And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 31
Capítulo 31 - O preço das escolhas


Notas iniciais do capítulo

Não tenham muitas expectativas!

xD



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And more confusion

Kaline Bogard


Parte 31


O preço das escolhas



Cautelosamente Elisa levantou-se da cama e abriu uma fresta na porta do quarto. Avançou silenciosa como a raposa que era até o aposento do garotinho loiro. Com muito cuidado entrou no quarto e imediatamente ouviu a respiração profunda e ritmada. Dean ainda dormia.




Aproximou-se da cama notando os fios do cabelo bagunçado escapando de sob o edredom com motivos infantis. Preocupada em não acordá-lo, Elisa puxou a coberta e o pegou nos braços. Sentiu o loirinho se aninhando e uma mão de dedos pequeninos segurarem de leve na frente de seu pijama.



Ia fugir daquela casa e levaria o menino com ela. Não tinha dúvidas a respeito de que seu novo lar era invadido por caçadores, mas dessa vez não permitiria que lhe tirassem nada!



Silenciosamente voltou ao corredor. Parou por breves segundos e farejou o ar, apurou os ouvidos e sentiu a atmosfera da casa. Na cozinha. Havia alguém na cozinha daquela casa.



Moveu-se rapidamente escada abaixo, rumo a sala. Escaparia pela porta da frente e evitaria o confronto. Em uma situação diferente não hesitaria em saltar pela janela e fugir nas sombras da noite.



Mas agora tinha medo. Saltar do segundo andar com uma carga tão preciosa em seus braços limitaria os movimentos. E Elisa não se atrevia a arriscar uma jogada dessas.



Galgou os degraus com velocidade acima do normal para sua forma humana. Chegava a porta da frente com alivio evidente, porém ouviu um som peculiar que a paralisou por um décimo de segundo. Quando compreendeu que o som vinha justamente da porta da frente já era tarde.



No momento seguinte a folha de madeira se abria e ela se viu cara a cara com um moreno alto, de olhos profundos e rosto tenso.



Os dois se encararam com surpresa. Lisa fez questão de voltar sobre os próprios passos, no entanto o caçador que invadia pela cozinha os alcançou e cortou-lhe a fuga. Ela se viu presa entre os dois homens que estavam com Dean, quando o raptou.



Bobby olhou para a inimiga e em seguida para Sam. Os dois logo notaram Dean adormecido nos braços da kitsune, aparentemente bem. O alívio que sentiram foi tão grande que ficou óbvio em suas faces.



– Dean... – Samuel chegou a sussurrar e estender a mão na direção do outro Winchester, porém Elisa rosnou feroz, expondo as presas afiadas e paralisando o moreno no lugar.



– Não se aproxime, caçador – a mulher terminou a frase com um rosnado ainda mais ameaçador, ao mesmo tempo em que apertava o garotinho contra o peito, de forma protetora.



Isso trouxe preocupação a Bobby, que fez um gesto indicando que Sam deveria se acalmar. Simultaneamente o aperto de Elisa pareceu despertar Dean. O menino soltou a blusa da mulher e levou a mão os olhos meio empapuçados de sono, esfregando um tanto desajeitado.



Por segundos foi alvo da atenção dos três pares de olhos da sala. Até que o clima tenso pareceu mexer com o instinto do pequenino, que espiou o que acontecia ao redor. Assim que as íris esmeraldas esbarraram em Sam, Dean despertou por completo.



– SAMMY! – gritou tentando escapar, mas ainda bem preso nos braços da kitsune – Sammy! – repetiu meio confuso, querendo ir para junto do irmão e sem entender por que Elisa não o soltava.



– Calma – Samuel pediu não apenas ao loirinho, mas a mulher raposa também. Seu desespero cresceu ao ver que garras surgiam nos dedos da inimiga, afiadas e prontas para ferir qualquer um.



– Não se aproximem – Elisa voltou a exigir, os olhos adquirindo uma tonalidade dourada e as três caudas exuberantes surgindo atrás de seu corpo.



Tentando manter a expressão tranqüila, Sam abriu os braços devagar, deixou o instrumento que usara para arrombar a porta cair no chão e mostrou que estava desarmado. Bobby apenas assistia, alerta. Dean tinha os olhos fixos no irmão, feliz por vê-lo ali.



– Ele também não está armado – Sam continuou – Não queremos nada além de pegar o meu irmão.



– Não brinque comigo, caçador...



– Dean é apenas uma criança... – o moreno retomou a fala – Não o use como escudo. Por favor... vamos resolver isso, mas deixe meu irmão de fora.



A loira engoliu em seco. Viu nos olhos daquele rapaz o mesmo desespero que sabia exibir em suas íris douradas. O medo de colocar a criança inocente em risco. Elisa sabia que não devia confiar na palavra daqueles caçadores. Mas eram apenas dois e estavam desarmados.



Farejou o ar, indecisa. Podia vencê-los sem problema e, ainda que tivessem alguma arma escondida, não seriam páreo para sua força centenária. Os derrotaria e pegaria Dean para si novamente. E fugiria para longe, muito longe.



Por um segundo pensou em perguntar como tinham chegado até ali. Mas logo não pareceu uma questão importante. Eles estavam ali. Precisavam ser eliminados para que o erro não se repetisse.



Elisa os mataria e escaparia. Com Dean. Um plano simples e direto. Podia vencê-los sem recorrer ao truque sujo de usar o garotinho como escudo.



Lentamente abaixou-se e colocou o menino no chão, deixando-o livre para que corresse até o irmão. Dean sequer hesitou: assim que se viu no chão disparou na direção de Samuel e saltou para os braços dele, deixando-se abraçar com força.



– Você está bem, Dean? – perguntou baixinho.



– Sim! – ele respondeu – Dean tava esperano por você. Eu tinha certeza de que o Sammy ia vim!



– Claro que eu vinha, Dean.



Elisa estava atenta a tudo. Os olhos captavam os dois irmãos próximos a entrada da sala, entregues ao abraço feliz do reencontro, sem se preocupar com nada mais. Também notava o outro caçador, o homem mais velho, tirar o boné e rodá-lo sem jeito nas mãos, tentando não demonstrar como estava emocionado com a cena.



A kitsune montava uma estratégia mental. Atacaria primeiro o caçador que estava em pé mais a sua direita. Abriria um corte em sua garganta e o sangraria até a morte. Quando o rapaz se erguesse para agir, acabaria com ele também. Venceria em dois movimentos e Dean escaparia ileso.



Então intuiu um movimento às suas costas. Sentiu coisas pontiagudas sendo cravadas em seu corpo, perpassando a pele e os músculos. E um líquido penetrou sua carne, algo denso que foi reagindo e esquentado. Ela reconheceu a sensação: o elixir que envenenara sua família. Não era forte o bastante para matá-la, mas a deixaria fora de ação por um tempo. Maldição.



A kitsune caiu para frente, enquanto gemia agoniada pela queimação do veneno correndo em suas veias. Atrás de si, depois do ataque silencioso, Connelly assistia enquanto a criatura desabava sem sentidos no chão.



Ao ouvir o gemido e o som da queda, Dean tentou sair do abraço para ver o que acontecia, porém Sam não permitiu. Apertou ainda mais os braços ao redor do corpo pequenino e frágil, obrigando-o a manter o rostinho contra o tórax forte. Não queria que Dean visse aquilo.



– Está tudo bem, Sardento – sussurrou – Você sabia que eu vinha buscá-lo, sinto muito ter demorado tanto.



Enquanto acalmava o irmão, Samuel assistiu Nicholas e Bobby aproximarem-se da kitsune para ver se ela estava realmente sem sentidos, e arrancarem as seringas que antes estavam cheias de poção xintoísta. Connelly assentiu satisfeito, levando a mão de forma inconsciente aos saquinhos de mojo que tinha no pescoço, presos num cordão. A camuflagem que o escondera dos sentidos apurados da kitsune e ajudara a finalizar o plano com sucesso.



– Tire o garoto daqui – Nicholas falou para Sam – Enquanto Singer e eu ajeitamos a bagunça.



O moreno assentiu com um gesto de cabeça e pegou o irmão no colo, saindo pela porta aberta. Deu a volta no gramado da frente e seguiu até a lateral da casa, onde os carros estavam estacionados na rua escura da madrugada silenciosa.



Colocou o loirinho no chão e abaixou-se junto a ele, notando naquele momento os pés descalços na grama úmida de sereno. Aquilo podia resfriá-lo.



– Você está bem? – Sam perguntou passando as mãos com gentileza nos braços de Dean, verificando se não havia alguma ferida por baixo do pijama azul de nuvens brancas. As marcas do rosto já não passavam de uma leve sombra e o corte no bracinho cicatrizava rapidamente, e não havia ferimento além desses. Terminou segurando as mãos do irmão, tão pequenas e frágeis se comparadas às suas – Ela não te machucou?



– Num machuco – o loirinho sorriu parecendo feliz – Que bom que o Sammy veio! Eu...



Samuel cortou a frase puxando Dean para um novo abraço. Sentira falta do irmão. Muita. Não podia sequer pensar que aquela falta seria para sempre, caso Dean realmente tivesse a alma arrastada para o inferno.



Não podia permitir que tirassem seu irmão de si, que os demônios destruíssem o pouco que restara de sua amada família!



Sentindo o desespero do caçula, Dean deu tapinhas amistosos nas costas do rapaz.



– Calma, Sammy. Vai fica tudo bem. Acho que a Elisa nem era uma coisa malvada muito malvada. E agora a gente tá junto de novo. Dean vai cuida de você.



Sam sorriu, apesar do nó que apertou sua garganta e das lágrimas que embaçaram-lhe a visão. De uma forma ou de outra, era sempre Dean que acabava o consolando.



Até numa situação daquelas.



Continua...



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Notas finais do capítulo

ElizaT - muito obrigada pelo review!

Ufa... um capítulo a menos. Espero que não tenham se decepcionado. Acho que as Kitsunes acabaram conquistando mais fãs do que eu imaginava. Minha intenção foi ser bem ao estilo da série, que no decorrer dos episódios você vê que nem todo ser sobrenatural é um monstro, alguns apenas tentam se adaptar e seguir em frente. E alguns deles morrem na série. Paciência.

Estamos na reta final! Falta pouco agora!



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