Algumas fracas gotas de chuva molhavam o vidro de meu carro enquanto eu me dirigia à loja de Egil. Mil ideias passavam pela minha cabeça para explicar a ligação estranha que este me dera, e nenhuma delas era muito boa. 

"O que pode ser?", Asuna perguntara quando desliguei o telefone, sua voz denunciando seu nervosismo.

"Não faço a mínima ideia", respondi, forçando-me a parecer calmo. 

"Será que é sobre..." ela não completou a frase, mas o medo em seu olhar  demonstrava que Asuna falava de Yui. 

"Não, ela é nossa filha, isso já está resolvido à muito tempo" respondi, chegando perto dela e a abraçando, tentando confortá-la. 

"Espero que esteja certo" ela disse, mergulhando o rosto em meu peito.

A lembrança repetiu-se em minha mente, enquanto a voz de Asuna ecoava em minha cabeça, estava tão absorto em meus pensamentos que nem percebera que havia chegado a rua da loja.

Parei o carro e abri a porta, enfrentando a chuva fina que caía, e me dirigi ao estabelecimento, que parecia sem movimento, provavelmente por causa da manhã chuvosa.

Corri rapidamente para a entrada, limpando as gotículas de água que insistiram em cair em minha roupa, e entrei no local, ouvindo o barulho suave do sino que havia na porta avisando um novo cliente. 

Egil estava no balcão de costas para mim. Assim que ouviu o tilinto que mostrava minha chegada ele virou-se, encarando-me por um instante para depois acenar com a cabeça para um canto do lugar, onde um homem sentava-se confortavelmente à uma mesa afastada. Sua mãos estavam unidas à frente do corpo, e seu rosto era ocultado pelas sombras que ele proporcionava por estar de cabeça baixa.

Olhei de novo para meu amigo, este só deu de ombros, parecendo tão perdido qaunto eu quanto o motivo de toda aquela confusão.

Acenei com a mão para ele e dirigi-me ao estranho homem. Percebi que não tinha ninguém ali além de nós três. O silêncio dominava o local, quebrado apenas pelo som da chuva tilintando nas janelas e dos carros que corriam apressados na rua próxima a loja.

Sentei-me no banco ao lado do homem, colocando as mãos na madeira fria da mesa à nossa frente. 

- Então, seja lá quem você for, o que quer comigo? - disse, querendo acabar com aquela brincadeira.

- Onde estão os modos? Não deveria tratar um amigo de tanto tempo dessa maneira, Kirito - o homem disse, senti os pelos de minha nuca se arrepiarem quando reconheci a voz da pessoa que quase roubara Asuna de mim uma vez. 

- O que faz aqui? - perguntei, controlando minha raiva, enquanto Sugou finalmente levantava a cabeça e me encarava com um sorriso de divertimento no rosto.