Minha Inspiração escrita por Mandy


Capítulo 2
Capítulo 1




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Por sorte meu pai fazia-me andar sempre com um quite de primeiros socorros na bolsa, no caso de uma pequena emergência, e aquela era definitivamente uma pequena emergência.

Escorria um filete de sangue do canto esquerdo da boca de Naruto e havia um corte superficial na sua sobrancelha e ele tinha um olho roxo. Felizmente não era nada grave.

- Devia comunicar seu pai sobre esse incidente.

Ele gemeu quando coloquei o algodão molhado no álcool sobre seu ferimento.

- E deixá-lo alarmado a toa? – ele segurou meu braço firme quando estendi para tocar-lhe o ferimento novamente – não acho que seja necessário.

Eu não sabia se ele se referia ao meu conselho ou a minha tentativa de tocá-lo novamente, mas ele me assustou, por isso eu puxei o braço com força para logo depois me ver despencando rapidamente até o chão. Porém o loiro foi mais rápido que a minha queda, e antes que eu pudesse sentir o impacto do chão ele me segurou com força pela cintura. Ele me endireitou, me soltou e pigarreou.

De repente o clima ficou tenso, para mim e para ele. Principalmente para mim, que corei violentamente e me virei na tentativa de esconder minha timidez ridícula.

- Então senhorita... – ele pigarreou novamente e eu não ousei olhá-lo novamente – você não tem muitos amigos, não é mesmo?

Eu olhei levemente para trás pelo canto do olho a tempo de vê-lo começar a guardar os curativos e remédios na minha maleta.

- Não.

Ele levantou o olhar e eu corei novamente. Virei-me rapidamente ficando de costas para ele, mas ainda sentia seu olhar quente queimando as minhas costas e algo dizia que ele estava rindo... Rindo de mim. De repente aquela possibilidade doeu.

- Por quê?

- As pessoas só se aproximam de mim quando tenho algo para oferecer a elas, depois eu não sou mais importante.

Eu o olhei pelo canto do olho novamente e ele balançou a cabeça negativamente e voltou a organizar as coisas.

- Isso não soa radical de mais? – ele perguntou de repente.

- Não. Talvez apenas sincero de mais – dei de ombros.

- Você é uma garota legal, não acho que as pessoas só queiram te usar – seus olhos tinham um brilho gentil dessa vez, e até mesmo carinhoso.

Mas ainda assim eu o achei um mentiroso descarado.

- Então como explica o fato de eu não ter amigos?

Eu não sabia o porquê de estar falando com ele sobre aquilo, eu nem sequer sabia de onde vinham aquelas palavras. Mas eu simplesmente não podia calar, eu não conseguir e lá no fundo, eu não queria. Eu queria poder falar sobre minha solidão com alguém.

- Você se fecha no seu mundo e não o abre nem para uma simples visita – ele se levantou e tocou levemente meu ombro.

Eu me virei o fitando, tão alegremente estimulante e descaradamente irritante. Ele colocou a maleta em minhas mãos.

- Talvez as pessoas que eu deixei entrar não aproveitaram a visita – eu guardei a maleta na mochila.

- Talvez.

E naquele momento eu achei que deveria ir. Algo me dizia para ir, e eu tinha certeza que era a minha razão. Mas eu estava simplesmente presa a todos os sentimentos e sensações maravilhosamente provocantes que os olhos extremamente azuis de Naruto me causavam.

Nós ficamos parados e calados olhando um para o outro, o sangue havia estancado, com um pouco de base o olho roxo havia sumido e um curativo tampava o corte. E ele continuava gentilmente inabalável.

- Você também não tem muitos amigos – eu falei, ou melhor, eu sussurrei quebrando o silencio.

- Só bajuladores.

As pessoas o rodeavam sempre por causa de seu pai. Elas queriam créditos por ser amigas do filho do diretor. Ninguém se importava com ele, só com o status e benefícios que conseguiriam por estarem com ele.

E silêncio novamente.

- Vamos, eu vou levá-la para casa.

Apesar de saber que não era preciso, eu assenti e aceitei a companhia. Na verdade , de repente eu experimentei uma sensação de desespero para estar na presença dele, e apesar do caminho ter sido silencioso, eu não me senti incomodada, o silêncio dele era aconchegante.

Em momento algum os olhos dele pousaram sobre mim, e apesar de nunca querer estar em evidências, eu queria muito que ele me notasse.

“- Você não tem muitos amigos, não é mesmo?”

Isso significava que ele me notava, não é mesmo? Eu estava sempre sozinha, as espreitas, escondida, sendo o mais discreta possível para que ninguém pudesse me ver, e sempre tiver o efeito esperado, mas ele havia me visto.

Enquanto passávamos em uma praça florida, eu via adiante um pequeno campo de rosas azuis, que brilhavam em baixo do sol escaldante. Elas eram como os olhos de Naruto, felizes, alegres, destemidas, brilhantes, corajosas, estimulantes.

Então eu decidi que deveria agradecer.

- Obrigada... – seus olhos ficaram confusos.

Ele estancou no mesmo instante, bem a frente do campo de rosas azuis e segurou meu braço com a mesma firmeza anterior que me fizera recuar.

Por quê?

Por quê? Por que eu estava agradecendo? Eu não estava preparada para essa pergunta.

Pela coragem dele? Pela determinação? Ou pela coragem que o brilho em seus olhos me deram? Talvez por ter me deixado de uma hora desesperada para ter seu olhar sobre mim.

- Por ter me mostrado o quanto é bom conversar com alguém sem ter interesses no meio – Eu queria agradecer por isso também.

Ele abriu o sorriso mais lindo do mundo, carregado de carinhos, generosidade, esbanjava confiança e eu travei completamente diante daqueles dentes perfeitamente brancos.

Uau, isso fui tudo o que pude pensar.

Se eu achei que a coragem e determinação dele era tudo o que pudesse me admirar eu descobri naquele momento que o havia subestimado.

- Eu que agradeço Hina.

Eu dei um pulo e descobri que poderia ganhar uma coloração bem mais forte que o habitual quando corava. Nem meu pai nunca havia me chamado daquela forma, mas não foi isso que me surpreendeu, foi o nível de intimidade em sua voz.

Ele falou como se ele fosse meu... Impossível. Balancei a cabeça para afastar os pensamentos malucos.

Ele largou meu braço e voltou a andar, enquanto meus olhos fitavam suas costas largas se afastando. Ele se virou sorrindo amarelo.

- Você não vem? – Ele colocou a mão na cabeça e abriu novamente aquele sorriso arrebatador.

Com se ele fosse um ímã e eu um pequeno e delicado alfinete, eu corri para ele, desejando poder correr para ele muitas outras vezes.


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