Acordei. Mais um dia se fora. Hoje é um novo dia. Óbvio.

Novamente na escola nada houve. É sempre a mesma coisa. Os alunos mais novos corriam como uns doidos na hora da entrada, já me derrubaram várias vezes. Eu falava com Nikki e Naruto sobre meu dia, e dizia que não poderia estar mais feliz do que no dia anterior. Foi o mais perfeito, tirando a parte da discussão com a vaca, mas até que teve uma boa coisa nisso: Sasuke, mesmo sabendo que eu o amo, continuou com suas carícias e ainda falou, implicitamente, que também me ama.

Mas ele não foi na escola...

Tudo estava perfeito, mas quando me despedi de Nikki – a rua estava deserta – senti que alguém estava me seguindo. Olhei pra trás, somente vi um homem de sobretudo preto e óculos pretos, não dava para ver seu rosto. Primeiro porque estava muito bem escondido, segundo porque eu olhei muito rápido e logo me virei.

Cheguei em casa, minha mãe ligara e pedira para que eu fosse até o mercado comprar algumas verduras, misturas e outras coisas para ela fazer na janta. Abri a geladeira, para ver o que faltava e... realmente, minha geladeira estava muito vazia. Meus pais estão muito ausentes ultimamente. Estão trabalhando como loucos, não porque precisamos muito, mas sim porque onde eles trabalham seus chefes estão pegando pesado demais. Há somente um ponto positivo nisso: posso trazer Sasuke para casa a hora que eu quiser!

Então, saí de casa e andei uns três quarteirões para chegar ao mercado.

Comprei tudo o que ela pedira.

No caminho de volta, percebi que o mesmo homem que me perseguira na saída da escola, me perseguia agora também. Eu ignorei o fato, pois agora a rua estava lotada de pessoas, mas sabia que não poderia mais ignorar daqui a alguns metros.

Andei mais. Percebi que o homem quase corria. Por quê? Porque eu estava correndo também.

Consegui chegar em casa e fechei a porta rapidamente. Meu Deus, o que era aquilo? Esse homem, cujo eu não conhecia, correndo atrás de mim, desde manhã.

No dia seguinte foi diferente, assim que me despedi de Naruto e depois de Nikki, avistei os amigos de Sasuke vindo em minha direção. O mesmo não tinha ido a escola novamente.

- Olá, Sakura, a florzinha de nosso querido amigo Sasuke... – não gostei da ironia na voz do ruivo, Sasori.

- Oi – respondi um pouco com medo daqueles caras, confesso. Todos estavam ali, menos Sasuke e Gaara, que não tinha ido à festa. Acho que ele saiu desse grupinho.

- Sabe, estávamos pensando... Você ontem foi à festa toda rockeira... estilosa... Mas naquela hora que você discutiu com a Karin e saiu chorando... hum... – ironizou ainda mais – Não ficou bem nem pra gente!

- O quê?

- É o seguinte, Sakura. Não nos envolvemos com emo’s patricinhas! Vou ser mais direto: o Sasuke é do nosso grupo, e o nosso grupo odeia patricinhas, sendo assim... fique longe dele!

- O QUE? VOLTA UM POUCO O DVD QUE EU PERDI EM ALGUMA PARTE, E MUITO IMPORTANTE PELO VISTO! – gritei indignada.

- Sakura, desencana! Não percebe que o Sasuke é da Karin e... vice-versa...

- O Sasuke não é de ninguém! Ele me disse que terminou com a Karin porque não agüentava mais ela!

- Bom... é o que ele fala de você também... mas nos disse que não tem coragem de terminar com você... porque acha que você vai chorar! – eles deram risada.

- Sasuke é o mais bonzinho de nós! – completou o irmão dele, Itachi.

- Eu não acredito em vocês – provavelmente a ruiva havia os mandado ir falar comigo, e tentar acabar com a nossa felicidade, como havia acontecido com o episódio com Gaara. Mas claro que no final Sasuke me contou a verdade. Malditos sejam esses rockeiros metidinhos amigos do Sasuke que só querem nos ferrar!!! ÔÔÔ povinho chato, viu!

- Bom, você que sabe! Depois não diga que não avisamos.

- Tudo bem! – tentei passar por eles, dar um basta naquela conversa. Mas eles ficaram em minha frente, impedindo minha passagem.

- O que foi agora?

O ruivo me encarou e falou mais sério do que nunca:

- Desista do Sasuke! Se você não se afastar dele, nós mesmos daremos um jeito de fazer isso, ou... Pode ser que ele mesmo dê um fim nisso... do jeito que ele reclama que você é uma criança, tudo pode acontecer... – na hora o clima sério foi quebrado por uma risada cínica do rapaz. Ele deve estar se achando um Coringa do Batman TENTANDO ser mau e engraçado ao mesmo tempo. Deixa eu alargar a boca do desgraçado com uma faca pra ele ver o que é rir de verdade!

- Eu sei que tudo isso é mentira! Se o Sasuke não me quisesse, ele mesmo teria dito isso ontem ao invés de me acalmar e me beijar e dizer palavras lindas quando eu saí correndo.

- Você que sabe... Devia saber que não ia ser fácil pra você namorar um rockeiro! Você é uma patricinha mimada, não sabe de nada da vida e... como o Sasuke diz... É uma criança!

- Eu não sou patricinha, mas ache o que quiser, não tenho de dar satisfações a você do que eu sou ou deixo de ser. Me dá licença, por favor... estou cansada!

- Tudo bem, mas pense no que dissemos a você... se você não terminar com ele... daremos nosso jeito.

Eles se foram.

Que chatinhos!

Cheguei em casa. Pensei no que eles falaram. Karin havia falado as mesmas coisas que eles... será que eles estavam falando a verdade? Sasuke me achava... criança? Patricinha? Claro que não! Haha!

Resolvi ir na rua dele no mesmo dia.

Primeiro fui na lan house. Naruto estava lá, mas Sasuke não.

- Oi Naruto. Ahn. Você viu o Sasuke hoje?

- Não... Tá querendo falar com ele?

- Sim, desde ontem ele não vai lá na frente da escola né? Ou você viu ele na escola?

- Não... não vi. Na verdade, o Sasuke está meio sumido.

- Hum... Ok, acho que vou na casa dele então! Beijos!

- Vai pela sombra! – ele riu.

Atravessei a rua e corri até a casa dele.

Apertei a campainha. O mesmo veio atender.

- Sakura...

- Oi, Sasuke... hum, posso falar com você?

- Claro, entra aí.

- Está sozinho?

Ele riu, interpretando mal a minha pergunta. Que safado!

- Sim, meus pais não estão e meu irmão não larga da turma agora!

Eu entrei em sua casa. Linda. Um castelo perto da minha.

Sentamos no sofá branco da sala de estar... nada a ver com a casa de um rockeiro.

Ele se sentou ao meu lado e pegou em minhas mãos. Eu me afastei, não queria contato físico por enquanto, senão me distrairia e não diria o que tinha para dizer.

- Sasuke, o que tenho pra dizer é sério.

- ...

- Bom... – olhei para minhas mãos e depois para cima tentando achar uma maneira de falar... não sei o que iria falar, fui para a casa dele sem praticar o que ia dizer, mas sabia que era sobre o ocorrido agora pouco – Me diga... Você gosta de mim? – oh, bela forma de começar. Bom, aos poucos eu pego o jeito!

Ele me olhou nos olhos meio confuso, e então sua resposta foi automática:

- Claro que gosto.

- Não! Não me responda assim! Poxa Sasuke... Me responda com sinceridade...

- Hum... Não estou entendendo...

- Por favor...

- Tá... Sakura, eu gosto de você! Mesmo!

- Você gosta como amiga...?

- Não só como amiga, você sabe...

- Você me acha criança?

Ele respondeu e sorriu:

- Você tem seu jeito delicado... Parecendo uma menininha!

- Hum... Claro...

- Dá pra me contar o que está acontecendo?

- Dá! – tomei coragem, eu seria direta – Você nem queria ter começado esse lance comigo, né? Por me achar patricinha, e não ser da sua turma.

- Claro que não, Sakura... O que está fazendo você pensar nisso?

Resolvi ser direta novamente:

- Eu vou dizer logo, mas não pense que estou chorando no seu ouvido falando dos seus amiguinhos... Eles falaram comigo hoje.

- O quê? O que eles falaram? Eles machucaram você???

- Não! Por que perguntou isso? Você já sabe que eles me odeiam?

- Hum... preciso te contar uma coisa também.

Ahh ele terminaria comigo! Precisei ser forte para ouvir o que ele tinha a dizer!

- Diga!

- Na reunião que tivemos, eles queriam que eu terminasse com você, por acharem que você é uma patricinha... Mas eu disse que não ia, porque... eu gosto mesmo de você.

- Gosta?

- Sim. Mas, me conte... o que eles falaram...

- Ah, nada de importante... – perdi a coragem, mas na verdade o Sasuke já sabia, eles falaram sobre isso na tal da reunião, mas o que ele não sabia era da parte que eles iriam tentar nos separar. Resolvi não falar nada, poderia causar mais brigas. Primeiro Sasuke e Gaara e depois o grupo todo contra o Sasuke? Isso não seria certo! – Você já sabe... eles falaram a mesma coisa pra mim.

- Hum...

- Estou com medo... – sussurrei.

- Medo do quê?

- De te perder... – eu me aproximei e joguei os braços ao redor do pescoço dele. – Eles estão contra nós, Sasuke... Vocês são amigos... Eu to causando um estrago na sua vida... e na amizade de vocês... Me diga, você quer que eu saia de sua vida? Te deixe em paz?

- Pare com essas tolices!

- Eu vou embora!

- Não vai não! Fica mais, a gente nem aproveitou pra namorar um pouco! – senti seu hálito quente em meu pescoço enquanto ele ria.

- Somos namorados?

- Claro! – ele me beijou. Ahh somos namoradoooss!!!!!!!! Ok, quem estou tentando enganar? Esse namoro não vai dar certo, eles vão tentar nos separar, como Sasori mesmo disse.

Passamos um tempinho nos beijando. Mas em momento algum eu disse ao Sasuke sobre o que Sasori havia falado. Ainda estava sobre o muro. Não sabia se ficava com Sasuke e enfrentava esse desafio... me afundava nessa aventura... ou desistia dele sem tentar.

Ele parou de me beijar e deitou sua cabeça sobre minhas coxas, assim brincando com meu cabelo que caía sobre a face, para logo depois pegar em minha cintura, levantar um pouco minha blusa e encher minha barriga e cintura com beijos cálidos. Essas coisas, vindas do Uchiha, para mim já eram uma prova de amor e tanto... Mas não tinha como eu saber da verdade... 

Agora, olhando o rostinho de anjo dele deitado sobre minha coxa, resolvi encarar essa aventura. Eu o amava de verdade, não tinha dúvidas! Então tentaria de qualquer jeito ficar com ele pro resto de minha existência.

- Sasuke...

- Hum?

- Eu te amo.