção. E aquilo matava Tyrion. Mas este não se deixou abater. Deu-se por satisfeito e acompanhou Sansa para fora da torre.

Encontraram Jon já do lado de fora da Torre do Rei, montado num lindo cavalo quase tão branco quanto a neve. Ao lado estava seu famoso lobo gigante, que havia estado ausente durante todo o dia anterior com seus olhos vermelhos, Fantasma. O lobo pareceu reconhecer Sansa no instante em que ela colocou os pés no chão, correndo em sua direção e deixando-se ser afagado e acariciado. Havia uma espécie de sorriso no rosto de Lorde Snow. Mesmo com Tyrion o lobo gigante havia sido... Gentil e caloroso. Assim como o dono.

- Bom dia, Vossa Graça. Espero que tenham passado um boa noite - recebeu-os Snow.- Estaremos prontos assim que Vossa Graça estiver.

- Estou pronta.

Foram trazidos mais cinco cavalos para Tyrion e mais quatro cavaleiros que não deixavam Sansa sozinha. E mais dois outros atrelados a uma casa andante* para Sansa, que no instante que a viu ali pediu que um cavalo fosse trazido para que ela fosse ao lado de Lorde Snow. Houve alguma resistência por parte dos cavaleiros da Guarda Real que acharam imprudente e insensato, mas nada do que dissessem parecia fazer efeito. Até que desistiram e um cavalo foi selado para a rainha.

                Seguiram rumo Portão da Rainha. O gelo da neve depositado no chão dificultava o cavalgar. O que aumentava o tempo de viagem. Por sorte não nevava nem chovia. A ideia inicial era não fazer qualquer pausa até chegar até Portão da Rainha – a não ser que a rainha necessitasse de uma.

Lorde Snow ia à frente emparelhado com Sansa, e um pouco mais atrás dela vinha Tyrion. Os guardas formavam um quadrado ao redor deles, com olhos sempre atentos a qualquer perigo. Fantasma permanecia à distância, mas sempre por perto.

Demorou menos tempo do que o esperado. Talvez pelo fato de Sansa estar em cima de um cavalo e não sendo carregada por vários deles dentro de uma carruagem. O frio parecia ter cessado em aumentar, mantendo uma temperatura constante.

As torres que formavam Portão da Rainha eram quase tão suntuosas quanto as que formavam Castelo Negro. Uma das torres, a maior e mais alta, que se encontrava entre outras duas torres, era a Torre de Alysanne. Janelas altas e abobadadas contornavam grande parte da torre. Além desta, haviam apenas mais duas, menores e menos chamativas.

Os irmãos estavam prontos para receber a rainha. Os comandantes, mestre de armas e meistres de vários castelos próximos estavam ali e formavam uma linha impecável. Eram ao todo vinte, vindos de Lago Profundo, Fortenoite, Marcagelo e Colina de Geadalva. Lorde Snow sabia o nome de todos eles.

Devidamente apresentados se dirigiram para dentro do refeitório para que a rainha e o rei voltassem a se aquecer devidamente. Não havia muito o que se fazer ali, a visita era basicamente pelo fato de haverem construído a Torre de Alysanne, a torre em homenagem à rainha que foi até a Muralha montada em seu dragão.

Assim como Jon se referia à Sansa como Vossa Graça, acabava-se por referir-se a Tyrion da mesma maneira. A presença de Tyrion ali não parecia tão imposta quanto em Winterfell, ali era mais suave, quase normal. Haviam dezenas de outros Lannister na Muralha. Um a mais não faria diferença. Era de praxe fazer uma reverência à rainha e ao rei, principalmente a ela. Vários rapazes com sobrenome Lannister quando passaram pela comitiva da rainha mostravam-se ainda mais honrados em ter Tyrion ali. Sansa era só sorrisos, para todos os lados. Passaram grande parte do tempo conversando sobre os verdadeiros perigos que se encontravam para-lá-da-Muralha. Sobre o perigo que o restante da tropa de Mance Rayder, agora liderada por um selvagem que dizia ser um seu filho ilegítimo. Falaram sobre homens que chegavam praticamente todos os dias para se juntarem à Patrulha da Noite.

O almoço fora recheado de porcos, peixe, tortas, sopa e vinho. Um dos irmãos possuía uma harpa, uma voz agradável e uma memória boa o suficiente para decorar dezenas de músicas. Mas nada como As Chuvas de Castamere. Era uma canção bastante simplória e, até mesmo, bonita, mas trazia muitas memórias desnecessárias, todas elas muito tristes. Lorde Tywin, Jovem Lobo, Casamento Vermelho, Rei Joffrey... O que fora cantado era mais suave, nada deprimente. Canções sobre Lorde Jon Snow, sobre a Patrulha da Noite, o cantor arriscou, até, alguns versos sobre a rainha e o rei ali presentes.

Aos poucos os Irmãos foram se retirando e dirigindo ao que quer que tivessem de fazer. Um por um por se despediam de Sansa e Tyrion com uma reverência. Por fim, ficaram apenas eles e os comandantes. Aquela reunião apenas não demorou mais pelo fato de a neve estar prestes a voltar a cair e eles deveriam estar de volta a Castelo Negro antes que o sol de pusesse. Teriam uma longe viagem na manhã seguinte de volta a Winterfell.

Mas não foram sem antes os comandantes dos castelos vizinhos agradeceram milhares de vezes a rainha pela visita. 


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Notas finais do capítulo

Obs.: sobre o "*" acima: eu não consigo me lembrar se este é o nome correto, sempre que me lembro dele quando vou escrever acabo esquecendo.



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