Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 11
Muralha


Notas iniciais do capítulo

POV: Sansa



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Nunca havia ido até a Muralha. O máximo que havia ido para longe de Winterfell fora ao sul até Porto Real. Ao norte, diziam, havia muitos perigos e seres mágicos. É claro que depois que Bran, o Construtor construiu a Muralha os perigos ficaram para além-da-Muralha – apesar de quase invasão de Westeros pelos selvagens comandados por Mance Rayder tempos atrás. Mas, o agora Senhor Comandante da Patrulha da Noite, Jon Snow fora capaz de derrotá-los com a ajuda de Stannis Baratheon.

Lorde Jon Snow, Senhor Comandante da Patrulha da Noite.

A Patrulha voltou a ser o que era nos tempos antigos. A maioria dos castelos – aqueles que não estavam em tão más condições – já havia sido restaurada e já era ocupada pelos Irmãos. Alguns dos castelos estavam quase ruindo, demorando mais tempo para serem consertados.

A Muralha em si, como diziam, “se protege”. Não havia muito o que se fazer nele, exceto pelas escadas que pegaram fogo.

Minha primeira vez na Muralha. Uma rainha na Muralha. É linda. Mais do que as histórias contam.

- Rainha Sansa, é um prazer recebê-la em Castelo Negro – disse Lorde Snow fazendo uma reverência. Jon usava o costumeiro traje negro, com Garralonga presa às costas junto a um pesado manto escuro que esvoaçava à medida que o vento batia. Parecia um verdadeiro herói das historias da Velha Ama.

Sansa gostaria de poder abraçá-lo ali mesmo. Apesar de não terem sido muito próximos enquanto eram apenas crianças em Winterfell, Sansa sentiu falta de Jon. E querendo ou não, ele se parecia fisicamente mais com o pai do que qualquer um deles, até mesmo Arya. Mas sabia que não era isso o que uma rainha faria.

- É um prazer finalmente conhecer a Muralha, Senhor Comandante, e rever aquele que nos salvou dos perigos dos selvagens – havia uma certa admiração naquelas palavras, qualquer um podia perceber isso. Até mesmo Jon, que acabou corando.

Foi nessa hora que Jon viu Tyrion Lannister. Um sorriso nasceu em seus lábios. Apesar de tudo o que sempre disseram de Tyrion, Jon havia passado bons momentos com ele na Muralha.

- Seria este Tyrion Lannister, Rei do Norte, Senhor de Winterfell?

- Seria este o nosso bravo Lorde Jon Snow, Senhor Comandante da Patrulha da Noite? – os dois caíram na gargalha, e nos lábios de Sansa um sorriso nasceu. – Mal o vi no dia do baile de boas-vindas à rainha em Winterfell, Jon.

- Digo o mesmo do senhor. Tinha alguns afazeres no castelo antes de poder retornar e não poderia perder tempo. Braços nunca são o suficiente na Patrulha da Noite. E agora está casado com a Rainha Sansa. Espero que esteja cuidando dela, Lannister – apesar do tom de Jon carregado de ameaça, deu para perceber que ele estava sendo apenas o irmão que cuida da irmã mais nova.

- Nunca poderia não o ser, sei que nunca teria a chance de lutar com você e sair vivo.

Quando finalmente se aproximaram Jon fez mais uma reverência, mas dessa vez foi até um pouco mais baixo até chegar próximo à altura do anão, que sem mais demora deu-lhe um longo abraço.

Mais um alguém que sabe que Tyrion não é apenas maldade.

- Bom, chega de toda essa melação – virou-se para Sansa. – Creio que esteja cansada Vossa Graça, posso mostrar-te teus aposentos durante a estadia em Castelo Negro?

- Poderá fazê-lo mais tarde, Snow. Preferia que me levasse até o topo.

- Seu desejo é uma ordem.

- Tyrion, você vem conosco?

- Terei de recusar a oferta, o frio está congelando meus dedos, e toda essa andança a cavalo deixou-me com as pernas bambas, é possível que eu caia de lá de cima.

Antes de ir, Sansa deu-lhe um beijo na bochecha e foi acompanhada de Jon até o elevador para o topo da Muralha.

A vista é tão bela daqui de cima. Tudo parece menor. Até os problemas. Não conversaram durante a subida, Jon deixou-a a admirando a paisagem. Jon deu-lhe o braço para que não escorregasse no gelo.

- Jon Sn-

- Vossa Graça- – disseram ao mesmo tempo. E devido a isso caíram na gargalhada. Sansa ria como se fosse a primeira vez. E, relativamente, era a primeira vez depois de muito tempo – Vossa Graça primeiro.

- Em primeiro lugar pare de me chamar de “vossa graça”, pelo menos, não por ora. Conhecemo-nos desde sempre. Não é necessário. Em segundo lugar, queria pedir desculpas por todos os anos em que o ignorei. Depois de toda essa guerra em todos os cantos de Westeros, percebi que o que mais importa é a família e mesmo você sendo um bastardo, há sangue do honroso Lorde Eddard Stark em suas veias.

- Voss... Sansa, não tem pelo que se desculpar. Eu sou um bastardo, sempre soube o que isso queria dizer e qual era o meu lugar. Lorde Eddard não tinha o dever nenhum de me trazer para Winterfell. Posso imaginar o quanto isso fora frustrante para Lady Catelyn e todos vocês.

- Não falemos mais disso – e sorriram, uma vez mais.

Os dois pararam próximos a uma fogueira que ardia no topo da Muralha. Por um momento olharam-se nos olhos como nunca haviam feito antes. Parecia que conseguiam ver tudo o que o outro fizera antes de chegarem ali. Abraçaram-se. Como nunca haviam feito antes.

- Sansa, você sabe que será uma grande rainha, não sabe?

Sansa não sabia o que responder. Não tinha certeza de que seria uma grande rainha, mas era uma Stark, não podia demonstrar fraqueza, nem mesmo para Jon. Apesar de o lema Tully ser Família. Honra. Dever. os Starks colocavam a honra acima de tudo. Sansa, o que você quer ser: uma Stark ou uma Tully?

- Eu não tenho tanta certeza sobre isso quanto você parece ter, Jon. – Sansa ouviu-se dizendo. – Não é fácil seguir os caminhos de seus pais quando eles foram Eddard Stark e Catelyn Tully. Pelo nome sou mais Stark do que Tully, mas não paro de pensar no que minha mãe faria se estivesse no meu lugar.      

Jon a olhava atentamente tentando absorver as palavras que jorravam da boca da irmã. Jon comandava apenas Patrulha da Noite e apenas isso já parecia bastante complicado. Não conseguia se imaginar no comando de um reino inteiro. Mas algo dentro de si dizia que ela iria conseguir e faria muito bem.

- Sansa, você tem dentro de si sangue Stark e Tully. Passou por mais caminhos em Porto Real e, talvez, saiba mais do que ninguém quais são os perigos que se pode correr. Quanto mais alto, maior a queda. Sabemos que você viu muitas pessoas caindo. É por isso que vai trilhar o seu caminho do melhor jeito possível. Junte a sua parte Stark com a parte Tully e, ainda, com aquilo que só você tem, aquilo que você acredita que é certo, acima de lemas e heranças.

Ela ouvia as palavras de Jon com mais atenção do que alguma vez dirigiu às incríveis histórias de cavaleiros da Velha Ama. Estava feliz por ter Jon, por estar ali, por ter alguém com quem pudesse conversar abertamente, mesmo estando léguas separados. E até por ter alguém que acreditava nela por ele ser a Sansa, e não pode ser uma Stark.

- Obrigada Jon – sorriu para ele. E ele retribuiu.

Ficaram mais algum tempo ali, conversando sobre as memórias de infância. Andaram algum tempo em direção a Atalaialeste até que Jon decidiu que estava ficando frio demais ali em cima, via as bochechas de Sansa coradas por causa do vento e sem falar no sol, que já estava tocando o horizonte e levando a maior parte da luz que usavam com ele, achou melhor levá-la para dentro do castelo. No mesmo instante que se dirigiam para o elevador começou a nevar.


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Notas finais do capítulo

Feliz ano novo, meus caros leitores. Fiquei a semana passada toda sem postar porque fui viajar e não tive como. Prometo mais um capítulo até o fim da semana. E eu queria agradecer a Ms Oliver por ter favoritado. *--* Isso só me deixa extasiada, animada.
OBS.: não escrevi uma capítulo sobre a viagem até a Muralha por saber que eu não conseguiria descrever todo o percurso com maestria o que levaria à um capítulo ruim. Então achei melhor pular essa parte. Desculpem-me.



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