And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 36
Capítulo 36 - Conversas na noite estrelada


Notas iniciais do capítulo

Boa semana



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And more confusion

Kaline Bogard


Parte 36


Conversas na noite estrelada




Passar de um estado irmão para o outro foi rápido e fácil, se comparado as demais viagens que já tinham feito naquela louca aventura.





Atravessavam a Dakota do Norte rumo a propriedade de Connelly, tendo parado duas vezes para consultar o mapa e se localizar e uma vez para comer. Passava pouco das três horas de uma tarde pouco ensolarada, depois de dois dias de viagem, quando Bobby Singer estacionou a caminhonete perto de um portão e desligou o motor.



Samuel parou o Impala e desceu do veículo, indo ter com o mais velho.



– É aqui – Bobby revelou indicando a grande placa verde que proibia a entrada na propriedade particular.



O rapaz estreitou os olhos e observou a paisagem. A fazenda ficava no meio do nada, distante alguns quilômetros do centro da cidade a oeste e mais alguns quilômetros da próxima fazenda a centro-oeste. Ao redor havia nada mais que campo selvagem e desbravado.



A estrada de terra estava cercada por mato alto, assim como o caminho de acesso à propriedade de Nicholas. Se o resto do local estivesse naquelas condições de conservação... era bem capaz de o teto lhes cair nas cabeças!



Com um suspiro Sam voltou os olhos rapidamente para o Impala, de onde Dean observava tudo com aparência cansada, de joelhos sobre o banco de trás.



– Vamos lá – o Winchester tentou se animar – Se não der certo aqui a gente tenta o Colorado.



– Deus nos ajude, Sam.



Aquele foi o sinal para voltarem para os carros e, depois que o moreno abriu a porteira de madeira, rumassem propriedade a dentro.



S&D



A casa da fazenda não estava tão ruim assim, pelo menos por fora. Parecia que a madeira de boa qualidade resistiria ainda muito tempo mais às intempéries futuras. O mato também não tomara conta do terreno ao redor, todo coberto com pequenos pedriscos, por onde algumas poucas ervas daninhas brotavam aqui e acolá.



Sam desceu do Impala e caminhou pelo pequeno pátio a céu aberto, galgando os dois degraus de acesso a varanda arejada. Esticou a mão e passou pelo caibro principal da construção seguindo as instruções de Conelly. Sem problema algum, graças a sua altura, encontrou as chaves, voltando com os dedos sujos de poeira.



– Lar doce lar – o rapaz sacudiu o molho causando um barulho metálico – Espere um pouco aqui, Bobby. Vou verificar se é seguro.



O mais velho, que tinha acabado de bater a porta da caminhonete, assentiu e seguiu até parar ao lado do Impala, onde Dean acabara cochilando no banco de trás. Verificou se a pistola estava no cós da calça e ficou quieto, em alerta.



Assim que colocou o pé dentro da construção Sam relaxou. O que parecia ser uma sala, com os móveis cobertos com lençóis, apresentava símbolos sagrados em todas as paredes, inclusive no teto.



– Connelly, seu filho da mãe precavido! – o Winchester exclamou satisfeito. Reconhecia alguns daqueles símbolos, pintados em branco, vermelho e preto, alguns parecendo bem antigos, outros nem tanto. Muitos deles não reconheceu.



Sorrindo torto voltou para fora da propriedade e acenou para Singer.



– Pode vir, Bobby. É mais seguro aqui dentro do que aí fora. Tem tantas proteções que não sei nem como eu consegui entrar...



– Espero que essas proteções não afastem Cluricaun – o caçador mais velho abriu a porta do Impala e pegou Dean nos braços com cuidado para não acordá-lo.



– Acho que não. Connelly reclamou que não conseguia se livrar deles – Sam sentia-se esperançoso. Foi até o carro pegar as mochilas, tanto a sua quanto do seu irmão e a do Bobby.



Os três entraram na casa. Samuel deixou as mochilas no chão, no canto da sala. Puxou o lençol que estava sobre o sofá e verificou. Não estava muito sujo, só precisou bater um pouco do pó para que Bobby colocasse o loirinho adormecido.



– Vamos por as mãos na massa – o mais velho decretou – Você pega os mantimentos e verifica as condições da casa. Eu vou até o porão montar as armadilhas.



– Combinado.



Depois disso ambos se separaram e se concentraram em suas tarefas.



S&D



O Winchester confirmou que Connelly dizia a verdade: havia água corrente e energia elétrica. Por baixo dos lençóis os moveis não estavam tão sujos e ele liberou alguns que achou que usariam.



Não havia sistema de aquecimento, para isso precisariam de lenha para a lareira e para cozinhar, pois não tinha gás.



Satisfeito com o que descobrira voltou para a sala e despertou Dean, que acordou a contra gosto, esfregando os olhinhos sonolentos.



– O que que foi, Sammy?



O moreno sorriu e bagunçou os cabelos do irmão.



– Nada. Vou pegar lenha, quer me ajudar?



– Quero! – completamente desperto saltou do sofá e entrelaçou os dedos nos do irmão.



Os dois saíram juntos da casa. Sam parou para observar e logo viu alguns galhos secos de uma árvore que se erguia acima do mato. Parecia ideal para usar como lenha.



Sabia que Bobby tinha um machado no porta-malas da caminhonete e o pegou emprestado. Para Dean tudo era festa: entrar no mato alto, assistir o irmão derrubar a pequena árvore e quebrá-la em pedaços menores. O loirinho achou o máximo quando o irmão colocou três achas de lenha em seus pequenos braços e ele ajudou Sam a trazer a lenha para casa.



Observando o pequenino caminhar a sua frente, carregando a madeira com dificuldade enquanto abria passagem pela folhagem sem reclamar, Sam sentiu-se cheio de orgulho.



Juntos e em silêncio voltaram para a casa da fazenda. Primeiro colocaram lenha na lareira da sala. Com algum trabalho Samuel acendeu o fogo e o deixou estável. Depois foram para a cozinha. Começavam a ajeitar a lenha quando Bobby surgiu pela porta que levava ao porão.



– Pronto. Armei todas as armadilhas e não economizei mulso. Se tiver algum Cluricaun, nós o pegaremos.



– Então é só esperar?



– E torcer pra ter sorte, garoto.



Sam sorriu. Pensava em terminar de acender o fogão a lenha e esquentar água para que Dean pudesse tomar um banho rápido, assim como os dois adultos. Depois improvisariam algo pra comer e Samuel colocaria uma idéia em plano. Algo que acabara de lhe ocorrer e que era algo que sentia saudades da infância.




S&D




Enquanto Bobby tomava banho, Sam foi até a mochila e pegou algumas roupinhas para que Dean se lavasse em seguida. Escolheu peças de manga comprida, já que o ar na Dakota do Norte já não era mais tão fresco. As noites podiam se tornar bem frias no prelúdio de um longo inverno.



Observou as peças pequeninas, sentindo certo clima de “despedida”. Sua intuição lhe dizia que aquela fazenda era o marco derradeiro da longa jornada. Finalmente colocariam um fim na confusão. E tal pensamento trazia algo de saudades ao coração de Samuel.



Lembrava-se das palavras de Bobby Singer, ditas algum tempo atrás. Ele lhe indicava que Dean nunca tivera chance de crescer como uma criança normal. E Sam devia lhe permitir isso enquanto fosse possível. Buscando lenha com Dean, Samuel compreendera o outro lado da moeda. Ele próprio nunca tivera chance de cuidar do mais velho, por que Dean não se permitia ser assim tratado por Sam. Ele sempre erguia um muro em volta de si, impedindo até mesmo o próprio irmão de se aproximar quando ele mais sofria. Como se isso fosse demonstrar algum tipo de fraqueza e Dean tinha medo de parecer fraco aos olhos do irmão caçula, a quem protegia.



Aquela era a chance de Sam finalmente poder fazer algo pelo mais velho. Realmente cuidar dele e protegê-lo.



Pena que só se dera conta daquilo tão perto de perder a oportunidade... mas é claro que aproveitaria a chance enquanto desse tempo.



Depois que todos os três tomaram banho e se alimentaram, Sam chamou Dean para ir ao terreno cheio de pedriscos para acender uma fogueira. O garotinho vibrou com a perspectiva, achando a idéia fantástica.



Enquanto os irmãos juntavam alguma lenha e acendiam ao fogo, Bobby pegou uma das cadeiras da cozinha e colocou na varanda, de onde podia ver o céu cheio de estrelas da noite sem poluição na Dakota do Norte. Ao seu lado, apoiada na parede e ao alcance das mãos, descansava a espingarda de repetição, pra qualquer eventualidade. Precaução já salvara a vida dos três muitas e muitas vezes.



Sam observou enquanto as chamas ganhavam força e estabilidade. Então estendeu um cobertor sobre as pedrinhas e deitou-se nele. No chão frio deixou a Calibre Doze, cano duplo que o próprio Dean serrara. Confiava que, se fosse necessário, Bobby daria cobertura para que os irmãos passassem pela porta entreaberta da casa, já protegida com sal grosso e os símbolos que Connelly desenhara.



– Vem aqui, Sardento.



– Ei! Num so sardento! – apesar de reclamar Dean aceitou o convite e deitou-se de costas sobre o peito de Sam, que cruzou as mãos atrás da cabeça.



Por um tempo ficaram em silêncio, apenas observando o céu estrelado. A Dakota do Norte podia não ser um estado tão badalado quanto Nova Iorque ou tão popular quanto Nevada, mas tinha seus encantos. E a natureza exuberante era um deles, muito marcante por sinal.



A noite estava linda, límpida. O ar fresco remetia a uma época em que o homem não maculara tudo com sua destruição tecnológica. Por breves segundos Sam entendeu o que aquele garoto da loja de conveniência lhes dissera sobre ser a última pessoa sobre a Terra, e a paz que tal pensamento oferecia.



– Sammy...?



– O que foi?



– Por que cas estrela num cai?



Bobby sufocou uma risada ao ouvir a pergunta. Samuel sorriu largo, exibindo os dentes perfeitos. Se pudesse teria gravado aquela pergunta tão inocente!



– Por que alguém amarrou com barbante.



– Ahhhhhh...



A resposta pareceu satisfazer Dean Winchester. O menininho ficou num silêncio reflexivo por mais um momento, talvez tentando entender o que tinha escutado.



– Sammy...?



– O que, Dean?



– Quem qui amarro as estrela no céu?



Dessa vez Bobby riu, assim como o moreno.



– Foi... o Papai do Céu.



– Tipo Deus...? – a vozinha soou nitidamente impressionada.



– É – Sam ponderou – Tipo Deus.



Novamente Dean ficou refletindo sobre o que ouvira. Bocejou de sono, apesar de dormir por boa parte da tarde, ajudar Sam com a lenha tinha sido muito cansativo pra criança.



– Deus é bem grandão, num é? Maior que o Sammy! – deduziu falando numa voz sonada.



– Com certeza Deus é bem maior que eu! – o Winchester caçula respondeu divertido, sentindo como o peso do corpinho do irmão aumentava. Parecia que Dean tinha adormecido sobre seu peito.



Bobby meneou a cabeça. No fim das contas Samuel não era assim tão ruim com crianças. A bem da verdade melhorara bastante desde que Singer se juntara a inusitada aventura. Até o tom de voz era mais carinhoso, e Sam já não ficava mais impaciente com a infantilidade do loirinho.



Sam pegava o jeito justamente quando o feitiço estava a um passo de ser revertido. Mais uma das ironias da vida tão turbulenta que aqueles dois rapazes levavam.



Continua



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Notas finais do capítulo

OMG

Fui ao AF ontem. Cheguei três horas da manhã e sai pra trampar as seis. Vou postar isso e cair na cama.

Até semana que vem!

PS: Eu estava com cosplay de Koenma



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