Cotidiano escrita por Léo Cancellier


Capítulo 6
No Hospital




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Quando voltou para casa, Mônica conversou com a tia.- Tia. Nós usamos camisinha, mas na hora, furou. – explicou.- Olha, Mô. Você tem todo o meu apoio, mas tem que falar com a sua mãe. Toma o telefone.Mônica discou o número. Sua tia acariciava suas costas.- Alô, mãe.- Mônica, que bom que você ligou. Eu tive um sonho muito estranho. Sonhei que você estava grávida.- Sabe. – disse Mônica, com cautela. – Eu acho que não foi exatamente um sonho.- Como não?- Eu tô grávida, mãe.Silêncio do outro lado da linha.- Mãe?- Como aconteceu? – disse Dona Luisa, com a voz trêmula.- Ué. Como você acha que poderia ter acontecido? – Mônica não resistiu à trollagem.- Como é?Mônica achou que a mãe estava fumegando do outro lado da linha, então tentou se explicar.- Bom... Eu transei com o meu namorado. Mas acho que a camisinha furou.- É claro, minha filha! Pneus furam, bóias furam, bolsos furam. E CAMISINHAS FURAM!!- Calma mãe. Calma.- É. Calma. – Dona Luisa respirou fundo do outro lado da linha. – O seu namorado pelo menos vai assumir?- Tá adorando a idéia de ser pai.De repente, a voz de Dona Luisa voltou a um tom super animado.- Garota, eu vou ser avó! Mas eu sou muito nova. Se essa criança me chamar de vovó, ela vai ver só. Fala pra me chamar de Lu. – Dona Luisa agora ria. – Enquanto a minha bunda estiver acima dos joelhos e os meus peitos não tiverem chegado ao umbigo, ninguém me chama de vovó!- Vai com calma, mãe. – disse Mônica, rindo. – Quando o papai souber, sai de baixo.- Ah, mais ele já sabe. Você está no viva-voz e ele está pulando de alegria. Só os seus amigos que pararam de vir nos visitar. - Ah, azar o deles. Bom, um beijo. Amo vocês. Tchau.- Tchau, filha. Nós te amamos.
Um mês depois...
Em um dia de chuva, as garotas estavam no treino das líderes de torcida, enquanto o time de futebol treinava para o campeonato. Richard sempre mandava beijos para Mônica, que retribuía sempre. Ela era cercada de cuidados pelas componentes. As garotas não queriam que Mônica tentasse a pirâmide que fazia parte da coreografia.- Mô, nós podemos mudar a coreografia. – insistiu Claire.- É, Mô. Você tá grávida. Não pode ficar exagerando. – disse Amber.- Que nada. Eu posso muito bem fazer a pirâmide, querem ver? E tomou distância. Começou a correr para fazer a pirueta e entrar na pirâmide. No meio do caminho, ela escorregou na grama e levou um tombo feio. Parecia que a escola inteira havia parado. Richard veio correndo e pegou ela no colo. Ele percebeu uma mancha de sangue em seu braço. Depois, reparou que a minissaia de Mônica também estava manchada de sangue. Começaram a brotar lágrimas dos seus olhos.- Uma ambulância! Chamem uma ambulância! Pelo amor de Deus! Rápido!E Mônica, antes de desmaiar, só pode ouvir as sirenes da ambulância. Richard andava tenso, de um lado para o outro. Os garotos do time e as garotas líderes de torcida estavam todos nervosos, sentados. Algumas até choravam. A tia de Mônica estava tentando acalmar Amber e Claire.Depois de um tempo, o médico apareceu, com cara triste.- Quem é o pai?Richard adiantou-se.- Sou eu? E aí, doutor? Ela vai se salvar?- Ela está bem. Vai ficar bem. Mas, infelizmente o feto não sobreviveu ao impacto.- E o que isso quer dizer? – Richard estava tão nervoso que não entendia ou não queria entender.- Ela perdeu o bebê. – explicou o médico. – O tombo foi feio. Ela não deveria ter tentado a pirâmide.Richard caiu de joelhos no chão e começou a chorar. Todos foram abraçá-lo.- Eu disse! – Amber chorava. – Eu disse para ela não fazer!- Eu também! – Claire tentava conter o fluxo de lágrimas. – Aquela teimosa!- Doutor, eu posso vê-la? – perguntou Richard, secando os olhos.- Claro, claro. Siga-me. – o médico indicou o corredor com a cabeça.Quando chegaram ao quarto, o médico deixou Richard a sós com Mônica. Ele sentou-se do lado da cama e segurou a mão dela.- Mô, eu sei que é muito difícil, mas nós vamos superar isso. – disse ele.Mônica abriu os olhos devagar.- Richard, o que aconteceu?- O médico não te contou?- Não. O que aconteceu?- Você... Você...- Fala logo. – Mônica estava meio fraca, mas estava impaciente.- Você... – e lágrimas começaram a brotar de seus olhos. – Você perdeu o bebê.Mônica ficou em silêncio por alguns segundos e começou a chorar. Richard a abraçou.- Fica calma, Mônica. A gente vai superar isso juntos.- Richard, faz um favor pra mim? – pediu Mônica, secando as lágrimas.- Claro. O que é?- Pede para a minha tia ligar para a minha mãe e contar? Eu não conseguirei fazer isso.- Ok, Mô.E saiu. Quando Mônica viu que estava só, recomeçou a chorar.Na sala de esperas, Richard foi falar com a tia de Mônica.- E aí, Richard. Como ela está? – perguntou, angustiada.- Ela chorou muito. E pediu para você ligar para a mãe dela e contar, porque ela disse que não conseguiria fazer isso.- Ah tá. Eu vou ligar.E, pegando o celular, foi para fora do hospital. Richard despencou em uma poltrona. Amber e Claire foram até ele.- Richard, como tá a Mô?E ele disse a mesma coisa para as duas. E para a equipe de líderes de torcida e para o time de futebol. Todos deram tapinhas em suas costas. Mas ele sentia uma dor que nunca sentira antes. Era a dor da perda. E era estranho, pois nem tinha visto o bebê ainda. Os planos na sua mente estavam sumindo, mas ele sacudiu a cabeça e pensou: “Não. Nós ainda vamos ter uma vida feliz. Eu vou dar o apoio que ela precisa.” 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Façam review. Não gostaram? Façam review. O importante é mostrar a opinião =D
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@leocancellier



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