No capítulo anterior...

–Para começarmos então, você pode dar 10 voltas no campo e me pagar 10 suicídios!

–10 o quê? -Perguntei. Seriam longas essas três semanas.

Capítulo 2:

Sentidos.

P.O.V Rose Weasley.

–Voltas no campo! Isso significa que você tem que correr 10 vezes em volta do campo! -Explicou fazendo gestos com as mãos e devagar, como se estivesse explicando para uma criança. -Caso não saiba o que é campo...

–EU SEI O QUE É CAMPO, MALFOY! -Berrei e ele me olhou com a velha cara de quem não acredita.

–Que bom. E você sabe o que é falar baixo? É o que pessoas civilizadas, como eu, fazem. -Revirei os olhos e um sorriso vencedor nasceu em seus lábios. Fiquei com minha cara emburrada e ele deu uma risada me empurrando até a onde eu teria que começar a correr. -Suicídio é quando você vai dessa linha até a segunda, depois volta na primeira, vai à terceira, volta na primeira, vai na quarta, volta na primeira. E assim por diante. -Explicou e eu fiz a pior cara que poderia. Ele estava achando que eu agüentaria dar um passo e não morrer. Sinceramente, todos esses anos de brigas não o fez perceber que eu sou mais preguiçosa do que um bicho-preguiça.

–Pra mim suicídio era quando alguém se matava. -Olhei fixamente para a arquibancada que estava completamente vazia e depois o fitei seriamente. -E é o que eu quero fazer agora.

–O problema é seu, agora corre nerdona. -Bufei de raiva e comecei a correr enquanto ele ficava sentado em uma cadeira, que mais parecia cadeira de praia do que outra coisa, tomando cerveja amanteigada e sorrindo para mim como se eu estivesse comendo em sua mão.

Mas a coisa intrigante é: Onde ele consegue bebida? É proibido em Hogwarts não tendo em mãos nenhum vestígio de álcool. E ele consegue? Como as coisas são fáceis para Scorpius Malfoy.

(...)

–Eu... Preciso... De... Água... MALFOY! -Implorei voltando rastejando aos seus pés. Eu tinha feito tudo o que ele mandou sem beber um pingo de água e sem parar um segundo se quer. Estava cansada, moída e triturada. A única coisa que eu queria era deitar em minha cama e dormir.

–Hum, interessante. Conte-me mais sobre o porquê de você querer tanto água! -Pediu dando mais uma virada em seu copo de cerveja. Ele estava bebendo desde a hora em que comecei a correr, que foi há muito tempo sendo que agora já era mais ou menos umas seis horas.

–Já são quase seis horas, deixa eu ir embora e beber água. -Ele pegou uma garrafa de água que estava ao seu lado e jogou em mim dando uma gargalhada logo em seguida. -O que foi?

–Além de você parecer um rinoceronte bebendo essa água, é engraçado a sua doce ilusão de que já são seis horas. Ainda são cinco e dez Weasley! -Levantou-se deixando o copo de cerveja vazio no chão e esticando os braços. -Correu rápido, e agora é a parte em que você aprende que a vida não é só intelecto.

–Hã? -Ele usava vocabulário de gente? Nossa, pensei que ''intelecto'' se resumia em ''estudos idiotas para pessoas idiotas''. Malfoy virou-se para mim e fez sinal para eu ir até onde ele estava. E quando eu cheguei la com a minha famosa cara confusa, ele me jogou no chão. -O que pensa que esta fazendo, Malfoy?

–Esta na hora de você entender o porquê todas as garotas caem aos meus pés. -Deu um sorriso de canto e eu dei uma risada abafada.

–Você as joga no chão? -Dei uma gargalhada para mim mesma enquanto ele me fitava furioso. Aparentemente furioso, pois eu sei que ele estava rindo internamente também.

–Vira palhaça, Weasley, ai com esse cabelo que a vaca lambeu você arruma emprego fácil, fácil. -Foi até a sua cadeira e pegou mais cerveja para beber. Ele só sabia beber? Por Merlin.

–Não sabia que suas namoradas lambiam o meu cabelo! Nunca percebi isso, talvez elas façam isso a noite quando eu estou dormindo. -Dei um sorriso vitorioso para ele que parecia estar ficando mais irritado. -Ah não, elas devem ficar ocupadas com você e esse bafo de cerveja na sala precisa.

–Isso é suco de abóbora, sua idiota! -Revirou os olhos e eu fiz o mesmo. Eu sabia que não era.

–Sei! Você não quer é que alguém te pegue! -Exclamei cruzando os braços enquanto ele se aproximava de mim. Agachou e me olhou com um olhar fuzilante.

–Se eu não quisesse ser pego eu não ficaria no meio do campo bebendo! Ou melhor, eu beberia vodka no meio do grande salão caso eu quisesse ser pego! -Exclamou virando o copo na minha cara. -Mas é suco de abóbora, garota!

–Dane-se, suas namoradinhas lambedoras de cabelos alheios ficam ocupadas com esse bafo de suco de abóbora. -Levantei esfregando meus olhos e não ligando por agora minha camiseta estar laranja e não mais branca.

–Olhe. -Dobrou meus joelhos e sentou em cima deles. -Eu não deveria te ajudar a fazer isso, mas pelo andar das coisas você nem deve saber o que é abdominal. Abdominal além de ser um tipo de exercício é o que faz a parcela feminina de Hogwarts, com exceção de você, cair aos meus pés. E como você é mais fraca do que um pato, você vai me dar as mãos e eu vou te ajudar a subir até você conseguir fazer isso sozinha. -Disse mais uma vez como se estivesse falando com uma criança de quatro anos.

–EU SEI FAZER ISSO SOZINHA, MALFOY! -Berrei e ele ergueu os braços em forma de rendição. Pegou a cadeira e colocou-a ao meu lado dando sinal para eu começar. -Um.

–Não, isso não foi nem meio. -Comentou suspirando e colocando os pés em cima dos meus joelhos para eles não se moverem. -E ainda tem as flexões, Weasley! Você não sai daqui até fazer trinta abdominais e vinte flexões.

Minha vontade era mandá-lo para todos os lugares existentes do mundo, mas me calei enquanto tentava sobreviver àquelas coisas que eu achava tão estúpidas. Eu iria aprender tudo isso para jogar apenas em um jogo e depois esquecer para viver minha linda vida.

Embora nada disso esta fazendo sentido. Eu tenho que aprender como se joga quadribol e não como se faz essas porcarias de flexões e abdominais. Essas coisas... Não fazem o menor sentido.

(...)

–Vinte. -Joguei-me no chão e Malfoy se levantou.

–Seis e meia, feliz Weasley? Eu tenho que sair sete horas e ainda nem tomei banho! -Exclamou nervoso fazendo um feitiço para que tudo o que estava em nossa volta sumisse. -Amanhã tem aula de educação física e é bom você aparecer, por que se não você vai fazer o triplo disso. E eu não vou tolerar os seus atrasos, entendeu?

–Vai comer aquelas piranhas e me deixa em paz. -Contorci-me no chão de tanta dor que eu sentia em todas as partes compostas por nervos, músculos e ossos do meu corpo.

–Bem que você queria ser uma delas! -Deu a mão para eu levantar e quando eu finalmente estava em pé jogou-me um livro, ''Quadribol através dos séculos''. –Leia esse livro em uma semana e depois me traga o resumo dele.

–Você falando assim até parece um professor. -Comentei e ele deu ombros. -E que sabe ler.

–Até amanhã, Weasley. -Foi andando em direção ao castelo enquanto eu encarava o livro e tentava achar uma solução para tudo isso. Depois de um tempo percebi que estava sozinha naquele campo e que não valia mais a pena ficar naquele lugar ridículo sem nada para fazer já que estava suada e cheirando à abóbora.

Eu vou é comer alguma coisa já que eu tenho que alimentar o meu lado Weasley interior.

(...)

–ROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOSE! -Berrou Dominique assim que eu apareci no grande salão com uma das minhas melhores caras de canseira. Suspirei e caminhei devagar até ela já que não sentia minhas pernas, nem minha barriga, nem meus braços. -COMO FOI A AULA COM O SEU PROFESSOR SUPER SEXY?

–Idiota! -Exclamei me sentando e já pegando comida. Dominique me olhou estranho fazendo carinha de cachorrinho que caiu da mudança. -Ele, não você. -Peguei uma asa de frango e usei o resto de minhas forças para devorá-lo.

–Ele tirou a camisa? -Indagou com os olhos brilhando. Olhei-a indignada e brava ao mesmo tempo.

–Pela minha felicidade não. -Falei de boca cheia fuzilando quem estava na minha frente, e para falar a verdade eu nem sabia quem era. Mas okay.

–É o seu tio Rony interior falando! -Disse passando os olhos pela mesa da sonserina. -Por que se você tivesse uma Dominique interior, só por Deus. Falando nele, por onde anda o loiro?

–Deve estar comendo mais uma crocodila na sala precisa ou se amassando com uma das namoradas piranhas ou com uma das ex-namoradas macacas. -Tomei um gole de meu suco e ela gargalhou de minha cara. -O que?

–Você só sabe usar os animais como exemplo? Coitadinhos! -Exclamou sorrindo para mim. Mas na verdade ela sorria para a mesa da sonserina, Abílio precisamente.

–Falando em animais, animal, como foi com o Abílio? -Indaguei e ela deu ombros. -Não me diga que...

–Não, não estamos ficando. -Sussurrou e eu fiz a pior cara do mundo. Eu definitivamente não entendia ela.

–E por que não? -Dei uma olhada para o lado e vi Lily Luna olhando Hugo falando, falando, falando e falando coisas para James que olhava Dominique. Acho que o meu Hugo interior ainda esta com fome.

–Acho que estou começando a me interessar pelo James, e sabe, não quero estragar isso colocando a minha amizade com o Abílio no meio. -Disse séria e eu quase me engasguei com a comida.

–Domi, eu só não danço aqui e agora por que eu nem agüento ficar em pé. -Ela deu uma risada abafada e eu sorri de canto. -Por que isso merece comemoração! A SUA FICHA DEFINITIVAMENTE CAIU DO MESMO JEITO QUE ELE CAI AOS SEUS PÉS! OOOH MERLIN, OBRIGADA POR ABRIR OS OLHOS DESSA MENINA! -Deu uma gargalhada escandalosa como alguns que estavam ao nosso lado. -E o melhor de tudo: Se vocês ficarem juntos, meu pai vai parar com a bobagem que eu tenho que ficar com o Jay ou reatar com o Alvo e vai me deixar livre, leve e solta.

–Ia ser estranho. -Comentou ela assentindo para mim sorridente.

–O que? -Indaguei confusa olhando em seus olhos.

–Você namorar o melhor amigo do seu ex-namorado.