And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 5
Capítulo 05 - Vocês nunca aprendem?


Notas iniciais do capítulo

Postada a tempo!!



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And more confusion

Kaline Bogard


Parte 05

Vocês nunca aprendem?



No dia seguinte partiram logo cedo. O plano de Sam era desviar de Chicago evitando a cidade tumultuada e fazendo o contorno até chegar em St. Augustus, a cidadezinha onde combinara se encontrar com Bobby.


Pararam apenas uma vez, pouco antes do almoço para reabastecer o Impala. Quando saíram do posto de gasolina Sam carregava vários petiscos, refrigerantes e alguns pacotes de figurinha.


Fizeram a refeição no acostamento da estrada solitária e Dean resistiu bravamente a abrir o tesouro auto-adesivo que ganhara. Pretendia fazer isso quando chegassem em algum hotel, com a ajuda de Sam.


Passava pouco das três horas quando chegaram a St. Augustus, um dos tantos vilarejos que povoavam o interior de Illinois. Poucas pessoas vagavam pela rua, basicamente ninguém prestou atenção no carro que avançava pela rua empoeirada.


– Tem um albergue na rua principal – Sam explicou pensando que a rua principal parecia ser a única daquele lugar minúsculo – Antes de nos registrarmos vamos esperar por Bobby. Talvez a gente nem fica por aqui.


– Ele vai demora?


– Não. O previsto é entre cinco e seis horas da tarde. Falta pouco – o moreno informou – Por que? Quer ir ao banheiro?


– Num quero.


Sam observou o irmão pelo retrovisor. Dean parecia entediado no banco de trás enquanto devorava amendoins achocolatados.


– Vamos achar um lugar para esperar e... – então percebeu o que deveria ser a praça principal da cidade – O que acha de ficarmos ali?


Os grandes olhos verdes de Dean brilharam e ele abriu um sorriso iluminado.


– Podemos mesmo?


Como resposta Sam estacionou o carro e desceu, indo abrir a porta para o loirinho.


– Claro que podemos.


Dean desceu carregando o álbum e as figurinhas que ganhara. Ambos caminharam até um dos bancos de cimento e se sentaram. Por longos segundos ficaram em silêncio. O loiro balançava as perninhas que não alcançavam o chão e olhava cumprido na direção das outras crianças que brincavam no parquinho!


– Quer ir até lá? – Sam perguntou sorrindo de lado.


– Sério?!


– Sim, pode ir. Apenas tome cuidado.


– Vigia pra mim? – pediu estendendo os preciosos pertences.


– Com certeza – Sam pegou o álbum e as figurinhas.


Depois disso o loirinho disparou em direção à gaiola e espantou Sam com a velocidade com que escalou as barras de ferro. Parecia um macaquinho de tão ágil. Em questão de segundos estava na fileira mais alta, impressionando as outras crianças, com quem fez amizade rapidamente.


O Winchester mais novo respirou fundo. A cada dia que passava Dean parecia regredir um pouco mais. Não na aparência, mas na forma de se comportar.


Pegou o celular e discou para Bobby, avisando onde o estavam esperando. O caçador mais velho informou que já estava se aproximando e logo chegaria na cidade.


Ao desligar o aparelho, Sam teve uma súbita inspiração. Acionou a câmera do celular e tirou uma foto de Dean pendurado na gaiola. Aquilo era algo para se guardar pela vida toda.


E Sam pensava na cara que o irmão faria quando visse tais fotos, depois que voltasse ao normal!


S&D


Quase uma hora depois Sam avistou Bobby caminhando apressado em sua direção. Acenou apreensivo. O homem ia lhe arrancar as orelhas depois que descobrisse a enrascada.


– Sam, como vai garoto? – ele perguntou ao se aproximar.


– Olá, Bobby. Obrigado por vir.


– Você e seu irmão já salvaram o meu traseiro muitas vezes – afirmou ao sentar-se ao lado do rapaz – Não me agradeça. Onde está Dean?


Ao ouvir a pergunta Sam engoliu em seco.


– Bobby eu... eu... – ele não sabia como começar a explicar.


A forma esquiva preocupou o mais velho.


– O que aconteceu?


– Fiz burrada.


– Oh, sério? – Bobby perguntou irônico erguendo as sobrancelhas – Por que eu não estou surpreso?


Sam passou a língua pelos lábios. Parecia tão desconfortável quanto estava.


– Dean e eu seguimos essa pista... um demônio que tentava prender um Cluricaun.


Nesse ponto a expressão do outro caçador se desanuviou um pouco.


– Começo a ver o ponto. Um Cluricaun, Sam? Diga-me que vocês não desejaram alguma coisa... por favor...


– Nós conseguimos prendê-lo, Bobby. Embebedamos o monstrinho com mulso e eu pensei que poderia aproveitar a oportunidade.


– Céus. E você teve o bom senso de esperar o efeito da bebida passar...


Sam estava com a resposta pronta na ponta da língua, porém refletiu na frase que Bobby tinha dito.


– Esperar? Como assim?


– Sam... você usa a bebida pra prender um Cluricaun. Espera que ele fique sóbrio de novo e só então faz o pedido.


– Ow... eu não sabia...


Bobby respirou fundo, muito fundo.


– Vocês fizeram o pedido sem esperar que o efeito passasse. Entendi. Onde está Dean? O que foi que aconteceu com ele dessa vez?


O moreno tentou sorrir sem conseguir. Não tinha como evitar o confronto.


– Tem razão. Eu fiz um pedido estúpido e o Cluricaun atendeu. Mas não atendeu bem do jeito que eu esperava.


– Como assim? Pare de falar por enigmas, garoto.


Então Sam virou-se na direção da gaiola onde as crianças brincavam. Observou o irmão pendurado de cabeça para baixo, preso numa barra pela parte de trás dos joelhos, aparentemente sem medo algum de escorregar e machucar-se.


– DEAN! – o moreno chamou com firmeza – Bobby está aqui!


No mesmo instante o menino endireitou-se na barra e olhou na direção deles atento e curioso.


– TIO BOBBY! – gritou de volta antes de saltar para o chão e correr até eles com os braços abertos.


Não haveria palavra no dicionário que pudesse descrever a expressão que tomou conta do rosto do caçador mais velho. Mas Sam arriscaria dizer que ele ficara surpreso com o garotinho loiro correndo para abraçá-lo. A prova disso estava no queixo caído ou, talvez, nos olhos arregalados.


– Dean...?


– Tio Bobby! – saltou sobre o homem abraçando apertado – Que bom que veio!


Bobby virou o pescoço e mirou Sam com olhos profundos cheios de indagação. Tudo o que o rapaz fez foi dar de ombros parecendo ainda mais culpado.


– Olha só o que o idiota do Sammy fez – Dean resmungou irritado – Virei um pirralho de quatro anos!


Bobby fez exatamente o que lhe foi sugerido: colocou Dean em pé no banco e observou o rosto infantil pontilhado de sardas, as bochechas rosadas e os grandes olhos verdes. Beliscou-lhe as maçãs do rosto delicadamente, como se estivesse querendo certeza do que seus olhos viam.


– Meu Deus... – sussurrou.


– Você sabe como desfazer o pedido de um Cluricaun?


Bobby ainda observou Dean por alguns segundos antes de fazê-lo sentar-se ao seu lado no banco de cimento.


– Não sei... – esforçou-se para trazer a mente tudo que conhecia desses seres – Se eu me lembro bem John me disse uma vez que apenas outro Cluricaun pode quebrar um desejo feito.


– Grande – Sam passou a mão pelo rosto de forma cansada – E onde arrumamos um? Na Irlanda? Por que o que eu peguei desapareceu na minha frente depois de realizar o pedido. Sei que os Cluricaun foram trazidos por imigrantes e...


– Sim, sim – Bobby ainda tinha os olhos em Dean – Quando realiza um pedido o Cluricaun volta para a terra onde nasceu. Mas eles não são criaturas exclusivas do folclore irlandês. Há relatos deles em diversas partes do mundo.


– Como nunca ouvi falar antes? – Sam soou curioso.


– Por que eles mudam de nome de acordo com a cultura, existem algumas variantes... mas trata-se da mesma criatura. Ah, espere, Sam. Claro que você já ouviu falar deles antes. Claro...


– Mas...


– Dean pode volta pra brinca na gaiola? – o loirinho perguntou observando os adultos seriamente.


Sam respirou fundo diante da interrupção, porém não conseguiu negar o pedido.


– Vá. Mas tome cuidado.


– OBA!


Enquanto o menino corria de volta para a brincadeira Sam fitou Bobby.


– Não sei se é apenas impressão minha: Dean parece estará regredindo a cada dia. Ele tem todas as memórias intactas, mas age como uma criança. Deve ser confuso pra ele.


– Com certeza – Bobby assentiu.


– Você dizia que as lendas sobre Cluricaun são conhecidas... – Sam deixou a frase no ar para que o outro continuasse as explicações.


Bobby pareceu se segurar para não acertar um cascudo na cabeça do rapaz.


– Vocês Winchester nunca aprendem a lição? É burrada atrás de burrada. Estude um caso antes de se jogar de cabeça, garoto. E, definitivamente, nunca recorra ao método mais fácil para escapar de uma situação.


Sam balançou a cabeça. Sabia que merecia a bronca.


– Nunca mais peço nada para uma criatura dessas, Bobby. Prometo. Principalmente se ele estiver bêbado. Mas o ponto agora é achar um outro para desfazer o pedido.


– Use seu cérebro garoto – Bobby soou exasperado – Garrafas para prender essas criaturas? Pedidos realizados? Isso não soa familiar? Os árabes descobriram esse truque muito antes dos irlandeses. Enchiam lâmpadas com vinho e esperavam que a armadilha funcionasse.


– Você está me dizendo que o gênio na lâmpada...?


Bobby concordou com a cabeça.


– Nunca houve “gênio”, Sam. Era apenas algum pobre Cluricaun estúpido e sedento o bastante para se jogar numa lâmpada cheia de vinho.


– Mas que merda...


– Surpreendente. Eu digo “estúpido”, mas está claro que existem seres mais estúpidos que eles. Sam, o que você tem na cabeça? Não se pede nada pra um humano bêbado! Que dirá pra uma criatura dessas...


Sam torceu os lábios parecendo um tanto contrariado. Sua intenção era boa: salvar Dean do inferno. Infelizmente não dera certo e agora precisavam reparar toda a bagunça.


– Tudo bem, Bobby. Eu tenho merda no lugar de cérebro. Entendi muito bem e depois que ajudarmos Dean você pode jogar tudo na minha cara quantas vezes quiser, mas agora podemos sair daqui e começar a pesquisar...?


– Claro – o homem ficou em pé e começou a se afastar – E vamos esfregar uma lâmpada mágica por aí.


No entanto os dois sabiam que não seria uma tarefa muito fácil...



Continua...




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Notas finais do capítulo

Huahsauhsasha atrasei, mas não falhei! Acabei de chegar em casa. Fui assistir O Hobbit. Muito bom, falando nisso. Recomendo!
.
Boa semana e até segunda!