And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 16
Capítulo 16 - Algo que ele nunca teve


Notas iniciais do capítulo

Boa semana!!



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And more confusion
Kaline Bogard

Parte 16

Algo que ele nunca teve

Sam começou a pregar a última estaca para que a barraca ficasse firme e segura.  Volta e meia olhava espantado para Bobby, pelo homem conseguir se sair tão bem na montagem.  Também observava Dean, querendo ter certeza que o moleque estava seguro.

Foi numa dessas que flagrou o irmão correndo com os outros meninos até que o moreninho de cabelo arrepiado tropeçou e caiu na grama.  Dean, que vinha colado a ele, não desviou a tempo e espatifou-se por cima.  Porém em questão de segundos os dois já estavam recompostos e voltavam a correr como se a vida dependesse daquilo, com o mais velho atrás os perseguindo.  Corriam e gritavam.  Muito.

– Mas que... – o moreno resmungou – Isso não cansa?

– Hn... – Bobby levantou-se batendo uma mão na outra para limpar o pó e analisou a barraca de lona, satisfeito com o resultado – Crianças têm a bateria carregadinha.

Sam estava prestes a retorquir que Dean não era criança.  Calou-se a tempo, concentrando-se a terminar de ajeitar o teto que cobriria suas cabeças nas próximas noites.  De hotéis baratos a barracas alugadas... quanta evolução...

– Ele está apenas compensando.

O tom pensativo fez Samuel parar o que fazia e observar o homem.

– O quê?

– Seu irmão... ele nunca teve uma infância de verdade, não é? – esperou que o rapaz comentasse algo.  Diante do silêncio acabou completando – Temos que reverter isso o quanto antes, Sam, eu sei.  Mas até lá deixe que seu irmão aproveite algo que ele nunca teve.

– Aproveitar...? – observou Dean mais uma vez, com a mente cheia de lembranças da infância.  Sabia que, na medida do possível, seu crescimento não fora tão ruim quanto poderia ter sido.  Já para o mais velho não, pois Dean desde sempre recebera um peso sobre seus ombros, mesmo quando eram pequenos demais para suportar as responsabilidades que deveriam ser carregadas apenas pelos adultos.

Primeiro, por que John estava perdido em sua dor; confuso, desesperado.  Depois, por que ele sabia a verdade.  A venda que protegia o restante da humanidade fora arrancada dos olhos de John Winchester e ele passou a ver todo o mundo que existia no silêncio da mais profunda escuridão, sempre disposta a pôr as garras em seus preciosos filhos ao menor descuido.

Por isso Dean tinha que ser preparado, precisava se tornar forte o bastante para cuidar de Sam e de si mesmo quando John se ausentasse.

Não havia espaço para correrias despreocupadas, ou risadas sem sentidos.  Não enquanto Dean crescia.

– Acho que vou comprar mais algumas figurinhas... – o caçula sussurrou.

– Faça isso – Bobby concordou – E que demônios cuspam fogo no seu traseiro caso não cole uma a uma com seu irmão, com toda paciência que ele merece, entendeu?

Samuel riu da ameaça.

– Claro, Bobby!  Meu traseiro daria um péssimo churrasco.

– Já que estamos entendidos chame Dean.  Ainda dá tempo de uma primeira investigação ao redor da floresta.  Temos que ver onde colocamos as... – a voz foi morrendo até sumir.  O homem franziu as sobrancelhas, um tanto confuso e surpreso.

– Bobby? – Sam não entendeu nada.

O mais velho avançou e empurrou o rapaz, tirando-o da frente.

– Que raios está acontecendo ali?

O Winchester olhou em direção ao parquinho e arregalou os olhos.  A irritação veio a ele de uma vez e, como um touro provocado por uma capa vermelha, Samuel ultrapassou Singer enquanto corria em direção aos brinquedos, onde um homem desconhecido ajoelhado na grama segurava Dean pelos ombros e o sacudia com força.

– Solte ele agora mesmo! – grudou o cara pela gola da camisa e o puxou para trás.  A ação inesperada fez com que o sujeito abrisse as mãos e libertasse o loirinho, que caiu sentado na grama, assim como o homem, um desconhecido de cabelos curtos negros e olhos também negros.

– SAMMY!  – Dean recuperou-se mais rápido e ergueu-se para ir esconder-se atrás das pernas de Sam, os olhos pareciam enormes no rosto pálido, demonstrando o medo que sentia.  De longe, Mel e Ted assistiam, igualmente assustados.

– Que pensa que está fazendo com o meu irmão?! – o tom de voz furioso pegou até mesmo Bobby, que se aproximava, desprevenido.  Nunca tinha visto o moreno tão nervoso antes.

Aturdido, o desconhecido gaguejou algo que soou como um pedido de desculpas.  As outras duas crianças aproveitaram para correr até as barracas dos pais, abandonando o parquinho e a confusão.

– JAMES!! – uma voz feminina chamou a atenção de todos os três adultos.  Sam desviou os olhos com custo, como se temesse que fossem atacados pelo homem sentado na grama, e observou a mulher de cabelos castanhos longos que gritava em direção à floresta – JAAAAMES!

– Meu nome é George – o outro respondeu mais recomposto enquanto se erguia – Meu filho James estava brincando com as crianças e desapareceu.

Sam acalmou-se um pouco.

– E porque estava atacando o meu irmão? – a voz irritada mostrava como estava sendo difícil para o Winchester se controlar.

George engoliu em seco.  Sabia identificar o perigo e, no momento, estava frente a frente com um cara que não hesitaria diante de nada.  Via isso claramente nas íris que refletiam raiva e preocupação.

– Desculpa – o pai de James tentou contornar a situação – Você tem razão, eu perdi a cabeça.  Mas seu irmão me disse que sabe o que aconteceu, só não pode me contar.  Eu... eu... tentei obrigá-lo a falar.  Sinto muito.

O Winchester ainda encarou o outro por alguns segundos cheios de tensão.  A mãe de James voltou a gritar clamando pelo filho.  Então Bobby usou todo seu senso prático para quebrar a situação pesada.

– Vá avisar aos responsáveis pelo parque o que aconteceu, rapaz.  Seu menino não deve ter ido longe.  Nós conversamos com Dean.

George obedeceu sem questionar.  Enquanto ele se afastava, Singer abaixou-se e apoiou um joelho na grama, olhando para o loirinho com seriedade.  Sam também colocou-se de cócoras.

– Dean... – o mais velho dos três começou.

O menino olhou de um para o outro sem saber o que esperar da situação.

– Você sabe mesmo o que aconteceu...?

– A música... – começou a falar por puro instinto, mas lembrou-se que deveria guardar segredo, ou não poderia ir ao lugar mágico para onde James fora, então cobriu os lábios com as mãos pequeninas e balançou a cabeça se recusando a falar qualquer coisa.

Sam apertou os lábios de forma contrariada antes de tomar a palavra.

– Não pode guardar segredo sobre isso, Dean.  Seu amiguinho – calou-se ao sentir Bobby Singer tocando-lhe o ombro e chamando sua atenção.

– A música pede que guarde segredo, não é Dean?  Que não conte nada a nenhum adulto, para que possa ir a um lugar cheio de coisas legais, não é?

Por um segundo o conflitou dominou os grandes olhos verdes.  Dean se dividia entre concordar com o que o mais velho dizia ou negar, de forma a garantir o passaporte para a Terra Encantada.

Acabou sendo vencido pelo olhar grave que os adultos lhe enviavam.  Balançou a cabeça para cima e para baixo concordando com as palavras ditas e traindo o sigilo que a canção misteriosa exigia das crianças.

Ao longe a mãe desesperada ainda clamava por seu menino perdido.  Bobby levou a mão ao queixo e coçou a barba de forma pensativa.  Mostrava preocupação no semblante cansado.

– Uma canção que apenas crianças podem ouvir... – sussurrou ficando em pé – Agora um menino desaparece... eu já desconfiava.  Não encontraremos um Cluricaun nessa área, Sam.  Melhor se preparar para seguir pro Colorado.

– Bobby? – Sam soou confuso.

– Temos um caso aqui contra algo que seu pai já enfrentou antes – Singer revelou – E se não agirmos rápido não encontraremos esse menino, nem a criatura.  É algo que protege sua área de outras entidades sobrenaturais, por isso um Cluricaun não ficaria por perto.  E isso justifica o número baixo de acidentes: esse ser salva pessoas, apenas para não chamar atenção e passar despercebido.  Principalmente de nós, caçadores.

– Do que está falando, Bobby?

Antes que o experiente caçador pudesse responder, vozes exaltadas soaram.  Era George retornando com dois homens uniformizados.  Isso fez com que Bobby enviasse um olhar de “continuamos depois” para Sam, que meneou a cabeça de forma quase imperceptível.

O Winchester ficou de pé, pronto para a aproximação do trio, mas sentiu um puxão na perna da calça e olhou para baixo.  Dean segurava o tecido com força.  Os olhos verdes demonstravam incredulidade e medo.

– A música diz – falou com a vozinha tremida e deu outro puxão no pano – Diz que vai... vai... machuca... o Dean...

Sam abriu os lábios para garantir que tudo ficaria bem e que não deixaria uma música fazer mal ao menino, no entanto nem uma palavra foi pronunciada: Dean estremeceu e fechou os olhos, caindo sem forças para trás.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Eu queria agradecer a Totosay de Cueca pela idéia linda que usei nesse capítulo. O ponto de vista do Bobby, sobre o Dean aproveitar a infância perdida foi algo que veio de um dos seus reviews. Obrigada!
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Alguns capítulos atrás a AngelSPN comentou sobre a possibilidade de saírem mais fanfics sobre Supernatural da minha cabeça. Bem... meus plots não são exactamente o tipo que costuma agradar muito, pelo contrário. É até uma surpresa quando mais de uma pessoa resolve acompanhar, rsrsrs, e eu tenho essa política: se uma pessoa ler e vou até o fim.
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Digo isso porque há alguns anos atrás eu até me arrisquei com uma história de Supernatural, mas acho que ficou horrivelmente horrível, e ninguém leu. Daí eu abandonei a história.
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Esses dias ela me voltou a cabeça, e eu fiquei pensando naquele velho dilema do continuar, ou não continuar. Eis a questão
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Caso alguém queira ver do que se trata a história deixarei o link aqui. xD
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Mas por favor, nada de ser muito exigente... essa fic foi escrita a um tempo atrás xD e eu nunca tive muita noção. Vergonha alheia eterna pelo título, mas eu sempre achei que títulos tinham que ter impacto. É...
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http://fanfiction.com.br/historia/30233/Bravios_tons_da_juventude/
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É isso. Boa semana!



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