–Ela vai nos MATAR! – A voz de Annabeth era estridente e abafava a música sem graça que tocava no elevador.

Ela e Percy subiam em direção ao 600º andar do Empire State Building. As portas do elevador se abriram e a garota apertou a mão do marido com tanta força que Percy gemeu. Parecia que todos os habitantes da cidade estavam reunidos ali, apenas esperando para assistir a provável morte dos dois. Todos se calaram instantaneamente enquanto Percy e Annabeth dirigiam-se cautelosamente ao Olimpo.

Eles caminharam pelo calçamento de pedra até que viram um montinho de ouro amassado e escurecido. Percy gemeu e teve calafrios ao reconhecer sua antiga placa de honra, a mesma que Hermes dissera que Atena havia destruído. Pararam em frente a uma enorme porta de ouro, Annabeth parecia a ponto de explodir.

–O plano é o seguinte: eu falo e você tenta não ser incinerado, ok? – a voz dela tremeu.

–Parece um ótimo plano – Percy respondeu – E correr que nem uma gazela se tudo der errado, entendido.

–Relaxa, seu pai vai nos apoiar. E, além disso, os deuses não vão ficar nada felizes se minha mãe te queimar vivo ou te destroçar. No máximo ela vai te deixar em coma, mas não matar.

–Tranquilizador – ele revirou os olhos e empurrou a porta.

Doze tronos formando uma meia lua estavam ocupados por deuses, que instantaneamente pararam de falar e encararam o casal. As reações foram as mais diversas: Hera gritou de descontentamento e fechou a expressão em uma carranca de desprezo. Hermes e Poseidon riram com gosto, enquanto Apolo piscava para Percy, formando “boa, garoto” com os lábios. Atena apertou com tanta força o braço de seu trono que ele chegou a ranger. Zeus cumprimentou-os enquanto Percy e Annabeth se ajoelhavam no centro da meia lua.

–Percy Jackson e Annabeth Chase... Ou devo dizer Annabeth Jackson? – ele piscou para Percy. – Minha filha, Atena, deseja ouvir suas explicações sobre o rumor da gravidez de minha neta.

–Mamãe – os olhos de Annabeth encheram-se de água ao notar a expressão de nojo da mãe, como se ela estivesse suja – Eu e Percy já somos casados há algum tempo, e nós sempre sonhamos em ter um filho. Não entendemos o motivo de a senhora estar tão descontente conosco. Por favor, nos dê uma chance de provar que seremos ótimos pais.

Atena fez um muxoxo e se levantou de seu trono, seus olhos pareciam estar pegando fogo, e penetravam os de Percy tão profundamente que ele tinha vontade de se encolher em posição fetal e chorar como um bebê.

–Perseu Jackson. Você tem NOÇÃO do perigo que essa criança corre? Tem noção da responsabilidade que exige cuidar de uma criança com ¾ de sangue divino?

–Sim, senhora. Temos total noção da responsabilidade que nossa filha exige. – Percy respondeu.

“Porém a senhora não sabe, já que nunca precisou cuidar dos filhos” – ele acrescentou mentalmente.

–Eu exijo uma votação – bradou a deusa, extremamente aborrecida – Deixar estes semideuses assumirem a excessiva responsabilidade de criar a filha, ou então deixar essa tarefa a cargo de alguma criatura mágica devidamente treinada e protegida em algum lugar seguro.

Annabeth caiu de joelhos, Percy a segurou antes que se machucasse.

–VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO, MÃE! – Annabeth gritou com tanta força que o som de sua voz ricocheteou nas paredes e provocou um eco agoniado e desesperado - É MINHA FILHA! MINHA!

–Sim, eu posso – Atena rebateu, furiosa. - Quem está de acordo com a criança ser criada por dois semideuses inconsequentes, fique de pé.

Atena se sentou. Inicialmente, apenas Ártemis e Hermes se levantaram. Percy sentiu a sala girar e suou frio ao imaginar-se entregando uma linda garotinha loira às mãos de Atena. Ele olhou desesperado para seu pai, que lentamente se levantou também.

Annabeth se ajoelhou e começou a chorar e soluçar desesperadamente. Apolo, Deméter, Hefesto se levantaram. Estavam em um empate, Atena fuzilava todos os deuses sentados, como que os desafiando a se levantar.

–Ah, pelo amor de Zeus. Os dois são perfeitos um para o outro, Atena, até você sabe disso. Juntos, são uns dos mais poderosos semideuses que já pisaram na Terra. Eles podem SIM cuidar muito bem da criança. O amor deles supera qualquer adversidade – Afrodite se levantou e bufou para a outra deusa.

–Parece que temos uma maioria vencedora. Annabeth e Percy poderão cuidar da filha deles. – Zeus resmungou.

Annabeth suspirou e abriu um enorme sorriso, sussurrou um agradecimento sufocado e Percy a carregou para fora da sala. Quando estavam quase alcançando a porta, Afrodite correu até eles.

–Perseu, espere! – a deusa sorriu e ajeitou os cachos loiros sobre os ombros – Vocês já escolheram o nome dela?

–O nome? – Percy olhou para Annabeth e sorriu.

–Silena – disse Annabeth, a garota não pode deixar de sorrir ao ver uma pequena lágrima de emoção escorrer pela bochecha de Afrodite.

–Eu então concedo minha bênção a Silena Jackson, filha de Perseu e Annabeth Jackson.