Gostosuras Ou Travessuras? escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 4
A festa




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A casa tinha sido decorada para o halloween. Do lado de fora, lanternas em forma de aboboras, fantasmas, morcegos, algumas lápides de cemitério e bruxas voando em vassouras. O terror tinha que começar logo na entrada.

No salão de festas da casa, a decoração também estava horripilante. Balões pretos e alaranjados, aboboras, imitações de teias de aranhas, esqueletos pendurados no teto, morcegos e todo tipo de criaturas assombrosas características do halloween. A música tocava alto e todo o local estava sendo iluminado com luzes arrumadas de forma a dar um ar tétrico ao ambiente.

Os convidados iam chegando em grandes grupos, todos fantasiados e empolgados com a grande festa. Além da turma costumeira, Carmen também tinha convidado várias outras pessoas. Um segurança vigiava a entrada e só podia entrar quem tivesse convite.

– Gente, essa decoração ficou tudo de bom! – Mônica exclamou quando entrou no salão junto com as amigas.
(Magali) – Ai, tá dando até medo! Acho que a Carmen caprichou demais e... olha, doces!

Ela esqueceu o medo e correu para atacar a mesa de doces e salgados. Ao chegar mais perto, seu estomago embrulhou um pouco ao se deparar com docinhos em forma de insetos, caveiras e até globos oculares. As outras meninas caíram na risada com a cara de nojo que ela tinha feito.

– Gente, isso não tem graça nenhuma! Como é que eu vou comer isso? – ela perguntou pegando um brigadeiro que parecia uma aranha.
– Até parece que isso vai te impedir de comer alguma coisa! Ah, é só fechar os olhos e comer. Hum... tá gostoso! – Marina tinha provado uma empada em forma de caveira e Magali acabou criando coragem. Ao ver que eram apenas doces e salgados comuns, todo o medo desapareceu e ela comia sem nenhuma cerimônia.
(Cascuda) – Ué, cadê os meninos?
(Mônica) – Já devem estar chegando. Sei não, viu gente... o Cebola tava tão estranho hoje!
(Cascuda) – O Cascão também. Parece que eles estão aprontando alguma coisa, viu?
(Denise) – Meninos... quando é que eles vão crescer?

Maria, que procurava manter uma distância segura da mesa de guloseimas, falou.

– Aposto que eles querem dar um susto na gente!
(Mônica) – Grrrr! Se eles aprontarem alguma coisa, vão ver só! Hoje eu quero me divertir, e não vou deixar ninguém estragar nossa festa! – as outras concordaram.
– É isso mesmo!

Fora da casa, o grupo de rapazes ria e zoava do pobre DC, que tentava agüentar tudo com alguma dignidade. Ele teve tanto trabalho para fazer sua fantasia de chapeleiro maluco para aquela noite e tudo acabou sendo em vão. Cebola tinha permitido que ele entrasse com sua fantasia e trocasse de roupa lá dentro, vestindo a calcinha e sutiã roubados da casa da D. Morte. Assim ele ia fazer uma entrada triunfal quando todos os convidados estivessem presentes.

– Cebola, tem dó né! Libera o meu irmão dessa, cara!
– Nem vem! Se eu tivesse perdido, ele não teria me liberado de coisa nenhuma!
– Mas desfilar pelo salão de calcinha e sutiã? Não acha meio pesado?
– Pra quem queria me fazer desistir da Mônica, é muito pouco! Trato é trato! Eu cumpri o desafio, agora ele tem que cumprir a pena!

Nimbus seguia o resto do grupo, tentando pensar em um jeito de tirar o irmão daquela roubada. Talvez usar um truque de ilusionismo para que ninguém o visse naquela situação constrangedora? Aquilo podia funcionar.

Cebola sorria sadicamente, imaginando seu principal rival sendo humilhado na frente de todos. Depois daquela, ele nunca mais ia ter coragem de tentar alguma coisa com a Mônica novamente.

– Ops, desculpe! – uma garota de cabelos pretos e vestida de bruxa esbarrou nele sem querer. Ela usava uma roupa preta com detalhes em rosa, um chapéu pontudo bordado com fitas também cor de rosa e segurava uma varinha com estrela na ponta. Apesar de ser uma fantasia para halloween, ela tinha um aspecto bem meigo.
– Tudo bem. – por instantes ele se interessou, mas logo lembrou-se de que Mônica ia estar na festa e a companhia dela era mais interessante.

A garota sumiu da sua vista e em pouco tempo ele a esqueceu quando o grupo de rapazes entrou no salão para dançar, se divertir e zoar do DC que estava prestes a ser humilhado em público.

– Cebola, por que tá todo mundo pegando no pé do DC? – Mônica perguntou enquanto eles dançavam.
– Ah, nada não. Coisa de homem.
– Hunf! Pra mim é coisa de criança.
– Não esquenta, Mô! Ele também tá se divertindo que nem todo mundo! Agora chega mais! – uma música lenta começou a tocar e ela se deixou conduzir sem protesto, pousando o rosto no ombro dele e se deliciando com o seu perfume. Cebola também tinha afundado o nariz nos cabelos dela e fechou os olhos, esquecendo-se de todo resto.

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DC olhava o casal de longe, tentando pensar numa forma de escapar daquela canoa furada. Depois de todo aquele trabalho para fazer sua fantasia, ele não estava disposto a desfilar por aí usando só calcinha e sutiã.

– Hum... se eu conseguisse fazer a Mônica brigar com o Cebola, aposto que ele não ia ter coragem de me fazer pagar esse mico! Vejamos... – ele olhou a sua volta, procurando por algum pivô para a briga dos dois e reparou numa garota que não tirava os olhos do Cebola de jeito nenhum.

Ele pensou um pouco, fez alguns esquemas e aproximou-se da menina.

– E aí, beleza? Quer dançar?
– Quero sim.

Embora ela fosse bonita, ele não sentiu nenhuma atração por ela. Aquele jeito de patricinha, que parecia sempre acompanhar modas e tendências não o agradou nem um pouco. Ainda assim ele procurou disfarçar.

– Qual é o seu nome? O meu é Do Contra.
– Que nome engraçado! O meu é Patrícia. Aqui, por acaso você conhece aquele rapaz do cabelo espetado fantasiado de vampiro?
– Tá falando do Cebola? O que tem ele?
– Ah, ele é tão simpático... será que aquela garota é namorada dele?

“Beleza, essa é minha chance!” ele pensou consigo mesmo e respondeu.

– Não, eles são só amigos.
– Mas ela tá agarrada no pescoço dele...
– Ela gosta dele sim, mas ele não.
– Sei.
– Quer que eu apresente ele pra você?

O rosto dela se iluminou.

– Ai, quero sim!
– Beleza! Deixa só ela sair de perto que eu dou um jeito!

Ainda demorou mais duas músicas até que Mônica se afastasse do Cebola para conversar com as amigas. Ele foi até a mesa pegar um ponche de frutas para refrescar o calor e DC aproveitou a deixa.

– E aí, Cebola? Curtindo a festa?

Cebola olhou para ele desconfiado e ficou com a pulga atrás da orelha ao ver que DC estava junto com aquela garota bonitinha que esbarrara nele perto da entrada.

– Eu queria te apresentar a Patrícia, uma amiga minha.
– Hã... prazer. – ele falou aceitando a mão que a moça lhe estendia. Era impressão sua ou ela o estava devorando com os olhos?
– Bom, eu vou nessa. Fui!
– Ei, peraí!

DC saiu rapidamente de perto deles, deixando-os a sós. Cebola ficou um tanto constrangido e também com medo de Mônica vê-lo junto com aquela garota e acabar pensando coisa errada.

– E aí, vamos dançar? – ela convidou sem nenhuma cerimônia.
– Er... bem... eu dancei um monte e tô meio cansado.
– Então a gente pode sair um pouco para respirar ar fresco! Ou então...

“Fala sério, que garota mais oferecida!” ele pensou enquanto ela falava sem parar. Embora não tivesse nada contra uma garota tomar a iniciativa, ele achava muito desagradável quando a pessoa não entendia que não estava agradando. E ainda havia o medo da Mônica ver tudo e armar um tremendo barraco. Se aquilo acontecesse, seu plano de humilhar o DC ia por água abaixo. Uma das suas sobrancelhas se levantou. Então era aquilo? Aquele bobalhão do DC deve ter apresentado aquela garota com a intenção de fazer a Mônica brigar com ele.

“Então ele pensa que vai me passar a perna, não é? Ah, mas não vai mesmo!”

– Vamos fazer o seguinte: eu tô muito apertado para ir ao banheiro, então você me espera lá no jardim que eu já vou, beleza?

Ela deu um grande sorriso.

– Tá bom, não demora viu?
– Xá comigo!

Quando ela se afastou, ele suspirou de alívio e torceu para que com aquilo, ela entendesse a mensagem e não pegasse no pé dele pelo resto da noite. Se bem que parte daquela história era mesmo verdadeira, já que sua bexiga estava protestando um pouco por causa do excesso de líquido em seu interior.

Cebola correu para o banheiro a fim de se aliviar e depois daquilo, era hora de fazer DC cumprir a sua pena. Não havia mais porque esperar.

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Quando viu Patrícia saindo do salão e indo para o jardim, DC resolveu ficar de olho para ver se o Cebola ia atrás dela. Depois disso, bastava assoprar algumas intrigas no ouvido da Mônica e o teatro estaria armado.

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“Ô coisa boa!” ele pensou enquanto se aliviava. Uma das melhores coisas da vida era ir ao banheiro quando se estava apertado. Quando terminou o serviço e foi lavar as mãos, Cascão entrou no banheiro com cara de preocupado.

– Que cara é essa?
– Sei lá, acho que devia ficar calado...
– Até parece que você consegue manter esse bocão fechado! Anda, desembucha aí.

Cascão hesitou um pouco e acabou falando.

– É que eu vi a Mônica indo pro jardim junto com o Toni.
– COMO É QUE É? – Cebola falou mais alto, já sentindo o sangue subindo a cabeça despertando todos os seus instintos assassinos. Aquele projeto de galã ia ver só uma coisa!

Sem perder tempo, Cebola saiu dali em disparada e soltando fogo pelas ventas. Ele estava tão furioso que sequer percebeu que Cascão tinha ficado para trás. Quando se viu sozinho no banheiro, o rapaz deu uma risada cínica.

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Quando viu Cebola correndo para o jardim, DC resolveu não perder mais tempo e foi procurar a moncia.

– E aí, Mônica? Quer dançar?
– Melhor não, DC. Eu não quero que o Cebola brigue com você por minha causa.
– Aquele ali? Pff! Esquenta não que ele nem vai ver a gente dançando!

A moça o olhou desconfiada.

– E por que não?
– Bem... eu não devia estar falando isso...
– Fala logo!

As outras garotas perceberam o que estava acontecendo e se puseram a observar, já prevendo o barraco que ia acontecer.

– É que eu vi o Cebola indo pro jardim com uma garota, sabe...
– QUE GAROTA? – ela perguntou fazendo o chão tremer e Denise preparou sua câmera para filmar o grande barraco daquela noite.
– Eu não conheço...
– Grrrr! Eu mato aquele cretino! – ela saiu dali pisando duro, ansiosa por torcer o pescoço do Cebola e talvez dar uns tapas na garota que estava com ele. Alguns membros da turma resolveram segui-la. Uns para assistir a briga de camarote, outros para tentar contê-la e assim evitar um desastre.

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Cebola percorria o jardim procurando pela Mônica e pelo Toni. Uma descarga de adrenalina percorria seu corpo e ele pensava em como ia quebrar a cara daquele cretino ladrão de garotas. Uma movimentação chamou a atenção dele para um caramanchão, local perfeito para um encontro. Quando imaginou o que os dois estariam fazendo naquele lugar, toda sua sanidade acabou indo para o espaço e ele invadiu o local bufando de raiva e pronto para matar quem estivesse em seu caminho.

– Hã? Você aqui?
– Oi, estava te esperando, gatinho!


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