Um Novo Amor Doce escrita por N Baptista


Capítulo 10
Episódio 4 (O fantasma da escola Parte 2)




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A última aula foi Educação Física. Sou a mais rápida na corrida, e em qualquer outro esporte com os pés me destaco, o problema é quando tenho que usar as mãos (um dos motivos pelo qual recusei o clube de basquete).

- Eu vou tirar a prova hoje a noite – Falei me aproximando de Talixka – Dessa vez não fujo, vou ver melhor esse fantasma. Quer vir comigo?

- Ah... Não... Deixa pra próxima. – Minha amiga arfava exausta, ela odeia esportes.

 Quando terminou a aula, fui direto para o Fórum, estava cheia de fome. Rick tinha saído, mas já ia voltar, enquanto esperava almocei na cozinha. Os empregados estavam ocupados pelo horário, mas sempre que podiam falavam comigo. Depois que terminei de comer, sentei no sofá da sala do gerente e peguei o caderno para fazer os deveres.

- Oi tampinha – Rick entrou e me deu um beijo na testa – Já almoçou?

- Sim – Respondi terminando a última questão – estava morrendo de fome.

- Teve Educação Física hoje, não é? – Concordei com a cabeça – Venceu a corrida?

- Sempre, né? – Brinquei – Sou a melhor.

- E a mais modesta também. – Ele riu apoiando os quadris na mesa de madeira.

- Falei com a Chino hoje – Ele revirou os olhos azuis – Vocês deviam conversar!

- O problema é que ela não conversa – Ele cruzou os braços – Ela discute. Sempre querendo ser a dona da razão, não deixa nada passar. Eu tinha bebido, que droga! Nunca devia ter ido naquela festa.

- Tudo vai se resolver – Sorri – Você sempre dá um jeito!

 Ele suspirou meio a um sorriso e afastou os cabelos pretos do rosto. Acabei chutando a mochila sem querer e os pedaços de plástico caíram no tapete.

- O que é isso? – Rick franziu as sobrancelhas e veio se sentar ao meu lado.

- Eh, bem... ontem eu fui punida – Fiquei olhando para os meus pés – E tive que ficar depois da aula, por isso não passei aqui...

- Foi por causa daquela história de vingança? – As vezes acho que ele é vidente – Como é que foi a briga quando você chegou em casa?

- Não teve nada – Comecei a enrolar e desenrolar a franja nos dedos – Papai ficou até mais tarde no escritório ontem... Nem ficou sabendo.

 Ficamos em silêncio o que pareceu um minuto extremamente longo, então senti a mão dele bagunçar os meus cabelos.

- Vai – Rick estava sorrindo – Me fala do plástico.

- Bem, já tinha escurecido quando eu finalmente pude ir embora, mas quando a Li e eu passamos pela escadaria, escutamos um barulho muito estranho...

- Li? Não é uma das amiguinhas da Ambre?

- É uma longa história... Mas me deixe terminar! – O rapaz concordou com a cabeça e eu sorri – Aí ficou aquela calmaria de filme de terror e do nada apareceu uma figura mal iluminada que botou a gente pra correr.

 Rick deu uma profunda gargalhada, mas eu não entendi o porquê.

- Qual é a graça?

- Ai, Pedí. Você não pensou que podia ser a Ambre se vingando de você?

- Ah... Não... Não era a Ambre, era grande de mais para isso. Era um fantasma, tenho certeza!

- Tá legal – Ele apontou para a minha mochila – E fantasma come plástico?

 Ri sarcasticamente e cruzei os braços.

- Eu esperaria essa piada do Castiel. Sério mesmo, tá me decepcionando, cara!

- Está bem, me desculpe. Pode continuar.

- Esses pedaços de plástico estavam da escadaria hoje de manhã, antes da aula começar. Só pode ser coisa de ontem. Quero checar quando escurecer.

- Você quem sabe, mas toma cuidado!

 Concordei com a cabeça quando ele recebeu uma mensagem no celular, deu uma lida rápida e suspirou.

- Chino – Falou guardando o aparelho no bolso – Quer que eu vá à casa dela.

 Rick ficou quieto e depois olhou para mim:

- Por que é que você está me encarando com esses olhinhos azuis, hein? – Ele começou a me fazer cócegas – Eu vou falar com ela. Não precisa me olhar assim. Eu vou falar com ela.

 Fiquei dolorida com a brincadeira, mas nada comparado aos meus risos, então Rick nem ligou. Ele saiu para encontrar a Chino e algumas horas depois, a noite começou a chegar, então me apressei para entrar na escola antes que fechassem o portão (sem a chave ele só abre por dentro). Esperei um pouco dentro do banheiro, assim se tivesse alguém dos outros clubes, poderia ir embora sem me ver.

 Quando finalmente escureceu, avancei a passos trêmulos até a escadaria, onde sentei para esperar o fantasma. Na solidão, tive a impressão de ouvir alguns sons, como uma conversa distante, mas era tão baixo que provavelmente imaginei. Encostei a cabeça na parede e relaxei a postura, já estava ali há muito tempo.

“THUUUU”

 Um som agudo e extremamente alto cortou a noite me fazendo ficar de pé num pulo. Todo o meu corpo tremia quando eu comecei a correr para longe. Por causa da pressa, pisei em alguma coisa que escorregou e me fez cair no chão. Tateei e encontrei um bloco de papel.

“THUUUU”

 O som se repetiu e eu não quis nem saber, meu corpo tremia e o coração... Mais acelerado impossível! Agarrei o objeto e fui embora depressa.

- Taliiiiiii, é verdade! Ele estava lá de novo!

- Você viu alguma coisa, Pedí?

- Não... Mas eu ouvi, era um barulho muito alto e agudo. Voz de fantasma!

- Que fantasma? – Perguntou Hally chegando por trás de mim.

 Pela manhã, estávamos na sala de aula, e só faltavam alguns minutos para a aula começar.

- Pedí jura que viu um fantasma. – Informou Talixka à nossa amiga de cabelos castanhos.

- Quando? Onde? Como ele era? – Hally parecia acreditar em mim.

- Ele apareceu a noite na escadaria. Já encontrei duas noites seguidas. Depois da primeira, apareceram pedaços de plástico, e ontem encontrei este bloco de notas...

- Quê? – Tali se endireitou na cadeira – Você não me falou nada sobre o bloco de notas.

- Você não me deu chance. – Cruzei os braços e sentei de lado.

- Posso ver? – Ela estendeu a mão e lhe entreguei.

 Eu não tinha virado nem a primeira página daquilo, mas Talixka foleou o bloco de notas com a naturalidade de sempre. Hally se sentou na carteira atrás de mim, era a terceira da fileira já que Tali estava na minha frente. A de cabelos castanhos estava pegando o estojo na mochila quando Castiel entrou na sala e sentou na terceira carteira da fileira do lado (isso foi muito estranho, normalmente ele só senta no fundo)...

- Tá – Hally interrompeu o meu pensamento – Fala mais do fantasma, como ele é?

- Bem... – Pensei – Pra falar a verdade, quando Li e eu vimos na primeira noite, foi só uma sombra e ontem não deu pra VER nada. Mas sempre tem um barulho muito estranho, o primeiro eu não sei descrever, mas o segundo foi agudo, parecia microfonia ou sei lá.

- E será que não foi MESMO microfonia?

- Como é que é, Hally? – Arqueei as sobrancelhas.

- Ah – Ela olhou para o lado – A diretora pode ter deixado os autofalantes ligados.

- E da primeira vez? – Levantei o tom de voz irritada – O que você acha que foi?

- Não sei... Eu não estava lá... Por que você está gritando comigo?

- Eu disse pra não encher a cara no colégio, você não quis me ouvir... – A ameba enjaquetada tinha que se meter.

 Bufei irritada e virei para a frente, o professor já ia começar a explicar a matéria, ele terminou de colocar o conteúdo no quadro e então virou para a turma. Seu rosto não escondeu a surpresa quando ele viu Castiel na terceira carteira. Fitou o bad boy por um tempo e então olhou para a carteira do lado, deu uma leve risada de quem resolve uma charada e então comentou consigo mesmo “Hallyane”. Minha amiga ficou vermelha como eu nunca vi e afundou na carteira tentando se esconder enquanto Castiel revirava os olhos.

No intervalo, Tali e Hally tinham ido ao banheiro enquanto eu tentava mais uma vez pedir a opinião do Nathaniel. Ele estava parado no corredor, encostado na parede mexendo no celular. Foi estranho, sempre fico sem graça de falar com ele fora da sala dos representantes, por isso ignoro as advertências e sempre o intercepto lá.

- Oi Nathaniel. – Comecei a sentir o calor nas minhas maçãs do rosto.

- Ah, oi Pedí – Ele guardou o celular – Tudo bem?

- Sim... Eh... Eu queria perguntar... – Respirei fundo e ele sorriu (pra que, meu Deus?) – Sabe se a escola tem algum vigia noturno?

- Não tem não. – Ele franziu as sobrancelhas – Por que?

- Bem, quando Li e eu ficamos depois da aula, acabou ficando tarde e escureceu. Aí a gente escutou um barulho estranho e viu alguma coisa na escadaria. Ontem a noite eu voltei pra tentar ver melhor aquela coisa, e teve um barulho ainda mais assustador.

- B-Bem, eu não sei do que se trata – Ele parecia nervoso – Mas não tem ninguém que fique na escadaria a noite.

- Do jeitinho que eu pensei! – Comentei comigo mesma vibrando.

- E-E o que você pensou? – Nathaniel engoliu em seco.

 Dei um passo para trás para poder fitar melhor a sua expressão apavorada.

- Nath, você não parece bem. Aconteceu alguma coisa?

- O que? – Ele sacudiu a cabeça – Não, Pedi. Só me conta a sua teoria.

- Está bem – Sorri e respirei fundo – Tem um fantasma na escola!

- Cof Cof (tosse) Tem um o que?

- (Afê) Não sei porque todo mundo estranha tanto! – Cruzei os braços – Um fantasma não é algo tão impossível assim!

- Você está falando sério? Um fantasma? – Dava pra ver o alívio no rosto dele, mas o garoto não sabia se ria ou ficava preocupado comigo.

- Poupe saliva Nathaniel, não precisa me zoar, o Castiel já fez isso! – Virei-me para ir embora, mas logo fui detida.

 A mão dele repousava quente no meu ombro fazendo disparar arrepios por todo o meu corpo. Não sou capaz de esconder que gosto dele, mas nunca admiti isso abertamente. Não que eu tenha passado anos olhando para ele das sombra, não é isso, antes eu mal percebia a presença dele. É um rapaz tão quieto que mal se faz notar amenos que estejamos prestando atenção. Antes eu não estava, eu via o Nathaniel, mas não como agora. Crescemos juntos, mas para mim é como se ele só tivesse aparecido um ano atrás... Depois da pior viagem da minha vida.

- Deixe de ser tão arisca, Pedí. – Ele me puxou para perto de si (será que ele tem alguma noção do que está fazendo com os meus batimentos cardíacos?) – Não vou te zoar, mas não pode me culpar por achar graça.

 É agora... Não acontece quando eu tenho um objetivo, mas eu já falei o que queria falar e estou sem defesas. O pior momento é quando ele me pega desprevenida, ou quando alguma coisa interrompe a minha linha de raciocínio. As bochechas começaram a esquentar, minhas mãos estão suando (Nath, me solta pra eu poder sair correndo!).

- Lembra do nono ano? – Ele continuou – Do monstro sobre a janela da sala que era só uma coruja?

 Bufei de costas para ele, prefiro que ele pense que estou com raiva do que deixa-lo ver o meu rosto vermelho.

- Não quero implicar com você, Pedí – O jeito que ele fala o meu nome me faz tremer – Mas cuidado com essa imaginação. Não quero você com problemas.

- Não vou ter problemas – Minha voz saiu mais firme do que eu achei que seria capaz – E não é a minha imaginação. Vou provar! De hoje não passa!

 Encolhi o meu ombro fazendo a sua mão cair no vazio, todo o meu corpo me condenava por isso, mas ignorei e me afastei com passadas rápidas. Minhas pernas tremiam, preciso ficar longe dele! Fui para a aula seguinte.

- Ah não, até você?! – Ouvi Castiel se queixando quando cheguei ao pátio.

 Mais um horário tinha se passado e infelizmente eu tinha me separado das meninas, mas agora íamos nos reunir no pátio. Por que o Castiel tinha que estar junto?

- Mas pense – Dizia Hally – É possível! Nós nunca sabemos o que tem do outro lado.

- Hally, por favor – Que estranho, a Tali está no mesmo lugar que o Zé Ruela e está falando normal – Vamos ser racionais. Quais as chances de realmente haver um fantasma na escola?

- Tá bom, as chances são poucas. Mas a Pedí não inventaria!

 Isso Hally! Continua me defendendo!

-... Agora que você falou – O que o Castiel está aprontando? – Tem mesmo uma história de um professor que caiu nas escadas e morreu.

 Ficaram uns segundos em silêncio.

- E-É Sério? – Gaguejou a de cabelo castanho.

- Claro que não! (ha ha ha) – O bad boy caiu na gargalhada.

- Você é muito ingênua, Hally. – Talixka também estava rindo.

 Saí de trás da parede para encarar os outros três:

- Vocês é que vão engolir as palavras! – Falei com firmeza – Hoje eu não vou fugir! Vou provar que o fantasma existe!

- E eu vou estar lá com você! – Disse Hally atraindo os nossos olhares – Ué... Sou Hunter, não vou perder essa oportunidade!

 Castiel ficou olhando para ela por um tempo, depois levantou do banco onde estava e se afastou bufando “malucas”. Talixka balançou a cabeça em reprovação e se sentou onde antes o garoto estava (quando eu cheguei, as duas estavam de pé na frente dele), me entregando o bloco de notas.

- Parecem músicas ou poemas – Disse ela – Acho que você encontrou o Fantasma da Ópera!

  Sorri numa careta e virei para a de cabelos castanhos:

- Hally, precisamos de alguma coisa para provar que não somos loucas!

- Beleza, algumas manifestações podem ser capitadas em foros ou vídeos. Você tem uma câmera?

- Meu irmão tem. – Como não pensei nisso antes?

- Então fechou!

 No caminho para a sala de aula, me lembrei de uma coisa muito importante...

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 Pedí me entregou o caderno (que bom :3 Já estava com saudades de escrever).


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Notas finais do capítulo

Hally assume agora.
Daqui pra frente, todo mundo vai narrar um pouco, inclusive a Talixka. Mas me digam uma coisa, vocês gostaram mais da Hally ou da Pedí contando?



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