And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 17
Capítulo 17 - O monstro do rio


Notas iniciais do capítulo

Dica para melhorar a semana: Mais confusão! *apanha*



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And more confusion
Kaline Bogard

Parte 17

O monstro do rio

– DEAN!! – Sam gritou socorrendo o irmão.  Ergueu o loirinho nos braços, assustado com a expressão pálida e a respiração difícil e ofegante.  Um som estranho saia da garganta do menino, como se ele estivesse com o corpo cheio de água.  Sufocava de forma dolorosa.

– Maldição... – Bobby praguejou por ter se esquecido daquele detalhe tão simples: afastar Dean do rio o quanto antes.

– O que aconteceu? – um dos funcionários uniformizados que se aproximavam perguntou olhando preocupado para Dean.  Tinha cabelo ondulado escuro e usava barba cerrada que dava um ar grave ao rosto levemente rechonchudo.

– Ele se assustou com a confusão – Singer tratou de explicar – Estamos mais aflitos com a outra criança.  Dean nos disse que ele foi nadar.

Mentiu um pouco sobre a última parte, mas tinha certeza que o tal James tinha sido levado para o rio.  Para o fundo do rio.  Por que esse era o modus operanti da criatura sobrenatural que vivia no parque.

– Sinto muito – o pai mostrou arrependimento na face por ter pressionado o loirinho em seu desespero.  Agora que voltara a razão compreendia a gravidade do que fizera, aterrorizando uma criança inocente.

– Tudo bem – Sam falou com dificuldade, já que desejava acertar um belo cruzado no nariz do homem por agir daquela forma com Dean, só não perderia tempo com aquilo: havia providências mais urgentes a serem tomadas, mas aqueles três tinham que sumir dali – Vão até o rio.

– Tem razão, rapaz.  Vamos rápido – o outro funcionário ordenou, um negro forte e quase tão alto quanto Samuel – O senhor leve o menino imediatamente até a Administração.  Temos um médico de plantão que vai ajudá-lo a recobrar os sentidos.

Depois disso os três se afastaram.  A mulher que chamava pelo filho foi de encontro a eles e logo desapareceram entre as primeiras árvores indo em direção ao leito das águas que corria logo ali atrás.

– Venha, garoto – Bobby chamou – Temos que levar seu irmão para longe do rio.  Quanto mais longe melhor.  Parece que a canção o pegou de jeito.

– Contra o quê vamos lutar, Bobby?

– Um Nix – revelou simplista.

– Um Nix? – Sam soou meio incrédulo.

– Um espírito da água.  Um folclore germânico muito forte – então o caçador pensou no que tinha dito e completou – Apesar de que espíritos aquáticos existem em várias culturas ao redor do mundo.

– Pensei que os Nix fossem apenas presságios!  Você sabe... eles avisam alguém que está prestes a se afogar, gritam debaixo d’água tentando alertar.  Esse tipo de coisa.  Mas... machucar crianças?

Nesse ponto chegaram a barraca de Bobby, que puxou o zíper e deixou que Sam entrasse com Dean.  O mais velho abaixou-se a entrada e ficou observando enquanto Samuel acomodava o irmão no saco de dormir.  O menino não parecia mais estar se afogando, apesar da face estar respingada com água que sabiam ser do rio, graças a ligação sobrenatural com a canção encantada.

– A forma do Nix depende de como ele morreu – Bobby explicou – Se for uma morte acidental, ele pode se transformar em um presságio e alertar os nadadores e pescadores evitando acidentes.  Se ele for assassinado, se torna um espírito vingativo e usa uma canção para enganar suas vítimas e afogá-las.

– Droga!  E como destruímos um Nix?

– O de praxe: salgar e queimar o corpo.

– Mas Bobby, é quase impossível queimar o corpo de alguém que se afogou.  Os peixes já devem ter devorado tudo e os ossos provavelmente estão espalhados no fundo do rio.  Isso se a morte aconteceu por perto.  Esse rio tem quilômetros de extensão.

Singer ergueu as sobrancelhas fingindo surpresa.

– Vejam só: Stanford perdeu uma mente brilhante – ironizou – Eu sei de tudo isso, gênio.

Sam bufou.

– Temos que fazer alguma coisa...

– E vamos.  O Nix tem uma fraqueza: fora da água ele recria um corpo.  Nessa hora cravamos uma estaca de madeira no coração dele e o enterramos.  Isso não mata um Nix, mas vai atrasá-lo por um tempo.  Algumas semanas, talvez.

– Mas...

– “Mas” nada, garoto.  Quando Dean voltar ao normal vocês montam acampamento aqui e finalizam o caso direito.  Por hora tudo o que podemos fazer é isso.

– Está bem.  Como atraímos o Nix pra fora do rio?

– Com sangue.  Ele não resiste ao cheiro.

– Rápido então – o moreno se preparou para sair da cabana – Você fica com Dean e toma conta dele.  Eu resolvo com o Nix.

– E o sangue? – Bobby soou um tanto urgente.

– Pode pegar todo o sangue que precisar – Sam mostrou o braço – Quando chegar no leito do rio eu...

– Idiota! O Nix não vai sair do maldito rio pelo seu sangue!  Quando escolhe a forma da vítima ele fica atraído apenas por ela: mulheres ou crianças.  E esse Nix já mostrou o que prefere – terminou a frase olhando para Dean que respirava com dificuldade.

– Não – um esgar de horror passou pela face de Samuel – Não vamos fazer isso com o Dean.  Não!

– Ótimo – o mais velho se irritou – Então pegue o sangue de uma daquelas outras crianças, por que o seu e o meu não vai funcionar.  Acredite: eu drenaria o meu sangue todinho antes de fazer mal a você ou ao seu irmão. Mas nesse caso não temos escolha.  Droga, garoto!

Samuel engoliu em seco.  Uma luta terrível se travou em seu interior e refletiu-se em seu rosto angustiado.  Sofria por machucar o irmão, apesar de ser a chance de acabar logo com tudo aquilo.  Mas no fundo sabia que o outro homem tinha razão.  Não poderia ferir uma das crianças do acampamento e o sangue de um adulto não resolveria.

– Por Deus, Bobby – sussurrou cansado – Quanto mais vamos ter que fazê-lo sofrer?

O mais velho não respondeu.  Puxou Sam de uma vez para fora da barraca e entrou no lugar dele.

– Eu faço isso.  Vá até o meu carro e pegue uma pá, também tenho estacas em algum lugar do porta-malas.  Enquanto você cuida do Nix me adianto e cavo o buraco.  Leve-o na distância de sempre seguindo a sudoeste dessa barraca.

Sam concordou com um aceno de cabeça e obedeceu.  Bobby voltou os olhos para Dean, sem sentidos sobre o saco de dormir. 

O coração se apertou por ter que ferir o garotinho.  Porém não tinha escolha.  Fora sincero: daria até a última gota de sangue por aqueles irmãos.  Se valesse alguma coisa na situação atual não hesitaria um segundo.

Maldito Nix assassino de crianças.

Com um nó na garganta Bobby puxou o canivete suíço do bolso da calça e preparou-se para fazer um corte no braço do menino.

S&D

Rapidamente Sam voltou para a barraca com uma pá e uma estaca de carvalho nas mãos.  Tinha se certificado que não havia ninguém por perto.  Todos pareciam envolvidos no sumiço de James e rumaram para o leito do rio, até as outras duas famílias responsáveis pelos garotos que Samuel desconhecia o nome e que estavam brincando com Dean antes da confusão começar.

Bobby esperava do lado de fora.  Estendeu a mão e entregou um lenço embebido em sangue para o rapaz; que, igualmente silencioso, pegou o pano e trocou pela ferramenta.

Separaram-se sem mais combinações.  Cada um sabia o que fazer.

Sam rumou para o rio, evitando a aglomeração dos outros campistas que se envolveram no resgate.  Não precisava de testemunhas para o que pretendia.

Logo avistou uma parte do rio afastada do acampamento e não tão tranqüila, já que algumas pedras causavam rodamoinhos agitados na água límpida.

Com cuidado colocou o tecido manchado de vermelho no chão a uma distância significativa do rio, sem ser longe demais e foi se afastando lento até esconder-se atrás da primeira árvore, local onde poderia vigiar.

Não sabia se teria de esperar muito.  O Nix era um ser que encobria seus rastros e agia com tenacidade e paciência, diferente de outros espíritos.  A prova era a média de desaparecimentos muito baixa naquele parque.  Duas ou três crianças por ano, um ou dois adultos.  Nada alarmante.

Por outro lado aquele Nix parecia bem irritado.  Atacara Dean assim que o loirinho revelara sobre a canção e traíra o sigilo que as notas musicais exigiam.  Em questão de segundos a retaliação do espírito se fizera sentir com peso total.

O pensamento deu mais raiva a Sam.  Quantas vezes mais teria que ver seu irmão correndo um risco tão grande sem poder fazer nada para impedir, tendo que remediar a situação depois que o mal estava feito?

Quantas vezes mais teria que chorar sobre o leite derramado?

A resposta para tal pensamento nunca chegou a ser formulada.  Um barulho estranho quebrou a quietude do lugar e fez Sam estreitar os olhos e apertar a estaca entre as mãos.

O Nix estava saindo da água.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Dels Obrigada! Eu tenho intenção de continuar as fics sim, mas só com as boas, rsrsrsr, as ruins a gente finge que nunca existiram!
- - -
Ufa, terminei de digitar o último ciclo dessa fanfic e já entrei na reta final. Falta pouco pra finalizar o projeto com sucesso! Isso me deixa feliz, por que com as aulas aí, vai saber se eu dou conta.
Consegui estagio no hospital! Acho que esse primeiro semestre fico circulando pela clinica geral, no segundo semestre vou tentar maternidade. Eu queria mesmo era oncologia, mas no hospital em que eu consegui vaga não é uma área muito forte, teria que ser em outro, enfim, lá vamos nós!
Já até sei quem vai me ameaçar por parar o capítulo numa parte assim! Rsrsrsrs
Abraços e até semana que vem!



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