No capítulo anterior...

20 dias para um mico pior do que meu cabelo estar pintado de verde.

20 dias para Rose Weasley ser massacrada jogando quadribol.

20 dias para eu me livrar de Scorpius Malfoy.

Capítulo 6:

ilegalmente loira

P.O.V Rose Weasley.

Eu corria verdadeiramente como alguém doente que quer morrer. É uma tentativa dolorosa de suicídio, onde nada mais importa em sua vida e você quer sofrer para não ter que pagar quando não estiver mais nesse mundo. 

O pior, é que tudo estava normalmente bem. Não é surpresa para nenhum ser humano que eu odeie esportes e que faço de tudo para viver bem longe disso. Porém como em toda história besta, ou série de TV que tem um personagem azarado, algo de ruim tem que acontecer. E sabe o que foi essa coisa ruim nessa história que eu protagonizo? 

Eu cai. 

E não foi apenas um tombo. Eu consegui a proeza de tropeçar em meus próprios pés e me ralar toda.

-ME DEIXA MORRER, MALFOY! -Gritei histérica enquanto ficava jogada no chão. E Scorpius vinha devagar em minha direção, como se aquilo fosse algo bem engraçado de se ver. 

-Sem pânico, Rose, você só caiu... E ralou o joelho, nada demais. -Ele sacou a varinha enquanto se agachou e a balançou, em questão de segundos meu machucado despareceu. -Agora levante e volte a correr. 

-Mas eu estou cansada, acabada, moída. Não seja tão cruel! -Pedi fazendo cara de cachorrinho que caiu da mudança, mas não adiantou.

-Olhe, monstro do lago Ness, você tem que correr para começar a adquirir um corpo bonito, sarado, gostoso! Tem que ficar em forma para não se cansar no primeiro minuto do jogo! -Explicou estendendo a mão para me ajudar a levantar. -Então só dê mais duas voltas, faça dez abdominais e quinze flexões. Depois, pode ler o livro que eu mandei e eu vou tentar tirar essa tinta do seu cabelo. 

-Ta certo. -Suspirei em desanimo e voltei a correr. 

E ele ficou sentado, folheando um livro de feitiços que tinha trazido. As arquibancadas e os vestiários estavam completamente vazios, apenas eu corria feito uma tonta. Aquele vento frio batia em mim em cada curva que eu tinha que fazer, e era horrivelmente boa a sensação de estar quente e com calor mas estar recebendo um vento frio. 

Porém a dor que eu sentia em meu corpo não passava. Não era um tipo insuportável de dor, apenas tinha um jeito estranho de se manifestar em meu corpo: Se tornava pior do que nas outras pessoas. Era como se eu fosse um alvo fácil para sentir dor, sou muito sensível a tudo. Acho que puxei meu pai nesse aspecto. 

(...)

-Eu morri? -Indaguei me largando no chão após acabar as flexões. 

-Não. -Scorpius fechou o livro e me olhou de cima a baixo. -Eu vou ter um longo trabalho com você. 

-Se quiser desistir, vá em frente. -Comentei sentando-me em sua frente. 

-Não sou desses, Weasley. -Afirmou sacando sua varinha e apontando para a minha cabeça.

-Eu sei que eu sou a pior aluna do mundo, mas deixe a minha cabeça no meu pescoço. -Pedi e ele revirou os olhos acabando por ceder a risada. Fez um movimento com a varinha e logo após guardou. Feitiços que não é preciso falar, difíceis. -Conseguiu?

-Mais ou menos. -Deveria ter imaginado que ele não é capaz de fazer um feitiço corretamente, muito menos quando o feitiço é difícil, afinal ele só dorme nas aulas. Só Merlin sabe como passa de ano. -Mas está melhor do que antes.

-Eu não sei o que você fez, e nem quero ver por que sei que vou passar raiva. -Disse e ele concordou estendendo o livro que tinha mandado eu ler. 

-Não vou te liberar antes de acabar, moça. -Abri o livro na página que eu tinha chegado e o fitei com um sorriso vitorioso no rosto.

-Eu já estou acabando o livro, moço. -Ele revirou os olhos e pegou seu suco de abóbora para tomar enquanto eu lia. 

Sempre achei que quadribol era a maior idiotice que existia no mundo bruxo. Mas agora eu tenho certeza absoluta.

Regras imbecis que não servem quase para nada - se bem que é mais respeitada do que regras da própria escola -, tipos de bolas e suas explicações - argumentos desnecessários para explicar que é só jogar e bater -, os mil e um tipos de vassouras e para que servem.

O mais interessante é que eu aposto que esses jogadores bestas nem devem saber metade disso. Desperdício de folhas, poderia se tornar um livro bem mais legal. 

Mas quem sou eu para falar isso? Ah é, eu sou a criatura que abomina quadribol e vai ter que aprender a jogar.

-ACABEI! -Gritei jogando o livro em Scorpius, que estava quase dormindo sentado. -Posso ir?

-Vou ser legal com você, Weasley, mas só porque você vai ter um mini heart attack quando ver o seu cabelo. Lembre-se das coisas boas que eu faço por você antes de me matar. -Eu revirei os olhos e dei tchau para ele, indo correndo ver o que o tapado fez em meu cabelo.

Estranhamente os risinhos nos corredores haviam passado - o que era bom -, mas agora as pessoas me olhavam estranhamente como se eu estivesse diferente. Várias hipóteses passaram por minha mente: Meu cabelo poderia estar rosa, preto, poderia não ser o meu cabelo, poderia estar colorido. Eu, realmente, precisava de um espelho.

-AAAAAAAAAH MEU MERLIN! -Gritou Dominique arregalando os olhos enquanto fazia uma de suas melhores expressões. James estava virado de costas, com certeza estava falando com ela. E quando virou para me ver, simplesmente me olhou mortalmente, com aqueles velhos olhares assassinos. Ele me da medo. 

-O QUE FOI? -Ela apontava para a minha cabeça como se fosse uma coisa de outro mundo. Será que eu estava careca? Não, eu sentia meu cabelo. -FALA, DOMINIQUE! 

-Olhe. -Entregou-me seu precioso espelho que nenhuma alma a não ser a dela o segurou.

-Não curti esse novo visual, é ofensivo aos Weasley. -Comentou Molly em um canto do salão comunal, fazendo com que James concordasse com ela. 

-AAAAAAAH, EU NÃO ACREDITO! -Eu estava ilegalmente loira. -EU VOU MATAR O MALFOY, MATAR! -Se não conseguiram deixar meu cabelo ruivo novamente enquanto estava verde, não seria agora que ele está loiro que eles conseguiriam. Droga.