POV Pedí:

Tudo bem, admito, meu palpite estava errado! Castiel não estava com as chaves, mas isso não quer dizer que ele não pegou e depois se livrou delas. Nathaniel estava jogado em um dos bancos da lanchonete, me aproximei por trás pendurando o chaveiro na ponta dos dedos e estendi a mão na frente dos seus olhos.

- Presente!

 Ele segurou o meu braço e puxou para frente, isso fez com que meu corpo batesse em suas costas e minha cabeça ficasse sobre o seu ombro. Minha bochecha estava queimando com a proximidade dos nossos rostos.

- Onde estava? – Ele perguntou observando as chaves ainda na minha mão.

- Eh, Hally achou no clube de jardinagem. – Respondi lhe entregando o chaveiro e me afastando – Agora podemos procurar pistas na sala dos professores.

- Pedí – Ele ficou de pé – Você tem certeza que quer fazer isso? Pode se dar mal se for pega xeretando na sala dos professores.

- Nem pense em amarelar agora Nath! – Falei autoritária e depois tentei ser meiga – Isso é realmente importante, e agora estou curiosa para saber o que aconteceu.

- Então acho que devo agradecer à sua curiosidade. – Ele segurou o meu pulso e me puxou para nos escondermos no armário do zelador – Quando a aula começar, a sala dos professores ficará vazia. Você entra pra procurar pistas e eu vigio a diretora. Pode ser?

 Assenti com a cabeça e ficamos quietos.

POV Talixka:

 Encontrei com a Hally no banheiro feminino, ela estava sentada na bancada da pia tentando desembaraçar com um pente o maior nó que eu já vi.

- Como isso aconteceu?

- Os arbustos do clube de jardinagem são fatais!

- E o que você estava fazendo no clube de jardinagem? – Peguei o pente para ajuda-la.

- Não tive tempo de te contar... Eu meio que perdi o caderno... Ai!!!

- Desculpe – O pente tinha ficado preso – Mas, Hally, você não podia ter feito isso, tinha textos da Pedí e meus no caderno.

- Eu sei, não fiz de propósito. E o pior, é que o Castiel descobriu que eu perdi o meu “diário”, e agora também está procurando.

- Isso é ruim!

POV Pedí:

 Quando os corredores esvaziaram, entramos na sala dos professores, não havia ninguém lá, e Nathaniel ficou vigiando a porta caso a diretora aparecesse. Vasculhei nos armários, na mesa e nas almofadas do sofá, onde encontrei uma pulseirinha, arrumei o que tinha tirado do lugar e fui encontrar o Nath no corredor.

- Achou alguma coisa? – Perguntou ele quando chegamos ao refeitório.

- Sim, esta pulseira – Mostrei a ele – Sabe de quem é?

 Nathaniel olhou por um tempo, mas depois baixou a cabeça e negou:

- Não sei, Desculpe.

- Não tem problema – Sorri para ele – Vou perguntar aos outros estudantes. Estamos chegando perto!

POV Talixka:

 Queria me concentrar em ajudar a Hally, mas ver o Leigh até agora sentado no pátio esperando a Rosalya querer falar com ele está acabando comigo. Ele ficou tão mal quando contei que o poema fracassou. Preciso por um fim nisso.

- Talixka? O que você está fazendo?

 Eu estava inclinada na janela da sala de artes com metade do corpo pro lado de fora.

- Oi Lysandre. Pode me ajudar? Quero pegar uma dessas flores.

- Por que não vai até o clube de jardinagem?

- O Jade brigaria comigo.

 Ele me segurou e eu peguei uma flor lilás que estava próxima a janela.

- Obrigada. – Disse pegando a minha mochila e indo para o corredor.

- Para quê a flor? – Perguntou Lysandre andando atrás de mim.

- O poema não deu certo. Isso é meio que uma última tentativa.

 Avistamos Rosalya na escadaria, e o garoto só observou enquanto eu me aproximava.

- Ah não, Talixka! O “Leigh” escreveu outro poema?

- Não – Dei um passo a frente – Sem frases elaboradas dessa vez – Entreguei-lhe a flor – Ele te ama.

 Dei as costas e me afastei o mais rápido possível, talvez a solidão faça a Rosa pensar melhor. Senti uma mão tocar o meu ombro e me virei, não sabia que o Lysandre tinha vindo atrás de mim.

- Obrigado Talixka. É muito legal isso que você está fazendo pelo meu irmão e pela Rosa.

- Que nada. Qualquer um faria o mesmo.

- Qualquer um não!

POV Pedí:

 Acho que exagerei, não estamos tão perto assim. Perguntei pra quase todo mundo na escola, ninguém sabe de quem é a pulseira, estou começando a achar que é uma pista inútil. Sentei-me nos degraus da escadaria, bufando frustrada, quando Bia apareceu, já estou acostumada a ignora-la, qualquer um que almeje entrar para o grupinho da Ambre não merece muita atenção. Fiquei apenas brincando com a pulseira.

- O que você está fazendo com a pulseira da Ambre?

- É a pulseira da Ambre?

 Bia me olhou apavorada, com certeza não devia ter me dito a dona da bijuteria.

- Não, não! Eu me enganei. Não é da Ambre.

- (desconfiada) Sei...

 Levantei-me e fui falar com a loira, que estava na sala de aula,  mas parei na porta para escutar, ela estava falando com as amigas.

Charlote: Ambre, o que você fez com o envelope?

Ambre: Acabei de mandar a Bia esconder. Com aquela xereta da Pedí bisbilhotando, não podemos bobear.

Li: Ela achou a sua pulseira, você viu?

Ambre: É claro que eu vi, só espero que ninguém reconheça. Mas também, quem iria imaginar que eu peguei as provas...

- Então foi você! – Não me contive e entrei na sala – O que você tem na cabeça? Nathaniel está desesperado...

- Você não tem nada com isso sua enxerida! – Ambre rosnou de frente pra mim – O que eu faço ou não, é problema meu, e se ele está desesperado, o problema é DELE!

- Seu irmão pode perder o cargo ou ser expulso! Você não se preocupa com ele?

- É uma lição merecida. O Nath não me defendeu quando você pôs aranhas no meu armário. Já estou por AQUI com ele desde a história da Hallyane, que o meu irmão não fez nada. Vai ser bom vê-lo perder a pose.

- Isso é errado! Não acredito que você seja tão...

- Devolva a minha pulseira e tchau, tchau.

  Joguei a bijuteria encima dela e me virei para ir embora, mas levei um susto ao ver Nathaniel.

- N-Nath... Você ouviu tudo?

- Pedí, acha que sabe onde podem estar as provas? – Ele estava paralisado, só mexia a boca e eu concordei com a cabeça – Então pode procura-las enquanto eu falo com a minha irmã?

 Saí da sala imediatamente, eu sabia onde estavam as provas, Bia não é tão esperta assim (espero que o Nath fique bem). Não parei até chegar à escadaria, foi onde a vi pela última vez. Estiquei-me para passar a mão em cima dos armários e... ACHEI!

POV Talixka:

 Após o último horário fui ver o Lysandre, queria saber se ele tinha noticias da Rosa, eu não conseguiria falar diretamente com ela.

- Desculpe, não encontrei Rosalya e nem fui ver o Leigh.

- Eles brigam muito? – Perguntei apoiando as costas nos armários.

- Um pouco, sim. Receio que Rosa seja muito emotiva enquanto meu irmão é mais racional, mas eles se amam, isso é o que importa.

 Sorri para ele e ouvi alguém chamar o meu nome.

- Talixka! Eu queria... Bem... – Rosalya me abraçou – Obrigada. Eu fui ver o Leigh e você tinha razão. Não é porque ele não demonstra sempre, que não me ama.

- Fico feliz que tenham se entendido! – Comentou Lysandre sorrindo.

 A garota me soltou e arrumou o vestido.

- Bem, eu vou ver o meu namorado. Tchau Talixka. Tchau Lys-fofo.

 Ela foi embora e eu me virei para o garoto rindo.

- Lys-fofo?

- Por favor - Disse ele – Ignore.

 Abafei o riso com as mãos e ele também riu um pouco.

- Gente – Pedí apareceu de algum lugar, trazia um envelope pardo nas mãos – Alguém viu o Nath?

 O loiro saiu da sala nesse exato momento e minha amiga correu até ele.

- Aqui está – Disse ela – Ainda está lacrado. Sua irmã não deve ter aberto.

- Isso é um alívio – Respondeu ele – Acho que posso concertar as coisas com a diretora. Você acabou de salvar a minha pele.

- Pois é, a diretora podia ter te transformado em ração pro Totó. – Ela tentou brincar, mas ele não esboçou qualquer sorriso.

- Obrigado Pedí.

 Nathaniel foi embora e Lysandre e eu nos aproximamos.

- O que aconteceu? – Perguntei.

- Ambre, é claro! – Respondeu minha amiga – Aprontou de novo!

- Essa garota causa mesmo muitos problemas ao irmão. – Comentou Lysandre.

- Não dava pra esperar outra coisa daquela peste! – Castiel estava atrás de mim – Mas o mauricinho merece!

- Discordo – A ruiva cruzou os braços – O Nath sofre MUITO!

- A Ambre devia pensar um pouco mais no irmão. – Falei calma.

 Todos nós ficamos um instante em silêncio e escutamos vozes no final do corredor.

Ambre: Sai da frente, sua boboca. Ver sua cara feia está me dando náuseas!

Hally: Ah Ambre, sai fora! Hoje eu não estou com paciência para tentar decifrar os seus mugidos.

 Corremos todos em direção às vozes bem a tempo de ver a loira se preparando para dar um tapa na minha amiga (ela já esqueceu o olho roxo?).

- Ambre, é você que está arrumando confusão com a minha garota? – Castiel tinha colocado o braço sobre os ombros da Hally e puxado ela para seu peito. Nunca vi minha amiga tão vermelha.

 Ambre rosnou e foi embora batendo os pés.

- S-Sua o que? – Gaguejou Hally ficando ainda mais corada.

- Ah, você não levou a sério, não é? – O bad boy gargalhou e se afastou, indo até Lysandre – Eu só queria ver a cara da Ambre. Se bem que se batesse nela você seria suspensa de novo, então acho que te fiz um favor. Pode agradecer.

- (sarcasmo) ha ha, claro! – Minha amiga cruzou os braços e virou o rosto.

- Então – Dei um passo a frente – Encontrou o caderno?

- Não – Os braços da Hally penderam ao lado do corpo – Acho que vou desistir, pintar o meu cabelo, mudar o meu nome, e ir morar na Austrália.

- Caramba, que drama! – Suspirou Pedí.

- Espere Hallyane – Lysandre pôs a mão na mochila – O caderno que você perdeu é este?

 Hally correu e agarrou o caderno nas mãos do garoto.

- Estava com você?! Mas como, quando, onde...

- Encontrei na sala de biologia no primeiro horário. Fui entregar na sala dos representantes, mas não havia ninguém lá. Resolvi voltar mais tarde e acabei esquecendo, desculpe.

- Sem problemas – Respondeu a morena – Mas você não leu, não é?

- Claro que não! Eu não faria isso!

 O sorriso da Hally mal cabia no rosto quando ela pulou e agarrou o pescoço do Lysandre em um abraço que o fez arregalar os olhos e corar um pouco. Eu meio que paralisei surpresa e vi que Castiel e Pedí ficaram no mesmo estado. Hally soltou o garoto e nos olhou confusa.

- O que foi?

 Ninguém respondeu, e o silêncio nos permitiu ouvir a voz distante da diretora:

- Totó? Onde está você, querido?

 Vimos o cachorrinho passar por nós e a Hally ficou branca quando gritou:

- CORRAM!!!!!!