Thalia se ajoelhou e ofegou com a chegada da visitante. Rachel, Chad, Clarisse e Katie apenas sorriram com educação. Annabeth fez uma reverência tímida e corou ao lembrar-se de que quase se tornara caçadora, deveria ser uma decepção para Lady Ártemis estar casada e grávida.

–Olá, minhas queridas... E querido – ela acrescentou ao ver Chad – Desculpem ter entrado assim sem permissão, mas está realmente quente lá fora no sol.

–Seja bem vinda, Lady – Annabeth sorriu e curvou-se brevemente para a deusa.

–Annabeth, querida! – Ártemis ficou na ponta dos pés em sua forma de pré-adolescente para abraçar a jovem – Como deusa parteira, sinto que seu bebê é muito forte e saudável, meus parabéns. Venho trazer boas notícias do Olimpo, outras não tão boas. Trago também um presente meu e de meu irmão, Apolo.

–Por favor, sente-se – Annabeth pediu, enquanto as outras garotas e Chad colocavam as almofadas no lugar e se sentavam no chão.

Ártemis sentou-se no sofá de dois lugares, e Annabeth, no de três.

–Os deuses festejam a chegada da criança no Olimpo. É uma das poucas com uma descendência forte dessas. Seu herdeiro terá imensurável poder, mas sempre carregará consigo um perigo, como deve saber.

–Daria a minha vida para salvar meu filho, Lady Ártemis – Annabeth suspirou.

–Acredito que sim, minha jovem – a deusa piscou para Annie – Já deve saber da fúria de minha meio-irmã, Atena, e de seu ataque de raiva. Ela está sendo irracional, creio eu.

–Ela nunca aprovou o casamento – murmurou Thalia.

–Olá, ex-caçadora. Vejo que cresceu bastante – Ártemis olhou para a ex-devota. Parecia sentir saudades da amiga, e talvez um pouco de mágoa aparecesse na sua voz, apesar de bem camuflada.

–Ah Lady, me perdoe a falta para convosco. Eu queria outro tipo de vida, se é que me entende... Eu estava cansada de estar presa a um corpo de adolescente quando já tinha maturidade de uma mulher bem mais adulta. Queria poder curtir minha mortalidade, como expliquei, não acho que seja tão ruim, afinal. Espero que as caçadoras estejam bem, assim como vossa senhoria. – Thalia parecia desesperada a ponto de chorar, usando palavras muito mais formais do que costumava usar. Velhos hábitos de caçadora, talvez.

–Está tudo bem, Thalia Grace – Ártemis sorriu para a outra, confortando-a como uma mãe – Eu a compreendo. Apenas sinto falta de uma das melhores caçadoras que já tive.

–AIMEUZEUSDOCÉU – Chad berrou, assustando a todas.

–O quê? – Katie arregalou tanto os olhos que parecia que iam cair no chão e rolar para debaixo do sofá a qualquer momento.

Annabeth entrou em posição de combate, bem como Thalia e Clarisse, temendo um ataque repentino.

–Ana Bé! Quer dizer, Annabeth. Você sentou do lado direito! – Chad bateu palmas e deu um abraço de urso na menina.

–O que isso quer dizer? – Annabeth gemeu, sufocando.

–É uma menina – Clarisse sorriu, imaginando-se a treinar uma garotinha loira de olhos verdes e ensinando-a a matar Drakons.

–PODE SER uma menina – Thalia revirou os olhos – É apenas uma simpatia sem fundamentos.

–Na verdade, é uma menina sim – Rachel falou baixinho, olhando para a ponta das sapatilhas coloridas.

As seis garotas e Chad abraçaram Annabeth ao mesmo tempo, sufocando a garota novamente. Elas se revezavam conversando com a barriga da amiga e tentando sentir o bebê. Era estranho para Annabeth ver as pessoas conversando com seu umbigo com voz fininha (aquele tom que usamos com animais fofinhos e bebês). Mesmo que estranho, ela se sentia infinitamente radiante por estar gerando uma vida dentro de si, fruto do amor dela e de Percy.

***

–Tá ferrado, cara. Noites sem dormir, fraudas nojentas pra tocar... Vai gastar uma grana preta pra pagar todas as coisinhas pequenininhas, coloridinhas e cheirosinhas. – Connor Stoll suspirou profundamente.

–Aposto que o bebê vai ser a cara do jardineiro – Travis provocou e os rapazes riram.

Percy aliviou a expressão tensa e Chris lhe deu um soco de brincadeira no ombro.

–Qual é, cara. Relaxa, vai ser mais tranquilo do que parece – Chris sabia que estava mentindo em partes, mas Percy estava apavorado.

–Percyzito, trouxemos uma visita pra você. – Connor assobiou e um garanhão preto com pelo brilhante veio voando até a fonte do parque onde os quatro rapazes estavam reunidos tomando umas cervejas.

E aí, chefe?

Percy quase enfartou ao ver o velho amigo Blackjac. Arrependeu-se de não ter nenhum cubo de açúcar para dar a ele, mas abraçou o pescoço do elegante cavalo.

Está me sufocando, chefe.

Percy soltou o cavalo e alisou sua crina.

–Estava com saudades. Vou comprar alguns cubos de açúcar pra você.

FINALMENTE!

***

–Annabeth, eu e meu irmão pensamos por muito tempo o que dar de presente a vocês. - Declarou Ártemis com uma expressão mais séria - Claro que envolveu muitas brigas, mas decidimos dar a nossa sobrinha uma harpa. Nosso pai me deu uma de prata e uma de ouro a Apolo. Presenteamos sua filha com uma que mistura os dois metais, representando a mescla de duas linhagens divinas. Sempre que a criança estiver estressada, com medo, ou qualquer coisa que a faça chorar, basta tocar algumas notas para ela.

Ártemis estendeu o braço, abriu a mão com a palma virada para cima e lá havia uma bela harpa do tamanho de uma caixa de sapatos. Annabeth a pegou, maravilhada, e dedilhou algumas das cordas bem afinadas. O som agradável a fez sorrir e tocar sua barriga.

–Gosta do presente de sua tia, meu amor? – ela sussurrou.

Os demais convidados estavam estarrecidos com o presente divino que Annabeth segurava. A garota agradeceu infinitamente e abraçou a deusa.

–Tenho que ir agora, minha jovem. Apolo manda lembranças a você a Percy. Adeus, Thalia. – a garota ruiva piscou para a velha amiga e desapareceu numa nuvem de pó prateado.