And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 27
Capítulo 27 - Seja forte, garotinho


Notas iniciais do capítulo

Boa semana!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/281190/chapter/27

And more confusion

Kaline Bogard

Parte 27

Seja forte, garotinho

Depois de alguns segundos de silêncio desagradável, Connelly depositou a caneca vazia sobre a mesa e lançou olhares de Sam para Bobby.

– Meu único objetivo é matar quantas dessas pragas eu puder, da forma que eu puder.  Se você não consegue conviver com meus métodos covardes, garoto, então nossos negócios terminam por aqui.

Fez menção de levantar-se, porém Samuel o impediu.

– Espere – o ruivo sentou-se meio relutante – Você tem razão, o jeito que encontrou para matar kitsunes não é da minha conta.  Só quero resgatar meu irmão, nada mais.

Bobby ficou aliviado.  Caçadas sobrenaturais eram complicadas, contar com a experiência de Connely podia fazer toda a diferença para salvar Dean.

Nicholas meneou a cabeça em concordância, saindo um pouco da defensiva.

– Acreditem: eu vim aqui e verifiquei cada palmo desse estado, não há o menor indício de que kitsunes vivam aqui.

– Talvez tenham ido para um lugar mais longe.  Kentucky ainda é próximo de Wisconsin...

Mas o caçador ruivo negou a sugestão com um gesto de mão.

– Essas criaturas são muito apegadas aos laços.  Elas não iriam muito longe do reduto original.  Gostam de tradições e vínculos.

– Faz sentido – Sam concordou pensativo – Temos pistas de que Elisa trocou o sobrenome ao se mudar de Wisconsin, que não é longe do reduto, mas manteve o pré-nome.  Acreditamos que seja mesmo o nome dela.

– O que não ajuda muito – Connelly resmungou – Quando saí daqui fiz o perímetro seguindo para o sudoeste.  Talvez devêssemos seguir a noroeste agora.

– Vou entrar em contato com alguns conhecidos – Bobby decidiu – Avisar sobre uma mulher, provavelmente loira e um garotinho.

Nicholas abriu a boca para dizer algo mais mudou de idéia no último segundo.  Ao invés disso chamou a garçonete para pedir mais cerveja.  Seu instinto lhe alertou para o perigo de dizer o que achava de verdade.  Se dissesse que o garotinho já devia ter virado ração de raposa, aquele rapaz que parecia um gigante era bem capaz de lhe arrancar o pescoço com as mãos nuas.

– Farei o mesmo – afirmou – Creio que chegamos ao Missouri antes de anoitecer.  Não sei quanto a vocês, mas eu preciso de uma noite de sono, não consigo dirigir mais uma noite sem parar.

– Combinado – Bobby falou por ele e por seu companheiro de aventura.  Por Samuel continuariam na estrada até encontrar o loirinho, mas de pouca ajuda seriam caso desmaiassem de exaustão ao alcançar as kitsunes.  Precisavam estar perfeitamente bem: física e mentalmente para o resgate.

Resgate.  Singer se recusava a pensar naquela empreitada de outra forma.  Não desejava que se transformasse em uma forma de vingança, fato que ocorreria se algum mal fosse feito ao indefeso Dean Winchester.

S&D

– E eles viveram felizes para sempre – Elisa fechou o grande livro e desviou as íris verdes para o garotinho deitado na cama em formato de carro de corrida, coberto até o queixo e com olhos tão arregalados que pareciam dois pires – O que foi...?

– Que história assustadora!

Elisa riu.

– Foi você quem pediu pra que eu lesse!  Eu escolheria outra, mas...

– Tudo bem.  Dean num tá com medo.

– Garotinho corajoso.  Boa noite – abaixou-se para depositar um beijo nos cabelos aloirados e levantou-se – Se precisar me chama.

– Dean num fica com medo de nada!  Boa noite.

Lisa sorriu e desligou a luz antes de sair do quarto, fechando a porta.  Imediatamente o garotinho relaxou na cama.  Primeiro tinha que colocar os pensamentos no lugar: não conseguira nem uma chancezinha de pegar o celular de uma das mulheres.  Agora sabia que Alex e Dan sairam para trabalhar a noite em uma lanchonete.  Ficara sozinho com Elisa.

Elisa.

Uma mulher que lhe lembrava a mamãe.  E como Dean sentia falta da mamãe, de seus carinhos e suas gentilezas.  Ao mesmo tempo sabia que aquela mulher não era sua mãe, e que ela era sequer humana.

Os olhos das mamães não mudam de cor.  Só das coisas malvadas.

E aquelas mulheres tinham feito algum truque sujo!  Por que era impossível que Sam não atendesse suas ligações!  Como ele poderia deixar o celular apenas na caixa postal?  Não era aquilo que tinham combinado.

Dean não compreendia como elas faziam aquilo.  Mas faziam.

Sozinho matutou o plano que desenvolvera ao longo do dia, os olhos fixos no teto tentando ignorar tudo o que sabia que adorava viver nas sombras da noite.  Depois de um tempo que não soube contar direito, mas que pareceu ao pequenino enorme, achou que já era hora de por em prática.  Enchendo-se de toda a coragem que conseguiu reunir saiu da cama, jogando o edredom longe.

Caminhou até a porta notando que não alcançava a fechadura.  Precisou puxar uma das caixas cheias de brinquedo recém comprados para subir em cima e abrir a porta.

Espiou o corredor escuro de um lado para o outro, parecia seguro.  Saltitou nas pontas dos pés até a porta do quarto da única mulher que estava na casa e bateu.

– Elisa!  Elisa!!  ELISA!!

Ao fim de alguns segundos a porta se abriu e Lisa o fitou com uma expressão que beirava a sonolência e a preocupação.

– O que foi, meu bem?  Um pesadelo?

– Num foi isso.  O Dean num tá cum medo, mais num consigo dormi.  Pode dormi com você?  Só hoje por favooooor...

A kitsune observou aqueles olhos grandes e verdes, as bochechas pálidas salpicadas de sardas e a boquinha comprimida de tensão.  O pequeno Timothy também corria para a sua cama, sempre que tinha um pesadelo.  Sempre buscava a proteção dos braços da mãe.

– Claro que pode, Dean.  Venha... – pegou o menino no colo e o levou para a cama de casal em que dormia.  Era o quarto de Danilla, mas logo arrumaria o de hóspedes para si, para ficar mais a vontade no reduto de onde não pretendia sair tão cedo.

Com cuidado colocou o menininho sobre o colchão, antes de voltar e apagar a luz, mantendo apenas o abajur aceso.  Então acomodou-se com ele, cobrindo a ambos.

– Boa noite, anjinho.

– Boa noite, Elisa.

A mulher decidiu que esperaria Dean dormir antes, mas o menino parecia inquieto demais, um tanto tenso.

– O que foi?  Ainda sente medo?

– O Dean num tá com medo.  Eu só...

– Pode dizer.

O loirinho ergueu os olhos e observou Elisa por algum tempo, parecendo reunir coragem para dizer alguma coisa.

– Cê num vai briga com o Dean?

Elisa sentou-se sobre a cama.

– Claro que não, Dean.  Pode dizer o que você quer que eu não brigo com você, nunca.

– Dean tá com fome.  Eu queria um copo de leite...

– Oh, meu anjinho.  Não precisa ficar com receio de me pedir as coisas!  Não vai dormir com fome por causa disso.  Eu estou aqui para cuidar de você.  Promete que não vai sentir mais medo?

O loirinho balançou a cabeça.

– Dean promete.

– Muito bem – Elisa sorriu e bagunçou os cabelos do menino – Espere aqui que eu já volto com um super copo de leite com chocolate!

– Obrigado!

A mulher sorriu e levantou-se para sair do quarto.  Parou a porta e lançou um sorriso para o loirinho, que sorriu de volta sonolento.  Assim que a folha de madeira se fechou, o coração de Dean disparou e o sorriso morreu em seus lábios.

Contou mentalmente até dez, sem ter certeza de ter pensado os números na ordem correta.  Estava, subitamente, tão nervoso e assustado que não teve reação por alguns segundos preciosos.

Então lembrou-se de que talvez não tivesse outra chance daquelas  e foi tal certeza que o fez se mover.  Arrastou-se pela cama até alcançar o criado mudo, onde o abajur aceso iluminava o aparelho celular como um baú do tesouro.

Dean olhou para a porta antes de estender a mãozinha trêmula e pegar o precioso aparelho.  O coração bateu ainda mais rápido.  Se Elisa voltasse para o quarto e o visse com o telefone na mão, o que faria?

O medo foi tão grande que fez sua garganta se fechar e a respiração ficar difícil.  Os dedinhos suaram frio e por um breve instante Dean pensou largar o celular ali e tentar em outra oportunidade, com mais calma.

Então sentiu que talvez não houvesse outra chance como aquela.

Tenso discou o primeiro número, olhou para a porta e discou o segundo.  Terceiro número, porta, quarto número, porta.  E foi assim até discar todos os números e apertar o botão verde, para realizar a chamada.

Um toque.  Dois toques.  Três toques.

“Vai logo, Sammy.  Por favor, Sammy.  Atende, Sammy”.

Caixa postal.

O loirinho suspirou.  Os olhos cravados na porta.

O número discado encontra-se indisponível ou fora da área de cobertura.  Deixe seu recado.  Ele será tarifado após o sinal.

Dean engoliu em seco.  Talvez a chance não fosse totalmente desperdiçada.  No tom de voz mais baixo que conseguiu sussurrou umas palavras e encerrou a ligação.  Mantinha as íris esmeraldas cravadas na porta e a audição atenta à qualquer sinal de passos.

Colocou o celular com cuidado sobre o criado mudo e voltou a se deitar, desesperado para que a luz do visor se apagasse rapidamente.  Não podia correr o risco de colocá-lo em outra posição e Elisa desconfiar do que fizera.

A luz se apagou e Dean ficou tão aliviado que quase chorou.  Ainda não havia sinal de retorno da mulher.

A esperança inundou o coração do garotinho.

S&D

Sam saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura.  Hotel de quinta categoria, mas camas limpas e banho quente.  Bobby saíra para comprar comida, por isso o toque insistente do celular tirara o Winchester do banheiro.

Assim que colocou o pé molhado para fora, o telefone silenciou.  Sam praguejou, pingando água sobre o assoalho.  Pensou em voltar para terminar de lavar a espuma dos cabelos.  A curiosidade foi maior.

Pegou o aparelho jogado sobre a cama e observou o número no visor.  Não reconheceu como de nenhum contato.

Um ícone na telinha indicava uma nova mensagem de voz.  Acionou a caixa de entrada.  A primeira vez que ouviu foi apenas o silêncio, quatro talvez cinco segundos de silêncio, ou melhor, uma espécie de chiado ao fundo.

Intrigado Samuel observou o visor por um tempo.  Resolveu aumentar o som e escutou pela segunda vez.  Percebeu, espantado, que era um tipo de sussurro!  Começando a sentir certa urgência, Sam colocou o aparelho em viva-voz e aumentou o volume no máximo possível.

Funcionou.  Os sussurros se tornaram audíveis e compreensíveis.  E fizeram o coração de Samuel Winchester acelerar.

Sammy... tem coisas malvadas aqui... salva o Dean...

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

8) Gente... pega leve. Eu queria um capítulo que terminasse com fortes emoções, mas... escrever suspense é difícil...

Ufa, acho que nem tenho muito o que dizer. Boa semana!

Alias, quem viu o último episódio da temporada e chorou litros? Pois é. Emocionante, nem sei como ainda tenho unhas! xD



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "And More Confusion" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.