POV James

Cheguei atrasado, por nenhum motivo em especial e bem a tempo do diretor me perdoar pelo atrasado. Até o homem já estava lá! Olhei pros meus amigos e eles já tinham se sentado com as determinadas duplas, então fui até a única pessoa que não tinha: a ruiva. Claro que ela não fez isso pra eu sentar do lado dela, ao contrário, deve ter sobrado mesmo! Sentei e ela estava mais estranha do que o normal.

-Ei, ruiva... – chamei com a minha voz, acidentalmente, rouca. E ela olhou, mas de canto – O que a senhorita tanto me olha de canto? Sei que sou gostoso, mas poxa...

-Cala a boca, Potter – ela revirou os olhos e bufou, voltando a olhar pro professor, que explicava como se não estivéssemos ali.

-Vai, ruiva! Fala o que aflige esse coraçãozinho que eu juro que acabo com isso! – falei e notei que ela sorriu de lado, mas continuou firme.

Lily Evans é um caso para estudo, senhoras e senhores. Ela é o tipo de menina que, quando faz coisa errada, esconde muito bem. E eu tenho certeza absoluta que ela faz muita coisa errada! Mas eu finjo que não, que a acho uma santa. E eu sei que ela quer ficar comigo, tem momentos que ela me encara e é parecido com o Padfoot encarando uma garota que ele nunca conseguiria ficar (para as amantes do cabeludo, sim, ele já levou alguns foras nessa vida). Mas a Lily não ficaria só comigo. Ela ia querer coisa séria. E eu sou James Potter.

Segundo o Moony eu venho enfraquecendo, é, e caindo pela ruiva mais do que por atração. Mas não. Não. Eu não vou me apaixonar pela única garota que me esnoba nessa droga de cidade. Eu me recuso a me apaixonar por Lily Evans.

E, graças a essa doida de olhos verdes, eu passei uns quarenta minutos perdido em pensamentos, esquecendo da aula e agora o sinal já tocava pra aula de biologia no laboratório. Quando percebi, estavam todos saindo e só Remus me esperava. Pelo jeito, Sirius foi vigiar a reação da Lene em qualquer coisa que ele tenha feito. Mas eu só dei um tapinha nas costas dele e saí correndo atrás da Lily, que não estava longe. Eu realmente queria saber o que ela tinha.

-LILY! LILY! – eu gritei, mas ela só fingiu não ouvir – Ô, EVAAAANS! – ela parou – E-V-A-N-S! EVANS!

Pude ouvir alguns alunos dando risadinhas e saindo, ou se aproximando mais pra ver. Ela olhou pra trás depois de um tempo, a expressão de tédio e fez que não com a cabeça, o que me fez sorrir de lado. É essa reação que eu adoro!

-Por favor, posso te perguntar algo?

-Ér... Não! – ela falou, enquanto eu já estava perto o suficiente.

-Por quê?

-Não quero conversa, Potter. Não tô no humor de te esnobar hoje – ela disse e virou de costas. A essa altura, os alunos já estavam longe, em outros corredores e nas salas. Nem nossos amigos estavam ali e isso era estranho. E por que isso de repente? Não estava assim antes da aula. Só falta dizer que está, blergh, “naqueles dias”.

-Lily – coloquei a mão no ombro dela, o que a fez se virar – Quem foi o babaca que te deixou assim? Eu juro que ele vai pro hospital!

Eu não sei, ok? Eu fiquei com muito ódio de quem fez isso com a menina! É legal ela me esnobar, é divertido o jeito que ela revira os olhões verdes. Mas agora não tem isso, ela só tá com a cara fechada e dá pra ver que tá prendendo o choro.

-Pode falar! Quem foi o idiota?

-FOI VOCÊ! FOI VOCÊ, SEU IDIOTA! ACÉFALO! VAGABUNDO! – ela começou a gritar e a chorar, apontando o dedo pra mim e eu nunca me senti tão culpado e confuso na minha vida – VOCÊ E ESSA SUA MANIA DE ACHAR QUE SABE TUDO, QUE SABE DE MIM! MORRE, POTTER! SAI DA DROGA DA MINHA VIDA!

E ela correu, ainda chorando, pra bem longe da sala ou qualquer aula. Foi correndo pro banheiro e piorou o buraco que tinha se formado em mim. O que eu fiz, aliás?!

POV Sirius

É inútil e ridículo falar do resto do dia até me encontrar com a Lene. Considerando que James e Lily sumiram e ninguém tem um bom pressentimento sobre isso, ainda só esperava que ela fosse. A reação dela foi só olhar para os lados e guardar o bilhete. Mas ela acabou indo. E não virando e fugindo quando me viu.

Cheguei perto dela, que me olhava com raiva e encostada de uma das pilastras que sustentavam a arquibancada.

-Podemos falar de verdade? – perguntei e ela levantou a sobrancelha.

-Você já não resumiu tudo me expulsando da casa do James? – bufei e voltei a olhar pra ela.

-Lene, olha, eu tava confuso e de ressaca, qual é! Eu te adoro, você sabe. Não queria que as coisas acontecessem assim e...

-Mas aconteceram, Sirius! Você não estava tão bêbado, você que começou a me provocar pra irmos pra cama! Eu fui, ok, não posso te culpar totalmente, mas mesmo assim! E, se aconteceram, você podia, AO MENOS, não ter sido um idiota de manhã!

Bufei mais uma vez. Eu sabia que ela não me perdoaria ali nem agora, e que eu fiz uma coisa muito ruim. Mas, mesmo assim, eu não queria perder a Marlene desse jeito. A minha amiga, a garota que eu já fiquei e que eu queria tanto ficar de novo! Mas não estava certo do jeito que foi, droga! E eu estava atordoado!

-Escute, Lene... Eu não queria que tivesse sido assim ou que eu tivesse feito isso. – ela revirou os olhos, mas continuou a ouvir – Eu estava preocupado que Charlus e Sarah estivessem em casa, eles sempre me receberam bem e eu nunca levei uma garota pra lá! Eu fiquei doido, não acreditei, desculpa. Quando eu ouvi o carro do James gritei pra ele vir me ajudar, sei lá, dar uma luz – ela continuava a ouvir, menos marrenta – Eu sinto muito que tenha sido desse jeito. De verdade. Ainda te quero como minha amiga.

Ops. A cara fechou de novo ela disse um “Claro, Black. Continuamos amigos” e saiu. E eu fiquei com a maldita certeza que nada continuaria como antes da droga da festa do Frank. Com licença, vou ali arranjar um revólver e matar aquele filhinho de papai manguaceiro.