Cotidiano escrita por Léo Cancellier


Capítulo 24
Feriadão Nas Montanhas




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            Um mês depois, passadas tantas emoções, a turma resolveu alugar uma casa nas montanhas para passar o feriadão. Como era uma turma grande, acabaram alugando uma casa enoooorme. Richard e Charlie ficariam com os avôs deles. Um dia antes da viagem, todos estavam assistindo a um filme de terror, na casa de Magali. Era um filme sobre um grupo de pessoas que iriam passar o feriadão nas montanhas.

            - Ai que horror! – exclamaram Amber e Magali. – É a mesma coisa que vamos fazer!

            - Calma, Magá. – Cascão tentava acalmá-la. – É só um filme.

            Fontes acalmava Amber também.

            - Olha só como é uma marmelada. – dizia Fontes. – Em filmes de terror, sempre tem um casal que morre fazendo sexo ou um personagem que corre em direção das escadas, em vez de fugir da casa.

            - Ah, valeu. – disse Amber, irônica. – Agora está confirmado. Não vamos “brincar” nesse feriadão, Fontes. Você disse que morrem assim.

            Todos riram.

            - Mas é só um filme, Amber! – choramingou Fontes.

            E as risadas continuaram.

           

            No dia seguinte, todos estavam esperando Mônica e Cascão. Ela chegou em seu conversível, junto com Cebola, Denise e o namorado dela. Cascão chegou com Magali, no seu jipe. Todos foram para os chalés que ficavam nas montanhas.

            Viram que tinha um quarto para cada casal. Mônica teria que dividir o seu com Cebola. Amber e Fontes, Magali e Cascão, Mônica e Cebola, Denise e Dante (seu namorado italiano) ficariam nos quartos do primeiro andar. Claire e Fábio, Ale e Gustavo (sim! O primo da Magali, que a acompanhou no casamento dela com Cascão), Drew e Luiza ficariam com os quartos do térreo.

            Mônica estava meio incomodada com essa história de ter que dividir o quarto com o Cebola. Apesar de dar aquele selinho nele, ainda não estavam preparados para dividir um quarto. Mas como não havia opções... Tudo bem que, ultimamente, eles estavam se agarrando, escondidos... “Bom, se rolar, tem que ser natural.” Pensava Mônica.

            Quando descarregaram as malas nos quartos, repararam que todos eram pequenos. Apenas a sala era grande e tinha uma lareira enorme.

            - Afe, propaganda enganosa! – resmungou Denise. – Por fora, a casa é enorme. Por dentro, é um ovo.

            - A impressão é que chove tanto nessa região e a casa encolheu em volta dos móveis. – disse Amber.

            - E é tudo marrom-cocô. – disse Claire. – Por que é tudo marrom-cocô?

            - Querida. É porque é uma cor que combina bem com a minha opinião geral sobre esse lugar. – Denise respondeu, bufando.

            De repente, todas gritaram. Um bicho passara correndo para fora.

            - O que é aquilo? É um rato dinossauro? – perguntou Mônica.

            - Não, Mô. É apenas um animal silvestre da montanha. – explicou Cebola.

            Já anoitecera quando todos esvaziaram as malas.

            - Vocês já viram o tamanho da lareira? – perguntou Cascão.

            Quando foram para a sala, deram uma olhada na lareira. Realmente, ela era muito grande.

            - Gente. O dono deve ter tido um motivo muito especial para fazer uma lareira desse tamanho. Será que a temperatura cai a níveis glaciais aqui, de madrugada? – perguntou Amber.

            - Gatz, neva. – respondeu Denise, com um tom irônico na voz.

            Os rapazes não estavam conseguindo acender a lareira. Mônica e as garotas foram até a dispensa para ver se achavam algo para beber.

            - Eu não acredito, Fontes! – berrava Amber, voltando com dois rolos de papel higiênico na mão. – Têm duzentos rolos de papel higiênico e nenhuma bebida alcoólica!

            - Ah, Amber. Vocês mulheres reclamam demais. – disse Fontes, que tentava, sem sucesso, acender a lareira. – Pô! Como é que acende essa bosta de lareira? – terminou, berrando e jogando os fósforos no chão.

            Dez minutos depois, uma meia dúzia de revistas antigas estava sendo queimada dentro da lareira, mas o fogo não era suficiente.

            A fumaça, porém, estava muito exagerada.

            - Já sei. – disse Fábio. – E se nós abríssemos as janelas e deixássemos a corrente do ar entrar? Talvez possa dar certo.

            - Mas será que não vão entrar insetos não? – perguntou Luiza. – Eles não são atraídos pela luz?

            - Que nada, Luh. – disse Drew, rindo e olhando para o relógio. – Agora já não entram mais insetos.

             E ele, Cebola e Cascão foram abrir as janelas. Não deu outra. A sala ficou infestada de insetos. Todos gritaram. Dante foi correndo até o interruptor e apagou as luzes da sala.

            - Mas que horas são, heim? Esses insetos não eram para ter entrado aqui! – disse Drew.

            - Será que eles já foram embora? – perguntou Denise.

            - Acho que não, miga. – respondeu Claire. – Ouço a respiraçãozinha deles.

            Mônica gritou.

            - Que foi, Mônica? – perguntou Cebola.

            - Acho que tem um bicho cascudo subindo na minha perna!

            - Eu vou logo avisando! Se um bicho cascudo subira na minha perna, eu vou dar um grito histérico igual mulherzinha! – disse Fábio.

            Magali gritou.

            - Que foi, Magá? – perguntou Cascão.

            - Eu fiquei imaginando um bicho cascudo subindo na minha perna. – respondeu Magali.

            - E se nós enchêssemos a sala de inseticida e esperássemos eles morrerem para acender as luzes? – perguntou Cascão.

            Quase todos concordaram, menos Amber.

            - Não, não. Esses insetos têm alma. Quando cometemos o pecado da ira, reencarnamos em insetos.

            - Que nada, amor. – disse Fontes. – São pecadores mortais. Merecem morrer.

            - Mas como vamos encontrar o inseticida nessa escuridão? – perguntou Luiza.

            Foi Cebola quem respondeu.

            - Quando eu contar até três, todos corram para procurar um inseticida. Quando alguém achar, grita “achei” e o Dante apaga a luz de novo, ok?

Todos concordaram. Cebola contou até três e Dante acendeu as luzes. Todos gritavam e corriam à procura do inseticida. Mônica foi quem achou.

            - Achei, Dante! Pode apagar a luz! – berrou.

            - Então grita “achei”! – berrou Dante de volta.

            - Achei, porra! – berrou Mônica.

            Dante apagou as luzes. Vinte minutos depois, as luzes se acenderam. Havia praticamente uma pilha de insetos mortos no meio da sala.

            - Eu queria deixar bem claro para o cosmo superior que eu, Amber, não tenho nada a ver com o holocausto de almas indefesas que aconteceu nessa sala. Amém. – disse Amber.

            - Sabia que o meu avô era super irado? Será que ele tá aí no meio? – perguntou Dante.

            Enquanto Cebola recolhia os insetos com uma pá e os jogava na lareira, comentou:

            - Por que será que os insetos ficam balançando as pernas quando estão morrendo? Acho tão desagradável.

            - Vovô? – chamou Dante, olhando para a pilha de insetos que estava no chão.

            - Eu acho que eles mereciam morrer. – disse Mônica. – Invadiram aqui porque quiseram. Eu adoro jóias, mas não invado joalherias.

             - Tem um besouro com um nariz enorme ali, gente. Será que é ele? Vovô? – chamou Dante de novo.

            - Cebola! Agora eu pensei em um negócio! Você não devia ter jogado esses insetos aí na fogueira! Agora, os que estão vivos vão começar a assoprar para apagar o foguinho! – Mônica parecia desesperada.

            - Calma, Mônica. Os insetos possuem uma substância inflamável na asa, que ajuda o fogo a pegar. – explicou Cebola.

            - Nossa, Cebola! Como você sabe de tudo isso? – perguntou Claire. – Já foi escoteiro ou coisa parecida?

            - Coisa parecida. Eu gostava de jogar besouros nas fogueiras de acampamento e ficar ouvindo os estalinhos. – respondeu Cebola.

            De repente, Dante veio com um besourão até a lareira e o jogou lá dentro.

            - Adeus, vovô. Mais sorte na próxima reencarnação. – disse.

            Ninguém disse nada.

Do nada, um raio iluminou a sala, seguido por um trovão.

- Vocês sabem o que está acontecendo, não sabem? Nós mexemos com uma força muito poderosa quando matamos esses insetos queimados! – berrou Amber.

- Qual força? A força da natureza? – perguntou Denise.

- Não! A força dos duendes da montanha! – berrou Amber de novo.

Todos riram. Mas se calaram, quando a porta da sala abriu-se inesperadamente. Miravam, assustados, a figura recortada no portal. Era um homem de capuz, com uma serra elétrica na mão.

- Porra, que duendão! – exclamou Fontes.

- Ninguém se mexe. – pediu Denise. – E apenas o Jeison sem máscara.

O homem avançou para eles, que recuaram.

- Calma, galera. Eu sou o caseiro. Estava cortando mais lenha para a lareira. – explicou o homem. – Se precisarem, a lenha está no galpão.

Todos respiraram aliviados.

- O senhor poderia nos ajudar? – pediu Mônica. – Como que acende a lareira?

- É fácil. – disse o caseiro. – É só apertar o botãozinho que fica sobre ela.

E caminhou até a lareira, apertando um botãozinho minúsculo, perto dos porta-retratos que ficavam sobre a lareira. Todos disfarçaram e agradeceram o caseiro.

- Sabem de uma coisa? – perguntou o caseiro. – Nunca queimem insetos.

- É verdade. – disse Mônica, disfarçando. – Coitadinhos deles. São tão indefesos.

            - Se os insetos morrem queimados, as cobras entram nas casas, atrás de comida. – explicou o caseiro. Todos taparam as bocas com as mãos. – E nunca deixem a porta aberta. Tem muito gambá na região.

            - Gambá é aquele pretinho e branquinho de desenho animado? – perguntou Denise.

            - Não. São uns ratões grandes e fedorentos. – respondeu o caseiro.

            Ele acenou com a cabeça e foi embora.

            Todos tentaram esquecer a história das cobras e resolveram jogar algo para se distraírem.

            - Vamos jogar o jogo da verdade. – sugeriu Cebola.

            Denise veio correndo da cozinha, com umas quatro garrafas de vodka e uma garrafa vazia de cerveja.

            - Eu achei essas garrafas. – disse.

            - Então, quem mentir, tem que tomar um gole de vodka que dure cinco segundos. – disse Cascão. – Além de pagar uma prenda.

            Meia hora depois, quase todas as garrafas de vodka estavam vazias e quase todos já estavam de roupas íntimas, pagando algum mico. Finalmente, depois de vomitar, Claire anunciou que iria dormir. Todos se levantaram. Alguns caíram e tentaram de novo. Vestiram-se e foram para os seus quartos.

            Mônica e Cebola foram para o deles. Realmente era muito apertado, mas tinha uma cama de casal. Cebola foi falar algo, mas Mônica estava abrindo as janelas.

             - Que pena que acabou já. – disse Mônica, com a voz enrolada. – Eu não estou com sono.

            Ela foi até a sua mala e tirou um som portátil. Colocou um CD e a música começou a tocar bem baixinho. Mônica foi tirando a blusa lentamente, ficando apenas de sutiã e com o seu shortinho curto. Foi até a sua carteira e jogou algo para Cebola. Era uma camisinha. Cebola entendeu o recado e tirou a sua camisa. Mônica tirou o seu shortinho e partiu para o ataque. Após um tempo, já eram apenas um ser. Ambos se movimentavam sutilmente. Logo, aumentaram o ritmo e se movimentavam de modo sincronizado e acrobático.  De repente, ouviram gemidos do quarto do lado, mas não pararam. Isso só fez o ritmo dos dois aumentar. Com um gemido final, Mônica anunciou que estava satisfeita. Os dois dormiram abraçados após isso.

            Quando estava quase amanhecendo, Mônica sentiu algo sobre as pernas e percebeu que não era Cebola. Quando levantou a cabeça, deu de cara com uma cobra, que a encarava. Não só ela, mas as outras garotas gritaram e foram correndo para a sala.

            - Tem uma cobra no meu quarto! – berrou Magali.

            - No meu também! – berrou Mônica também.

            - E no meu, que tinham duas? – disse Denise. – Assim não dá!

            - Eu disse que ia dar encrenca queimar esses insetos! – gritou Amber. – Ainda bem que eu deixei a minha janela fechada! Por que vocês deixaram as suas abertas? – quis saber.

            Todos coraram.

            - Seus safadinhos. – riu Amber, esquecendo-se das cobras por um momento. – Vocês não disseram que, nas montanhas, os casais que fazem sexo morrem?

            - Peraí, amada. – disse Denise. – Foi o seu gato que falou. Não nos envolva.

            - Isso mesmo! – defendeu-se Claire. – E eu também não fiz. Por isso não apareceram cobras no nosso quarto.

            - Ai, gente. – disse Magali. – Na próxima, vamos alugar uma casa na praia.

            Todos riram. 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Façam review. Não gostaram? Façam review. O importante é mostrar a opinião =)
.
E se gostaram dessa, leiam as minhas outras fanfics, garanto que gostarão também. =P



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