POV Lily

Minha cabeça dói. Dói muito, parece que vai explodir. E o pior é que eu não me lembro do que eu fiz na noite passada, e me sinto num besteirol americano falando isso. Eu me lembro de algumas coisas, na verdade. Lembro-me da Alice dizer que o Frank ia dar uma festa, então delas me obrigarem a ir e de deixarmos a minha festa do pijama pela house party do Frank.

O que foi até legal, à princípio, porque eu estava irritada com a reação do Potter idiota. Mas, sobre a história, eu lembro de chegarmos na festa e estar uma típica festa dos moleques, sabe? Bebidas, garotas dançando como se estivessem em um puteiro, garotos rindo alto, a piscina cheia de gente pulando e se empurrando... Enfim, estava bem legal. E me lembro que James e os meninos todos tinham ido, até Logan, que não desgrudava de mim. E isso estava me irritando.

-Logan, eu vou ali ao bar, ok?

-Não, Lils, que isso! Eu pego alguma coisa pra você – ele me disse sorrindo. James e Sirius estavam ao lado, ainda “estudando” o lugar.

-Não precisa, eu quero mesmo ir, ok? – disse sorrindo, contendo-me – E não precisa me chamar assim, Logan... Lily tá ótimo.

E saí. Meu Deus, que menino pegajoso! Parece que precisa mostrar que estamos juntos, que inferno! Fui até o bar e o barman era lindo demais! Frank é rico, e tem amigos Djs, barmans... E eu tenho uma queda por barmans que não é decente!

-O que a ruivinha vai querer? – ele disse sorrindo de canto. Eu, estúpida, querendo impressionar...

-Vodca.

-Só? – ele levantou a sobrancelha.

-Puríssima.

E, então, eu me lembro de virar alguma muitas doses de vodca. E de dançar. E algumas pessoas rindo também. Lembro de uma pessoa me pegando pela mão e me abraçando, e de subir as escadas. Depois disso, nada.

Eu realmente sou uma idiota. Lily Evans é uma estúpida!

Agora eu estou aqui, com os olhos ainda fechados, deitada em uma cama que eu não sei de quem é ou como eu deitei. E com uma dor de cabeça anormal. Tudo indo bem, certo? Até eu sentir que tem um corpo do meu lado. Ok, perdoem o desespero. EU DEI? Caralho, eu dei bêbada? Meu Deus, meu pai amado, Nossa Senhora das Ruivas Inconsequentes, por favor, diga que eu não dei bêbada pra outro bêbado!

Ok, vamos abrir os olhos devagar e... Potter?! EU DEI PRO POTTER? Não pro Logan! Porque Deus não podia me fornecer o Potter que não implica com o tamanho do meu shorts! Tinha que ser o James, todo lindo e irresistível e... Não. Não. Não. O pior de tudo... É que eu não me lembro!

-Que porra... ai. – comecei a murmurar, mas minha cabeça explodiu com o simples som da minha voz.

-Acordou? – senti aquela voz macia e rouca falar ao pé do meu ouvido. NÃO! Não! Dor de cabeça!

-Cala a boca e me dá uma dipirona – falei lentamente e ele reprimiu um risinho.

Levantou-se e eu fiquei acompanhando seu andar. Estanho, mas ele estava de calça, só sem a camisa. Foi até a cômoda, onde tinham uns 10 remédios diferentes, um copo de água e... Aquilo é um shorts? Enfim, ele me trouxe um dos remédios (a dipirona) e o copo d’água. Ajudou-me a sentar e me deu o remédio.

Tomei, olhei pra ele e levantei a sobrancelha, o que o fez sorrir de um jeito estranhamente fofo. O que está acontecendo comigo, meu Deus? Ele é tão bom assim na cama que eu me apaixonei e nem lembro?

- O que... aconteceu? – falei devagar.

- Mais tarde eu te digo... Ainda deve estar doendo – ele se levantou, pegou o shorts que eu tinha visto e uma blusa da GAP, que era dele (eu reconheceria aquela blusa surrada da China!).

-Pra quê...?

-Shh – ele me entregou. Falava baixo, a voz ficava mais suave e tinha menos impacto na minha dor – Veste esse shorts da irmã do Frank. E meu moletom. Vai ser melhor que o vestido molhado. Desculpa, não secou...

Olhei pra baixo e percebi que eu não estava pelada! Nossa, onde eu tô com a cabeça? Eu tava com uma camiseta rasgada, muito folgada, no meu corpo. E também não sabia como.

-James...

-A gente conversa depois, Lily. Vou tomar meu café, tava esperando você acordar. Toma um banho quente, vai fazer bem – ele piscou e me deu um beijo na testa, o que eu estranhamente permiti.

Por favor, diga que eu não caí no Efeito Potter!

Levantei devagar e me arrastei até o banheiro, junto com um banquinho de madeira. Coloquei-o lentamente no box, entrei, sentei e me fechei ali. Coloquei água quente pra descer e fiquei somente sentada por cerca de meia hora. Senti a dor de cabeça passando, comecei a levantar e a lavar meus cabelos. Terminei, me ensaboei e me enxaguei. Agora era só descer para o café.

Coloquei a roupa que James trouxe, assim como meus óculos na minha bolsa. O grau não é tão alto, mas como eu estava com dor de cabeça, não podia arriscar que piorasse por conta da miopia. Cabelo encharcado, cara de sono, óculos e moletom duas  vezes maior: símbolo da beleza.

Desci as escadas da casa devastada de Frank, que deve estar feliz que os pais foram viajar e voltam amanhã. Cheguei até a cozinha e vi James com uma xícara de café, de costas para a porta. O cheiro de café me invadiu de um jeito que eu só quis café. Ouvi a voz de Frank e Alice na piscina, provavelmente limpando/se matando.

-Põe café pra mim? – pedi e ele se virou com o mesmo sorriso tímido e fofo, colocando logo em seguida, com um pouco de leite – Pode ser puro e...

-Já basta a vodca pura. Café puro também vai ser muito pesado...

O QUE ACONTECEU AQUI? Desde quando ele é atencioso? Desde quando ele se preocupa? E cadê o primo gostoso que eu estava pegando?

-James... – disse depois de tomar um gole, e ele me olhou, já sabendo o que eu ia falar – O que aconteceu ontem?

-Lily... É bastante coisa, sabia?

-Só... Fala, por favor.

Ele suspirou e atendeu ao meu pedido.

Você tinha bebido algumas doses de vodca, já metade de uma garrafa. Então você ouvi tocar uma música que você gostava bastante e começou a dançar loucamente. E o idiota do Logan, como eu te avisei já, não se importou muito e dançou com você. Parecia a Emmeline dançando, Lily, você estava dando um showzaço, mas não tava muito bem.

Então você quis mais bebida, e ele pegou a garrafa e você bebeu bem mais. Nessa hora, eu percebi que quem tava dando um show era você! Então eu te puxei pra fora daquele povo que só ria da sua situação lá pra fora, pra tomar um ar. E a senhorita só pedia mais bebida e dançava bem louca.

Nessas suas danças, você tropeçou e caiu na piscina. Não sei como, mas você nem se deixou abalar e continuou dançando, como se não estivesse na água!

Eu te tirei de lá, te levei pro quarto dos pais do Frank, porque ele tinha proibido o pessoal de ir lá, tava trancado. Peguei a chave com ele, te levei pra lá e peguei uma camisa velha do pai dele que estava jogada. Tirei o seu vestido (POR FAVOR, NÃO ME MATE) e coloquei a camisa em você. Tirei a minha camisa, porque eu estava com calor e não durmo de camisa e te deitei na cama. Deitei do seu lado e esperei você dormir porque tive medo que você voltasse pra baixo assim.

Quando você dormiu, eu saí rapidinho só pra pegar um shorts da irmã do Frank, meu moletom (porque é mais confortável que camisa) e o máximo de remédios que você pudesse precisar, além da água.

E aí dormi do seu lado. Sabe, pra você ficar bem.

Ele tinha falado tudo isso sem olhar uma vez pra mim, só mexendo no café, tomando mais e mais. Mexeu na camisa, no óculos, mas em nenhum momento olhou pra mim. Parecia tudo lindo, mas uma pergunta ele ainda não tinha me respondido.

-James – falei num tom que ele fosse obrigado a olhar pro meu rosto – Por que você fez tudo isso?