Um Novo Amor Doce escrita por N Baptista


Capítulo 21
Episódio 9 férias na praia parte 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, eu sou enrolada mesmo.
Bem, esta é a terceira e última parte do episódio 9, a partir do próximo elas saem da praia. Estamos estreando uma nova personagem que vai ser melhor explicada nos próximos capítulos. Sejam bonzinhos com ela, mas sintam-se a vontade para expressar suas opiniões nos comentários.
É isso,
Boa leitura.



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POV Talixka:

Qual é a graça de estar em uma casa de praia e não sair do ar condicionado? Rir das suas amigas teimosas que não te deram ouvidos no dia anterior e viraram lagostas sob o sol!

– Para de rir Tali – Reclamou Hally – Não tem graça!

– É – Concordou Pedí – A gente tá sofrendo...

– Ah, é carma por vocês terem me abandonado ontem! Só espero que a tarde com os meninos tenha valido a pena.

As duas ficaram vermelhas e voltaram a olhar para a TV. Avisei minha mãe que estava de saída, papai tinha ido procurar meu avô que reiniciou o personagem de vendedor ambulante. Pedí e Hally fingiram não se importar, sabiam que eu só queria provoca-las, então peguei minha bolsa e fui para a praia.

O tempo está agradável hoje, não gosto muito de sol, por isso fico contente em ver o céu meio nublado. Também não vieram muitas pessoas hoje e a areia está quase deserta, isso também é agradável. Pensei em entrar na água... Ou posso fazer isso mais tarde. Ah, quem eu quero enganar? Sou o tipo de garota que fica em casa lendo, desenhando, escrevendo (isso me faz lembrar que preciso devolver o caderno pra Hally). Acho que se não encontrar nada pra fazer vou voltar pra casa...

– Ai! – Trombei com alguém.

– Desculpa – Olhei para a garota – Eu estava distraída.

– Tudo bem... Ah, oi Talixka!

– Rosalya? Oi. – Cumprimentei-a – Nossa não esperava ver ninguém conhecido na praia com esse tempo.

– Ah, mas teve que ser – Ela respondeu rolando os olhos – Se tivesse sol que nem ontem, os dois “vampiros” não iam querer sair de casa.

– Han, vampiros?

– Como você exagera Rosa! – Disse uma voz atrás de mim.

Virei-me para olhar e vi Leigh carregando o que deduzi serem as coisas da garota.

– Leigh, quanto tempo! – Sorri para ele.

– Olá Talixka, realmente faz um bom tempo que não nos vemos.

Olhei bem para ele estranhando seus trajes vitorianos NA PRAIA.

– Er... Leigh, por que você não está com roupas de banho?

– Eu não gosto muito para ser sincero. Prefiro como estou.

O rapaz se afastou um pouco para colocar as suas coisas na areia.

– Então Talixka – Falou Rosa – O que te trás à praia em um dia nublado?

– Eu e minha família estamos na casa de praia do meu avô, Pedí e Hally também vieram, mas se torraram ontem no sol e hoje mal conseguem se mexer.

– (ha ha) Coitadas! – Ela não conseguiu conter a risada.

– Entãaao – Comecei a brincar com um dos meus cachos – O Lysandre não veio com vocês?

– Veio sim – Rosalya olhou para os lados – Mas sumiu de vista assim que pisamos na areia.

Balancei a cabeça para mostrar que tinha entendido e fiquei olhando o movimento da praia enquanto Rosa me contava uma coisa engraçada que ela viu na loja de biquínis. Leigh logo se juntou a nós e a garota passou a mimar o namorado (#Sobrei).

– Rosalya – Eu disse – Posso deixar a minha bolsa junto das suas? Queria dar uma volta.

– Claro tudo bem. – Ela falou sem me dar muita bola, mas chamou antes que eu saísse – Talixka, se você vir o Lys-fofo, diz pra ele dar sinal de vida.

– Ok, pode deixar.

Caminhei por um bom tempo molhando os pés nas ondinhas (o mar está gelado! Vou pensar umas 50 vezes antes de dar um mergulho). Vi meu pai correndo atrás do vovô e gritando algo como “Papai, volta pra casa” e o outro lhe atirando balas de iogurte e respondendo “NUNCA!”. Senti meu rosto esquentar, esses dois ainda me matam de vergonha!

Fui até o final da praia para sentar nas pedras e sorri quando vi que já tinha alguém lá. Lysandre observava as ondas, imerso em pensamentos. Sorri maldosamente e me aproximei por trás para lhe dar um susto...

– Oi Talixka. – Ele disse sem se virar e quem se assustou fui eu.

– Que chato – Fiz bico – Como você sabia que eu estava aqui?

– Senti o seu perfume. – O garoto respondeu estendendo a mão para me ajudar a subir na pedra.

Sentei-me ao seu lado e ficamos os dois olhando o mar.

– O acaso é produtivo – Falou finalmente – Eu nunca imaginei encontrar alguém da escola aqui.

– (ha ha) Pra dizer a verdade, ontem Hally e Pedí encontraram Castiel e Nathaniel. Essa praia anda bem movimentada!

– Sério? – Ele arqueou as sobrancelhas – E os dois não tentaram se matar?

– Ah não, ELES não se encontraram – Apressei-me em explicar – Foi só um estranho acaso mesmo.

– Assim como Rosalya obrigar a mim e ao meu irmão a vir à praia justo no dia em que você está aqui – Lys me olhou sorrindo – Falando nisso, você já encontrou com eles?

– Uhum. E reparei que seu irmão não muda o estilo nem pra ir a praia... Pera! – Olhei bem pra ele – Agora que eu estou vendo, você está com roupas “normais”.

– Naturalmente – Ele riu – Não imagino como ficaria um traje de banho em estilo vitoriano.

– É verdade. Ficaria... interessante – (Pra não falar estranho) – Mas por que você está de camisa? Apesar de tudo, ainda tem sol.

– Sinto-me mais a vontade assim.

Voltamos a olhar o mar, mas meus olhos insistiam em querer virar para ele. Escutamos uma confusão na praia e Lysandre se virou pra olhar, mas eu sabia que provavelmente era mais uma cena do meu avô, então só fiquei fitando as costas cobertas do Lys e...

Flashback on:

–... Posso dizer que ele veio do interior e... Tem uma tatuagem nas costas.

– Uma tatuagem? – Talixka arregalou os olhos.

– Como é? – Perguntou Bia.

– Ah gente, não sei – Rosalya riu – Na verdade eu nunca vi.

Flashback off.

Lysandre tem uma tatuagem nas costas, Rosa disse isso na festa do pijama. Como será que ela é? (Talixka, não seja curiosa!) Mas é uma curiosidade inocente, certo? Certo! Então... Como faço para ver a tatuagem? Acho que se formos nadar ele vai ter que tirar a camisa.

– Er... Lysandre? – Chamei quando ele voltou a virar para frente – E se fossemos dar um mergulho?

– Ah, pode ir. – Respondeu desinteressado – Eu não tenho vontade.

– Tudo bem, eu fico aqui com você então. – Entortei a boca desapontada.

– Pode ir, Talixka. Eu não quero te prender.

Eita boca grande a minha! Falei e agora tenho que entrar nessa água... G-G-G-GELADA!!! Ai pai! Pior do que nadar em água gelada é ainda por cima nem poder demonstrar que está com frio, porque está sendo observada e... Pera, cadê o Lysandre? E por que eu ainda não saí do mar?

Quando cheguei à areia, estava molhada, tremendo e com os dentes batendo de frio. Resolvi que era melhor procurar a Rosalya para pegar uma toalha na minha bolsa.

– Ai! – Trombei com alguém (eu to mal hoje hein).

– Olha por onde anda sua estúpida! – Gritou a garota de cabelo rosa.

– Desculpa. – Falei saindo de perto.

Que gênio o dessa menina, será que a Ambre colocou uma peruca e voltou pra praia?!

POV Chibi:

Ai que saco! Aquela garota me molhou toda, e de água fria ainda por cima. (sarcasmo) Legal, eu estava mesmo super a fim de vir à praia com a mala da minha irmã e ainda congelar com esse mar de Titanic!

– CHIBIIIII!!! – Falando no capeta...

– O que foi Korina? – Perguntei me virando para a minha irmã dois anos mais nova, com seu cabelo verde arrepiado e suas sardas por todo o rosto.

Não acredito que somos parentes, eu sou tão admirada e ela é tão... Não eu!

– Chibi, xê num sabi – Ela começou com a boca cheia – O vendedo ambulanti tava tacandu bala pela paia!

A garota estendeu a barra dobrada da camiseta, revelando sua sacola improvisada, cheia de balas.

– Que desespero guria, não tem comida em casa não? – Revirei os olhos.

– Comida eu tenho – Respondeu dando língua – Mas não vou desperdiçar bala grátis!

– Você vai acabar com verme por comer essas coisas do chão!

– Fala sério Chibi, estão embrulhadas no papelzinho, assim não suja, sua enjoada. – Argumentou colocando mais algumas na boca.

Suspirei juntando meus cabelos cor-de-rosa em um só ombro e pus as mãos na cintura. Não queria estender muito a conversa, não tenho paciência com a Korina, apesar de ela ser a única amiga que me sobrou... Por que a gente tinha que se mudar pra esse fim de mundo que é Ville Kiss?! Minha mãe nunca devia ter sido promovida, por culpa dela eu perdi meus amigos e meu contrato de modelo. De quebra ainda vou começar em uma escola nova cheia de Losers.

– Que estranho! – Comentou a de cabelo verde.

– Estranho o quê Korina? – Ergui minhas sobrancelhas acordando de meu devaneio.

– Aquele surfista – Ela apontou para algum lugar atrás de mim – Jurava que ele vinha falar com você.

Esse comentário me fez arregalar os olhos e virar para onde minha irmã apontava. Vi um cara LINDO, de cabelos loiros, pele bronzeada, forte, tatuado, carregando uma prancha de surf e paquerando uma morena sem graça.

– Acho que ele cansou de esperar que eu saísse de perto. – Continuou Korina me fazendo ter um sobressalto.

– OQUEEEÊ?! QUER DIZER QUE VOCÊ PERCEBEU QUE AQUELE GATO SÓ TAVA ESPERANDO VOCÊ SAIR DE PERTO PRA VIR FALAR COMIGO... E NÃO SE ESFUMAÇOU?!

– Eu não sou fumaça! – Respondeu a guria sem perceber que sua vida estava em risco.

– Corre Korina! – Mandei de olhos fechados e apertando os punhos.

– O que? – Perguntou com a boca cheia de balas novamente (Ai que nojo).

– CORRE! – Danei a persegui-la pela praia (Essa pirralha me paga!).

POV Talixka:

Cheguei tremendo de frio aonde Rosalya estava e Leigh se levantou depressa.

– Talixka, você entrou na água com um tempo destes?! – O rapaz parecia surpreso e preocupado.

Rosa pegou uma toalha e se apressou em joga-la sobre os meus ombros dizendo:

– Sua louca, assim vai congelar!

Fui me acalmando a medida que me sentia mais aquecida e logo comecei a rir da minha própria besteira.

– O que foi? – Perguntou a garota quando o namorado se distraiu um pouco.

– Ah, não é nada. Só que... pelos fracassos da Pedí, eu já devia ter aprendido que planos infalíveis sempre falham.

– Han? Como assim? – Ela me olhou num misto de curiosidade e confusão por trás da franja branca.

– Ai – Joguei a cabeça para trás – Tenho até vergonha de falar.

– Talixka, qual é, somos amigas. Pode confiar em mim.

O sorriso da garota era sincero e eu sabia disso. Observei Leigh se afastando para atender o celular, que tocava, e então respirei fundo.

– Encontrei o Lysandre mais pra lá na praia, nós conversamos e, por algum motivo, eu me lembrei do que você falou na festa da Melody, sobre ele ter uma tatuagem nas costas...

– (ha ha ha) Mas o Lys-fofo está de camisa, não é? – Ela começou a rir – Daí você pensou que dando um mergulho ele tiraria, mas o Lysandre não gosta muito de nadar e você acabou indo sozinha. Coitada!

– (Sarcasmo) Nossa Rosa, obrigada pela consideração... Eu já estava me sentindo muito boba antes de você começar a rir.

– Desculpa Tali... Posso te chamar de Tali, não é? – Fiz que sim com a cabeça – Então, Tali, é só que eu achei bonitinha essa sua quedinha pelo Lys-fofo.

– E-E-Eu não tenho uma queda por ele! – Tomei um susto, gaguejei e senti o rosto esquentar... O que está acontecendo?

Rosalya colocou a mão no queixo de forma pensativa e fez uma expressão de “ideias a 1000” que me deu o maior medo, odeio quando as pessoas fazem isso. De repente a garota deu um pulo na minha direção fazendo com que eu quase caísse para trás.

– Já sei, eu vou te ajudar! – Disse na maior empolgação.

– O-O que?!

– Isso mesmo – Rosa pegou o meu braço e saiu me arrastando pela praia – Vem, vamos colocar o plano em ação!

– Que plano?

– O que eu acabei de formular! – Respondeu olhando atentamente para a areia – Precisamos de um incentivo para ele tirar a camisa, pensei que a gente pode colocar um inseto no ombro dele. Vai, me ajuda a procurar.

– Ro-Rosa, mas como você vai pegar um inseto? – (Não, inseto não!)

Ela parou bruscamente (Ufa).

– É, tem razão – Falou voltando a andar – Melhor você ir atrás de um graveto enquanto eu procuro o inseto.

Realmente quis questionar, mas ela já não estava me ouvindo, então só suspirei pesadamente e fui fazer o que me pediu. Caminhei um pouco e apanhei um graveto que estava jogado na areia. Escutei um grito e vi aquela garota de cabelo comprido rosa correndo atrás de uma outra de cabelo curto e verde, parecia raivosa (eu que não queria me meter com ela). Voltei para onde Rosalya estava e a encontrei com um sorriso psicótico para umas rochas.

– Conseguiu? – Perguntou já estendendo a mão.

Entreguei-lhe o graveto e fiquei olhando enquanto ela tentava capturar uma aranha pequena que era motivo de seu sorriso.

– Pronto – Entregou-me – Agora é só colocar na camisa dele.

– Mas, Rosa, eu não sei se é uma boa ideia... Eu nem sei onde está o Lysandre...

– Está ali, agora vai! – Ela apontou para umas barraquinhas e me empurrou nessa direção.

Fiquei olhando aquela arainha preguiçosa que nem se movia (será que ela tá viva?). Cheguei por trás do Lys tomando ainda mais cuidado que da última vez e passei a coisinha para sua manga, imediatamente largando o graveto.

– Lysandre? – Chamei.

– Talixka?! – Ele se virou pra mim sorrindo – Enfim te achei!

– Bem, eu quem devia dizer isso. Foi você quem sumiu de vista quando fui nadar. Se queria ficar sozinho, devia ter falado. Eu teria entendido...

– Não! – Ele me interrompeu – Não foi nada disso, eu gostei muito da sua companhia. Acontece que aquele vendedor ambulante e o outro cara, que pareceu ser o filho dele, correram para a direção em que eu estava e me vi obrigado a ir para um pouco mais distante, até fui acertado por um caramelo. Mas quando voltei você não estava mais lá. Sinto muito... Mas por que está tão vermelha?

Devo ter ficado muito vermelha mesmo, considerando que paralisei com os olhos arregalados e sentindo o meu rosto QUEIMAR. (Calma Talixka, calma Talixka, ele não sabe que foi a sua família) Nessa hora reparei em algo que se mexia em seu ombro e lembrei da aranha.

– Er... Lysandre, acho que tem um bicho no seu ombro. – Disse apontando a coisinha.

– Ah – Para meu desânimo, ele só deu um tapinha que espantou o bicho – N-Nossa... Me desculpe... – (Por que ele tá me olhando assim?)

Vi alguma coisa escura escorregar pelo meu cabelo azul... A ARANHA TÁ NA MINHA CABEÇAAAA!!!!! Comecei a gritar desesperada, passando as mãos violentamente pelo cabelo e saí correndo para longe.

POV Chibi:

–SOCORRO, TIO JACK, ME AJUDA!!! – Korina gritou pulando em cima do nosso tio.

– Ai, suas macacas! – Exclamou com a voz afetada – O que foi dessa vez?

– É essa daí que fica torrando as minhas chances com os surfistas. – Esbravejei balançando os braços.

Meu tio deu um pulo afastando a pestinha.

– Ai Korina, se você está espantando os bofes, é melhor nem ficar perto de mim. – (É, ele é muito gay!)

Minha irmã fechou a cara e sentou sob o guarda-sol resmungando:

– Não sei por que os caras correm atrás da Chibi – Me achei e joguei o cabelo pra trás – Ela é a maior baranga!

–... O QUÊEEE??!! – Quis pular em cima dela, mas tio Jack me segurou – Você não dá valor a vida, né guria?!

– Chibi, querida, se controla! – Falou meu tio – Deixa que eu tomo conta da Korina, e vai dar um mergulho ou sei lá, esfriar a cabeça.

Soltei um profundo suspiro e dei as costas caminhando, talvez um mergulho seja boa ideia, já que o céu está abrindo. Caminhei pela areia buscando com meus olhos algo interessante e acabei vendo um rapaz sentado um pouco distante. Devido o cenário, se ele estivesse com qualquer outra roupa eu não o reconheceria, mas assim era impossível não saber que se tratava do carinha da loja de roupas que fica no lado oposto da rua onde fica a joalheria do meu tio. Não me lembro o nome dele, sou melhor guardando fisionomia... e que fisionomia! Pera, tem uma guria de cabelo branco me olhando estranho... Deve ser a namorada dele. Eu poderia facilmente ir lá e provocar um pouquinho, mas acho que não vou querer encrencas por enquanto, mal cheguei na cidade. Além do mais, nem preciso me preocupar, com tantos carinhas gatos por aqui.

– Oi – Disse uma voz atrás de mim – Está sozinha?

Virei-me e vi o surfista de mais cedo (legal! Korina não destruiu todas as minhas chances!).

– Bem, na verdade estou fugindo da minha irmã.

– Hum, uma de cabelo verde que estava com você há pouco? – Ele apontou para perto das rochas onde a pirralha me achou da primeira vez.

– Essa mesma – Olhei para os lados – Então se a vir chegando me avise que eu saio correndo (ha ha).

– Bem, nesse caso é melhor irmos para mais distante, não quero correr o risco de você fugindo pra longe de mim. – O carinha falou abrindo o maior sorriso Colgate.

– Claro, por que não?!

POV Talixka:

– ARANHA... – Trombei com alguém e caí no chão de olhos fechados – ARANHA! ARANHA!! ARANHAAA!!!!!

– Tali, querida, se acalme! – É a voz do meu pai, mas não consigo abrir os olhos.

– ARANHA! ARANHA!! – Continuei esperneando.

O ambiente ao meu redor ficou quieto de repente, então senti algo gelado cair sobre mim, me molhando toda, só aí abri meus olhos.

– O que? Fiz ela parar! – Meu avô tinha virado uma garrafa d’agua na minha cabeça.

– Talixka! – Lysandre se aproximou correndo e veio pro meu lado – Está tudo bem? – Estendeu a mão para me ajudar a levantar – Não sabia que você tinha medo de animais.

– Só quando estão na minha cabeça. – Sorri fraco quando me pus de pé.

– Filha, quem é o seu amigo? – (Ai não! Por favor, diz que por correr de olhos fechados eu bati a cabeça e estou inconsciente!)

– O senhor é o pai da Talixka? – Lys pareceu confuso, mas estendeu a mão – Eu sou Lysandre, somos colegas de sala.

Meu pai retribuiu o aperto de mão dizendo:

– Lysandre? Acho que já ouvi falar de você! – (E-Eu nunca falei do Lys em casa...) – Não é aquele garoto que a Pedí nunca lembra o nome?

O garoto riu confirmando e eu o acompanhei, papai continuou:

– Já ouvi a Tali completar as frases da amiga quando você estava no assunto. Não é papai? – (Cadê o meu avô?) – Papai?

O homem estava prestes a correr quando segurei em seu braço.

– Não faz isso – Implorei – O vovô já é bem grandinho, e vai voltar pra casa daqui a pouco. Acho melhor o senhor ir pra lá agora, mamãe está com um barrigão de grávida, e as meninas estão super tostadas no sofá, nem se mexem. Acho que precisam mais de você do que Louis o vendedor ambulante (rico, diga-se de passagem).

– Tem razão! Se cuida, meu anjo. – Ele me deu um beijo na testa – E você Lysandre, saiba que eu estou de olho! – (Tava demorando!)

Lys apenas sorriu batendo uma leve continência que fez o meu pai gargalhar enquanto se afastava.

– Acho melhor procurarmos a Rosalya – Falou quando ficamos sozinhos – Ela deve ter uma toalha pra você.

– Obrigada, mas não preciso – Sorri para ele – O sol saiu, logo logo eu seco.

Ele concordou em silêncio e ficou olhando o mar distraidamente.

– Seu pai parece legal – Assustei-me com sua voz quebrando o silêncio – Seu avô também... Apesar de um pouco excêntrico... Mas quem sou eu pra julgar?! (ha ha)

Sorri com o comentário e fiquei fitando o seu rosto até que desviasse os olhos para mim. Encaramo-nos por um tempo em silêncio. Seus olhos são tão diferentes, não pela heterocromia, me refiro ao seu olhar, é misterioso... Ele todo é um mistério.

– Como são seus pais Lysandre?

– Meus pais? Bem... Não sei o que te dizer. Eles tem uma fazenda no interior e as atividades do campo faziam parte do dia-a-dia meu e do Leigh.

– Você sente falta?

– Não exatamente. Eu não gostava muito e meu irmão ainda menos. Mas não tinha apenas o lado negativo de morar com insetos, por exemplo. Meus pais tinham um cercado onde eu acabava ficando bastante tempo quando criança.

– Qual tipo de animal tinha dentro do cercado? – Juntei as mãos e abri um sorriso curioso.

– Coelhos – Lysandre riu meio sem graça – Eu sempre abria o cercado pra brincar com eles no celeiro e eles nunca iam muito longe.

Ele se perdeu por um instante voltando a olhar as ondas, talvez estivesse lembrando de algo. Então voltando a si, balançou a cabeça e se virou para mim.

– É a única coisa que me faz falta. Mas eu era contra a ideia de criar animais para depois leva-los ao abate... Além disso eu e Leigh preferimos bem mais o ambiente urbano.

– Então vocês não moram mais com seus pais?

– Como Leigh é maior de idade, ele tem um apartamento e eu moro com ele para poder ir à escola. Nós vamos sempre visitar nossos pais.

Entendo, acho que se a Pedí pudesse escolher, moraria com o Rick também.

– Sente falta deles? – Baixei os olhos para a areia.

– Nem tanto, pois eu os vejo sempre, além disso, meu irmão está por perto. Eu nunca fui muito ligado a eles. Mas são gentis. Mesmo assim...

– Você e Leigh são mesmo muito próximos – Foi minha vez de olhar o mar – Espero também passar toda essa segurança para a minha irmãzinha depois que ela nascer...

O silêncio não durou nem um suspiro.

– Me fale de você Talixka!

– D-De mim? – Assustei-me – Mas minha vida não é interessante.

– E nem a minha – Ele sorriu – Mesmo assim você se interessou em ouvir.

– Está bem – Suspirei – Eu cresci em uma cidade vizinha, sempre morei em apartamento. Minha família se mudou para Ville Kiss para cuidar da saúde do meu avô, mas é inútil discutir com aquela mula teimosa, ele não vai parar de trabalhar! Sabe, é que ele não precisa, mas gosta disso.

– Dá pra ver que ele é bem empolgado.

– É! – Ri olhando pra ele – Sobre o que você disse de ser contra criar animais para leva-los ao abate, concordo com você, na verdade sou vegetariana.

– Isso é bem legal!

– Mas a verdade é que ninguém gosta de ser convidado pra comer na minha casa (ha ha). Bem... eu gosto de desenhar! Roupas principalmente, as meninas dizem que sou boa. E... como já falei, vou ganhar uma irmãzinha em breve.

– E você diz que sua vida não é interessante?! – Ele riu.

– Bem, eu não acho! – Ri também.

POV Chibi:

– Então o surfista falou enquanto caminhávamos pela praia – Diz pra mim qual escola você está, eu vou me inscrever logo!

– (ha ha) Que pressa! – Nós rimos – No próximo semestre eu começo na Sweet Amoris.

– Eu não sabia que havia garotas tão bonitas por lá... Que pena que é tão longe da minha casa.

– Obrigada!

– Mas diz aí, como você se chama?

– ChibiNatale – Respondi orgulhosa – Mas me chame de Chibi, é o que todo mundo faz. E você?

– Seu nome é tão bonito quanto a dona – (sorriso Colgate) – Eu me chamo Dakota, mas todo mundo me chama de Dake.

– Encantada! – Sorri sincera e pisquei pra ele, quem resiste?

Demos mais alguns passos antes que ele retomasse a conversa:

– Você vem sempre aqui?

– Tirou essa do fundo do baú hein?! – Ele riu – Mas não, é a primeira vez. Eu morava me outra cidade antes.

– Sério? Eu também não sou daqui, sou originário da Austrália. Vim visitar alguns familiares. Fiquei contente quando soube que tinha uma praia perto, mas aqui não tem boa onda, trouxe a minha prancha sem necessidade.

– Você curte surfar? Que massa! Eu sempre quis aprender.

– Eu teria o maior prazer em te ensinar, mas como já disse – Apontou para o mar – Aqui não tem boa onda.

– Certo, eu entendo.

Ficamos quietos por um tempo... Tempo suficiente para ouvir uma voz atrás de mim:

– Chibiii!!! – (Droga Korina, volta pra debaixo da cama bicho papão) – Tio Jack disse que eu tinha que pedir desculpa, então trouxe isso. – Colocou uma concha espiral na palma da minha mão – Eu achei muito bonita... Quem é o seu amigo?

– Ah, oi pequena – Ele estendeu a mão pra ela – Eu sou Dake, e você?

– KorinaMoon! Porque tem tanta tatuagem? – Minha irmã fez uma careta engraçada.

– (ha ha) Por que? Você não gosta?

– Não! Eu detesto tatuagem!

– Não é você quem tem que gostar Korina! – Retruquei lhe dando um pedala – Ainda é uma garotinha do fundamental.

A pirralha me deu língua e virou a cara dizendo:

– Ano que vem eu vou pro ensino médio, aí vamos estudar juntas. Além do mais isso não tem nada a ver, odeio tatuagens. Exceto as de tribos indígenas que tem todo um contexto cultural e tals...

– É a moda de onde eu venho – Dake riu – Não chega a ser tão diferente.

– Ainda sim...

– AAAHH! – O grito foi meu... A concha está se mexendo!

Abri a mão lentamente e vi aquele bicho gosmento melando a minha palma... KORINAAA!!! Sacudi a mão freneticamente até aquela coisa sair voando, então direcionei meu olhar assassino para a bizarrinha de cabelo verde que tinha arregalado em espanto seus olhos de íris roxas.

– 5, 4, 3 – Comecei a contar e ela já entendeu que era pra sumir da minha frente – 2, 1...

Estava pronta pra correr atrás dela quando Dake me impediu segurando o meu braço.

– Ei, calma gatinha! A pequena não fez por mal. Não vamos deixar que isso estrague o nosso momento juntos.

Suspirei pesadamente e concordei com a cabeça, ele segurou a minha mão e nos levou para mais distante. Acabamos encontrando o vendedor ambulante.

– Precisam de alguma coisa? – Ele perguntou sorridente.

– Dois sonhos por favor – Pediu o surfista – Você gosta, não é?

Concordei com a cabeça e o vendedor nos entregou, Dake pagou pelos dois e me puxou para que comêssemos mais próximos do mar. Sentamo-nos na areia e ele devorou o seu, depois ficou sorrindo, esperando que eu também terminasse (Me pergunto qual será o seu plano...).

– Você está afim de uma pequena aula de surf? – Perguntou de repente – Eu sei que não está rolando onda, mas para te mostrar as bases do surf, é até melhor assim.

Pensei por um instante...

– Por que não?

– Então vamos!

Ele me explicou várias coisas, como me posicionar, a prancha, o movimento da água... Eu não consegui entender tudo, mas foi divertida esta aula.

– Vá, tente subir na prancha agora!

– Tem certeza? – Hesitei arregalando os olhos – Eu vou cair...

– (ha ha) Não tem perigo, é apenas água, venha!

Eu tentei subir na prancha, e o único resultado foi cair diretamente na água! (lógico, eu já esperava!) Dake caiu na gargalhada e me ajudou a levantar. Ele se curvou na minha direção e... Nos beijamos!

POV Talixka:

– Psiu, Tali – Vi Rosalya me chamando e... Tentando ser discreta – Vem aqui!

– Er... Lysandre, eu já volto – Falei – Só vou ali descobrir o que a Rosa quer.

Ele concordou silenciosamente eu fui até minha amiga que suspirou pesadamente.

– Estou vendo que o plano da aranha não deu certo.

– Para ser franca, não poderia ter dado mais errado... Alguma outra ideia?

– Eu seguro ele e você tira a camisa?

– (ha ha) Seria bom uma ideia que não precisasse segurar o Lysandre...

– Hum, verdade... – (Ela tava falando sério?) – Fora que ele é muito forte e a gente não conseguiria.

Olhei um pouco para Lys que fitava o horizonte distraído.

– Não seria melhor desistir? Digo, não acho que vamos conseguir alguma coisa...

– Ele tem que tirar a camisa por ele mesmo. – (Acho que ela não tá me ouvindo) – Você pode propor de passar filtro solar.

– Eu... Eu nunca conseguiria! – (Tá falando sério?) – É muito... Quer dizer, não é o tipo de coisa que se faz com um colega de sala!

Rosalya pôs as mãos na cintura dizendo:

– Você quer ver a tatuagem, sim ou não?

– Não sei... Não acho apropriado... Eu... Eu quero...

– Então vá! – Ela me estendeu uma embalagem plástica – Pode usar o meu protetor.

(Pera, ela já tinha premeditado isso?) Rosa voltou para onde Leigh estava e eu fechei os olhos para pensar (Isso vai dar errado, sempre dá!).

– Nós dois passamos a maior parte do tempo perdidos em pensamentos hoje.

– Ah, Lysandre! – Não o vi se aproximar – Bem, eu estava pensando... – (Acabei de me dar conta do ridículo dessa ideia... Ele está com uma camisa, não corre risco de se queimar no sol!)

– Eu? – Perguntou franzindo as sobrancelhas – Você está com o protetor solar na sua mão, você quer que eu passe, é isso?

– Hein? – Arregalei os olhos – Falando sério?

– Não era isso que você ia dizer? Eu vi que você estava constrangida, por isso cheguei a essa conclusão...

– S-Sim... Se você não se incomodar... – (Se eu soubesse que as coisas iam tomar este rumo! Ai pai...)

Eu me sentei ao seu lado na areia e ele passou protetor nas minhas costas. Nem consegui encara-lo, que vergonha!

– Pronto, talvez não tenha utilidade, visto que o sol resolveu se esconder...

– O-Obrigada, Lysandre. – Gaguejei com as bochechas quentes.

– Bem, acho que vou para casa agora... O tempo realmente não estava do nosso lado hoje...

– Oh... Que pena. – (Mas já?)

– Você quer ficar do meu lado enquanto eu procuro o meu irmão e a Rosa?

– Está bem!

Nós começamos a andar em círculos na praia procurando Rosalya e Leigh, mas aí as primeiras gotas de chuva começaram a cair.

– Vamos tentar encontra-los antes que a chuva piore.

– Onde será que eles estão? Nós deveríamos acelerar – Disse colocando o braço por sobre os meus ombros para apertarmos o passo – Antes de ficarmos completamente molhados.

A chuva começou a cair cada vez mais forte (não sei como o tempo fechou tão rápido). Acabamos no meio de uma verdadeira tempestade. Lysandre tirou a camisa para nos proteger um pouco da chuva enquanto corríamos para um abrigo, mas na confusão eu nem vi a tatuagem.


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Notas finais do capítulo

CibiNatale é da minha conta na França. KorinaMoon é da conta na Espanha, se quiserem adiciona-las...
Sim, sou viciada no jogo kkk



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