Um Novo Amor Doce escrita por N Baptista


Capítulo 11
Segredos




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É estranho, todo mundo passou o dia inteiro olhando pra mim. Isso acontecia bastante na minha antiga escola, mas por um motivo completamente diferente, Iris me contou sobre a matéria que a Peggy escreveu falando de mim e do Castiel. Estou morrendo de vergonha, como as pessoas podem achar que estamos juntos?

– Vamos? – Perguntou Pedí na saída enquanto eu fechava o armário.

– Claro! Tudo pronto. – Respondi pendurando a mochila num ombro.

Caminhávamos lado a lado pelo corredor quando:

– Buuuh – Ambre e as amiguinhas saíram do banheiro com as caras pintadas de branco.

Pedí se assustou quando as outras apareceram, não que estivesse com medo, mas estava distraída e foi pega de surpresa.

– Ambre, que isso? – Comentei com naturalidade – Vai traumatizar a garota com essa cara feia! Erraram o tom da base, foi isso?

– Hallyane – Parecia que ela ainda não tinha me notado – Diz aí, gostou da suspensão?

– Adorei – Sorri presunçosa – Estava mesmo precisando de um intervalo. O ritmo dessa escola é puxado!

A loira abriu a boca para responder, mas não conseguiu pensar em nada, então minha amiga segurou no meu braço e me puxou para longe. Eu ri debochando do trio ternura, mas a ruiva ao meu lado estava irritada, decepcionada por não conseguir responder sozinha.

– Sua cunhada é mesmo difícil de aturar! – Comentei pra aliviar a tensão.

Pedí parou no mesmo instante, parecia petrificada olhando para a frente (Será que ela ainda não tinha pensado que namorar o Nathaniel está condicionado a ter Ambre como cunhada?).

– Que foi que eu disse?

Ela não respondeu, apenas apontou para algo mais a frente no corredor. Olhei para onde ela apontava e a imagem que vi também me assustou, Castiel e Nathaniel estavam parados um de frente para o outro, os braços cruzados mostravam que o clima era tenso, mas eles conversavam civilizadamente.

– Olha, Hally – Pedí mal piscava – Eles nem estão brigando.

– Tá, isso é estranho! – Falei em choque enquanto cada um ia para o seu lado – Talvez o fantasma não seja a única coisa sobrenatural nesse colégio.

– Para de brincadeira! – Senti os olhos azuis queimarem a minha face, então virei para o outro lado.

Minha amiga tomou a frente na caminhada, eu estava distraída demais imaginando quem teria tido a iniciativa de levantar a bandeira branca entre o bad boy e o nosso representante. Mal reparei quando ela parou abruptamente na frente de um restaurante.

– O que estamos fazendo aqui? – Perguntei puxando a mochila que estava escorregando do meu ombro.

– Vou te apresentar uma pessoa. – Disse ela cruzando a porta da frente.

Pedí atravessou o lugar com naturalidade e entrou na área dos funcionários, eu hesitei, mas minha amiga agarrou o meu braço e me puxou pra dentro. Passando pelo lugar todos cumprimentaram a garota de cabelos vermelhos como velhos amigos. Subimos por uma escada de madeira e entramos na sala do gerente.

– Como vai minha caça-fantasmas?

– Eu não to louca – Pedí jogou a mochila no sofá – Tem mesmo um fantasma naquela escola, Rick, eu vou provar.

(PARA TUDO!) O rapaz com quem minha amiga falava era MUITO LINDO. Alto, pele clara, cabelos negros, olhos tão azuis que nem pareciam de verdade. Ele abriu um sorriso que iluminou toda a minha vida enquanto os olhos de pedra preciosa vagavam da Pedí pra mim.

– Me deixa apresentar vocês – A ruiva deu um passo a frente – Hally, esse aqui é o meu irmão Rick.

– Então você é a famosa Hally?! – Ele deu um passo a frente e estendeu a mão pra mim.

Tremendo mais que qualquer coisa, apertei a sua mão e percebi o quanto a minha estava gelada. Aquela aparição de Apolo riu se divertindo com o meu nervosismo e senti meu rosto esquentar.

– Já deu, né Hally? – Pedí arqueou uma sobrancelha – Você tá ficando da cor do meu cabelo.

Soltei a mão de Rick e me recolhi a minha insignificância. Ele ajeitou o casaco e se virou para a irmã (imagina ter um irmão desses):

– Então, você pretende voltar à escola esta noite. – Deduziu o rapaz.

– O plano é mais ou menos esse. – Pedí sorriu se jogando no sofá.

Nervosa demais pra me destacar no cenário me sentei ao lado da minha amiga da forma mais discreta possível. Rick continuou a conversa:

– Papai não vai chegar tarde hoje. O projeto no qual ele estava trabalhando já foi finalizado.

– Eu sei – Respondeu a garota – Tinha esperanças de você me deixar passar a noite na sua casa.

(Que? Ele não mora com a família? Quantos anos tem?)

– Você sabe que pra mim não tem problema, mas pro nosso pai é... Um pouco mais complicado.

Pedí começou a enrolar e desenrolar a franja nos dedos e ele bufou revirando os olhos.

– Tá bom, tá bom. Você sempre consegue, né olhinhos brilhantes? Espera aqui que eu vou ligar pra ele.

Dizendo isso, Rick saiu da sala e finalmente minha respiração normalizou. Fiquei um bom tempo olhando pro nada antes de formular uma frase.

– Seu irmão não mora com você?

– Hum, não. – Ela parecia distraída – Houve um... Desentendimento entre ele e o meu pai no ano passado. Aí o Rick saiu de casa.

Balancei a cabeça mostrando que entendia e fiquei brincando com as pontas do cabelo. O rapaz voltou alguns minutos depois e falou pra Pedí que o pai tinha concordado. Os irmãos ficaram conversando por um tempo, minha amiga explicava as teorias sobre o fantasma da escadaria e o garoto escutava, as vezes debochando e as vezes concordando, quando pediam a minha opinião, eu apenas gemia em resposta.

– Hally – Vou ter que me acostumar a ter esses lábios perfeitos chamando o meu nome – Você bateu mesmo na Ambre? Como foi isso? Pedí não soube explicar.

– Ah – As palavras tinham dificuldade de chegar a boca – Eu já estava no meu limite com a Ambre, daí quando ela me deu um tapa eu tive que responder.

– Ela te deu um tapa? – Rick se sentou ao meu lado disparando arrepios por todo o meu corpo – Por que?

– Ciúmes – Virei o rosto, eu não conseguia ficar olhando pra ele – Ela acha que eu tive alguma coisa com o Castiel.

– Ai ai – Ele riu – Esse lance do Castiel e da Ambre ainda vai dar namoro!

Minha reação a essas palavras me assustou, senti uma pontada, não sei dizer onde atingiu, mas foi uma pontada. Isso me livrou da embriaguez da presença do Rick.

– Tudo bem, Hally? – Pedí parecia preocupada.

– Claro – Franzi as sobrancelhas – Por que não estaria?

Ela olhou para a minha mão e percebi o punho cerrado com tanta força que os nós estavam ficando brancos. Isso me constrangeu um pouco, mas tentei não deixar transparecer enquanto relaxava a postura. Um dos funcionários da cozinha chamou Rick para resolver um problema e ele foi atender imediatamente.

– Só entre nós duas – Pedí cruzou os braços e falou cautelosa – Você tá afim do Castiel?

Dei um longo suspiro antes de responder sinceramente, tinha meditado sobre esse assunto nos dias da suspensão, e agora via com clareza.

– Eu mal o conheço, Pedí. E mesmo que conhecesse... Não me envolvo com músicos (não mais).

Minha amiga concordou com a cabeça e não tocou mais no assunto. Como boa parte da nossa tarde foi tomada pelos clubes antes de virmos para o Fórum, a noite não demorou a chegar, então nós duas fomos para o colégio. Não houve exagero no relato da Pedí, esses corredores no escuro dão mesmo um medo do caramba! Caminhamos silenciosas até a escadaria, minha amiga tinha em mãos a câmera do Rick, mas tremia tanto que eu duvidei que fosse mesmo capaz de captar alguma imagem.

– Quanto tempo vamos ter que esperar? – Perguntei depois de alguns (vários) minutos.

– Ah, não sei. Não tem uma hora exata para o fantasma aparecer...

“Click”

Pedí pulou e agarrou o meu braço com o susto.

– Esse é o barulho? – Sussurrei – Não tem nada haver com microfonia, parece uma fechadura.

– Eu disse, Hally, cada dia o barulho é diferente.

Escutamos passos abafados se aproximarem, acho que não era o que minha amiga estava esperando, mas o contexto me fez recuar um pouco. Logo pudemos ver, não uma, mas duas silhuetas na escuridão. Pedí deu um salto a frente e bateu uma foto, o flash me fez apertar os olhos.

– (Ai) Vocês querem cegar a gente?! – Impossível eu não reconhecer essa voz. Desde que ele impediu o meu tombo na caçada ao Totó que eu percebi que jamais a confundiria.

Peguei o meu celular no bolso e usei para iluminar o lugar, Castiel esfregava os olhos irritado e Nathaniel estava alguns passos atrás, também se recuperando da cegueira temporária. Olhei para a confusão no rosto da garota ao meu lado e não me contive, minha risada começou parecendo um engasgo e logo era uma crise sem controle. Os três me olharam como se eu fosse louca, e isso só piorou a situação, precisei me agarrar ao corrimão da escada para não rolar de tanto rir. Pedí foi ficando cada vez mais vermelha de frustração e quando o Nath colocou a mão no ombro dela, a garota enrubesceu de vez. Ele falou alguma coisa sobre esclarecer a situação e os dois desapareceram em uma sala sob a escada.

– (ha ha ha) Onde... Onde eles foram (ha ha ha)?

– Calma – Respondeu Castiel – Respira primeiro e depois eu te levo.

Sentei-me nos degraus da escadaria para tentar normalizar a minha respiração, e o bad boy se sentou ao meu lado e passou o braço pelos meus ombros.

– O que aconteceu aqui que eu não entendi nada? – Perguntei voltando ao normal (deveria colocar isso entre aspas, meu coração não quis normalizar de jeito nenhum).

– Há algum tempo, eu consegui as chaves de uma sala que fica embaixo da escada, desde então, o meu melhor amigo e eu nos reunimos aqui pra tocar algumas noites.

– Mas a escola tem um clube de música, não tem?

– Tem, mas não é a mesma coisa. No clube não posso fazer o que eu quero.

– Faz sentido. – Sorri na escuridão – Mas como foi que o Nathaniel entrou nessa?

– Bem, ele descobriu, mas resolveu guardar segredo. Acho que também vai se encrencar se abrir o bico.

Coloquei-me de pé me soltando de seu abraço e agradeci por estar escuro demais para ele reparar na coloração das minhas bochechas.

– Seu amigo está aí? Gostaria de conhece-lo.

– Claro, vem comigo.

Castiel me guiou para a sala que tinha mencionado. O lugar era bem maior do que eu havia imaginado, tinha uma guitarra ligada ao amplificador e um microfone (isso explica a microfonia que a Pedí ouviu). Cass me apresentou a um rapaz alto, de cabelos descoloridos com pontas escuras, ele se veste num estilo vitoriano e tem um olho verde e o outro castanho. Já cruzei com esse garoto algumas vezes aqui no colégio, mas não pensei que fosse amigo do Castiel.

– Então, Hally, este aqui é o Lysandre, o amigo de quem falei.

– Olá Hally, é um prazer enfim conhece-la. Ouvi muito sobre você por toda a escola, acho que o seu foi o nome mais falado da semana.

Sorri para ele (não duvidava que fosse verdade).

– Quer dizer então – Pedí estava ao lado do Nathaniel, parecia estar se conformando – Que os pedaços de plástico que eu achei eram só a capa de um CD quebrada, e o bloco de notas é seu, Lysandre?!

Todos os rapazes assentiram com a cabeça e a minha amiga riu devolvendo o bloco de notas.

– Então – Falei virando para a ruiva – Posso dizer que o mito do fantasma da escola está detonado?!

– Completamente! – Disse Pedí rindo.

Continuamos conversando por um tempo, até que ficou tarde e nos despedimos no portão. Pedí e Nathaniel foram para o mesmo lado e Lysandre para uma outra direção. Pensei que Castiel também fosse pegar o seu caminho, mas começou a me acompanhar sem dizer nada. Caminhamos por um bom tempo num silêncio constrangedor, ele se recusava a olhar para mim. Pensei em cada momento da noite tentando entender o que tinha feito que poderia tê-lo aborrecido (talvez se eu puxar conversa a coisa melhore).

– Dá pra ver que você gosta mesmo de música – Comecei – Vai querer seguir carreira?

– Claro – Ele pareceu relaxar – Acho incrível a ideia de tocar em um palco com milhares de pessoas gritando o meu nome – Cass parecia entusiasmado – Mas não é só isso. Também tem a música, e isso é o mais importante. Tocar guitarra é dizer tudo o que sentimos sem dizer exatamente nada. É muito bom!

Por um lado eu sei bem como é isso, por outro quero esquecer, mas fui eu quem puxou o assunto agora tenho que aturar. Castiel começou a me falar de algumas das músicas, ele e o Lysandre anotam a inspiração assim que ela vem e depois lapidam. As vezes ele só tem vontade de tocar o dia inteiro, adora a sensação dos acordes se formando sob os seu dedos. Nem percebi quando chegamos.

– Bem... – Ele não pareceu muito satisfeito – Tá entregue.

Olhei de relance para a portaria, mas voltei a me virar para ele. Quando a conversa começou eu só queria faze-lo calar a boca, mas agora não quero que pare. O Castiel gosta muito de música e do que ela representa, queria poder ser assim.

– Vou querer te ouvir tocar um dia. – (Hally, o que você está fazendo?)

Ele sorriu e deu um passo na minha direção, chegamos onde ele queria o tempo todo.

– (sussurrando) Quando quiser.

(Hally, se afasta! Lembra do lema? Garoto é igual a problema!) Chegamos mais perto (Você não sabe o que quer, isso não vai acabar bem!) Nossos lábios se tocaram (Você LEMBRA o que aconteceu da última vez, NÃO O BEIJE!) Nos beijamos.

– (sussurrando) Não – Tive dificuldade para reagir, o corpo não queria obedecer a mente – NÃO!

Afastei-me dele como se tivesse levado um choque, meu coração batia com tanta força que quase doía. O garoto estudou o meu rosto visivelmente confuso.

– Por que isso agora? Hally, dá pra ver que você gosta de mim.

– Mas eu não posso! – Minha voz saiu falha, minha mente estava dando pane.

Atravessei a portaria em disparada, incapaz de olhar para trás. O elevador estava muito longe do térreo (sarcasmo* Tudo para me ajudar) e eu não teria condições para espera-lo, então subi pelas escadas mesmo. Estava na metade do caminho quando minhas pernas falharam e eu caí no chão chorando por todas as dores que me atormentavam.


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Notas finais do capítulo

Gente, o que acham de fazer uma recomendação? (please)

E se quiserem me procurem no AD: Hallyane, Talixka, Pedrodiego (esse nome é horrível mesmo)