Um Novo Amor Doce escrita por N Baptista


Capítulo 1
Episódio 1




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– Hally!!! Acorda, acorda, acorda! É o primeiro dia de aula.

Os gritos da minha tia quase me fizeram cair da cama, ela estava muito mais animada do que eu.

Oi, sou Hallyane, mas pode me chamar de Hally. Me mudei a pouco tempo e ainda estou tentando me acostumar com a nova rotina. Com o divórcio dos meus pais, nossa situação ficou tão conturbada que eu acabei vindo morar com a minha tia Fabi. Ela tem trinta anos e se comporta como uma adolescente, é engraçado, mas permite que seja minha grande amiga.

Levantei gemendo e fui me arrumar, revirei o armário inteiro atrás da roupa-do-primeiro-dia e acho que fiz uma boa escolha, camiseta verde folgada, jeans de lavagem escura e sapatilhas. Desci as escadas correndo (o apartamento tem dois andares u.u) e virei o copo de leite de uma vez só. Minha tia estava com o uniforme do trabalho (ela trabalha em uma loja de brinquedos (vestida de fada)) e descemos juntas. Como era o primeiro dia eu tive carona, mas nos próximos dias farei o trajeto sozinha. Finalmente pus os pés no colégio Sweet Amoris, nem lembro a última vez que fiquei tão nervosa. Estava andando sem rumo pelos corredores quando encontrei uma senhora de cabelos grisalhos:

– Senhorita Hallyane, é um prazer tê-la aqui em Sweet Amoris. - Ela abriu um sorriso bem simpático - Eu sou a diretora e espero que goste da nossa escola. Mas primeiro é importante que fale com o representante Nathaniel sobre a sua ficha de inscrição.

– Mas onde posso encontra-lo? - Olhei para os lados completamente perdida naquele corredor.

– Ele deve estar na sala dos representantes. – Respondeu a diretora sumindo entre os alunos logo depois.

Não demorei para achar a sala com uma placa indicando ser dos representantes e entrei. Dentro encontrei um rapaz loiro com olhos cor de mel que estava sentado em uma das escrivaninhas com vários papéis sobre ela:

– Oi, você viu um tal de Nathaniel?

– Eu sou o “tal” do Nathaniel – Ele riu se levantando e vindo até mim – Em que posso ajudar?

– Ah, é que a diretora pediu que você verificasse a minha ficha. - Falei um pouco sem graça pela gafe.

– Ah, então você é Hallyane, a novata?

– Sou, mas me chame de Hally.

Ele deu uma olhada numas pastas e depois se virou para mim dizendo:

– Parece que está faltando uma foto de identidade e os $25 da taxa de inscrição.

– Só isso? Eu dou um jeito.

– Então tá. - deu de ombros continuando - Este é o seu horário, e corra porque a aula já está começando.

Peguei o papel e disparei pelos corredores (atrasada no 1 dia, parabéns Hally), desacelerei quando vi a sala 2A e pedi para entrar, o professor veio sorrindo até mim e disse:

– Olá. Você deve ser a aluna nova. Por que não se apresenta pra turma?

Meu coração disparou de nervoso quando eu vi mais de 20 pares de olhos virados para mim (fala sério, quem faz isso com a pobre da aluna nova, esse professor deve estar me punindo pelo atraso, só pode):

– O-O que quer que eu diga?

– Apenas o seu nome e sua idade.

– Então tá. Sou Hally e tenho 16 anos... Mais alguma coisa?

– Não, já pode se sentar. - Respondeu o homem se virando novamente para o quadro - Há uma carteira vaga ali na janela.

Me dirigi até a carteira indicada, ficava atrás de uma garota de cabelo vermelho que vestia uma blusa amarela folgada, uma calça jardineira e All Star vermelhos, e atrás de outra de cabelo azul que vestia uma blusa branca de botões que ficava para dentro de sua saia azul escuro de cintura alta, e calçava um escarpin branco com polainas pretas. Embora em comprimentos diferentes, ambas tinham cabelo curto, e os meus fios castanhos que chegavam até a cintura estavam destoando no trio. Logo que me sentei, a garota da frente se virou para falar comigo:

– Oi Hally, eu sou a Pedí...

– E eu a Talixka. – A de cabelo azul se inclinou na carteira.

– Seja bem vinda a Sweet Amoris! – Elas disseram em coro e eu me senti um perfeito anime.

– O-Obrigada.

Dava pra ver que elas queriam falar mais, mas o professor começou a olhar feio pra gente e as duas acharam melhor se calar. Com o fim da aula de Geografia Pedí e Talixka agarraram os meus braços e saíram me arrastando pelo corredor. A ruiva pegou o meu horário, que estava quase caindo da mochila, e olhou falando:

– Sua próxima aula também é química. Temos 5 minutos até ter que ir para o laboratório. O que você já viu da escola?

– Na verdade ainda não vi nada.

As duas se entreolharam e riram, depois me puxaram para o primeiro andar e saímos para o que eu pensei ser o pátio. Parecia que todos os alunos tinham corrido para lá no intervalo, dava pra ver direitinho as tradicionais divisões do colégio. Os atletas estavam em um canto rindo e jogando a bola de basquete de um lado para o outro. Os skatistas estavam em um banco e um deles ficava girando o skate no pé. Ainda tinha as “poderosas” que eram facilmente identificadas perturbando uma ruivinha de trança:

– O que estão fazendo aqui? – Perguntou uma voz que vinha de trás de nós.

Me virei rápido e vi um garoto alto de cabelo vermelho e jaqueta de coro:

– C-Castiel – Gaguejou a Talixka – Nós estamos mostrando a escola pra aluna nova.

– Então Hally – Pedí desviou a minha atenção – Aqui é o pátio, onde podemos encontrar esse charmoso tipo aqui presente.

– Alguém te chamou na conversa Pedrodiego?

Eu não entendi o comentário do Castiel, mas a Pedí ficou com tanta raiva que o rosto ficou da mesma cor do cabelo. O garoto se aproximou de mim e segurou uma mecha do meu cabelo entre os dedos:

– Então você é a Hally. Andando com essas duas quero ver quanto tempo vai levar até pintar o cabelo.

Eu ri por dentro, não podia perder essa chance:

– Você levou quanto tempo?

– ... O que?

– Na boa – Ri jogando sua franja para trás com os dedos – Não tá podendo falar muita coisa.

Talixka segurou o meu braço e me puxou apavorada de volta para o prédio dizendo:

– Tá bom Hally, já deu. Vamos pro laboratório.

Ela estava visivelmente sem graça. Pedí nos seguia calada e emburrada, e eu não pude deixar de perguntar:

– Por que ele te chamou de Pedrodiego?

Ela bufou antes de olhar para mim e responder:

– Minha mãe sempre quis ter dois meninos gêmeos, mas no lugar veio eu. Uma... Menina... Odeio meu nome!

– Relaxa! Pra mim você é Pedí.

Ela sorriu contente e entramos no laboratório.

No terceiro horário acabei me separando das meninas e fiquei branca de susto com o que encontrei no corredor:

– Haaallyyy!!!

– K-Ken? O que você tá fazendo aqui?

Ken era um colega da antiga escola que vivia atrás de mim. Eu sempre deixei bem claro que não quero NADA com ele, mas é como diz a música “quanto mais te piso, mais quer o meu calcanhar”:

– Eu vim pra essa escola atrás de você. Minha vida ficou sem sentido depois da sua partida.

O que ele disse foi tão fofo, e ainda sim me deu uma vontade de sair correndo:

– Então, sua próxima aula também é artes? – Ele perguntou com um sorriso inocente.

Olhei de rabo-de-olho para o papel que deixava claro que a minha aula era SIM artes, mas o desespero me fez tomar outro rumo:

– Não, desculpa minha aula é matemática. Aliais acho melhor eu correr que estou atrasada.

Quando o sinal tocou eu não podia acreditar que estava escondida no pátio. Bufei e apoiei as costas na parede:

– Matando aula no 1 dia?

Tomei um susto tão grande que desci escorregando pela parede até acabar sentada no chão e me virar para ver Castiel rindo:

– E você então?

– Não é o meu primeiro dia. – Ele se sentou ao meu lado – Então, temos mais uma rebelde na escola?

– Não mesmo. Eu só to me escondendo de uma pessoa muito chata.

– Tem muitas pessoas chatas nessa escola.

– Você não conhece, ele também é novato. Me persegue dês da outra escola.

– Ah, o seu namoradinho.

– Ken, meu namorado? Nem pensar!

– Então você não tem namorado?

– Tá se candidatando?

Ele começou a rir e olhou para o outro lado:

– Você é esperta demais pra andar com a Pedí e a Talixka.

– O que tem contra elas? - Arqueei uma sobrancelha.

– A Talixka não consegue dizer duas palavras sem gaguejar, e a Pedí me irrita.

– Pois eu achei as duas muito legais. E além disso...

Deixei a frase morrer ao perceber que ele estava olhando fixo e desafiador para alguma coisa atrás de mim, me virei e dei de cara com Nathaniel de braços cruzados e uma expressão semelhante a do bad boy:

– Eu já avisei sobre matar aula Castiel. Acho que a diretora vai ter o maior prazer em recebe-lo agora.

O de cabelo vermelho se levantou contrariado e entrou no prédio. Nathaniel, parecendo decepcionado, estendeu a mão para me ajudar a levantar:

– Também tenho que ir pra diretoria? – Perguntei assustada tentando fazer a carinha do gato do Shrek.

– Não – Ele respondeu sério – Como é a primeira vez que acontece, eu vou deixar passar. Mas não devia ficar andando com o Castiel. Ele é péssima influência.

– Imagino, mas eu não estou andando com ele, acabei de encontrar. Na verdade passei os dois primeiros horários com a Talixka e a Pedí. Você conhece?

– Não só conheço como fico muito feliz em ouvir isso. As duas são meio fechadas.

– Sério? Não pareceu.

Ele olhou para dentro e bufou, Castiel não tinha ido para a diretoria, ao invés disso estava vagabundeando pela escola:

– Já resolveu o que faltava pra sua ficha de inscrição? – Nathaniel perguntou passando a mão pelo cabelo.

– Ainda não. Na verdade não sei onde tirar a foto de identidade.

– Olha, eu não devia fazer isso, mas como você já perdeu aula mesmo, pode tirar a foto no mercado de tudo. Acha que consegue voltar antes da próxima aula?

– Vou tentar, obrigada por tudo.

Saí depressa e corri até o mercado, não é como um mercado comum, pense em um lugar que tem tudo, mas tipo, TUDO MESMO! Tirei a foto e voltei bem a tempo do intervalo, dei um “oi” para as meninas, mas nossa aula não era junto. Caminhei pensativa em busca da aula de matemática (agora era verdade) e sem querer esbarrei numa garota:

– Ei, olha por onde anda sua destrambelhada... – Ela era loira e estava acompanhada de outras duas garotas (foram essas três que eu vi atormentarem a ruivinha no pátio) – Ora, se não é a novata. Entre você e outro novato, não podemos dizer que tivemos sorte, não é meninas?

Ela me empurrou com o ombro e as três saíram rindo (credo, que garota nojenta). Finalmente achei a minha sala. O professor não ficou muito tempo dentro dela porque chegou a mãe de alguém querendo falar com ele, então ficamos a maior parte do tempo atoa. A garota ruiva de mais cedo estava sentada na carteira ao lado da minha e tentava equilibrar um lápis entre a boca e o nariz, mas ele não parava de cair:

– É assim ó... – Peguei um dos meus lápis e prendi entre a boca e o nariz pra mostrar.

– Você faz parecer fácil – Ela riu e estendeu a mão – Sou Iris.

Guardei o lápis e apertei a mão dela:

– Sou Hally.

Na quinta e na sexta aula eu voltei a encontrar a Talixka e a Pedí e depois pude dar por encerrado o primeiro dia de aula. Mas antes de ir embora entreguei a ficha de inscrição completa a diretora. Agora eu era oficialmente uma aluna da Sweet Amoris. Só restava pegar o meu casaco no armário pra poder ir pra casa, só que um encontro inesperado no corredor mudou os meus planos:

– K-Ken?

– Hally, eu estava pensando... Que tal se eu te acompanhasse até em casa?

Tá legal, o Ken tem mais talento que eu pra fazer a carinha do gato de botas. Eu travei e não consegui dar o fora nele, comecei a ficar nervosa e estava prestes a aceitar, quando fui salva por uma voz atrás de mim:

– Foi mal carinha, ela já tem compromisso.

O que o Castiel estava tramando?

– Eu tenho? - Pulei, logo me recuperando - Ah, é eu tenho! Foi mal Ken.

O garoto ficou desolado me vendo acompanhar o bad boy pelos corredores do colégio e eu até me senti mal por estar tão aliviada. Segui Castiel por um tempo e depois cruzamos uma porta de ferro, subimos alguns degraus e no topo eu vi outra porta igual a primeira:

– Por que eu estou com a sensação de que não devíamos estar aqui?

– Porque você dá ouvidos ao nosso ilustre representante. – Ele sorriu provocativo e eu me vi obrigada a responder do mesmo jeito.

O garoto abriu a porta de ferro e fez sinal com a cabeça para que eu passasse. Estava na cara que era um lugar proibido, mas aquele espaço em cima da escola tinha uma vista da cidade tão linda que nem dá pra descrever. Perece que o encrenqueiro do meu lado sabe bem o que está fazendo.


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Notas finais do capítulo

Se gostarem comentem. (podem até dar idéias se quiserem) rs