And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 24
Capítulo 24 - Peças do quebra-cabeças


Notas iniciais do capítulo

Sem notas perigosas dessa vez!

Boa leitura.



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And more confusion
Kaline Bogard

Parte 24

Peças do quebra-cabeças

Mal tinham pisado na área da frente da casa e uma mulher abriu a porta, parecendo muito curiosa com a aproximação, enquanto disfarçava secando as mãos num avental cor de rosa.

– Em que posso ajudar, senhores...?

- - - - -

Sam e Bobby se entreolharam.  Foi o mais jovem quem respondeu.

– Somos os agentes Grimm e Andersen.  Buscamos informações a respeito da família Evans.

A mulher não pareceu surpresa.  Talvez estivesse acostumada com curiosos perguntando sobre o ocorrido com os antigos vizinhos.

– Meu nome é Margot.  São policiais? – ela inquiriu.

– Não, – Samuel retomou a palavra enquanto puxava uma identificação falsa do bolso de trás da calça – somos de uma agência de seguros.  Um primo distante da família faleceu e deixou uma herança para as parentes.

– Oh, – a mulher de cabelos grisalhos relaxou ainda mais – Um perda, mas com uma notícia boa.  Bem depois daquela tragédia, não?  Me pergunto se o tempo melhorou tudo...

Sim, tanto Sam quanto Bobby sabiam da tragédia que saíra nos jornais do condado inteiro.  A família quase toda envenenada.  Sete moças e um garotinho.  Apenas três sobreviventes.  Tudo acontecera há cerca de dois anos trás e os tablóides não traziam nenhuma foto decente para ajudar na busca dos caçadores.

– Alex e Danilla sobreviveram por que tinham trocado de turno no trabalho, acreditam nisso?  Destino é algo impressionante.  E Elisa ficou a beira da morte, mas ela é uma mulher forte.  Pena que o pequeno Tim não sobreviveu.

Elisa.  O nome parecia estranhamente familiar a Sam, desde que o lera no jornal antigo, mas o rapaz não pode reconhecer onde o ouvira.

– Os policiais não encontraram suspeitos, não é? – Bobby questionou.

– Isso é o pior.  Que segurança temos?  Alguém entra em nossas casas e vira veneno na caixa d’água.  E um veneno que não deixa vestígios, pois ninguém identificou o que poderia ser!  Mas que explicação existe além dessa?  Nenhuma.

– A senhora era muito próxima delas?

Margot colocou as mãos nos bolsos do avental e balançou a cabeça.

– Sim, eu as ajudava quando precisavam.  Moças trabalhadeiras, então eu ajudava sempre que possível.  De vez em quando olhava aquele doce de menino, o Timothy.  Nunca me deu trabalho.

– Saberia dizer para onde elas foram?

– Hum... – Margot refletiu na pergunta por alguns segundos – Recebi ligação de Danilla certa vez... a respeito de umas correspondências que ainda estavam chegando nessa casa.  Creio que prefixo era de Kentucky.  Não posso garantir que ainda estão por lá, essas garotas.

– Sete irmãs, a senhora diz?  Sobraram apenas três...?

– Não, não – a mulher agitou uma mão – As irmãs eram Elisa, Danilla e Petra Evans.  Christine, Alex, Cinthia e Pamela eram primas em segundo grau... por parte de mãe eu acho.

Bobby e Sam se entreolharam.  Sabiam que nem todas as kitsunes de um reduto tinham laços de sangue, mas ainda assim se consideravam família.

– Nos ajudou muito, senhora – Samuel agradeceu preparando-se para ir embora.

– Ei, esperem.  Acho que posso ajudar mais – Margot sorriu prestativa – Tenho uma foto das garotas aqui.  Querem ver?

Os caçadores exultaram e se controlaram a custo.  Uma foto ajudaria muito.

– Seria ótimo – o mais velho acenou com a cabeça.

Então a dona de casa entrou e voltou alguns minutos depois, com um retrato em mãos.

– Aqui, vejam.  Não estão todas aqui, mas acho que já ajuda.  Essa é a Alex, Danilla, Cinthia, Petra, Elisa e o pequeno Tim.  Tiramos a foto em um dia de Ação de Graças.

Sam sentiu o coração disparar ao encaixar peças importantes do quebra-cabeças.  Aquela garota... a tal de Elisa... acabara de descobrir por que o nome lhe era familiar.  Sim.  A foto a mostrava uns dois anos mais jovem, os cabelos um tanto mais longos, porém perfeitamente reconhecível.

A compreensão foi igualmente visível nos olhos de Bobby Singer.  Elisa Evans era a loira que os atendera no último dia no parque, que se despedira de modo tão caloroso e falara do filho perdido há algum tempo.

Tudo fez sentido para a dupla de caçadores.

– Obrigado – Bobby agradeceu dando as costas à mulher – Kentucky, hein?

– É algo pra começar – Samuel concordou.

– Vou falar com Conelly outra vez.  Saber da movimentação das kitsunes no estado.

– Eu verifico a internet.  E vou ligar para o Parque Florestal.

Cada segundo que se passava aumentava a urgência.  Não sabiam a que ponto ia a sede de vingança de Elisa Evans, mas para seqüestrar um garotinho parecido com seu próprio filho morto... parecia demais com um “olhou por olho” na opinião de Sam.  Ele não permitiria que seu irmão fosse usado como bode expiatório para as ações traiçoeiras de outro caçador.

Não permitiria.

S&D

Dean observava a paisagem com interesse.  Estavam cada vez mais longe da cidade, e a paisagem natural era inconfundível.

– Tamo na Virginia? – perguntou curioso – Dean gosta da Virginia.

– Acertou, garoto esperto – Elisa elogiou sorrindo.

– Agora Dean vai fala com o Sammy!  Vai da uma bronca nele.

– Ah, claro – Elisa concordou.  Já tinha um plano em mente para enrolar o loirinho, por isso não se preocupou com possíveis ligações – Você vai conhecer minha família.  E eu prometo que faço um jantar decente.

– Com batata frita?

– Muita batata frita!

O carro seguiu por uma rua de terra, com terrenos baldios entre as casas.  Lisa estacionou no final, em frente a última casa que dava de fundos para um extenso campo gramado repleto de algodoeiros.  Não era a construção mais sofisticada, toda feita de madeira rústica a despeito das demais.  Um estilo bem preservado nas cidades do interior do estado sulista.

Assim que estacionou o veículo, a mulher virou-se mirou Dean com uma expressão muito solene.

– Garoto, confio em você para nos defender das coisas malvadas.  Se acha que não consegue eu peço para seu irmão vir te buscar e me indicar outra pessoa.

O pequenino pestanejou antes de estufar o peito.

– Num se preocupa.  O Dean derrota qualquer coisa malvada que chega aqui perto.  Só deixa liga pro meu irmão pra fala cum ele?

– Claro – a loira tirou o celular da bolsa e olhou a telinha fingindo surpresa – Puxa, a bateria acabou.  Vou recarregar e você pode falar com ele, está bem?

O garotinho pareceu decepcionado.  Concordou com um aceno de cabeça e esperou que Elisa descesse do veículo para abrir-lhe a porta com trava especialmente desenvolvida para que crianças não abrissem o carro por dentro.  Deixou o casaco no banco e acabou estremecendo um pouco ao sair no ar do fim de tarde.

– Tenho roupas mais quentes dentro de casa.  Espero que você goste.  Vamos lá – a frente da casa tinha grama verdinha e bem cuidada – Penso montar um balanço aqui.  O que acha dessa idéia? – perguntou antes de estender a mão para que o garoto segurasse.

Dean esticou o bracinho e aceitou o aperto de mão.

– É uma boa idéia, moça.  Um balanço ali – apontou com o dedinho da outra mão.  Então suspirou quando um sentimento que não soube nomear o dominou, algo que se estivesse em seu estado normal identificaria corretamente como nostalgia, mas a condição atual a qual estava condenado não o permitia – Você parece a mamãe.

A vozinha frágil e pensativa trouxe um aperto ao coração da mulher.  Forte emoção fez os olhos verdes transbordarem e mudarem rapidamente num vislumbre dourado, antes que Elisa se dominasse a custo.

– Obrigada – foi tudo o que disse.  Mas em sua mente... em sua mente ia a certeza de que ela seria sim, a nova mãe daquele garotinho.

Estavam quase chegando a porta de entrada quando a folha de madeira se abriu por dentro e uma mulher passou por ela apressadamente.  Era alta e magra, de pele amorenada e aparente descendência latina.  Os olhos eram tão negros quanto os cabelos longos e lisos.

– Você perdeu a cabeça, Elisa? – a morena questionou de forma baixa e ameaçadora.

– Não, Alex.  Eu te expliquei por telefone que...

– Não vou compactuar com essa loucura – terminou a frase rosnando ameaçadora na direção de Dean Winchester.

O loirinho, assustado, se escondeu atrás das pernas de Elisa que por puro instinto respondeu rosnando de forma igualmente feroz.  Presas e garras foram expostas na mesma velocidade em que os olhos ficaram completamente dourados.

Parecia que as duas sequer se importavam com o mundo ao redor, tão preocupadas que estavam em medir forças.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Depois que eu digitei percebi que a saga das kitsunes ficou mais longa do que as outras. Não fiquem entediados com ela! xD

Boa semana!



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