Desavenças Às Avessas escrita por RoBerTA, Apenas Uma Sobrevivente


Capítulo 12
O véio da banana


Notas iniciais do capítulo

Ei gente bonita! Então, o capítulo está curto, isso é verdade. Mas vocês também não estão cooperando, né. :/ Tem gente que favoritou a fic, mas nunca deixou um "gostei". Isso é desmotivador. Enfim, vamos ao capítulo.
BjxxxX



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Aula chata. A propósito, que aula não é chata?!

Espicho minhas pernas, e solto um bocejo, enquanto aquele maluco fica falando sobre a Segunda Guerra Mundial. Eu mereço.

Mas o pior mesmo é ter que ficar suportando aqueles olhares sobre minha esplendida pessoa, fora os cochichos, que morrem quando me aproximo. Juro que algumas cabeças vão voar daqui a pouco.

Começo a fazer desenhos sem nexo e sentido no canto da mesa, pouco me lixando par meu aprendizado. Então um papelzinho cai na minha mesa, e quando olho para ver a origem, vejo Alice indo em direção ao seu lugar, mas não sem me mandar uma piscadela antes. Estreito os olhos, mas abro o papel, saciando minha curiosidade mórbida.

Quase gemo de raiva e desespero, mas não o faço.

É a tal serenata.

Tem um recado também.

Querido John, aqui está a serenara que você irá cantar para Anabella. Assim que a aula terminar. Você não vai dar uma de covarde e fugir, né?

P.S. Parabéns, papai :)

Termino de ler, completamente confuso. Claro que não sou covarde! Isso nunca. Mas essa serenata é ridícula. Mas acho que essa era a intenção, me fazer passar pelo ridículo. E que diabos de porcaria é essa do “papai”?

Guardo o papel no bolso.

A aula termina, parecendo se arrastar pela eternidade. E se esse fosse o caso, eu nem me importaria. Isso faria com que eu não fizesse o que estava para fazer.

Jogo o caderno e a caneta dentro da mochila, de qualquer jeito. Coloco uma alça só no ombro, e respiro fundo.

Grudo meus olhos em Anabella, e é impossível não franzir o cenho para o ser destituído de beleza.

Tomo outro folego profundo, e me adianto para o pior. Quanto antes eu fizesse, antes acabaria essa tortura infernal.

Puxo seu braço, e ela parece surpresa, assustada até. Seu rosto fica corado de uma maneira alarmante.

Limpo a garganta.

Oh, Anabella! Seus olhos cor de mel, onde quero me afogar. Seu sorriso opressor, que me faz tremelicar! Oh, seu perfume, oh! Sinto-me a sufocar! Olho para ti, e te vejo. Olho para ti, e me sinto a oscilar. Oh, Anabella! Sua voz de pássaro silvestre, seus cabelos cor de terra, e seu corpo oval! Oh, Anabellaaaa!!!

Limito-me a ignorar os olhares e os risinhos que se seguem. Anabella sorri, tímida. Deus, ela não acha que estou mesmo apaixonado por ela, né!?

- John...

Sua voz parece de passarinho, e preciso me esforçar para escuta-la. Mas seja lá o que ela iria dizer, é subordinado à risada estrondosa e diabólica de Alice, que caminha até mim como uma pantera, com aquelas roupas que deixam muito pouco para a imaginação masculina. Eu, inclusive, me senti muito tentado.

- Parabéns, Johnzito, - ela diz, batendo palmas, com uma expressão de zombaria – você é um bom ator.

- Ator? – Anabella pergunta confusa, até que a ficha cai. Seus olhos ficam iluminados por lágrimas de vergonha e decepção. Sinto-me estranhamente mal e culpado. Alice também parece um pouco culpada.

Anabella sai correndo, porta afora, e não para nem quando sua prima, Stela, a chama. Antes de sair da sala, em direção à pobre garota, Stela me lança um olhar fulminante. Estremeço.

Viro-me para Alice, que parece um pouco aturdida.

- Satisfeita? – Pergunto carrancudo, e saio, morrendo de vontade de estar na minha cama, enterrado debaixo dos lençóis, longe de tudo e de todos. Longe de problemas.

Mas os problemas parecem definitivamente ter um fetiche por mim.

Vejo meu bom e velho vovô, parado ao lado do meu carro, fazendo um desenho no vidro. Apuro minha visão, e vejo o que é. Uma genitália masculina, se é que me entende.

Esse velho não muda.

Ele é meio fora da casinha, e meu pai morre de vergonha de ser filho dele. Eu não tenho vergonha de ser neto dele. Só quando o velho desenha um órgão reprodutor masculino na janela do meu carro. Ou prende a Bituca dentro de um armário da cozinha, alegando que ela o ameaçou de morte.

Olho para os lados, esperando encontrar seu velho fusca amarelo banana, mas não vejo  nada.

Suspirando, chego até ele, que abre um largo sorriso sapeca quando me vê.

- Vovô, - digo cansado, com o tom que uso com meu sobrinho de sete anos – o que você está fazendo aqui? Alias, cadê seu carro?

Ele estrala a língua, indignado. Suas bochechas ficam levemente coradas.

- Acredita que guincharam ele?! Só porque eu estacionei no amarelo, me disseram. Eles nem deram bola quando eu disse que estacionei porque o amarelo combinava com o carro!

Tapo minha cara com a mão, não acreditando no que ouvi.

- Certo. E o que você foi fazer?

- Comprar camisinha, ué. A fabrica aqui continua funcionando.

Sabe aquelas vontades de furar os tímpanos? Engolir ácido? Enfiar a cabeça em um microondas? Pois é.

- Tudo bem, vamos para casa. Mas como você chegou aqui?

- De ônibus. – Ele dá de ombros, estreitando os olhos, que fitam algo às minhas costas.

Sou surpreendido por uma mão que puxa a minha manga.

- Ei, John.

Vejo uma Alice com uma expressão inescrutável. Ela abre a boca para dizer algo, mas quando vê meu avô, arregala os olhos.

- Véio da banana!?

Minha vez de arregalar os olhos.

- Espera, vocês se conhecem?!

Ela faz uma cara feia, rabugenta.

- Sim. Esse senhor me perturbou no avião quando vim para cá.

- O que você disse, filha? – Ele faz aquela expressão de quem não ouviu direito. Aproxima-se dela, e põe uma mão no ouvido. Ele geralmente se faz de surdo para quem não vai com a cara.

- Você ouviu muito bem, senhor!

Posso vê-la se controlando para não manda-lo tomar onde o sol não bate. Resolvo intervir.

- O que você queria comigo?

- Hnm? – Sua expressão fica um pouco confusa, enquanto a irritação vai desvanecendo aos poucos.

- Você tinha lgo para falar comigo. – Digo impaciente.

- Ah, certo. Eu acho que devemos pedir desculpas para a Anabella.

- Devemos?! – Pergunto incrédulo. – A ideia foi sua. A propósito, essa aposta foi uma fraude. Você me beijou. E não ao contrário.

- E você retribuiu. – Ela diz na lata.

- Grande coisa. Sou homem. E eu não vou pedir desculpas a ninguém. Agora cai fora. Vem vô, vamos para casa.

Limpo seu desenho na janela, e pego as chaves do carro. Mas ela é persistente.

- Certo. Então você vai negar a sua participação nisso? É isso que você vai fazer com o teu filho também? Negá-lo?

Paro, e me viro vagarosamente, olhos estreitos.

- Papai? Filho? De que diabo você está falando afinal?

Meu vô fica quieto, apenas ouvindo e observando. Já Alice, parece um pouco confusa, e até triunfante.

- Espera, você ainda não sabe?

- Sabe o que, criatura? – Nesse momento, sinto minha paciência se dizimar completamente.

- Você vai ser papai, Johnzito. Lembra-se da Valentina? – Ela abre um sorrisinho travesso. – Parece que você andou plantando algumas sementinhas, e agora vai colher um bebezinho.

É o que!?


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