And More Confusion escrita por Kaline Bogard


Capítulo 12
Capítulo 12 - Desespero numa noite fria


Notas iniciais do capítulo

Mereço biscoitos? Sou tão pontual!



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And more confusion
Kaline Bogard

Parte 12
Desespero numa noite fria

– Sammy, espera, por favor!  Num vai!!

O moreno estava surdo aos apelos infantis.  Saiu do quarto e seguiu pelo corredor a passadas largas das grandes pernas, que obrigavam Dean a correr para ficar próximo.

– Sammy!

Seguindo em frente Samuel chegou à recepção, onde a velha senhora cochilava, e atravessou saindo na noite fria de outono.

Dean acompanhou o irmão sem saber como poderia detê-lo.  Assim que ganhou a rua estremeceu de frio.  O conjunto infantil que vestia era suficiente dentro do quarto aquecido; mas ali fora o ar gelado fez o garoto arrepiar-se.

Sam, ao contrário, nem notou a queda de temperatura.  Virou-se em sentido rua acima e seguiu apressado, sem vacilar.

– SAMMY!!

O loirinho correu e ficou na frente do irmão.  Sam simplesmente desviou-se e continuou o caminho.

– Droga!

Dean repetiu o gesto de ficar a frente do caçula, mas dessa vez espalmou as mãozinhas na perna do rapaz, empurrando-o para trás.  O espírito Myling tremeluziu e desviou os olhos subitamente estreitando-os na direção do garotinho.

Como se obedecesse um comando inaudível Sam moveu o braço, colocando a mão sobre a cabeça de Dean e empurrou o menino para o lado com força, tirando-o do caminho e fazendo com que caísse na rua de terra batida.

– Sammy... – Dean esfregou os olhos verdes, tentando tirar uns grãos que areia que lhe atrapalharam a visão, e levantou-se desajeitado – Num vai!

Cuspiu um pouco de terra e voltou a correr até o irmão.  Primeiro grudou na blusa do rapaz, puxando para trás e cravando os pezinhos contra o chão.  Tudo o que conseguiu pelo seu esforço foi ser arrastado, os pés deslizando pela estrada.

– Não... – choramingou cansado pela inutilidade do gesto desesperado.

Soltou o tecido e tentou pará-lo segurando-lhe a perna; mas novamente foi afastado com violência.  Dessa vez Sam apoiou a grande mão no lado do rosto infantil e empurrou fortemente para a esquerda, tirando-o de seu caminho e jogando Dean no chão pela segunda vez.

O garotinho sentiu vontade de chorar enquanto rolava contra a terra.  Parecia incapaz de salvar seu irmão, que rumava sempre sentido rua acima.

Já podia visualizar a colina, o lugar onde cidades pequenas gostavam de construir seus cemitérios; onde a paz e quietude combinavam com o silêncio eterno que apenas a morte oferecia.

– SAMMY!

Dean ergueu-se.  Não sabia se as perninhas tremiam de medo, nervoso ou pela queda – ou talvez fosse por tudo isso junto.  Preparou-se para correr quando sentiu os olhos da Myling cravados em si, o ar ao redor do espírito vibrava de leve e a menininha parecia reluzir cada vez mais, a medida que seguiam rua acima e se aproximavam do solo sagrado.

Engolindo em seco Dean pensou em voltar correndo e pegar o celular para ligar para Bobby e pedir socorro.  A idéia cruzou sua mente rapidamente e desapareceu igualmente veloz.  Nunca haveria tempo.  Cada passo levava Sam mais próximo a morte certa.  Uma morte horrível, afundando lento no terreno de um cemitério.  Vivo.

Não havia alternativa.  Ele precisava salvar Sam.  Precisava dar um jeito de impedir a Myling de prosseguir e finalizar seus planos macabros.

– Sammy...

Num arroubo de coragem o loirinho disparou vencendo os metros que o irmão caçula ganhara de dianteira.  Quando se aproximou suficiente tomou impulso e projetou-se para frente, saltando sobre as longas pernas e segurando nelas com força o bastante para Samuel perder o equilibro e cair no chão.

Apesar disso Dean não soltou.  Continuou segurando as pernas do moreno com todas as forças que seus braços permitiam.

O Winchester caçula permaneceu paralisado por um segundo.  Então encolheu uma das pernas, libertando-se e fazendo Dean soltá-lo, para em seguida esticar com força acertando o pé em cheio no rosto do loirinho.

Dean gemeu alto e caiu chapado de costas no chão, sentindo o gosto de sangue na boca e a respiração ficando difícil por causa do sangue que escorreu pelo nariz cheio de sardas.  Foi um chute desajeitado pela posição dos irmãos, insuficiente para tirar os sentidos de Dean e desacordá-lo, mas forte o bastante para ferir e deixá-lo atordoado.

Através da visão embaçada o garoto notou Sam levantando-se e prosseguindo seu caminho rumo a morte.  A Myling lançou um último olhar na direção de Dean, fitando-o da mesma maneira com a qual olharia um inimigo vencido e inofensivo.  Depois a imagem desfocou parecendo TV sem sintonia e desapareceu.

– Sammy... – Dean queria levantar-se.  Queria muito.  Mas sentia dor e tontura, e sufocou-se com o sangue que escorria pelo nariz ferido.  Quase desistiu.  Quase.

Então o sentimento armazenado por anos e anos desabou sobre o pequenino.  Tudo o que fizera para cuidar de Sam e protegê-lo vieram ao coração infante com força total.  Proteger seu irmão.  Era por isso que o loirinho vivia.  Somente para isso.  Uma missão importante a ponto de trocar a alma e condenar-se ao inferno para que Samuel continuasse vivo.

Tinha que protegê-lo.

Sem forças para erguer-se Dean rolou na terra e cravou os dedinhos no chão de terra, começando a arrastar-se em direção ao cemitério.

Precisava salvar Sammy.

S&D

Bobby Singer passou pela recepção e deixou a chave do quarto com a velha senhora.  Ela lhe sorriu e desejou boa noite, parecendo feliz por ter hóspedes depois de tanto tempo sem receber ninguém.

Assim que saiu na rua o ar frio da noite o acolheu e o fez ajeitar a jaqueta ao redor do corpo.  Aquele ano o inverno prometia ser rigoroso, já se podia prever isso pelo outono que perdia os tons mais mornos.

Olhou de um lado para o outro da rua.  Estava deserta.

Nada de se surpreender naquele vilarejo quase fantasma.  A pequena população já devia estar na cama, recuperando-se do longo e tedioso dia.

Sem perder mais tempo Bobby seguiu em direção ao armazém, orientando-se pelas instruções que Dean lhe dera.  Nem pegou o carro, o lugar era próximo.

O armazém já estava fechado e, aparentemente, vazio.  Deu a volta na construção e forçou a pequena porta dos fundos.  Não temeu encontrar alarme e fez bem: não havia proteção mais sofisticada no prédio de madeira.

Encostou a porta arrombada e pegou uma lanterna na mochila.  Forçou a mente a lembrar-se de tudo que sabia sobre espíritos Myling.  Além do que falara com Dean no quarto do hotel lera que essas entidades ficavam, obrigatoriamente, presas ao local onde seu corpo estava enterrado.  Só podiam sair caso se prendessem a alguém que carregasse uma culpa muito grande.  Então assumiam o controle da pessoa e a guiava até um cemitério onde, graças ao peso do que sentia, a vítima afundava viva no solo sagrado e ali ficava, completamente soterrada.  Só então o Myling voltava para o local onde seu corpo estava aprisionado.

Se Dean vira a menina no armazém havia grande possibilidades dela estar enterrada ali.  Caso contrário... bem, Bobby pensaria nisso apenas se não tivesse sucesso no armazém.

Virou a lanterna de um lado para o outro e caminhou entre as prateleiras até encontrar a porta do porão.

Era evidente que se um corpo estivesse enterrado ali, estaria no porão.  Robert Singer orou apenas para que não fosse um Myling surgido antes da construção do armazém.  Nesse caso seria quase impossível encontrar o corpo.

A porta do porão abria-se para uma pequena escada de cinco degraus.  Depois de galgá-los Bobby arriscou-se a acender a luz.  Ninguém de fora poderia ver que estava ali, de qualquer forma.

Observou tudo com atenção.  Não estava muito bagunçado, mas seria difícil localizar o corpo de uma criança enterrada a, sabe-se Deus, quanto tempo...  e depois que o encontrasse não bastava queimar com sal.  Não. Com um Myling precisava de mais do que apenas sal.  Precisava de óleo e sândalo para purificação e expiação do rancor que aquela criatura sentia.  Rancor que funcionava como pólo oposto de um imã: quanto maior a culpa sentida pela vítima, mais forte se tornava o rancor do espírito e mais profundas as amarras que os prendia.

Respirando fundo o caçador começou sua busca.  Bobby balançou a cabeça e ajeitou o boné sobre os cabelos.  Claro que tinha óleo e sândalo na mochila.  Já precisara de ambos em ocasiões anteriores.  Agora só precisava encontrar o corpo.  E isso, infelizmente, parecia que levaria algum tempo...

Sorte a sua que Sam Winchester estava dormindo pesadamente no quarto do hotel.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Como tudo que é bom dura pouco... férias, por que partiu sua linda?! Rsrsrs, aff trabalhar em prefeitura é um saco. Muda a direção da escola e minha secretaria ficou uma bagunça! Snif, e eu que sou tão organizada e metódica, como sofro. Mas paciência... faz parte.
.
Boa, super, linda semana! Até segunda e... vish... eu ia falar beijo na bunda, mas acho que levaria umas pedradas muito justas xD



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