Cotidiano escrita por Léo Cancellier


Capítulo 20
Vazio




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Um mês depois, Mônica havia descoberto que o seu bebê também era um menino. Para comemorar, todos foram ao shopping. Eram umas oito da noite.




No lado oposto da cidade, um banco estava sendo roubado. Dois assaltantes mantinham todos os funcionários e clientes deitados no chão, enquanto um terceiro assaltante procurava nos bolsos dos reféns uma chave de carro. Achou uma no bolso de um senhor de idade. Rindo, chutou o rosto do senhor, quebrando-lhe o nariz. Todos berraram. Um dos assaltantes que mantinha todos no chão deu um tiro para o alto, acertando uma lâmpada. O banco ficou em total escuridão. Todos ficaram calados.



No shopping, todos ergueram os copos de chopp e brindaram pelos bebês de Mônica e Magali. As duas sorriam. Tomavam milk shakes.

- Galera. Eu estou emocionada já. – disse Mônica, limpando as lágrimas de felicidade e tomando o seu milk shake.

- Eu também. – completou Magali, secando seus olhos.

Cascão beijou Magali e Richard beijou Mônica. Depois de beberem, foram ao cinema.




Os assaltantes fizeram todos esvaziarem suas contas e colocarem o dinheiro em uma sacola. Para aterrorizarem os reféns, pegaram uma garota de uns 12 anos e colocaram a arma na cabeça dela. A mãe estava em pânico, mas não gritava. O assaltante que apontava a arma para a cabeça da garota a levou para os fundos do banco. O único barulho que os reféns ouviam era o gemido do assaltante e o grito da garota. Logo assaltante que estava com a garota voltou e o outro assaltante foi em seu lugar. Os gemidos e gritos recomeçaram. Lágrimas não paravam de escorrer dos olhos da mãe. O segundo voltou um tempo depois e o terceiro assaltante foi para os fundos do banco terminar o serviço. Quando voltou, a menina vinha junto com ele, chorando. Escorria um pouco de sangue pelas suas pernas. A mãe começou a berrar e chorar. Um dos assaltantes perdeu a cabeça e deu um tiro no meio da testa dela. A menina berrou. O assaltante que a acompanhava jogou-a no chão e deu um tiro no meio de sua testa também. As duas, mãe e filha, jaziam mortas no chão do banco.




A turma saía do cinema rindo. O filme fora muito bacana. Decidiram então comer esfihas. Cada um pediu duas ou três. Magali e Mônica pediram cinco.




No banco, os assaltantes pegaram as chaves do carro do senhor e saíram correndo de lá. Entraram no carro e saíram cantando pneu. Não sabiam para onde ir. Quando atravessaram a cidade, olharam para o shopping.

- Cara, vamos nos esconder ali. – disse um dos assaltantes, que estava sentado no banco de trás.

- Tá maluco. Vão nos pegar fácil. – reclamava o outro assaltante, que estava no banco do passageiro.

- Calem a boca vocês dois! – berrou o assaltante motorista. – Vamos pro shopping sim. Se entrarmos com tudo, vão fazer tumulto e podemos sair de fininho.

Fazendo uma curva fechada, os assaltantes entraram no estacionamento a toda velocidade, estourando a barra que impedia que carros sem o cartãozinho de estacionamento entrassem.




Mônica levantou-se, dizendo que iria pegar o carro, mas Richard não permitiu e se ofereceu para pegar o carro ele mesmo. Mônica se derreteu pelo seu cavalheirismo. Saindo do shopping, a turma esperou na porta, enquanto Richard ia pegar o carro.

De repente, ouviram um barulho de freada brusca e um baque. Algumas pessoas que estavam no estacionamento gritavam. A turma foi correndo até o estacionamento. A visão de Mônica chocou-a: havia um carro preto, vazio, parado no estacionamento. O vidro das janelas estava quebrado. No chão, o corpo de Richard estava estendido, cheio de sangue. Mônica tapou a boca com as mãos. O resto da turma berrava, pedindo que chamassem uma ambulância. Mas Mônica estava quieta. Era como se a tivessem jogado em um poço escuro e profundo. Parecia que estava em transe. Só saiu desse “transe” quando Magali a sacudiu e disse para entrar na ambulância, junto com ela, Cascão e Cebola.

Chegando ao hospital, Mônica ainda não falava nada, mas as lágrimas escorriam sem parar. Richard não podia morrer.

- Mô. Vai ficar tudo bem. Ele vai ficar bem. – dizia Magali.

- O Richard é durão. Você verá como vai sobreviver. – confortava Cascão.

Cebola apenas a abraçou.

Horas depois, o médico apareceu.

- Quem é Mônica? – perguntou.

- Sou eu. – respondeu Mônica.

- Ele quer falar com você. – disse o médico.

- E ele está bem? – quis saber Cascão.

- Não sei. Estamos nos esforçando. – respondeu o médico. – Mas ele acordou e disse que queria falar com a Mônica.

Mônica acompanhou o médico até o quarto em que Richard estava. Deixou-os sozinhos, mas disse que ficaria do lado de fora para ajudar se houvesse algo. Mônica sentou-se em uma cadeira que ficava do lado da cama. Segurou a mão de Richard.

- Mô. Eu queria te dizer uma coisa. – Richard tossiu. – Não quero ver você triste. Quando eu for embora...

- Não, Rich. Não diga isso. Você vai se recuperar.

- Quando eu for embora... – continuou Richard, como se não tivesse sido interrompido. – Não quero ver você deprimida ou triste. Trate de encontrar alguém que faça você feliz. E o nosso filho também. Quero ver ele muito saudável e feliz. Estarei de olho em vocês, lá de cima.

- Rich, não... – começou Mônica, mas Richard colocou dois dedos sobre os lábios dela.

- Não fale nada. Adeus, Mônica. – disse, sorrindo.

Mônica o abraçou. Um apito contínuo encheu o quarto. O coração de Richard tinha parado. Ela soltou-o e chamou o médico, desesperada. Ele entrou com a sua equipe e com um desfibrilador. Mônica se retirou do quarto. Não conseguiria assistir a uma cena assim. Quando chegou à sala de esperta, os amigos a abraçaram. Estava chorando muito e não tinha percebido.

Ninguém fez perguntas para ela. Sabiam que não deviam. Mônica apenas se sentou em uma poltrona e apoiou o rosto nas mãos, esperando o médico vir para dar a notícia fatal.

O que, de fato aconteceu, uma hora depois. O médico veio caminhando. A cada passo que ele dava, Mônica chorava mais.

Todos rodearam o médico, com exceção de Mônica, que continuava a chorar na poltrona. À medida que recebiam a notícia, iam se sentando nas poltronas, desolados. Magali, Cascão e Cebola foram até Mônica e a abraçaram. Ela, por sua vez, resolveu seguir o conselho de Richard: não iria ficar deprimida. Secou as lágrimas e chamou a turma. Falou exatamente o que Richard lhe dissera no quarto. Todos se arrepiaram. Denise foi a primeira a falar.

- Bom. Você tem que fazer o que ele te disse. Precisa arranjar um novo amor. – disse, mirando Cebola com os olhos. – Uma nova fonte de amor. Para você e para o seu filho.

- Dê. – começou Mônica. – Agora eu não quero ninguém. Tenho que esperar essa dor passar.

Sem falar mais nada, Denise a abraçou.

- Vamos superar isso rapidamente, Mô. – disse, Cebola, dando tapinhas em suas costas.

De repente, Mônica sorriu. Sabia que seus amigos iriam ajudá-la a dar a volta por cima. Porque amigos são para isso.


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Notas finais do capítulo

Nota de curiosidade: originalmente, a fic era dividida por temporadas e esse capítulo marcava o fim da segunda temporada. =)
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Gostaram? Façam review. Não gostaram? Façam review. O importante é mostrar a opinião =)
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E se gostaram dessa, leiam as minhas outras fanfics, garanto que gostarão também. =P



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