Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 13
Samwell Tarly




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O anão decidiu não ir ao topo da Muralha e deixar a Rainha e o Comandante conversarem a sós. Afinal, era para isso que ela estava ali principalmente. Assim como em Winterfell, não havia muito o que fazer ali.

Começou a se lembrar da primeira vez que esteve ali. Tyrion tinha boas memórias ali, apesar do frio que fazia em todo o Norte. Lembrava-se de ter conversado durante um bom tempo com Jon Snow, quando este não era mais do que um garoto que se achava homem, em direção à Muralha crendo nas histórias que as pessoas contavam sobre os Patrulheiros, provavelmente uma das suas primeiras decepções. A Patrulha da Noite não era nada naquela época. Entretanto não havia guerra. Era apenas o início de tudo. Os Irmãos passaram incríveis maus bocados, principalmente após Benjen decidir sair numa patrulha para além-da-Muralha e só voltar muito tempo depois. Depois disso as coisas só foram pioram.

Até chegar à quase invasão dos selvagens. Certamente se não fosse por Stannis Baratheon, Westeros inteiro teria sido devastado pelo povo sem lei. Pelo que Tyrion soube, houve inclusive mamutes e gigantes, não apenas selvagens. A ameaça de um novo ataque é quase nula. Eles estão em um número muito reduzido e não há mais ninguém que posso comandar todos eles assim como Mance Rayder fizera.

Patrulheiros, cozinheiros, intendentes, meistres,... Centenas de pessoas circulavam por Castelo Negro do dia todo. Mas faltava ainda uma coisa. Com tanto gelo espalhado por todos os cantos, como eles mantinham os alimentos? Afinal, não dava para plantar muita coisa nesse gelo quase tão sólido como uma pedra. Está aí uma coisa que eu gostaria de ver.

Parecia a Tyrion que Sansa iria passar um bom tempo no topo da Muralha conversando com o irmão bastardo. E, do fundo de seu pequeno coração de duende, ele ficou feliz com isso. Jon era um dos únicos que não o olhavam torto, apesar de estar acostumado com isso.

Olhou para cima, não havia indícios de que iria nevar. Não poderia passar o dia todo infernado na cozinha se enchendo de vinho e cerveja como fizera da primeira vez. Isso não seria sentato. Vejamos, o que há para fazer em Castelo Negro?

Tyrion havia lido livros sobre as torres e fortalezas que compunham Castelo Negro. E pelo que se lembrava, Torre do Senhor Comandante e a Torre do Rei ficavam ao centro junto, sendo rodeada por fortalezas. Mas a torre maior, a Torre do Rei, com mais de 100 metros de altura não estava mais onde costumava estar. Agora ali estava uma torre mais larga e, talvez até, mais alta, uma espécie de ponte fazia ligação entre esta torre e uma outra nova, igualmente larga e alta. Idênticas. No momento que começou a reparar nas torres lembrou-se da história que havia ouvido sobre um Outro na Torre do Senhor Comandante, e em como ela acabou sendo destruída pelo fogo que Jon Snow usou para matar o morto?

As outras torres permaneciam no mesmo lugar. Torre de Hardin, Torre da Lança, Torre dos Guardas e Torre Silenciosa, todas elas permaneciam ali, em seus respectivos lugares, praticamente intactas. Tyrion estava praticamente no meio de toda aquela profusão de torres. Mais afastado da gelada Muralha estava o Viveiro. Dali onde estava, Tyrion era capaz de ouvir corvos grunhindo. Perguntava-se como meistres conseguiam dormir perto de todas aquelas aves que pareciam não parar um minuto de fazer barulho. Mais perto da Muralha estava o Arsenal, uma grande estrutura montada para guardar todos os equipamentos dos treinos dos novos Irmãos.

Tyrion já ouvira falar dos túneis que passavam por baixo de tudo aquilo, mas nunca tivera a oportunidade de andar por eles ou, ao menos, saber onde começavam e onde terminavam. De qualquer forma, deve ser mais quente lá embaixo do que aqui em cima.

Pessoas ocupadas passavam por ele o tempo todo. Muitos deles sorriram para o duende que agora se dirigia para o pátio de treinamento. Quem quer que fosse que estivesse treinando aqueles rapazes fazia com que gritassem muito. Lutar deve ser um bom meio de se manter quente por aqui, pena que eu não seja apto para tal. Começava a esfriar cada vez mais.

Jon havia dito que se eu precisasse de qualquer coisa deveria falar com um tal de Samwell Tarly. Tyrion esperava que não fosse outro dos babacas com quem veio à caminho da Muralha na primeira vez que esteve aqui. Saiu, então, em busca do tal meistre. Não sabia como ele se parecia, mas disseram que o encontraria junto dos corvos. É claro que um rapaz se ofereceu para ir até lá e chamá-lo, mas o anão estava entediado o suficiente para andar mesmo que fosse para achar um alguém onde havia mais de três mil “alguéns”.

Dirigiu-se direto para o Viveiro. O som que os corvos fazia só aumentava quanto mais perto ele chegava. Mas antes de mesmo de chegar até lá ele já havia se acostumado com o som. Perguntou por Sam na porta e um senhor simpático disse-lhe que estava dando comida às aves, deu-lhe passagem para que subisse. Subiu três lances de estadas, parou para recuperar o fôlego. Subiu mais dois lances de escada antes de chegar ao topo. Estava cansado. A andança a cavalo, depois da volta que dera por Castelo Negro e aquela subida ali acabaram com o que restara das forças do anão. Mas agora que finalmente subira não iria voltar.

O rapaz - apesar de já ser meistre, ainda podia ser chamado de rapaz – que alimentava os corvos não havia reparado na presença do duende ali. Temia que fosse como um daqueles babacas, mas, por sorte, não era. Estava apenas um pouco acima do peso, mas não era de todo mal. De qualquer forma, se significa alguma coisa estar acima do peso, o que significa estar abaixo da altura?

- Com licença, Samwell Tarly, certo?

- Pode me chamar só de Sam se lhe aprouver, senhor... Rei. – Pelo jeito que ele falava Tyrion se lembrou de Podrik, seu inestimado escudeiro que agora já era um cavaleiro de verdade a serviço do algum lorde qualquer em algum castelo qualquer.

- Então, Sam, vou direto ao assunto, o que fiquei curioso sobre como vocês estocam comida por aqui, afinal, não é um lugar que dê para plantar o ano inteiro, certo?

- Ce-erto, Vossa Graça. Alguns construtores que vieram de Vila Acidentada especialmente para a Patrulha da Noite construíram uma espécie de armazém onde é possível estocar os alimentos durante um tempo relativamente grande. O senhor gostaria de vê-lo?

- Claro, por que, não? Não tenho muito mais o que fazer por aqui mesmo.

No momento em que Tyrion terminou de responder neve começou a cair. Viu o elevador ao longe descendo e dois seres dentro dele. Sansa está de volta. Olhou para Samwell que também olhava para a Muralha.

- Neve. Há algum tempo não neva por aqui, apesar do frio. Rainha Sansa e Lorde Snow estão descendo. Seria prudente me dirigir até eles, Vossa Graça.

- Sim, é claro.

Tanto trabalho para achá-lo e a neve resolve cair.


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