And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 15
Capítulo 15 - Não é “brilha, brilha estrelinha”...


Notas iniciais do capítulo

Boa semana!



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And more confusion

Kaline Bogard


Parte 15

Não é “brilha, brilha estrelinha”...



A viagem até Michigan foi feita em menos tempo do que o previsto por Sam, graças a velocidade com que os dois caçadores dirigiram a maior parte do tempo.


Em determinado momento, numa das paradas para comer alguma coisa, Bobby anunciara que tinha recebido uma ligação de um conhecido com uma pista quente sobre Cluricaun no estado do Colorado.


Concordaram em seguir até o oeste do país caso Michigan não desse resultado. Seria uma viagem longa e cansativa. Mas estavam desesperados.


A tarde ia avançada quando passaram os limites do Parque Florestal, uma reserva protegida por lei, depois de desviar da rodovia principal e seguir por estradas secundarias.


Sam diminuiu a velocidade ao aproximar-se do prédio principal, onde ficava a administração do local.


– Wow! Sammy isso é muito legal! – o loirinho exclamou de joelhos no banco de trás observando o descampado. Havia uma área considerável de gramado, cercado por uma floresta em formato de crescente, que se estendia a perder de vista.


Ainda no gramado havia um espaço abundante para camping a uma distância apropriada do parque infantil, lugar que roubara a atenção de Dean e fazia os grandes olhos verdes brilharem.


Sam meneou a cabeça. Viu três ou quatro crianças correndo entre os brinquedos, desparecendo em seguida dentro de uma imitação de locomotiva feita em madeira.


– Acho que ainda dá tempo de você brincar, sardento.


– OBA! – a perspectiva animou tanto o garoto que ele nem reclamou do apelido.


O carro de Bobby estacionou e Samuel parou logo ao lado.


– Família de férias? – o rapaz perguntou ao descer insinuando o disfarce que deveriam usar.


O mais velho ajeitou o boné na cabeça antes de responder.


– Parece bom pra mim. Tem poucos campistas. Provavelmente por que hoje é terça-feira. Aposto que no final de semana isso fica com a lotação máxima e nossas chances diminuem.


– Temos uns dois dias de vantagem e...


– Sammy, quando vamos pro parquinho? – Dean perguntou impaciente pelos adultos estarem atrasando sua diversão.


– Calma, cowboy. Temos que nos registrar antes.


Seguiram para o prédio administrativo. Havia duas moças sentadas atrás de um longo balcão. Uma delas, a loira de cabelos curtos, falava ao telefone. Mas a ruiva, com maquiagem exagerada na bochecha e cabelos encaracolados, acenou para que se aproximassem.


– Bem vindos! Meu nome é Sarah.


– Ah, obrigado Sarah – Sam sorriu – Planejamos ficar alguns dias.


– Trouxeram as barracas?


– Na verdade não – Bobby respondeu – Preferimos alugar aqui.


– Ótimo. Temos barracas e todo o equipamento para uma estadia agradável. Não recebemos muitas reservas ainda. Elas são mais intensas nas festas de fim de ano. Material para duas pessoas?


– Sim. Meu irmão divide a barraca comigo – todos olharam para o loirinho. A funcionária franziu as sobrancelhas pelas marcas escuras no rosto infantil, porém foi discreta e não comentou nada.


– Parece um bom menino. Vocês já estiveram aqui antes? – perguntou e, assim que os adultos responderam negativamente, começou as explicações – A área do camping, o playgroud e o rio são espaços livres. A parte do rio que corta a floresta aqui atrás é rasa e tranqüila, as crianças adoram. Vendemos um mapa detalhado, caso se interessem. Para além precisam de um guia e temos alguns a disposição. Só agendem o passeio antes. Aqui na administração há suprimentos para vender, caso não tenham trazido nada. Mas precisarão cozinhar lá fora, vocês sabem, acender uma fogueira e tudo mais.


– Esse é o espírito – Sam deu de ombros.


– Temos inseticida, protetor solar, produtos anti-alérgicos. A lista completa está aqui – Sarah estendeu um panfleto para os caçadores – Além disso, temos dois médicos de plantão com uma farmácia especializada.


– É bem seguro – Bobby comentou.


– São as normas de todos os parques florestais. Claro, também temos regras de conduta bem explicadas aqui – estendeu outro panfleto – Vou pegar as barracas e o equipamento. Enquanto isso, preencham os formulários. Ah, forma de pagamento?


O moreno tirou um cartão do bolso e acenou com ele.


– Perfeito – a ruiva sorriu, sem saber que Peter Young, o nome impresso no cartão, era totalmente falso – Espero que se divirtam. Principalmente você, garotinho.


Dean sorriu de volta para a moça, ansioso por poder ir explorar logo o parquinho.


– Dean vai se diverti-se muito! E Dean adorou a música!


Sam arqueou as sobrancelhas e olhou de Bobby para a ruiva.


– Que música, Dean?


– Sammy num escuta? Essa música bacana.


– Ah, mas é uma música que apenas as crianças podem escutar – a funcionária afirmou tentando esconder o sorriso. Então voltou-se para Sam e piscou – Todas as crianças podem escutar. Mas apenas as crianças.


– Ahhh... por isso meu irmão num escuta – Dean compreendeu tudo.


– Preencham aqui, por favor – Sarah colocou uma caneta sobre o balcão e virou-se para ir pegar as outras coisas.


Bobby abaixou-se e encarou Dean.


– Essa música fala alguma palavra, Dean? – perguntou curioso.


O menininho inclinou a cabeça para o lado e prestou atenção por breves segundos.


– Não. Agora eu num escuto nada. Paro...


– Quando começar de novo me avisa, está bem?


– Mais tio Bobby num pode ouvi!


– Só me avise está bem...? – esperou o garotinho concordar. Então ficou em pé e sentiu-se observado por Sam – O que foi? Música que apenas crianças escutam? Não custa ficar prevenido, não é? “Brilha, brilha estrelinha” que não é.


Sam forçou um sorriso. Não queria pensar em algo sobrenatural ali, a não ser um Cluricaun.


S&D


Já de posse de tudo que precisavam os caçadores foram para o espaço do camping, onde cinco barracas estavam montadas a uma boa distancia uma da outra. Primeiro escolheram um lugar e se entreteram em preparar o “alojamento” onde passariam as próximas noites.


– Pelos registros históricos uma colônia irlandesa viveu por aqui por volta do começo do século XVIII – Sam foi dizendo enquanto fixava a estaca principal da barraca que dividiria com Dean – Mas ficaram encurralados entre um grupo de Mohican que vinha do meio do país e uma tribo Potawatomi que defendia o território. Os irlandeses foram massacrados.


– Assombrações? – Bobby perguntou amarrando uma ponta da lona com firmeza.


– Não. Li que esse parque foi exorcizado cerca de cem anos depois da tragédia e ninguém foi incomodado por espíritos. Exceto por uma ou outra morte no rio e alguns desaparecimentos na floresta. Números abaixo da média de outros parques, a propósito.


– Hn. Assim que montarmos isso vamos verificar a floresta e ver onde é melhor colocar as armadilhas de mulso.


– Certo – então voltou-se para Dean, sentado na grama fingindo brincar com uma das lamparinas a óleo – Ei, sardento...


– Num so sardento! Seu bobão – o menino soou impaciente.


– Ah... eu ia dizer que o Sardento podia ir brincar no parquinho. Mas você diz que não é sardento...


– SAMMY!


O moreno riu. Parou o que fazia e olhou muito sério para o irmão mais velho.


– Vá brincar no parquinho. Mas não saia de onde eu possa vê-lo, entendeu?


– Entendeu! – foi a resposta animada de Dean. O menino ergueu-se num salto e correu para os brinquedos.


Sam observou por alguns segundos antes de voltar a montar a barraca. Bobby fez o mesmo, porém demorou um pouco mais observando enquanto as três crianças cercavam Dean com curiosidade. Logo estavam brincando no trem de madeira.


A cena acalmou um pouco o homem, no entanto lá no fundo, bem no fundo, a intuição apurada ainda dizia que tinha algo muito errado naquele parque. Algo que pouco se relacionava com um Cluricaun.


Entrementes, Dean chegou parquinho e as outras crianças o rodearam.


– Olá! – o loirinho foi dizendo – Eu so o Dean.


– Olá! – um moreninho respondeu primeiro. Tinha cabelos espetados e olhos azuis, e aparentava a mesma idade do Winchester – Meu nome é Ted. Você tá dodói?


Dean tocou a face. Não estava mais tão ruim quanto antes, mas as marcas eram feias na pele pálida.


– O Dean tá bem agora – tocou o canto dos lábios – Nem dói!


– Oi – falou a única garota, uma loirinha de cabelos lisos pelos ombros e olhos cinzentos de cerca de seis anos – Me chamo Melanie, mais pode me chamar de Mel.


– Er... oi – sussurrou um garoto de uns oito anos que parecia chateado. Ele tinha cabelos negros e usava grandes óculos quadrados e esquisitos – Meu nome é James.


– Vamos brincar ali? – Dean apontou para o trem. Estava doidinho para escalar aquilo desde que chegara ao parque.


Em resposta os quatro saíram correndo. Os três meninos subiram rapidamente, mas Mel apenas observou, ficando em pé no chão. Não gostava de correr muito. De dentro da locomotiva os meninos olharam para a loirinha.


– Num liga pra ela – Ted desdenhou – Mininas são chata!


– É – Dean concordou – Mininas são chata!


A garota mostrou a língua pra eles, enquanto desciam do brinquedo e corriam ao redor como se não houvesse amanhã, assistidos pela única garotinha que ainda não entendia a graça daquilo. Como meninos eram sem bobos!


Foi no meio dessa correria que a música voltou a tocar, acalmando-os. Uma música baixinha, vinda de todos os lugares, como se toda a natureza fosse responsável pela composição.


A canção falava sobre um lugar lindo, cheio de brinquedos e doces. Um lugar mágico onde poucas crianças poderiam ir e onde todos os desejos se tornavam realidade.


Nesse ponto três crianças viraram o rosto para o tímido James, que tinha um sorriso enorme nos lábios. O garotinho abaixou a cabeça tentando escutar melhor, sem acreditar nas palavras recitadas, fazendo os óculos escorregar para a ponta do nariz.


Ele estava sendo convidado para ir nesse lugar mágico. Apenas ele!


Dean, Mel e Ted queriam poder ir também, mas a música chamava apenas a James. E o menininho não perdeu tempo: deu meia volta e correu para dentro da floresta, sem avisar a ninguém.


A canção era bem clara: venha com a gente. E não conte nada aos adultos, ou não conseguirá entrar no reino mágico.


Quando James desapareceu das vistas as três crianças suspiraram. Talvez... se fossem boazinhas e não contassem nada também pudessem ir brincar no lugar incrível.


E Dean queria muuuuito conhecer o lugar que a música divulgava.



Continua...


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Notas finais do capítulo

Até segunda!



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