Desavenças Às Avessas escrita por RoBerTA, Apenas Uma Sobrevivente


Capítulo 1
Primeira impressão


Notas iniciais do capítulo

Esse cap é meu, RoBe (sem o X, please uú), e é uma apresentação, mais ou menos. Enfim, boa leitura ^^



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POV JOHN

Cara, que na fossa. Sério mesmo, quem inventou a escola devia é ter problemas mentais. Luto contra as cobertas que parecem se agarrar em mim. Mas afinal, quem pode culpa-las, eu sou muito desejado mesmo. Até as cobertas sabem disso.

Pena que o chão não.

Na batalha épica ao tentar desvencilhar-me, acabo caindo no chão, que pouco liga para mim, e deixa que eu sinta uma terrível dor na perna esquerda.

Ótimo, acordei com o pé esquerdo. Literalmente.

Manco apalpando tudo a minha volta, sem vontade de abrir meus lindos olhos verdes, sempre tão invejados. Não quero gasta-los com meu quarto.

Acabo encontrando a porta que fica para meu banheiro. É, um banheiro só meu. Eis as vantagens de ter um pai podre de rico e dono de uma empresa de turismo, viagens, sei lá.

Como costumo dormir só de cueca – babem, garotas – não demoro muito para estar nu - podem babar mais, eu deixo – debaixo do chuveiro.

O banho me acorda, me despertando para o mundo. De repente, até fico com um pouquinho de vontade de ir para a escola, para rever minhas “amigas”.

E que amigas...

Com um sorriso preguiçoso no rosto, coloco aquele uniforme cafona. Mas não é tão ruim, se pensar no feminino, com aquela saia ridícula, de tão curta. Eu pessoalmente, gosto.

Enfim último ano naquele inferno, e depois meu pai provavelmente vai decidir o que é melhor para mim. Isso é tão ele, querer mandar no mundo, e se achar dono de todos, principalmente de mim.

Dou uma despenteada nos meus cabelos louros, ainda úmidos. Logo eles irão voltar para seus cachinhos naturais.

Meu pai deve ter saído bem cedo, deixando o apartamento só para mim. O que me deixa tentado a não ir para a escola. Mas havia prometido para ele que passaria esse ano. E eu sou um homem de palavra.

Apanho as chaves do meu conversível – vantagens de ter dezoito anos – em cima da cristaleira, uma herança de família.

Pego o elevador e desço até o estacionamento. Entro no meu bebê vermelho, a minha cor. Vermelho exprime minha fúria interior, e a paixão que arde em mim.

Acelero, mas com um pouco de cuidado, afinal, já tinha multas o suficiente.

Passo na casa do meu melhor amigo, o David.

Ele pula no banco ao meu lado, me cumprimentando com nosso toque especial.

– E aí, tudo beleza?

– Com certeza, fora a vontade de ficar dormindo. Aquela festa acabou comigo.

– John, o espírito das festas, cansado? Por causa de um festinha fraquinha como aquela?

– Fraca pra ti, que não pego ninguém. Eu soube aproveitar aquelas duas que se jogaram pra cima de mim.

– Todas se jogam pra cima de ti. Isso é fato. E não precisa espalha que não peguei ninguém.

Aceno com a cabeça, espiando pelo canto do olho meu amigo ruivo que assume uma expressão indignada.

Somos amigos desde que me entendo por gente. Nossos pais eram amigos, assim como todos da elite são. Ricos, donos de vastas propriedades, empreendedores, grandes empresários.

– Viu que tem uma aluna nova?

Olhei interessado para ele. Carne nova no pedaço? Isso com certeza me interessa.

– Qual turma?

– 3º ano. Tem dezessete anos.

Qualquer um ficaria pasmo com tudo o que ele sabia, mas não eu, que conhecia sua mãe, a diretora da escola. Ela era uma ótima fonte de informações, principalmente depois de algumas taças de vinho.

Ninguém disse que as pessoas importantes da sociedade, realmente são perfeitos.

– Hum, vou ter que conhecer essa garota.

– É, mas cuidado, porque me parece que ela é uma garota extremamente problemática.

Dou um sorriso cafajeste.

– Adoro garotas com problemas. Elas são quentes.

Ele suspira e balança a caneca, mas não consegue esconder o sorriso.

– Você não presta mesmo, John.

– As garotas não parecem se importar com isso.

Estaciono na melhor vaga, pulando para fora do caro acompanhado por David. Jogo a mochila sobre o ombro, enquanto sinto olhares sobre mim. Alguns de inveja, outros de reverencia, e muitos de luxúria.

David e eu paramos em frente ao nosso grupo, constituído pelos mais populares da escola. Eu, é claro, era o líder deles. Alex era um filhinho de papai – e não o único – marrento. Nós nos conhecemos no boxe. Edgar era metido e engomado. Ele possuía pedigree, como eu costumava dizer. Stela era comportada e muito elegante, tão elegante, que enjoava. Mas Anita era o grande problema. E não um bom problema. Eu não sou cara de namorar, embora ela tenha sido a única garota com quem namorei. E agora ela não larga do meu pé, é simplesmente irritante. Mas meu pai insiste que devo trata-la bem, ou o mínimo, aturá-la. Status, só pra variar. E então, tem o David. Ele não é exatamente descolado, e sempre acaba se portando como um nerd. Provavelmente porque ele é um, mas só eu sei. Ser o melhor amigo do cara mais popular do colégio certamente ajuda com a reputação dele.

– E aí galera, tudo em cima?

Eles concordaram daquele jeito apático deles. Anita se agarrou em mim, quase me impedindo de respirar. Eu tenho que dar um jeito nisso.

– E aí, viram a tal da garota nova?

– Quem, aquela coisinha sem senso de moda?

Olho para Stela, que franze o cenho, com o nariz arrebitado enrugado.

– Sim, Stela tem razão, aquela tal Alice, é uma horrorosa.

Anita cola ainda mais seu corpo com o meu, com aquela cara de eliminar-concorrência. Alice, hnm, gostei.

– Certo, certo. Eu vou indo, preciso resolver umas paradas lá. Vejo vocês mais tarde.

Dou um jeito de me desvencilhar da loura que parece um chiclé, enquanto o resto continua com aquelas expressões de esnobes, sem dar muita importância para o que acontece ao seu redor.

– Vem comigo? – pergunto para o David, que concorda.

– Posso ir também?

Anita me olha com seus brilhantes olhos azuis, o que apenas me impulsiona a tornar o espaço entre nós ainda mais palpável.

– Acho melhor não. Vem, Davi.

Quando já estamos longe o suficiente, David suspira.

– Aquela Anita é mesmo uma chata, né? Ela ainda não caiu na real, e ainda pensa que vocês estão juntos.

– Nem me fala, ela é mesmo uma mala.

Nada discreto, dou uma boa olhada para as saias e mais além de duas garota do 1º que passam dando risadinha e olhares na minha direção. É, elas servem como aperitivos.

Dou uma gargalhada pelo meu pensamento, e Davi apenas suspira, provavelmente sabendo a minha linha de pensamento.

Paramos na frente dos nossos armários, e quando abro o meu, vejo vários papéis com números de telefone. E esse é só o primeiro dia.

Com cuidado para não deixar os papeis cair, tiro uns livros de lá.

– Vamos?

Ele concorda.

Quando ando, principalmente no corredor, não me preocupo em olhar para frente, a fim de ver se tem alguém ou alguma coisa no meu caminho. Nunca tem. Simplesmente desfilo, por assim dizer, permitindo que os outros observem a paisagem ambulante.

E foi assim hoje também, eu andei como se o mundo fosse meu, até esbarar em uma garota, que andava desligada do meu mundo, mexendo no celular.

Eu sou uma presença, por assim dizer. Com minha altura que nunca passa despercebida, muitas vezes sou chamado de Muralha. Já a garota, poderia facilmente ser chamada de TinkerBell. Ela era muito pequena, sério mesmo. Era óbvio que eu era superior em força, o que a fez cair de bunda no chão, ao tombarmos. Eu continuei de pé, a analisando.

Nossa, ela era gata. Devia ser a tal da Alice. E eu tenho que discordar da Stela e da Anita. A garota não era nem de longe horrorosa. E ela podia não ter senso de moda, mas ela tinha estilo. Ela, apesar de seu tamanho, era uma presença. Seus cabelos, brancos, quase pratas, tinham mechas rosa, roxas e azuis nas pontas, dando um efeito maneiro. E caramba, que olhos. Eram negros, e pareciam infinitos. Eu não me importaria de ficar tentando encontrar o fim deles, se é que existia. E uou, que corpão!

– Caralho, porque não olha por onde anda?

Ela se levanta, com uma expressão assassina no rosto. Espera, ela ta me xingando?

– Eu? Como você sabia se eu tava ou não olhando, se era você quem não tava olhando?

– Ta brincando, né? Eu conheço seu tipo. Você é daqueles “eu sou o dono do mundo”. Mas o mundo não tem dono. E nem lugar pra idiotas como você.

Ela não falou isso. Ou falou? Agora todo mundo tinha parado para observar a briga entre a novata e o rei da escola. Sim, eu sou o rei da escola. Minha palavra é lei aqui.

– Quem você pensa que é? Recém chegou e pensa que pode arrumar briga comigo? Eu sugiro que comece a me tratar melhor, se tem amor pela vida.

Ela me deu um olhar de nojo.

– Te tratar melhor? Traduza pra mim. Eu não falo a linguagem dos idiotas.

Cheguei perto dela, o suficiente para ninguém mais ouvir.

– Serviços especiais, é disso que to falando. E não se preocupe, eu aviso quando precisar de ti. Ou melhor, dos seus serviços.

Senti sua mão contra meu rosto, fazendo meu lado esquerdo arder.

Coloquei a minha mão onde segundos antes a dela esteve.

– Da próxima vez que falar assim comigo, eu vou acertar em um lugar, que pode ter certeza, vai doer bem mais.

Com isso ela foi embora, provavelmente para sua sala de aula, me deixando ali, perdido no meio do corredor, sem saber o que fazer.

Mas de uma coisa eu tinha certeza.

Essa garota ia se queimar.


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Notas finais do capítulo

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