Dilemas escrita por Paige Sullivan


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Segue mais um capítulo para vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/280731/chapter/6

Capitulo 6

Aline estava terminando de arrumar sua mala quando bateram à sua porta. O coração disparava cada hora que isso acontecia, mas sempre se aliviava quando via a camareira ou o serviço de quarto. Mas dessa vez era a própria chefe entrando com um sorriso de orelha a orelha.

- A noite foi boa, Diana? – ela continuou sorrindo e negando com a cabeça.

- Não pense besteira Aline, estou feliz porque vou voltar para o Rio com a conta que tanto queria. – Diana percebeu uma diferença também em Aline, mas era algo bom e muito incomum – Eu acho que você que se deu bem ontem não é? – ela corou e ficou sem graça.

- Conheci um rapaz, mas nada que vá pra frente.

- Por que não? Ele mora em São Paulo por acaso, porque sinceramente não vejo isso como empecilho. – ela sentou, já curiosa com a afirmação dela.

- Não é isso... – ela também sentou na cama e saiu jogando as camisas que faltavam na mala – É que ele não parece ser do tipo que quer um relacionamento Diana. Pelo amor de Deus, eu dormi com ele ontem, provavelmente deve estar me achando fácil. – Diana riu.

- Nem todo homem pensa assim, afinal, você perguntou a ele o que ele achou da noite que tiveram? – ela corou novamente e tentou disfarçar.

- Não houve conversa hoje de manhã. – Aline fechou a mala e ao olhar para Diana, viu que ela estava esperando pelo resto – Saí do quarto dele antes que acordasse.

 - Aline!

- Ah Diana, vou ser sincera mais uma vez com você. Não estou com cabeça para ter relacionamento nenhum. Eu não quero sofrer de novo, e não me parece que ele seja do tipo fiel. – ela lembrou de algumas notas e de como Tiago era encarado no mundo em que viviam – Prefiro seguir minha carreira e lá pra frente pensar no que é melhor para mim.

- Só um conselho Aline, de amiga mesmo. Não sou a melhor para esse tipo de coisa, vê-se o meu problema com o Charles, mas não o julgue apenas pela aparência. Mal o conhece. E de repente é a oportunidade de você ser feliz e a está desperdiçando.

- Assim como a sua com o Charles? – mesmo falando num tom calmo e interrogativo, Aline sentiu que tinha falado besteira. Diana se endireitou na cadeira e engoliu em seco.

- Pode parecer que eu estou perdendo algo com ele sim, mas acredite, tivemos muitos problemas no passado. Só lhe contei por alto sobre nossa vida e muita coisa ainda está por debaixo dos panos. Não há como comparar.

- Desculpa, não falei por mal.

- Tudo bem, eu que não deveria estar me metendo na sua vida. – ela sorriu e levantou – Você é grandinha, sabe o que é melhor para você. Vamos? Nosso vôo é daqui a duas horas e não quero me atrasar. O transito é um inferno.

Aline ficou novamente sozinha em seu quarto e pegou sua mala e bolsa. Respirou fundo sabendo que Diana só estava querendo ajudar, mas também não entendia como ela não seguia seus próprios conselhos. Era difícil olhar sua patroa – que por sinal parecia ser muito mais sua amiga – jogar fora a vida por um problema mal solucionado. Porque sim, para ainda estar presa ao passado, assim como Charles, com certeza a vida deles não tinha sido resolvida.

Encontrou sua chefe na recepção do hotel, fizeram seu check-out e pegaram o táxi que já as aguardava na porta.

- Diana. – Aline a chamou a atenção quando já estavam no caminho – Desculpa novamente. Eu não queria ter falado daquela maneira. Você estava tentando me ajudar...

- Fica tranqüila Aline, é normal você querer o meu bem, ele é um homem muito bom, mas outras coisas estão envolvidas.

- É, você falou. Mas vamos mudar de assunto, queria saber sobre o jantar.

- Ah sim, claro. Vou te contar tudo.

****

No hotel, Tiago estava de mau humor. Claro, qualquer um ficaria se acordasse de manhã e estivesse sozinho. Charles entrou no quarto já apressado porque eles poderiam não chegar a tempo no aeroporto, ouviu na televisão que um acidente estava atrapalhando o transito.

- O que está acontecendo aqui? – ele entrou e viu o primo remexendo tudo pelo quarto, a camareira e até o rapaz da bagagem procurando por alguma coisa.

- Ela tem que ter deixado algo aqui, não é possível.

- Ela quem? – Charles chegou perto do primo – A tal morena misteriosa... – ele afirmou e o primo o fuzilou com os olhos.

- Sim. Sim. – ele olhou e agradeceu a ajuda dos outros. Ele saíram e ele se sentou na cama – Nós tivemos uma noite maravilhosa ontem e ela sumiu.

- E qual o problema com isso? – Charles foi andando até o frigobar e pegou um suco – Você faz isso com todas mesmo.

- Sim, mas eu acordei sozinho Charles! – ele se levantou exaltado – Poxa, achei que quando fosse acordar, ela estaria ali deitada, com os cabelos espalhados pelo travesseiro, esperando por mim.

- Que romântico Tiago, sinceramente. – o sarcasmo do primo o deixou mais irritado – Não me olhe assim. Só está passando pelo que todas as mulheres passam quando você as deixa sozinhas.

- Ela serviu para me dar uma lição? Agora é isso? – ele resmungou e Charles riu.

- Tiago, olha pra mim. – ele olhou – Você é conhecido nesse mundo e sai em várias revistas de publicidade, ou outras por ai por causa das festas e namoradas que você tem. Ela não deve ser uma mulher comum, das que costuma sair. Pelo visto ela tem cabeça suficiente para entender que não teria nada a mais e só fez o trabalho primeiro.

- Mas eu não estou irritado por causa disso Charles. – Tiago já pegava sua mala na cama e colocava o casaco – Eu gostei mesmo dela. Exatamente por isso que você falou. Ela não é como as outras que costumo conhecer, sair.

- Então quer dizer que toda sua obsessão por ela teve um motivo? – ele se assustou e depois abriu um sorriso – Procura na recepção. Pelo menos agora você já deva saber o nome dela não é?

- Não só lembro do nome dela, que se chama Cintia, por acaso, como de cada detalhe da noite passada.

- Entendo. Então vá na recepção, já que sabe agora o nome completo, ligue para o quarto e torça para que ela ainda esteja no hotel.

- Me admiro como você é prestativo e otimista.

- Eu sei, vamos logo que senão vamos nos atrasar para chegar ao aeroporto.

                                                               CINCO MINUTOS DEPOIS

- Sim minha querida, Cintia Resende. Ela não é casada e estava aqui no hotel esse final de semana. – Tiago já estava se irritando com a recepcionista.

- Desculpe senhor, já digitei o nome três vezes no painel e não estou achando, não há ninguém hospedado com esse nome aqui. O final de semana todo.

- Tiago... – Charles o puxou para um canto – Será que não ouviu o nome dela errado?

- Eu não estava bêbado Charles. Bebemos sim, um pouco além do normal, mas lembro muito bem de termos falado nossos nomes antes disso. – ele já estava irritado – Não acredito que ela tenha mentido para mim.

- Nem todas as pessoas têm intenção de se comprometer.  – Charles percebeu como Tiago ficou alterado e suspirou – Ela realmente mexeu com você não é?

- Muito. Não é muito comum isso acontecer que eu sei.

- Na verdade, é praticamente impossível isso acontecer. – eles riram e Charles olhou para o primo – Bom, pense nisso como se fosse uma experiência de vida, e da próxima vez pegue o numero de telefone, ou sei lá, dê um jeito de não ser enganado de novo.

Tiago respirou fundo e xingou mentalmente tantas vezes fosse possível naquele momento. A única mulher que tinha prendido sua atenção da maneira mais inusitada em sua vida, tinha desaparecido. Mentido, enganado. Mas ele não esqueceria aquele rosto fino, cabelos escuros e olhos azuis parecidos com de gato tão cedo. Ela era linda e mesmo não a conhecendo em nada, era a mulher que ele consideraria ter algo a mais do que uma simples noite.

                                                               DUAS HORAS DEPOIS

Letícia estava em polvorosa na porta do aeroporto do Galeão. O irmão tinha se hospedado provavelmente no hotel que ficava por lá, porque ele disse que a esperaria por lá. Já eram duas e quinze e ela sabia que estava atrasada. Resolveu então procurar por algum hotel.

- Com licença. – ela chamou a atenção do guarda perto do desembarque no subsolo – Mas quantos hotéis há dentro do aeroporto?

- Possuímos dois. Só são no terminal 1. A senhorita sobe, pega o acesso ao terminal e vai para o terceiro andar. O Luxor fica logo ao lado dos restaurantes.

- Obrigada.

Letícia foi praticamente correndo de encontro ao irmão. Chegou ao hotel e perguntou na recepção se Bruno Costa ainda estava por lá. A espera já a deixava angustiada, ele disse a recepcionista que já desceria e pediu que ela esperasse.

Ela sentou e assim que se deu por distraída, Bruno parou ao lado dela e esperou que ela se ligasse. Assim que ela olhou pra cima, abriu um sorriso de orelha a orelha e pulou em cima do irmão. Os dois sorriram e se abraçaram bem forte, a saudade tomando conta dos dois.

- Não sabe quanto tempo esperei por esse abraço sabia? – eles se desgrudaram e sentaram no sofá da recepção – Pensei que já ia me esperar lá na porta.

- Eu ia, mas acabei tendo uma teleconferência com meu chefe e me atrasei.

- Só uma duvida. O apartamento é da empresa?

- Sim, eles me deram, mas preferi passar a primeira noite aqui. Desacostumei muito com tudo por aqui, não sei como anda o transito, essas coisas.

- E que horas você chegou?

- Umas cinco e meia da manhã. Dormi e pedi o café no quarto.

- Tá se alimentando bem pelo menos, porque o físico ta que tá né? – ela apertava o braço do irmão e via que era meio impossível a mão atravessar até o outro lado – Ta malhando muito?

- Tem uns dois meses que não malho direito.

- Enfim, fecha a conta e vamos que eu estou com o carro da Aline.

- E como ela está? – ele levantou e foi em direção a recepcionista – Já se recuperou daquele idiota do Caio?

- Você chegou a conhecê-lo?

- Não lembra que estudei com o Caio na faculdade? Eu sabia que ele não prestava, e quando você disse que ela estava namorando com ele, tomei um susto. Chega liguei pra ele pra saber o que ele estava aprontando.

- Sabia que ele a pediu em casamento? – Bruno já tinha terminado de pagar a conta e os dois estavam indo para o estacionamento.

- Não acredito, isso você não tinha me contado. – ele se assustou – E ela aceitou?

- No começo sim, pensou que ele tinha mudado, mas logo depois se arrependeu. Ele ficou com uma menina lá conhecida deles... – Leticia respirou fundo e já ia abrindo a porta do carro – Se fosse comigo, tinha feito ele engolir as alianças.

Bruno meneia a cabeça e quando a irmã abre a porta do carro, ele paga o rapaz do hotel que foi com eles até lá, coloca as malas no bagageiro e eles partem para Ipanema.

Um tempo depois e conversa vai e conversa vem dentro do carro, eles chegam ao apartamento que foi entregue a ele para morar. Letícia fica olhando meio abismada, e ele sorri.

- Deixa de babar e me ajuda aqui com algumas malas.

Os dois entram e ela larga tudo logo na porta. O apartamento já é todo mobiliado e confortável dando a ele a vantagem de não se preocupar com esse tipo de coisa. Bruno senta no sofá exausto e Leticia começa a percorrer o apartamento checando tudo o que a empresa ofereceu ao irmão.

- Serinho, queria um emprego desses para mim. – ela chega um tempo depois e senta ao lado do irmão – Olha a vista. Dá pra ver a praia daqui.

- Vocês estão morando onde?

- Na Barão da Torre. Perto da Baronetti.

- Muito tempo que não vamos lá. Precisamos ir qualquer dia desses.

- Pode deixar.

- Até que vocês não estão morando mal.

- Verdade, pra quem morava no Flamengo, teve que se mudar para Jacarepaguá, estar em Ipanema é luxo não acha? – eles dois riram e olharam para a janela.

- Saudades do tempo que era tudo muito mais perto. Conseguiu vender o apartamento?

- Consegui sim, deixei sua parte separada no banco.

- Eu falei que não precisava não é? – Bruno levanta e vai direto para a cozinha – Será que tem algo por aqui para beber pelo menos? – ele abre a geladeira e vê umas garrafas de água e de suco, pega duas de água e joga uma para a irmã.

- E eu disse que não ia mexer na sua parte.

Passa um tempo e os dois continuam conversando sobre a vida. Afinal muita coisa ali estava atrasada entre eles. Letícia conta da empresa, de tudo o que antes não tinha possibilidade de conversar com o irmão. Ele também conta de seu emprego, do apartamento que ficou no exterior, das inúmeras namoradas que teve e a cara da irmã já é de desgosto.

- Falando em mulher, porque até agora você não perguntou da Dominique? – ela arqueia a sobrancelha e ele engole em seco.

- E o que teria de tão importante para falar sobre ela?

- Não se faz de idiota que eu lembro muito bem que da ultima vez que conversamos você perguntou se ela estava bem.

- Fui educado Leticia... – ele reclama e percebe que a irmã não se convenceu disso – Ok, como ela está?

- Muito bem, obrigada. Namorando sabia?

- Não me admira, ela sempre foi muito bonita e atraente. Qualquer homem se apaixonaria por ela. – ele continua desfazendo as malas enquanto ela ajuda e vê que ela parou por um momento.

- Você ainda a ama não é? – um momento de silencio se instaura entre eles e ele nega com a cabeça – Então porque não responde direito e demora tanto pra responder?

- Porque ela foi a mulher da minha vida Leticia. – ele puxa uma camisa da mão dela e coloca no cabide – A questão é que não demos certo.

- Claro, a carreira de vocês sempre falou mais alto. – ela fala num tom de deboche – Não entendo as pessoas que vem com essa historia de que “fulano” é o homem ou mulher da vida e não fica com ele ou ela, pelo amor de Deus, se pra você é tudo isso, porque não ficam juntos?

- Já terminou o papo? – ele reclama e vai indo em direção ao banheiro – Estou cansado, dormi pouco e pretendo descansar.

- Entendi seu grosso, vou te deixar em paz. Seu telefone ainda é o mesmo?

- Sim, sim.

- Então depois eu te ligo.

****

Aline chega ao aeroporto com Diana, e ela reclamando do atraso do vôo e da hora que elas estão chegando no Rio. Mesmo assim, ela não consegue se concentrar em mais nada do que na noite anterior, onde percebeu que tinha se entregue ao homem mais errado e mais certo de toda a sua vida. Lembrava de cada detalhe e já se arrependia amargamente da besteira que fez. Por mais que fosse um pouco contra esses casos de uma noite, começava a acreditar que se tivesse permanecido lá até a hora dele acordar, talvez as coisas pudessem ter sido diferentes.

Cada uma toma seu rumo para casa e quando chega, estranha o silencio que se faz ali. Vai direto para a cozinha, pega uma garrafinha de água na geladeira e assim que se vira toma um susto ao ver Danilo parado bem ali na sua frente, com o cabelo meio desarrumado, usando apenas uma calça de moleton.

- Desculpa, não queria te assustar. – ele mexe no cabelo deixando seu físico definido ainda mais evidente e Aline começa praticamente a babar.

- Essa calça é do meu ex-namorado. – ela só consegue olhar para lá e ele fica meio envergonhado.

- Epa, pode parando por ai que ele já é meu. – Dominique chega logo em seguida, já despojada, entrando na cozinha como se aquela cena fosse a coisa mais normal do mundo.

- Ah meu Deus, desculpa Danilo... Eu... – Aline cora de vergonha e ele começa a rir.

- Sem problemas, eu não estou acostumado a um apartamento com um monte de mulheres. Eu devolvo a calça, se você...

- Ih imagina. – ela volta ao seu estado normal enquanto Dominique, encostada ao balcão comendo uma maçã começa a rir – Não a quero de volta não.

- Ainda bem né meu amor, por que se quisesse, pode ter certeza que eu estranharia. Já ia pensar que dormia com a roupa dele.

- Não sou sádica a esse ponto. E cadê a Leticia? – ela termina de tomar a água e joga na lixeira.

- Vou colocar uma camisa, já volto.

Elas duas ficam sozinhas na cozinha e assim que ele entra o quarto, Aline se vira rapidamente.

- O que foi isso? Ele dormiu aqui?

- Você nem sabe o que aconteceu ontem amiga, ele é tudo de bom não é?

- Viu a minha cara quando eu o olhei de cima a baixo?

- Você fez isso? – ela se assusta com a declaração e Aline cora novamente.

- Sim, ele é um gostoso, você queria o que? Não sou de ferro. Pensei que tivesse visto quando fez a piadinha da calça.

- Só vi você olhando pra calça, não vi sua cara de “vou te comer com os olhos” antes.

- Pelo visto a situação entre vocês é seria hein, não é todo dia que você traz um rapaz aqui pra casa.

 - Com tão pouco tempo? Acho que é a primeira vez.

- Ta aprendendo com a Leticia? – elas riem e se tocam novamente de que ela não está lá – Afinal de contas, sabe onde ela está?

- Não, ela não me disse nada, nem avisou nada. Deve ter saído com os amigos da faculdade, ido a praia, sei lá.

Aline vai para o quarto trocar de roupa e descansar. Dominique e Danilo ficam na sala conversando um pouco e vendo filme e um tempo mais tarde, Leticia chega em casa.

- Se meteu onde hein guria que nem um recado deixou? – ela percebe que não é o momento certo para falar ali que o irmão havia chegado e que iria voltar a morar no país. E que claro moraria na cara da praia, perto de onde elas estavam.

- Fui dar uma volta, encontrei com uma amiga da faculdade e almoçamos juntas. Aline já voltou?

- Está no quarto descansando.

- Vou falar com ela rapidinho.

Mais um tempo se passa e o filme termina. Danilo e Dominique aproveitam o pouco de privacidade que ainda lhes restam e trocam beijos nada discretos na sala. A situação vai ficando um pouco fora do controle, até que os dois se tocam de que não estão sozinhos e muito menos no quarto dela.

- Nique, me diz uma coisa. Não acha melhor da próxima vez nós irmos para o meu apartamento?

- Por que? – ela vira de frente para ele, que parece um pouco encabulado – Já sei, ficou com vergonha por causa das meninas?

- Não é nada demais. Mas é que tipo, moram vocês três, são mulheres, sozinhas, não acha que isso pegaria mal para vocês?

- Pode perguntar para as meninas. Não sou de fazer isso com ninguém. E já estamos meio que acostumadas, porque Leticia tinha a mania de trazer os namorados aqui. E já pegamos cada situação constrangedora, que você não tem noção. – ela se lembra das loucuras da amiga e ri sozinha.

- Não parecia isso. Aline ficou bem desconcertada quando me viu.

- Que nada. Não liga pra isso não.

- Mesmo assim...

- Tudo bem, se você não se sente bem, da próxima vez que sairmos nós ficamos no seu apartamento está bem?

- Quer dizer que você não costuma trazer ninguém pra cá é? – ele já vai chegando perto, tirando o cabelo dela do pescoço e a beijando delicadamente – Posso me considerar um sortudo então?

- Estava prestando atenção no que eu estava dizendo não é? – ela já se vê novamente desarmada pelo charme que ele lhe joga e os dois se olham – Ainda tem um tempinho antes de ir embora?

- Claro. Todo o tempo do mundo se você quiser.

No quarto de Aline...

Leticia e Aline estão deitadas, conversando e olhando para o teto. Ela começa a contar da viagem, ainda não tudo, porque ainda se sente meio travada quanto a contar das coisas que aconteceram no final de semana, até que Leticia lhe interrompe.

- Fico feliz em saber amiga que deu tudo certo. Só temos um problema. – ela se senta em cima das pernas e olha para Aline deitada – E não tem nada a ver com a empresa, e sim comigo.

- Aconteceu algo grave?

- Nããão. Pelo menos não ao meu ponto de vista. – ela levanta e começa a andar de um lado para o outro – Meu irmão voltou.

- Oi? – Aline não entende o que Leticia fala e a olha confusa.

- O Bruno, lembra, meu irmão? Então, ele está de volta.

- Sério? De férias? Que bom, você reclamava tanto que não tinha mais contato pessoalmente com ele e tal...

- Não Aline, ele voltou mesmo. E dessa vez veio pra ficar.

- Como assim?

- A empresa o mandou de volta para chefiar uma filial aqui no Rio.

 - Que legal cara, e por que todo esse espanto? – Leticia levanta e começa a bater os pés no chão, já nervosa com a lerdeza da amiga.

- Te deram alguma droga da lerdeza em São Paulo? Não to te reconhecendo.

- Qual o problema afinal? – depois de um tempo ela se toca – Ah tá, a Nique. Mas ela está tão envolvida com o Danilo...

- E daí? Sabe muito bem que meu irmão também fica com “n” mulheres e nem por isso eu deixo de acreditar que ainda a ama. Acredita que ele me disse que ela era a mulher da vida dele?

- Ele disse isso? – ela se espanta mais ainda – Calma ai, se é isso tudo, então...

- Eu perguntei a mesma coisa que você esta pensando. Mas sabe como é né, ele fugiu do assunto. Dominique nunca contou muito bem porque eles terminaram, que foi pelo emprego dele lá fora tudo bem, eu até entendo que ela ficou decepcionada, mas tinha mais coisa ai.

- Ela também nunca me contou muito bem as coisas, e tenho quase certeza que é porque sabia que você ia me atormentar para saber.

- Eu? – ela se faz de idiota – Tudo bem que sou um pouco curiosa...

- Um pouco? – Aline arqueia a sobrancelha e ela ri.

- Ok, ok, sou bastante. Mas só com coisas que me interessam, que tem ligação com a minha vida, não sou fofoqueira.

- Ainda bem.

- Ah vai Aline... Termina de contar o que aconteceu em São Paulo.

- Perdi alguma coisa? – Dominique entra no quarto e já vai se jogando na cama.

As três continuam a conversa e Leticia fica com receio de contar logo que o irmão chegou. Pela cara da amiga, que parecia tão feliz com o final de semana perfeito, contar isso naquele momento não era muito adequado. Aline também contou o básico do assunto. Não entrou em detalhes, mas contou que ficou com um homem na festa do hotel. Disse que não tinha muito o que fazer e preferiu ir embora de São Paulo sem dar tchau. Praticamente foi fuzilada pelas amigas e quando perguntaram pelo nome, ela desconversou, alegando que já não estava muito normal quando eles conversaram.

Letícia e Dominique não acreditaram muito na amiga, mas preferiram deixar pra lá. Não era muito comum Aline agir de maneira meio impensada com relação a homens, e já devia ser bem estranho contar que saiu dormindo com o cara assim que o conheceu.

Aline não era uma garota pudica demais. Mas não era liberal como Leticia. Não costumava dormir com um cara na primeira noite e nunca entendia como eles eram capazes de querer algo com ela, mesmo depois do primeiro encontro. Por mais que não acreditasse, possuía uma sensualidade e mistério naturais que deixavam todo e qualquer homem que quisesse aos seus pés, só não sabia como usá-los. Ou parecia ter desaprendido ao longo de tantas decepções.

Letícia já não era nem um pouco assim. Olhava para amiga e via a diferença latente entre as duas. Era super desencanada com relacionamentos e dormia com o cara na primeira vez se quisesse. Se ele ligasse depois, ótimo, senão...

Deixaram a amiga descansar e foram para a sala. Por mais que fosse uma viagem curta, era cansativa e ficar ali conversando deixou-a ainda mais com sono. Notava-se no rosto dela.

Sentaram no sofá da sala, Leticia abriu um vinho e serviu duas taças e ficaram conversando amenidades até voltarem ao ponto chave da questão: Aline.

- Não consigo entender Nique, serio. Nunca cheguei a perguntar isso, mas por acaso, alguma vez algum cara que ela se apaixonou a fez se sentir tão mal assim? Porque ela é a única que não consegue enxergar o potencial que tem.

- Leticia, Aline não se da bem com relacionamento desde os quinze anos. Ela não soube escolher os caras certos para ela e acabou se tornando insegura demais.

- Quando era mais nova, ela era decidida?

- Sim, e muito. Na época da escola, um monte de garoto corria atrás dela. Enfim... Um dia ela volta a ser como era antes. Agora, eu vou terminar de resolver o que tem de pendência para o trabalho amanhã.

- E eu vou terminar de estudar para aquela prova da faculdade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, parece que Dona Aline tem algum problema não acham? Linda daquele jeito e com esse jeito inferior que dá nos nervos....
E agora hein? Brunão voltou pro Rio... E veio pra ficar! usahusahusahusahusahuashu



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dilemas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.