Gostosuras Ou Travessuras? escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 5
O crime




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– Ah, fala sério! Cadê a Mônica e o Tonhão?
– Lá dentro, eu acho. Mas nós dois estamos aqui fora.
– Por enquanto, eu tô voltando lá pra dentro.

O rosto dela, até então meigo e doce, converteu-se em uma expressão demoníaca, fazendo o rapaz recuar assustado.

– Gostosuras ou travessuras?
– Como é? Tá doida?

Ela não respondeu e de repente, um corte enorme apareceu em seu pescoço, fazendo o sangue jorrar em abundancia. Cebola deu um grito apavorado, sem saber se corria ou se tentava socorrer a garota. Ela caiu no chão, com a fantasia coberta de sangue e o olhar vidrado no rosto dele.

O rapaz ficou totalmente paralisado, sem saber o que pensar. Ele só conseguiu voltar a realidade quando alguém bradou atrás dele.

– CEBOLA! O que você tá aprontando aí?

Ele virou-se e se deparou com Mônica e o resto da turma logo atrás. Todos deram um grito e recuaram olhando-o cheios de pavor.

– Que foi, gente?
– Véi, o que tá pegando? O que você fez com a garota?
– Eu? Tá doido? Eu não fiz nada!!!

Ainda tremendo com a cena, DC apontou para as roupas dele e perguntou.

– E por que você tá todo coberto de sangue? E que faca é essa na sua mão?

Cebola deu um salto ao olhar para si mesmo e ver que as mãos e roupas estavam cobertas de sangue. E como aquela faca tinha ido parar em sua mão? Ele não se lembrava de ter pegado aquilo em lugar nenhum.

Mônica aproximou-se lentamente, ainda tremendo com aquela cena.

– Cebola, por favor, o que aconteceu aqui?
– Mô, eu não fiz nada, juro! Acredite em mim!
– Mas...

Franja deu um passo a frente e aproximou-se do cadáver para olhar melhor.

– Ah, tá! Aposto que isso deve ser alguma brincadeira sua!
– Brincadeira?

Os outros suspiraram de alívio e Franja cutucou o cadáver com um pé.

– Ei, levanta daí que a brincadeira acordou.

Todos olhavam com expectativa, esperando que a garota levantasse a qualquer momento e todo aquele clima ruim acabasse. Nada aconteceu e Franja começou a ficar preocupado.

– Deixa eu ver uma coisa... – ele colocou dois dedos no pescoço dela e checou os pulsos. No início, ele sorria achando que tudo era brincadeira, mas depois seu sorriso foi desaparecendo quando percebeu que aquela garota não tinha pulsação e nem batimentos cardíacos.

Ele ergueu-se, olhou para o resto da turma e falou com os olhos arregalados e o rosto branco como cera.

– Pessoal... ela tá morta mesmo!

A gritaria foi geral, Marina desmaiou, Carmen teve um ataque de histeria e Denise tirava fotos do corpo e do Cebola alegando que aquelas eram provas do crime.

Cebola tentava se explicar desesperadamente.

– Gente, peraí! Não fui eu, juro que não fui eu! Acreditem em mim! Mônica, por favor!
– Cebola, eu... eu não sei! Você tá todo coberto de sangue e com a faca na mão! O que quer que eu pense?

Ele largou a faca imediatamente e começou a chorar de medo. Aquilo só podia ser um pesadelo e tudo o que ele queria era acordar e esquecer aquela loucura!

– Assassino! – alguém gritou e em pouco tempo aquilo se espalhou pelo resto da turma. Ao ver que a situação ia se complicar, Mônica ficou na frente dele para defendê-lo.
– Ei, também não é assim! A gente não sabe o que aconteceu!
– Ele matou essa garota! – DC gritou apontando para o Cebola.
– Isso é o que vocês pensam, mas o Cebola nunca mataria ninguém! Vamos esfriar a cabeça primeiro!
– Caramba, vocês conhecem o Cebola desde criança! – Cascão também falou se colocando do lado do amigo. – Ele nunca faria umas paradas dessas!

O resto do grupo não ficou convencido e por medo de que alguém agredisse o Cebola, Mônica e Cascão resolveram levá-lo para dentro da casa e esperar pela polícia. Era o mais sensato a se fazer.

Eles foram para um dos quartos de hospedes onde podiam ficar seguros e Cebola ficou andando para um lado e para o outro, apavorado com a idéia de ser acusado pela morte daquela garota.

– Cebola, me explica direitinho o que aconteceu, senão a gente não pode te ajudar!

O rapaz tentou se acalmar e contou toda a história, desde quando DC tinha lhe apresentado aquela garota, falou que ela pegara no seu pé e para se livrar dela, Cebola disse que ia encontrá-la no jardim sendo que não pretendia fazer isso de verdade.

(Cascão) – Ué, se você não queria mesmo ir pro jardim com ela, então o que tava fazendo ali?
– Foi porque você falou que a Mônica tinha ido pra lá com o Tonhão, esqueceu?

Cascão levou um susto.

– Eeeu? Ficou maluco?
– Claro que não! Foi lá no banheiro, você entrou falando que a Mônica tinha ido pro jardim com o Tonhão, então eu fui atrás deles e...
– Ô, pára tudo! Eu tava com a Cascuda o tempo inteiro, nem tinha ido ao banheiro ainda!
– Ah, tá! Então deve ter sido o seu gêmeo do mal!
– Tô falando sério, cara!

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Quando voltaram ao salão de festa, eles decidiram não tocar no assunto na frente dos outros convidados. Somente poucas pessoas da turma tinham presenciado a cena e eles resolveram ficar calados para não causar pânico geral.

– Ai, droga! O celular não funciona! – Carmen falou após tentar várias vezes ligar para a polícia.
(Franja) – Tenta os telefones da casa!
– Também não funcionam!
– Não tem nenhum empregado aqui?
– Meus pais viajaram e eles tiraram essa noite de folga. Só ficou o segurança que vigia a entrada!
– Então vamos lá falar com ele. Um adulto precisa saber disso!

O grupo foi até a entrada procurar pelo segurança e viram que o homem não estava mais ali, para pavor de todos. Franja tentou acalmar o resto do pessoal e teve uma idéia.

– Eu vou sair e buscar ajuda, vocês fiquem aqui e não comentem nada com ninguém! Senão vai ter um pânico geral e isso não vai ser bom.

Eles concordaram e Franja saiu dali sendo acompanhado por Titi e Jeremias. Quando eles tentaram sair, o portão não se abriu de jeito nenhum. Tudo estava fechado e trancado. Os três voltaram para a casa e procuraram pela Carmen.

– Dá pra abrir o portão? A gente não conseguiu sair.
– Eu não sei como se faz...
– Deve ter o controle remoto. Vamos procurar.

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DC resolveu voltar para o jardim e dar mais uma olhada no cadáver. Toni e Felipe também o seguiam, curiosos em verem uma pessoa morta de perto. Que noite maluca aquela! Quando eles chegaram perto, porém, tiveram a surpresa de ver que o corpo não estava mais ali.

(Felipe) – Fala sério, então foi tudo uma brincadeira?
(Toni) – Sei não, o Franja falou que ela tava morta de verdade!
(Felipe) – Vai ver ele tava na brincadeira também!
(DC) – Dessa vez ele se superou, credo! Esperem só até a Mônica saber disso! Ela vai dar uma tremenda surra nele!

O som de passos chamou a atenção dos três e eles viram alguém sair de trás dos arbustos. Ao ver quem era, DC disparou a rir.

– Garota, essa foi boa demais! Até eu acreditei!

Toni e Felipe olharam para ela desconfiados. Ela não tinha cara de quem estava apenas brincando e aquela faca na mão dela deixava ambos nervosos.

– Fala aí, como você conseguiu essa maquiagem maneira? Nossa, esse corte no seu pescoço parece tão real!

Ela continuou em silêncio, olhando para os três com um olhar embaçado. Não havia brilho em seus olhos, sua pele estava totalmente pálida e olhando melhor, Toni percebeu que seu abdome não se mexia, indicando que ela também não respirava.

– Sei não, isso tá estranho demais...
– Tá bom, garota, já pode parar com a brincadeira. – DC falou já ficando nervoso também.

Ao invés de responder, ela inclinou a cabeça para o lado e o corte em seu pescoço ficou ainda mais evidente e eles viram que aquilo não era maquiagem. As veias saltavam do corte e havia pedaço de pele pendurada em seu pescoço. Ela ergueu a faca de forma ameaçadora e foi para cima dos três, que saíram correndo apavorados em direção a casa.

Como o salão de festas ficava mais longe, eles entraram para dentro da mansão e fecharam a porta.

(Toni) – Rapaz, o que foi aquilo?
(DC) – Calma, isso deve ter alguma explicação!
(Felipe) – Que Mané explicação! Aquilo é um zumbi atrás da gente!
(DC) – Vamos procurar o Cebola! Ele matou aquela garota, agora tem que dar conta dela!

O grupo foi para o andar de cima e correram até o quarto onde Cebola estava junto com Mônica e Cascão.

– Gente, vocês não vão acreditar! – Toni falou irrompendo pelo quarto. – aquela garota virou um zumbi e tá atrás da gente!

Mônica levantou-se e pôs as mãos na cintura.

– Sei, então é tudo armação de vocês, não é? Estão querendo matar a gente de susto?
(DC) – Não, aquela garota é que quer matar a gente!
(Toni) – Ela veio pra cima de nós com aquela faca na mão!

Cebola ergueu as mãos, como que pedindo para que eles parassem de falar, e perguntou.

– Peraí! Vocês estão falando que aquela garota, que o Franja tinha falado que estava morta, levantou e foi atrás de vocês com uma faca na mão?
(Felipe) – Você é surdo por acaso? Foi isso mesmo que aconteceu! Anda, fala aí cara! É uma brincadeira, não é? Diz que sim, vai!

Ele balançou a cabeça.

– Foi mal, mas isso não é brincadeira não! Eu não faço a menor idéia do que tá acontecendo!
(DC) – Então como ela levou aquele corte no seu pescoço e agora você tá coberto de sangue?
– Sei lá! de repente aquele corte apareceu no pescoço dela e nem faço idéia de como aquele sangue foi parar no meu corpo e nem de onde aquela faca saiu!
(Toni) – Você quer dizer que isso só aconteceu sem que você fizesse nada? Tá bom que eu acredito!
– Problema seu! Por que eu ia querer matar aquela garota? Acha que eu sou tão burro assim?

Os três ficaram calados, esfregando as mãos nervosamente ao imaginar que tinha um zumbi rodeando a propriedade. Mônica ficou preocupada.

– Melhor a gente avisar o resto do pessoal. Acho que todo mundo tem que sair daqui bem depressa!
(Cebola) – Também acho. Vamos pro salão de festa avisar todo mundo.
(DC) – Você quer sair com aquele zumbi lá fora?
(Cascão) – Peraí, gente! Vocês não estão raciocinando direito! É um zumbi, esqueceram?

Todos fizeram silêncio para ouvi-lo.

– Acho que a primeira coisa que a gente tem que fazer é ir atrás daquele zumbi e não deixar ela morder mais ninguém!
(Mônica) – E por que?
– Porque senão essa pessoa vira outro zumbi, que vai morder mais gente e criar mais zumbis! Daqui a pouco, a cidade inteira vai estar infestada de zumbis que nem nos filmes!
(Cebola) – Não viaja, Cascão! Acha mesmo que isso vai rolar?
– Ué! Até agora pouco, ninguém aqui achava que ia aparecer um zumbi nessa festa, achou? Então?
(DC) – E como a gente faz então?
– Pra acabar com um zumbi, a tente tem que atirar na cabeça dele!
(Cebola) – Atirar com o quê, inteligência? Ninguém tem arma aqui, esqueceu?
(Mônica) – Eu nem trouxe meu coelhinho essa noite!
– Mas pode tacar uma pedra na cabeça dele?
– Isso eu posso, mas só se for bem de longe!
– Tem que ser de longe mesmo! É isso aí, pessoal! A gente procura o zumbi e a Mônica taca uma pedrada na cabeça dele e...

Cebola protestou.

– Peraí, tá doido? Acha mesmo que eu vou deixar a Mônica encarar um bicho desses sozinha? Nem morto!
– Pode ser o único jeito, Cebola! – DC falou – Só ela tem força suficiente para jogar uma pedra e esmagar a cabeça de um zumbi.
– E você, onde entra nessa história? Vai ficar aqui escondido debaixo da cama enquanto ela se ferra lá fora?
– Eu não posso fazer nada! Não tenho a força dela!
(Toni) - E nem eu!
(Felipe) – Eu sou bom pra correr, não pra brigar!
(Cebola) – Bando de covardes! Pois a Mônica não vai pra lugar nenhum! A gente tem que pensar em outra coisa.

Ela deu um sorriso ao ver como Cebola se preocupava com sua segurança enquanto os outros tentavam empurrá-la para cima do zumbi sem a menor consideração.

– Primeiro a gente tem que correr até o pessoal e falar pra todo mundo vazar daqui!
(Cascão) – Péssima idéia! Regra número dois de sobrevivência aos zumbis: evitar aglomerações! Quanto mais gente, mais zumbis!
(Mônica) – Mas é um só e a gente não pode deixar ela morder mais ninguém!
(Cebola) – A Mônica tá certa. Se todo mundo conseguir deixar a propriedade, o zumbi vai ficar sozinho aqui e a policia pode dar um jeito. Vamos!

Toni tremeu de medo.

– Todos nós? Lá fora? Com um zumbi a solta?
– Você quer ficar aqui sozinho?
(Felipe) - Na boa, eu também não quero sair daqui não!
(DC) – Eu também vou ficar e acho que a gente devia fechar bem as portas e janelas!

Cebola olhou para eles balançando a cabeça.

– Vocês são uns covardes, isso sim! Um apocalipse zumbi pode estar rolando lá fora e vocês aí borrando de medo!
(DC) – Claro! Acha mesmo que a gente vai encarar um bicho desses? Nem eu sou tão doido assim!
(Mônica) – Deixa eles, Ce. Melhor a gente ir avisar todo mundo enquanto ainda dá tempo.
(Cascão) – Eu vou com vocês. Não quero ficar trancado aqui dentro com esses manes. É bem capaz de eles me jogarem pro zumbi comer!

Cebola, Mônica e Cascão saíram da casa enquanto Toni, Felipe e DC permaneceram lá dentro com as portas trancadas. O caminho estava livre e não havia nenhuma ameaça a vista.

(Cebola) – Beleza! Então vamos aproveitar que a barra tá limpa e correr pro salão de festas!

O grupo tentou atravessar o jardim correndo, procurando as partes claras e sem arbustos onde o zumbi podia se esconder. Quando passou perto de uma arvore, Mônica sentiu alguma coisa agarrando sua perna e gritou.

– Ai, socorro!


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