And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 29
Capítulo 29 - Contagem regressiva


Notas iniciais do capítulo

Holy crap. To congelando de frio aqui!



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And more confusion

Kaline Bogard


Parte 29

Contagem regressiva



Os caçadores não tinham tido sucesso em nenhuma busca antecipada feita pela Internet. Haja vista pisavam em terreno desconhecido e perigoso. O menor deslize na cidade de Franklin poderia colocar a vida de Dean em risco.


A hipótese era de Elisa ter se aliado com duas outras kitsunes, as sobreviventes do covil. Mas podia ser um número menor. Ou maior.


Quantas outras dessas criaturas haveria em Franklin?


A resposta desconhecida impunha cautela aos três caçadores. Elisa conhecia dois dos veículos utilizados: o Impala e a caminhonete de Bobby. Ambos deviam ficar fora das vistas.


Por isso deixaram os automóveis nos limites da cidade, num ponto onde ainda não chamariam atenção das poucas casas, meio ocultos entre as árvores que permeavam ao largo da rodovia. E seguiram na Pajero de Connelly, com Bobby ao lado do carona, Samuel no banco de trás e todas as armas que conseguiram enfiar no porta-malas ao lado das de Nicholas.


– Lugarzinho pacato – Bobby resmungou.


– Mas no começo do século passado isso era uma guerra – Connelly afirmou – Whisky clandestino. Os gângsteres caíram sem piedade na competição.


– Hn – Sam deixou escapar seu desinteresse – Se você fosse uma kitsune e quisesse se esconder, onde iria trabalhar?


– Aqui não parece ter muitas opções – Singer passou a mão pela barba – Lojas de conveniência, postos de gasolina, o banco da cidade, um hotel...?


– Esses monstros não me conhecem – a voz de Nicholas soou um tanto arrogante – Pelo que me contaram do encontro no Parque Florestal é preferível que eu vasculhe a cidade, vocês voltam para os carros e esperam até eu descobrir alguma coisa.


Sam estava prestes a ir contra aquela idéia, quando Bobby o cortou.


– Tem razão.


Os três sabiam que se Elisa os percebesse por ali podia escapar antes, levando Dean com ela. Ou fazendo algo pior...


– Então por que viemos aqui agora? Devíamos ter ficado por lá de uma vez... – o rapaz falou de mau humor.


– Por que vocês podem reconhecer o perímetro: a escola, a lanchonete principal, o banco, olhe lá garoto – paciência não era um forte de Nicholas Connelly – E quando eu ligar pra droga do seu celular não vão ficar perdidos.


Sam engoliu em seco, empurrando a vontade de mandar aquele arrogante a merda, mas ele comprovava mais uma vez a experiência no assunto. Fazendo aquela investida pela cidade podia demarcar pontos importantes e, quando fosse necessário, poderiam atender ao chamado de Connelly sem receio de ficar perdidos.


E assim que terminaram o reconhecimento do perímetro voltaram para o esconderijo dos outros veículos. Connelly ficou encarregado de continuar as buscas e retornar na hora do almoço com algo para os três; afinal, era o único que podia entrar nos estabelecimentos sem receio de ser reconhecido.


S&D


Dean espreguiçou-se sonolento. Passara a noite toda no próprio quarto daquela vez. Não tinha muita certeza de que seria capaz de pegar o celular de Elisa novamente. Era uma ação meio assustadora. Mentira. Era muito assustadora.


Saltou da cama e esfregou os olhinhos antes de sair do quarto, vestindo o pijama azul de nuvens brancas. Abriu a porta depois de subir na caixa de brinquedos e espiou o corredor.


– Elisa...? – chamou incerto.


– Aqui embaixo na cozinha, meu anjo.


Foi o convite que Dean precisava para descer as escadas e correr até a cozinha, onde a loira preparava waffers que cheiravam muito bem, obrigado.


– Bom dia – ele disse antes de bocejar.


– Bom dia! Caprichei no café da manhã.


– Oba! – as íris verdes brilhavam. Se tinha algo que gostava mais do que Milk shake de chocolate e batatas fritas era waffers!


– Depois pensei em darmos uma volta. Você gostou tanto do parquinho na praça principal ontem... podemos voltar lá! Que acha?


– Parece divertido – Dean respondeu observando enquanto a mulher terminava de ajeitar a mesa.


– E, – ela falou sondando o terreno – podemos tentar ligar para Samuel e falar com ele...


Por um breve segundo os olhos verdes brilharam animados e esperançosos. Mas em seguida Dean murchou um pouco. Aquelas três mulheres eram “coisas malvadas”. Não compreendia por que não tinham lhe feito mal ainda. Talvez Lisa, Dan e Alex fossem Coisas-Malvadas-Não-Tão-Malvadas-Assim. Porém ainda o mantinham longe de Sammy.


Desconfiava que apesar da oferta Elisa teria algum truque para que o celular do irmão caísse na caixa postal. Acabou dando de ombros.


– Deixa pra lá – Dean falou desanimado – Quando fo a hora o Sammy aparece. Meu irmão é assim desse jeito.


A mulher sorriu solidária e passou a mão de forma carinhosa pelos fios do cabelo loiro. Pensou que o garotinho estava começando a entender as vantagens de ficar por ali com as três ao invés de ser arrastado por caçadores, sabe Deus com quais destinos assustadores.


– Então é parquinho depois do café! Anime-se, meu bem. Ah, veja só o que eu achei ontem a noite no bolso do seu casaco...


Foi até o armário branco e pegou um maço de figurinhas.


– Ah, o Dean esqueceu! – estendeu as mãozinhas para recolher o precioso tesouro – Obrigado!


– Por nada – ela sorriu – Tem certeza que não quer um álbum? Só as figurinhas?


– Não – o menino respondeu balançando a cabeça – Meu álbum tá cum Sammy e ele vai guarda pra mim. Já tem um monte de figurinha lá. Dean num precisa de um novo.


Elisa não teve coragem de dizer que ele nunca reencontraria com o irmão, logo não veria mais o antigo álbum de figurinhas. Que o menino acreditasse no novo encontro por enquanto. Pouco a pouco trabalharia a idéia de que a separação era definitiva. Devagarzinho e sem pressa, para que Dean não sofresse.


S&D


O parquinho era mesmo uma beleza! Assim que recebeu autorização Dean disparou direto para a gaiola, seu brinquedo favorito, e escalou as barras de ferro até o topo, deixando as outras crianças boquiabertas.


Em pouco tempo o loirinho era o rei das atenções e os outros garotinhos logo o convidaram para as brincadeiras.


Elisa ficou em pé, com os braços cruzados observando a cena com cuidado.


– Crianças fazem amizade fácil, não? – uma senhora falou para a kitsune, numa forma de convite.


– Se fazem... – Elisa respondeu sentando-se no banco ao lado da mais velha.


– Sempre venho trazer meu neto aqui – apontou um garotinho robusto de cabelos tão loiros quanto palha. A conversa começou descontraída e quando Elisa deu por si outras mulheres foram se aproximando e incluindo-a no grupo de mães e avós que levavam os filhos para brincar, já que ainda não freqüentavam a escolinha.


Fazia tempo que Lisa não se sentia tão viva.


S&D


De volta ao esconderijo improvisado Connelly deixou Sam e Bobby. Buscou uns saquinhos de mojo entre as coisas dele e jogou no carro para disfarçar o cheiro dos dois. Não sabiam o quão apurado eram os poderes da inimiga, isso incluía olfato, visão e audição. Se Elisa captasse o cheiro dos dois caçadores tudo poderia se perder.


Conferiram os números de celular uma última vez antes de o ruivo despedir-se com um aceno de cabeça e voltar para o centro de Franklin.


Connelly tinha um plano bem estruturado em mente. Seguiu pela rua principal e deixou o carro morrer antes de entrar muito na cidade, fingindo que o veículo tinha ficado sem gasolina.


Praguejou e desceu. Perguntou para um transeunte onde ficava o posto mais acessível e o homem indicou o centro da cidade, próximo a lanchonete e o mercado vinte e quatro horas. Nicholas já sabia de tal informação, só estava reforçando o disfarce.


Trancou o carro e foi até o porta-malas. Pegou uma pistola e colocou no cós de trás da calça, bem escondida pelo casaco. Não pretendia nenhuma investida sem planejamento. Por isso não levaria armamento pesado. Mas levaria mais mojo, para se proteger eventualmente. Não queria que o cheiro dos caçadores denunciasse sua presença.


Depois disso foi caminhando calmamente pela calçada. Os olhos aguçados e experientes registravam o máximo de detalhes possível. Notou o banco e seu fluxo de pessoas, uma escola primaria e um templo protestante. Seguiu em frente numa loja de ferragens e uma espécie de boate, fechada aquela hora.


Pessoas o cumprimentavam, naquele jeito de morador do interior. Connelly respondia de volta com discrição e pouco animo. Apesar de tudo não estava ali para fazer amizades. A expressão fechada no rosto era um alerta claro: não se aproxime, eu mordo.


Expressão sombria que continuou inabalável mesmo quando atravessou o parquinho, na praça principal da cidade e algumas crianças que corriam pela calçada quase o atropelaram.


Ele voltou-se para o grupo de mulheres desocupadas que pareciam vigiar as pestinhas e gritou para que cuidassem dos pivetes direito, antes de seguir caminho ouvindo coisas como “mal-educado”, “grosso” e algo como “quem ele pensa que é para...”.


Enquanto ouvia as ofensas diminuindo de intensidade Connelly se permitiu sorrir de lado, com arrogância. Puxou o celular do bolso, sem pressa e buscou nas pastas de arquivos de imagens até achar a foto que Samuel Winchester lhe enviara.


O rosto de um garotinho apareceu na tela, com grandes e brilhantes olhos verdes, bochechas coradas e um nariz afilado pontilhado de pequenas sardas sobre uma boquinha avermelhada cheia de dentes de leite. Não restou dúvida: aquele pivetinho sardento era um dos que quase o atropelara na praça.


Ainda sem pressa abriu a tela de mensagem e digitou nove letrinhas, enviando-as para o celular de Bobby Singer. “Encontrei”, foi tudo o que precisou dizer. Sabia que entenderiam a mensagem.


Depois disso Connelly passou numa banca de revistas e comprou um jornal de esportes. Sentou-se num dos bancos da praça e fingiu que lia as matérias, mantendo os olhos fixos nas crianças que brincavam. Observou o grupo de mulheres, mas elas estavam longe e não pode ver qual delas era Elisa. Porém não importava...


Agora que encontrara a caça, não perderia uma segunda vez.


Continua...




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Notas finais do capítulo

Tenho a honra de anunciar que, oficialmente, And more confusion foi finalizada com sucesso. Ufa. É como se saísse um peso de meus ombros. Agora é só continuar postando.

Momento propaganda:

Comecei uma Hannigram. Então, eventuais Fannibals de plantão, sintam-se convidados para passar por lá:

http://fanfiction.com.br/historia/373167/Guilty_The_Sentence/

Boa semana!!



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