Um Novo Amor Doce escrita por N Baptista


Capítulo 15
Clubes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/281155/chapter/15




Tali e eu estamos no clube de basquete, mas acho que já escrevi sobre isso, o que eu não escrevi é como as coisas funcionam lá. Basicamente, temos os titulares, que são os que jogam de verdade. Estamos numa maré boa em que ainda não perdemos nenhum jogo da temporada. Só pra constar a mascote da Sweet Amoris é a Sweet Fox (ou raposa pra quem não sabe inglês). No time só tem meninos e o treinador nem cogita de colocar a gente em quadra (Talixka agradece por isso), o que me revolta, porque sou melhor que metade do time! Os reservas ficam no banco a tarde toda, mas Castiel fica na última fileira da arquibancada (quando aparece), ele não tá nem aí. E quanto a nós meninas? Talixka, Kim e eu ficamos responsáveis por limpar as bolas de basquete, pegar água para os jogadores e fingir que não queremos bater a cabeça do treinador na arquibancada pra ver se ele entra em coma.




– Ah Hally, não faz essa cara – Disse a Tali – É normal que enquanto os meninos suem naquela quadra se matando por uma bola suja, as meninas fiquem no apoio... Aonde ninguém vai nos machucar.

Nessa hora dois jogadores trombaram e se estatelaram no chão, inconscientemente enfatizando o que a minha amiga acabou de dizer.

– Mas e se eu quiser me machucar? – (tá legal, não pegou bem) – Digo, não acho justo! Eu jogo melhor que metade desses caras!

– Ah! Essa eu gostaria de ver! – A voz atrás de mim é inconfundível.

– Oi Castiel. Os reservas tão em quadra pro treino. Não vai pedir pra entrar?

Ele tinha acabado de chegar (estava mega atrasado) e sentou na arquibancada dando de ombros pra minha pergunta.

– É claro que ele vai jogar! – Disse o treinador se aproximando – E pra compensar o atraso, vai enfrentar um mano a mano.

Com as palavras do treinador, todos na quadra pararam para prestar atenção. Cass não pareceu se intimidar, ele se inclinou para frente e debochou:

– Contra você?

Tá certo que o treinador já foi um grande jogador no passado, mas agora está velho, perto de se aposentar. Será que ele aguenta?

– Não – Respondeu o mais velho com a maior tranquilidade – Contra a Hallyane.

– O QUE?! – Tomei o maior susto e sem querer chutei a estante de bolas fazendo-a balançar.

– Isso mesmo – Disse o treinador virando pra mim – Você não disse que joga melhor que metade do time? Então é a hora de provar.

Ele se afastou apitando para que os garotos saíssem da quadra e Talixka puxou o meu braço.

– Hally, acho que não é uma boa ideia, não enfrenta o Castiel. Acha que pode ganhar?

– Ah, eu acho, o problema é que se eu ganho, ele fica super bravo. E se eu perco... Minha moral já era!

– Quem mandou ter boca grande?!

Ela tem razão, quem mandou eu ter boca grande?! Virei-me completamente sem graça para andar com Castiel até o garrafão. O treinador apitou para a gente começar (odeio esse barulho, porque ele simplesmente não fala?) e eu estava com a bola. Não foi nem justo, Cass não sabia o que esperar, nem me viu fazer a cesta. Os caras do time começaram a assobiar e zoar, bando de idiotas!

Na segunda vez ele começou com a bola, foi bem, me enganou e chegou bem perto para sua bandeja. Mas fui mais rápida e interceptei, ele me olhou de um forma mega sombria e eu só consegui murmurar algo como “me desculpa”. Eu comecei com a bola outra vez, e o treinador avisou que se a cesta saísse seria fim de jogo. Arremessei e ela quicou na tabela e voltou, Cass pegou e arremessou, a danada girou no aro, mas saiu. Os garotos do time começaram a gritar e bater os pés no chão. Peguei a bola e arremessei de onde estava mesmo... Era uma cesta de 3 pontos... Ah meleca! O treinador apitou o fim do desafio, e eu nunca tinha visto o Castiel tão vermelho de raiva. Não ajudava nada os manés do time ficarem rindo e debochando. Ouvi Dajan chama-lo de mulherzinha e isso foi a gota d’agua.

– E você – Gritei chamando a atenção de todos – Se é tão macho, vem cá e me enfrenta.

Talixka me olhou com cara de “Pirou guria?” e Kim sorriu aprovando a minha audácia. A figura alta de Dajan se levantou da arquibancada e veio na minha direção, era quase o dobro da minha altura, mas sustentei o olhar de provocação. Ele me jogou a bola dizendo “Damas primeiro”, tive vontade de dizer “Então pode ir”, mas apenas dei um sorriso sarcástico enquanto esperava o apito de inicio. Castiel estava sentado na última fileira de bancos e nem olhava, enquanto os caras do time assobiavam me chamando de “Princesinha da quadra” como deboche, e Talixka roía as unhas de preocupação.

Soou o apito e o garoto me deu um toco se apossando da bola. Ele girou e arremessou, mas eu pulei e dei um toque que tirou a bola da rota, assim ela só bateu na tabela e voltou pras minhas mãos, então fiz uma bandeja. Metade do time aplaudiu e a outra metade vaiou, mas o jogo continuou. Dajan partiu com tudo para a cesta e tentei defender, mas trombamos e eu cai sentada no chão. Só aí o Castiel olhou pra quadra, mas eu estava meio tonta pra decifrar sua reação. Vi alguns garotos levantarem pra me socorrer, mas levantei e falei alto:

– Eu to bem! To bem!

Fiz sinal para que continuássemos, e o Dajan pareceu meio sem graça quando me entregou a bola e se preparou para defender. Fitei que passaria pela direita, abrindo brecha pra ir pela esquerda e fazer a cesta.

– Por hoje já deu! – Gritou o treinador logo após seu irritante apito.

Nessa hora todos os meninos correram na minha direção e tomei o maior susto quando Dajan me colocou sentada no seu ombro e todos começaram a pular e gritar “Hu princesinha! Hu princesinha!” Talixka, que estava ao lado do treinador, ria aliviada enquanto Kim aplaudia a façanha. Mas não vi Castiel em lugar algum.

O alvoroço do clube de basquete se estendeu até o pátio onde finalmente me colocaram no chão, mas não pararam de pular e gritar. Isso atraiu integrantes de outros clubes que apareceram curiosos para saber o que estava acontecendo. Pedí lançou um olhar pra Tali que dizia “O que aconteceu?” e esta lhe respondeu com um olhar de “Depois eu te conto”. Passei os olhos pelo pátio e vi Jade, que piscou pra mim, senti o rosto corar e virei para o outro lado onde pude ver Nathaniel, Melody e Chino observando a confusão da janela do grêmio. Dois jogadores agarraram os meus braços me fazendo pular e gritar também. Não muito tempo depois a diretora apareceu gritando com todo mundo e nos mandando de volta para os clubes, mas foi bem divertido.

Não voltei a ver Castiel, o que me preocupou bastante, então depois das atividades eu deixei as meninas conversando no pátio e fui ver se ele ainda estava na escola. Passei pelo corredor quando Melody se despedia do Nathaniel para ir embora, este permaneceu no corredor quando me viu.

– Ainda não foi pra casa, Hally. Isso não é muito comum.

– Ah é, eu sei que sou do tipo que chega atrasada e na hora da saída foge da escola igual diabo foge da cruz (ha ha).

– Não é bem algo pra se ter orgulho. – Ele olhou para o lado.

– Nossa, relaxa! Sabe que eu to brincando. Mas e você, por que sempre fica até tão tarde?

– Tenho muitas coisas pra resolver no grêmio, além do mais eu gosto, aqui é como a minha segunda casa.

– Acho que só você pra pensar na ESCOLA como uma segunda casa... Mas também com uma irmã como a Ambre...

– Nem me fale da Ambre. – Ele suspirou pesadamente.

– O que aconteceu? – Perguntei olhando para o seu rosto frustrado.

– Ela ganhou suspensão por aquela história das provas.

– Ah, é. Pedí contou.

– O que ela não contou é que a minha irmã está fazendo da minha vida um inferno! – O loiro jogou os braços para o ar.

– Tá, mas isso não é nenhuma novidade!

– (sarcasmo) Sua sensibilidade me comove, Hallyane.

– Foi mal. Viu o Castiel?

Qualquer restinho de bom humor nele foi embora com essa pergunta.

– Não!

Nath se virou e entrou no grêmio. Mas eu fui atrás.

– Que isso, Nathaniel. Parece até que eu xinguei a sua mãe, só perguntei se tinha visto o Cass... Ah, oi Chino.

A garota me cumprimentou e voltou a o que estava fazendo.

– Por que você insiste em querer saber desse cara? – Perguntou o loiro com o rosto vermelho de frustração – Ele já não te meteu em problemas o bastante.

– Por que se preocupa? Virou a minha babá?

Ele travou por um minuto colocando a mão na testa e depois se virou para a garota que estava do outro lado da sala:

– Chino, pode nos dar licença por favor?

– Claro – Ela largou uns papéis encima da mesa – Afinal eu sou só a presidente...

E com isso nós ficamos sozinhos (por que ele quer que fiquemos sozinhos?). Nathaniel deu um passo a frente e segurou a minha mão:

– Lembra do primeiro dia de aula? – Perguntou olhando no fundo dos meus olhos – Você me garantiu que não ficaria andando com o Castiel, e não devia mesmo, ele não é boa influência.

– Então é assim que você faz! – Minha voz de repente ficou alegre.

– Faço o que? – Perguntou sem entender.

– Você está me tocando e olhando bem nos meus olhos pra me convencer a fazer o que você está dizendo. Não tinha percebido ainda, mas faz isso sempre.

– Tá maluca, Hally! – Nath soltou a minha mão e desviou o olhar passando seus dedos pelo cabelo loiro.

– Funciona com todas?

– Nem todas... – Ele murmurou.

– Alguém resistiu além de mim?

– Não é da sua conta. – O loiro se virou e andou até a janela.

– Acho que agora vamos começar a nos entender! – Falei sorridente.

– Porque eu estou sendo um grosso?!

– Porque está sendo sincero!

Já tinha ido para a porta quando escutei a sua voz:

– Hally!

– O que?

– Ele tem a chave do terraço, não é?

Valeu Nath! Cruzei a porta, sorrindo para Chino que esperava do lado de fora e fui atrás do Castiel. Passei pela porta de ferro no último andar então subi os degraus e passei pela segunda porta. Cass estava debruçado no parapeito olhando a cidade, eu imitei seu gesto ficando ao seu lado.

– Acho que nunca perguntei... Como descobriu este lugar?

– Gosto de ficar sozinho – Ele respondeu – E na escola não se tem muitos lugares para isso. Meio que mapeei os poucos.

– E aqui deve ser o mais lindo... Estou certa? – Olhei pra ele.

Cass apenas afirmou com a cabeça, mas não disse nada e nem me olhou, então voltei a admirar a vista.

– Por que fez aquilo hoje?

– Fiz o que? – Perguntei olhando para ele.

– Por que desafiou o Dajan? – Finalmente ele olhou pra mim, mas não está muito contente.

– O que ele falou “mulherzinha” foi um machismo ridículo e me irritou.

– Então não teve nada haver com me defender?

– Claro que não – Voltei a olhar para a cidade – Você não é tão especial.

Ele sabia que eu estava brincando.

– (sarcasmo) Ah, então eu não estou a altura da princesinha da quadra?!

– Ponha-se no seu lugar, plebeu.

Castiel segurou o meu queixo e me fez olhar para ele:

– Plebeu, é?

Ai caramba, eu esqueci que ele sabe onde eu sinto cócegas...

– Para, Castiel!... Para!...

– Só quando você se curvar diante do seu REI.

– Nunca! (ha ha ha)














Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!