Annabeth sentiu um frio na barriga. Estava por trás das portas do salão, com todos os padrinhos de honra do casamento. Atena e Poseidon finalmente iriam se casar. Os dias voaram e ela mal percebeu que o casamento logo havia chegado. Sentiu alguém ajustar seu laço do vestido que era amarrado pouco acima da cintura.

– Pronto, finalmente consegui arrumar. Minha mãe realmente está com muita gente para arrumar – Silena Beauregard, uma garota de sua turma de Inglês, apareceu a sua frente segurando um pequeno pote de pó compacto. Ela era filha de Afrodite, a mulher de comitês de casamento. Foi escolhida para organizar este, e ficavam ali até a hora da festa para garantir que tudo ficasse perfeito.

Silena abriu o pó e aplicou no rosto de Annabeth pela milésima vez, e começou a tagarelar de como Atena estava bonita e que iria deixaria Poseidon bobo. Annabeth estava curiosa, pois ainda não havia visto a mãe. Assim que ela terminou, retocou o gloss e puxou Annabeth para frente do espelho improvisado que tinha ali. Diante de tantas risadas delicadas e femininas de todas as garotas do comitê e de seus perfumes doces demais, Annabeth se sentiu mais tonta ainda. E ainda se sentia artificial demais. Ela não gostava de passar aquele tanto de maquiagem e usar vestidos caros mas...

Wow.

Ela quase caiu quando se viu no espelho. Estava incrivelmente bonita, até mais que Afrodite que usava um simples vestido branco e já estava perfeita como uma atriz de Hollywood.

– Eu sei, eu sei, maravilhosa. Não precisa me agradecer – disse Silena, orgulhosa.

– Obrigada. – Murmurou Annabeth, vendo como aquele delineador preto realçava o cinza de seus olhos.

– Como eu disse, não precisa me agradecer. Você vai ser a atração desse casamento! E não digo isso para lhe dar confiança, mas é porque aqui todos só estão te olhando – falou e Annabeth corou (embora com a quantidade de pó ela duvidasse que suas bochechas vermelhas aparecessem).

Olhou para trás e viu um grupo de meninos – amigos de Percy – e padrinhos solteiros a encarando. Até mesmo os que estavam compromissados secavam-na de cima a baixo. Queria sumir ali, mas Silena voltou a falar de uma forma agradável que ela ignorou o fato. Ouviu uma voz que soou como gelo em seu corpo – Percy Jackson havia chegado. Silena lhe entregou um buquê de rosas brancas e voou pra fora dali.

Só faltava ele para todos entrarem, e ninguém sabia o motivo de ter se atrasado. De toda forma, Afrodite gritou que nem louca e mandou as demais garotas colocarem os padrinhos em seus devidos lugares. Os amigos de Percy foram despachados para dentro e Annabeth conseguiu ver Thalia sentada em uma das mesas, sorrindo confiante e mostrando que era pra ela se acalmar. Como a festa seria logo depois do casamento, ali mesmo no salão, havia mesas prontas para que houvesse lugar para todos. Afrodite colocou Percy ao lado de Annabeth, que estava com a respiração presa olhando para frente, e ele fez o mesmo. Não porque estava nervoso com o casamento, e sim porque Annabeth estava tão bonita a ponto de Percy querer beijá-la agora. Não que ele a achasse feia, mas é que ela parecia bem mais radiante agora e... Ok, tudo bem. Percy abandonou esses pensamentos e olhou para Afrodite que gritava com eles.

– Os braços, fiquem de braços dados! Irão entrar representando o amor dos pais de vocês desse jeito? – Ela perguntou, e encarou os dois. Vendo que eles não se mexeram, pegou seus braços e os entrelaçou. Annabeth sentiu um choque, não porque estava nervosa ou porque tocou no seu abominável colega de banheiro. – Parecem duas crianças! E por favor, sorriam e mostrem o amor! - E ela saiu, dando as últimas ordens

– Por favor, não me deixe cair – Annabeth fechou os olhos e pediu.

– Na verdade, vou pisar no seu vestido e deixar todos rirem da sua cara – Percy respondeu.

– Eu não estava falando com você.

– Falando com Deus?

– Cale a boca, Jackson.

As portas se abriram e Annabeth gelou. A música instrumental começou a tocar lentamente e eles entraram. Todos se levantaram e Annabeth não conseguiu nem andar. Percy tornou as coisas fáceis para si mesmo e sorriu. Puxou Annabeth pelo braço, e ela foi sendo guiada.

– Sorria – Percy murmurou sem tirar o sorriso do rosto. Annabeth forçou as expressões ao ver Poseidon ali na frente, sorrindo mais do que tudo. Era por ele e sua mãe que eles estavam fazendo isso, certo? Certo. Ela começou a pensar em coisas boas e segurou no braço de Percy um pouco mais forte. Quando chegou perto do padre, ela foi puxada por Percy para o banco, ainda nervosa. Não lembrou nem de ter visto Thalia ali.

Apenas ficou ansiosa, esperando até o momento em que sua mãe passou a ser a mulher mais bonita e feliz do mundo ao entrar naquele salão.

(...)

Percy e Luke berravam junto com os Beatles a letra da música ‘Help’. As luzes piscavam sem parar e todos os convidados estavam se divertindo bastante. Atena e Poseidon pareciam mais felizes do que nunca, e a maioria dos amigos de Percy que foram convidados foram embora por causa de suas namoradas ou estavam beijando alguém.

Eles aceitaram bem o fato de que Percy teria Annabeth como uma nova irmã. Não porque eles eram compreensíveis, e sim porque, segundo eles, Percy teria uma irmã gostosa para espiar enquanto tomava banho. Aquilo o deixou furioso e esse foi o motivo das zoações começarem.

De todo jeito, Percy já havia bebido um pouco, não muito por causa de seu pai. Se ele bebesse demais e fizesse alguma besteira, ele provavelmente nunca mais veria a luz do dia. O som da música ficou baixo e todos começaram a gritar.

– Desculpe pessoal, mas agora é a hora da dança dos noivos! Arrumem seus pares! – O DJ contratado falou e colocou uma música mais lenta. Do nada, as ajudantes de Afrodite surgiram e colocaram Percy para dançar com Atena.

– Vocês vão dançar e vão fingir que estão conversando sobre o futuro para as fotos, tudo bem? – A garota disse. – Depois, você dança com a filha de Atena e entregue Atena para seu pai. Não tem como errar!

E ela sumiu. Um globo de espelhos desceu. Todos se juntaram em pares e quem não achou alguém do sexo oposto, como Luke e Will, por exemplo, dançaram com alguém do mesmo sexo. Percy e Atena trocaram algumas palavras, ela disse como estava animada com sua viagem de núpcias para o Caribe e ele garantiu que seu pai iria cuidar bem dela para o resto da vida. A música foi trocando e eles trocaram de par. Poseidon pegou na mão de Atena e Percy balançou a cabeça positivamente uma vez e ficou ali, parado. A mesma garota de Afrodite que havia lhe dito as regras antes o empurrou em direção a Annabeth.

Annabeth se assustou com o impacto, mas também fora empurrada e obrigada e colocar uma mão no ombro de Percy e a outra ficou entrelaçada com seus dedos. Annabeth se sentiu meio desconfortável com Percy lhe segurando pela cintura, mas de alguma forma aquilo lhe parecia bom. Os dois movimentavam os pés sem dizer uma só palavra, e fingiam não ver quando as ajudantes de Afrodite faziam mímicas para que sorrissem.

– Sabe, a gente deveria parar de fazer isso – Annabeth finalmente falou.

– Fazer o quê?

– Ficar se ignorando, fingindo que não existimos um para o outro... Isso me deixa cansada, você é escandaloso; é difícil te ignorar. – Ela tentou usar as palavras mais adequadas para o clima não ficar muito chato, embora ele poderia levar tudo ao contrário e começar a brigar com ela.

– É, concordo. Ainda mais quando você e seu cheiro ruim aparecem é complicado fingir que não existe. – Ele devolveu, e ela suspirou aliviada.

– Viu, estamos nos entendendo bem.

– Sem contar que como nossos pais vão para o Caribe e vamos ficar alguns dias sozinhos. É melhor aprendermos a conviver o mais rápido possível.

Tudo estava indo bem. Até ignoraram o fato de estarem basicamente agarrados ali. A música acabou e fizeram um brinde aos noivos e a festa voltou a acontecer. Antes de darem as costas um para o outro sabendo que as coisas entre si saíram de geladas para mornas, Annabeth perguntou:

– Seu amigo, Luke, vai mesmo ficar em casa?

– Sim, acho que sim. Por quê?

– Porque Thalia também pretende me fazer companhia.

E ela se virou, deixando Percy captar bem a mensagem, e logo após isso, sorrir do modo mais malicioso que pôde. Havia coisas sobre Luke que Percy sabia secretamente, e Thalia Grace definitivamente fazia parte disso.