Ravena POV

Eu realmente não sei dizer o que aconteceu. Meu cérebro parou de processar informações e eu me prendi aquele momento.

Foi muito rápido. Em um segundo eu tentava afastar Mutano de mim, no outro estávamos nos beijando. E eu definitivamente não sabia o que pensar disso.

Ele me beijava devagar e lentamente, como se quisesse prolongar o momento ao máximo, eu o acompanhava, mas, sem muita consciência disso. Me sentia... Bem, viva. Acho que se eu pudesse escolher, esse momento não acabaria.

Movi minhas mãos para seus cabelos e pescoço, o puxando para mim. Era até um pouco engraçado... Ele tinha um leve hálito de pizza, provavelmente por comer isso mais do que bebe água.

Nos separávamos por um segundo às vezes, só para conseguir mais ar, e isso tornava tudo melhor. Não me sentia assim desde... Malchior. Sabe, borboletas no estômago, um calor no peito. Mas era diferente, não sei dizer como, mas era.

Então sofri um choque de realidade. Era Mutano! O cara verde e irritante da equipe, que eu deveria ter uma inimizade do tamanho de um rinoceronte! E na piscina! Lembranças dolorosas vieram involuntariamente com esse pensamento. Eu não poderia passar por tudo aquilo de novo.

O empurrei com todas as forças que consegui desviar para essa ação, mas o queria realmente era ficar ali com ele, mas não podia.

Quando consegui sair de seus braços, aquelas lembranças realmente me invadiram. Como um aviso meu para mim mesma de não cometer mais os mesmos erros. Ou arriscar estragar tudo. Ele me olhou confuso, mas eu não consegui formular uma resposta direito.

– Eu... Eu não posso... Eu... Desculpa... – dei um impulso para cima, e atravessei o teto, parando no meio de um dos corredores da torre.

Ofegava um pouco, encharcando o carpete. Estelar apareceu no corredor e me olhou surpresa.

– Ravena? O que foi? – de jeito nenhum eu contaria a ela o que aconteceu. Ou contaria depois, sei lá...

– Eu... Er... Nada, nada. – passei por ela, indo para o meu quarto, o chão fazia um barulho engraçado quando eu pisava com os pés molhados. Entrei no quarto e fui direto para o banheiro, ironicamente, precisava de um banho para me acalmar. Joguei o biquíni de qualquer jeito em algum lugar do banheiro, liguei a água quente e fui para debaixo do chuveiro.

Respirando devagar e tentando esvaziar a cabeça do que tinha acontecido na piscina, e as lembranças que acabei resgatando. Poderia resolver isso mais tarde, mas agora só queria esquecer.

Mutano POV

Me enxuguei, vesti o uniforme e fui para a cozinha ainda me perguntando o que raios tinha acontecido naquela piscina. Porque eu lembrava de ter beijado Ravena e isso com certeza é só um delírio da minha mente confusa. Ou não.

Quando cheguei na sala, Robin, Ciborgue e Estelar estavam lá no balcão discutindo alguma coisa e me olharam estranho. Beleza... O que foi que eu fiz dessa vez?

– Oi. – digo passando por eles e indo para a cozinha.

– Mutano, posso te perguntar uma coisa? – Robin disse. Parei e olhei para ele. Não fui eu chefe, eu juro!

– Claro...

– Estelar viu Ravena lá em cima, e ela parecia desconfortável.

– Isso não foi exatamente uma pergunta. – digo continuando a ir para a cozinha.

– Eu sei, é só que... Ela estava encharcada, o que quer dizer que acabou de sair da piscina, e foi direto para o corredor.

– E...?

– E você está com o cabelo molhado e veio da piscina. – ele me olhou taciturno. – A pergunta é: o que você fez? – sabia. Por que tudo é sempre culpa minha?

– Nada! –digo indo para a geladeira.

– Anda Mutano! Você fez alguma brincadeira idiota com ela? – me agachei para olhar a geladeira e agradeci por eles não poderem ver meu rosto agora. Eu conto ou não?

– Er... Na verdade... - melhor ficar quieto. – É! Foi isso mesmo! – pego um refrigerante e vou para o balcão também. – Eu banquei o ridículo outra vez e acho que acabei chateando ela. Robin suspirou e me deu aquele velho sermão de “não seja um babaca com a Ravena, porque desde a Eslovênia ela está visivelmente mais sensível”.

Depois Robin e Estelar saíram me dando um olhar repreendedor. Peguei um refrigerante e me sentei no balcão, Ciborgue ainda estava lá. Abri a lata e tomei um gole.

– Muito bem Verdinho, desembucha. - ele disse pra mim.

– O que?

– Você pode mentir pro Robin, mas não pra mim. Anda fala a verdade.

– Que eu me lembre você não terminou aquele detector de mentiras...

– E não terminei. Anda, abre o bico.

– Eu já disso o que...

– EU SEI QUE VOCÊ MENTIU ENTÃO FALA LOGO A VERDADE ANTES EU TENHA QUE DISSECAR SUE CÉREBRO PRA ISSO!

– Você não dissecaria meu cérebro...

– Será? – no fim eu acabei contando tudo pra ele. Eu falo demais, então mais cedo ou mais tarde ele ia ficar sabendo mesmo. A reação dele a foi à esperada: estado de choque, sem conseguir formular nenhuma palavra.

– Peraí deixa ver se eu entendi direito. Você e Ravena se beijaram na piscina? E ela retribuiu? – assenti e terminei de tomar o refrigerante. – Você percebe que eu ainda não consigo acreditar nisso né?

– Nem eu sei se consigo acreditar nisso cara. – era verdade. O que aconteceu era muito surreal até pra mim. Eu sabia o que... Sentia por Ravena. Ela por mim era a maior questão.

Ravena POV

Estava sentada na minha cama. Pode parecer uma grande besteira, mas eu não sei como reagir com isso que aconteceu. Peguei meu espelho negro em cima da penteadeira e fui transportada para aquele lugar cheio de pedras flutuantes e tão familiar.

Estranhei minhas emoções não estarem lá para me receber. Comecei a andar a procura delas. Era estranho, estava tudo vazio. Depois de um tempo de caminhada, avistei do lado de uma árvore seca, algo que chamou minha atenção.

Me aproximei e olhei mais de perto. Era uma rosa. Uma rosa negra para ser mais exata. A arranquei e examinei. Não era para isto estar aqui. Continuei andando e vendo cada vez mais roas no caminho. O que diabos é isso? Não eram realmente muitas, em cada pedra e arvore havia uma única e solitária.

Caminhei até achar minhas emoções sentadas em círculo, em um lugar com mais árvores e consequentemente mais rosas. Amor olhou para mim.

– Foi você quem fez isso não foi? – pergunto para ela levantando a rosa em minha mão. Ela balançou a cabeça negativamente.

– Você mesma fez isso. É uma reação própria da sua mente ao que aconteceu. – ela disse sorrindo incrivelmente. Fechei a cara para ela. Olhei pra rosa negra em minhas mãos e ela pegou fogo, junto com todas as outras, até que sobrasse apenas o caule queimado. – Pode tentar mentir para mim Ravena, mas não pode mentir para si mesma.

A encarei confusa e quando vi, havia duas roas na minha mão. O mesmo aconteceu com todas as outras, se regeneraram e outra apareceu. As joguei no chão.

– Por que está fazendo isso?

– Eu? – ela pareceu confusa. – Eu não fiz nada. A culpa não é minha se você nega seus sentimentos até o fim e quando finalmente os demonstra entra em pânico. É como te disse antes, você pode até não querer, ou fingir que não quer, mas Mutano não vai desistir.

– E é como eu disse a você. Você está louca.

– Ele beijou você, e você retribuiu. – não tive argumento. - E sinceramente, acho que a partir de agora, as coisas vão ficar mais difíceis para você esconder seus sentimentos.

A encarei fazendo uma careta. Sabia que ela estava certa.

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Dear God

For The First Time