Dilemas escrita por Paige Sullivan


Capítulo 41
Capitulo 41


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas voltamos....



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Capitulo 41

Depois de muito conversarem, discordarem, discutirem e afins, chegaram a um acordo. Pelo visto não seria mesmo fácil convencer o cliente, já que Tiago já tinha sondado a outra proposta,  e era muito boa enfim.

Mesmo assim, Aline estava confiante.

— Acho que eu estando lá não vai ser nada bom. Ele não vai entender porque uma funcionária da MP está ajudando vocês.

— Você não vai como funcionária da Diana, e sim como namorada do Dennis.

— Muito convincente. – ela riu – Qual o nome mesmo dele? Antony?

— Isso.

— Quer apostar quanto que ele não vai gostar nenhum pouco em me ver?

— Mas você tinha dito...

— Sim, eu disse. Mas para e pensa.

— Não vamos pensar nada. Nem temos tempo para isso. – Dennis sentenciou – Você vai, ponto e acabou.

DE NOITE - RESTAURANTE

Dennis não parava de pensar no jantar. Como se sairia, se conseguiria mesmo a campanha, se daria tudo certo com Aline e se conseguiria se livrar da pedra no sapato que Matias havia se tornado. Ainda estavam no carro da empresa e ele olhava Aline de canto de olho. Ela estava absorta pela vista na janela, tão calma que nem parecia estar entrando naquele jogo que tinha se tornado ainda mais sério.

Tiago estava sentado ao lado do motorista, falando com Leticia e explicando que não poderia jantar com ela, que ajudaria o irmão num jantar de negócios. Por mais que ela soubesse que ele estava falando a verdade, algo cheirava mal. E ela não queria que isso envolvesse mulheres.

Assim que chegaram ao local, Tiago saiu primeiro e abriu a porta do carro para Aline sair. Dennis saiu pela outra porta e logo os três já estavam entrando juntos. Tiago falou com a recepcionista sobre a reserva, e foram encaminhados para a mesa com o convidado já a espera. Antony se levantou, cumprimentou Tiago, Dennis e assim que se deparou com a figura de Aline, segurou a respiração por um segundo.

— Aline Resende? – ela, que ate então estava com a cabeça inclinada, comentando algo com o garçom, virou-se espantada por ter ouvido uma voz tão conhecida.

— Antony? – abraçaram-se, mas ela ainda estava alarmada – Antony Bowman? Meu Deus, como você mudou!

— Fiquei mais bonito não é? – ele sorriu – Mas você não trabalha para Diana Montenegro? O que está fazendo com os Palmas?

— Calma, calma. Primeiro e antes de mais nada, o que você está fazendo no Rio?

— Ué, minha empresa precisa de umas campanhas novas, e já que meu ultimo RP se debandou com uma francesa muito linda, tive que ficar no lugar dele.

— Meu Deus! – ela ria – Nem tinha ideia de que você era dono da empresa.

— Na verdade, sócio. Fico mais reservado, não gosto muito de aparecer. Enfim... Acho que esquecemos os dois rapazes atrás de nós. – Aline se virou para duas faces muito perdidas. Antony esticou a cadeira ao lado dele para ela que se sentasse e apontou as outras duas para eles. Assim que formaram uma quadra na mesa, Aline olhou primeiro para Dennis.

— Antony e eu nos conhecemos desde crianças, o pai dele é musico como meu pai. Eles dois tocaram em uma banda, e logo depois fizeram shows beneficentes para ajudar em causas que minha mãe e a mãe dele trabalham.

— Que legal. – Tiago sorriu – E você nem tinha ideia de que ele era dono da empresa.

— Pior que não. Foi exatamente isso que eu comentei agora. Como poderia? – ela apontou e sorriu de novo para Antony – E eu pensando que você iria largar tudo e ir para o Tibet.

— Mas eu fui. – ele sorriu de volta.

— Mentira?!

— Sério. Fiquei lá uns três anos, e foi sensacional. Aprendi muita coisa. E acabei trazendo alguns ensinamentos para minha vida. Por isso que disse que não gosto de me intrometer nesses assuntos e tal.

Dennis e Tiago se entreolharam por alguns momentos durante aquela conversa inicial. Aline parecia fascinada pela história do tal amigo que ela conhecia há tempos. O garçom chegou, todos pediram e Antony continuou contando toda a historia dele até chegar a entrar na empresa de tênis.

— Por incrível que pareça, nem tinha muita intenção de me prender a nada. Queria pegar o dinheiro da herança que meu pai disse que ia receber, e continuar minha peregrinação. Mas como nem tudo é perfeito e você sabe tanto quanto eu que meu pai não gosta nenhum pouco dessa coisa de largar tudo e se isolar do mundo, ele disse que eu precisaria primeiro passar por uma fase de conhecimento do mundo real, para depois decidir o que eu queria mesmo da vida.

— Uau. – comentaram os três ao mesmo tempo.

— Por isso decidi entrar de cabeça nessa empresa com meu amigo, Bruce. Ele é que é o cabeça de toda essa história. E claro, a empresa faz um sucesso enorme, mas como eu o deixei muito sobrecarregado com toda a administração, resolvi devolver o favor que ele me fez, e estou gerenciando algumas coisas por um pouco mais de tempo.

— Olha, achei muito legal. Vou até contar para minha mãe quando a ver. Ela até comentou que sua mãe falava muito de você e tal, mas nunca tive muito tempo de me aprofundar no assunto, mas sabe como ela é não é?

— Salvar o mundo é prioridade. – falaram ao mesmo tempo e riram.

— Enfim, eu sei que estou incomodando vocês com o papo sobre minha vida. – olhou para os irmãos – Peço até desculpas por estar monopolizando a conversa com coisas nada a ver, mas é que foi uma surpresa vê-la aqui. Até onde sei só estão juntos com relação a empresa do Stolt. Estão pensando em fazer o mesmo com a minha? – Antony parecia curioso.

— Não. – Aline olhou para ele – Eu vim apenas ajudá-los a convencer você, que eu não sabia que era você... – riram – A escolher a PP como empresa de publicidade.

— E por que não a MP? – Antony sorria malicioso e isso incomodou bastante os irmãos naquele ínterim – Brincadeira.

— É complicado. – ela coçou a cabeça – Meninos, porque vocês não começam a falar?

— Sim, sim, ficaria encantado. – Antony passou a prestar mais atenção neles – A proposta que você me enviou Dennis, é fascinante.

— Pois então. Vamos lá...

Depois de um bom tempo conversando, apresentando o projeto e respondendo todas as perguntas que Antony tinha em mente, algo pareceu acender na cabeça dele.

— Acho que podemos fechar negócio sim.

— Que bom. – sorriram – Isso seria ótimo.

— Mas apenas com uma condição. – ele já parecia mais serio, o que acabou deixando-os apreensivos – Eu quero que Aline seja a garota propaganda da nossa campanha.

— O QUE? – perguntaram ao mesmo tempo.

MONTENEGRO PUBLICIDADE

Letícia chegou ao setor financeiro e viu Dominique com as pernas para o ar quase dormindo na cadeira. Em volta dela, papéis e mais papéis com gráficos e relatórios financeiros.

— Se meu irmão te vir assim, com certeza esses papeis vão virar fumaça só do fogo que ele vai soltar pelas ventas.

— Que se dane seu irmão. – Dominique abriu os olhos e pegou um salgadinho em cima de um prato na mesa – Que eu posso fazer se eu tenho que terminar tudo isso?

— Nada alem de terminar amanha. Vamos, eu te levo para o apartamento dele. Principalmente porque eu já perguntei para ele o que vai ter pra jantar e eu não quero ficar sozinha.

— E Aline?

— Sei lá. Ligou para Diana, deixou um monte de coisa para fazer, e disse que foi ao medico. Eu não acreditei nenhum pouco na história, mas quem sou eu para falar alguma coisa.

— Vai que ela foi se encontrar com o Dennis? – Dominique continuava na mesma posição – Acho que você vai ter que me ajudar, porque não consigo me levantar.

Letícia sorriu e acabou roubando um salgadinho do prato da amiga. Ouviu um sermão que de iria sofrer de terçol ou qualquer outra coisa por roubar comida de grávida, e apenas assentiu como se nunca tivesse ouvido nada dela. Ajudou-a a pelo menos manter os documentos em ordem para o dia seguinte e partiram para o apartamento de Bruno.

FORTALEZA

Diana e Charles já estavam envoltos novamente nos lençóis. Mesmo que com muitos papeis de trabalho também em cima da cama, nada os impedia de dar uns beijos de vez em quando. Conversaram sobre seus encontros casuais, das tentativas frustradas de Charles encontrá-la só para falar algo sem sentido e riam das situações.

— Tem vezes que eu imagino que ainda tenho 21 anos.

— E eu também. Principalmente porque eu sempre fugia de você.

— Diana... – ele a fez encará-lo – Tem certeza que quer esconder isso de todo mundo? Somos um casal, adultos, responsáveis, não devemos nada a ninguém.

— Não é questão de dever nada a ninguém. Mas é que Leticia já está com Tiago, Aline com Dennis, e eu não quero que Stolt pense que não sabemos dividir as coisas, principalmente nós dois. Somos os principais nessa história toda. Pelo menos até sair o comercial, até tudo de fato estar firmado, ai sim.

— Tudo bem. Tudo bem. Nesse ponto você venceu. Mas ele não é burro e já percebeu que tem coisa rolando entre a gente. Ou que já existiu.

— Mas ele não nos prensou na parede. E isso já está de bom tamanho. Por que não voltamos ao que estávamos fazendo? Hum? – ela o olhou sedutora, e ele apenas riu.

RIO DE JANEIRO – RESTAURANTE

Dennis e Tiago olhavam sem entender nada do que ele dizia. Aline, menos ainda.

— Não posso Antony. Não trabalho para eles. E sim na MP. Se eu inventar uma história dessas, vou ser demitida.

— Vai nada. Diana não vai querer te perder por nada. – sorriu – Pois bem, essa é minha condição.

— Como assim Diana não vai querer perdê-la por nada? Conhece ela? – Tiago perguntou curioso. Parecia ter muita intimidade na voz.

— Mas é claro. – ele continuava sorrindo – Meu amigo Bruce mais ainda. O pai dele era amigo do Montenegro pai. Enfim, isso não importa, e sim o fato de que essa é minha condição. A campanha está ótima, e a única pessoa que acho que será a modelo certa é a Aline. Vocês me dão a resposta em dois dias, pode ser?

— Ok. – Dennis não sabia exatamente o que ele estava querendo fazer, mas algo não lhe cheirou nada bem naquela história.

— Minha cara, manda um grande beijo pra sua mãe e um abraço pro seu pai. E toma aqui meu cartão. – entregou-a assim que pegou da carteira – Tenho que ir, ainda tenho que pegar um avião para São Paulo.

Antony se despediu de todos e os deixou na mesa encarando-se. Dennis logo fitou Aline tentando entender o motivo daquilo tudo, e ela deu de ombros.

— Vocês já tiveram algum caso, sei lá? – Tiago olhou para ela e foi logo direto. Aline se assustou com a intromissão e preferiu não responder.

— Aline? – Dennis incentivou, o que a deixou ainda mais irritada.

— Estão querendo saber muito da minha vida. – reclamou e eles pareciam pasmos com a declaração.

— Eu tenho o direito de saber... – Dennis protestou e para não brigar de novo, ela apenas suspirou.

— Não tivemos nada, tá meu amor? – falou um pouco displicente. Pensou em falar o que estava em sua mente, mas preferiu ficar na dela – Relaxa.

— E como vamos resolver isso? – ele olhou para ela – Ele colocou essa condição para te ter por perto, deu pra perceber no ato. Deveria ter dito que éramos namorados.

— Nem precisava. Ele sabe com certeza. Se ele pesquisou as empresas, como eu sei o bom fuçador que ele é, isso é mais um detalhe.

— Tá... Isso ai me deixou bem intrigado.

— Eu também.

Aline não queria dizer nada para não arrumar problema. E já estava se arrependendo de estar envolvida naquela história. Algo lhe dizia desde antes que ela tinha que ter ficado na sua empresa, fazendo o dela. Mas não, tinha que se meter para ajudar o namorado.

Antony... Não, nunca que ia adivinhar que o Antony seu amigo, ia ser o mesmo Antony deles. Brasileiro não era igual americano, que fazia referencia as pessoas pelo sobrenome. Só quando o sobrenome significava elite. Afinal, ele estava no Tibet não é? Por que ela não perguntou o sobrenome dele mesmo?

Ela nunca ia esquecer-se dele. Eram amigos demais. Lembrava-se das viagens quando eram mais novos, que seus pais lhes levavam para essas excursões de ajuda humanitária e se debandavam para os lugares mais loucos do mundo. Várias de suas férias foram recheadas de aventura, e isso por si só, já a fazia rir inconscientemente.

Mas como contar para eles que o motivo não tinha nada em ver com ela? Sim, porque logo depois que entrou na faculdade e que Leticia entrou em sua vida, Antony ficou louco por ela. E vice versa. Os dois não conseguiam se desgrudar por nada no mundo, uma conexão inexplicável. Não entendia até hoje, como ele tinha ido embora, e ela tinha seguido sua vida na maior calma, como se nada tivesse acontecido.

E pensar que nem quando eles tinham relacionamentos, deixavam de se ver.

Os três já estavam no carro de Dennis e ele a deixava em seu apartamento. Deram apenas boa noite e ela foi em direção a entrada do prédio sem nem olhar pra trás. Era capaz de vê-los tentando decifrar sua mente para entender o que Antony tinha de tão importante e o motivo daquele pedido repentino.

Assim que entrou no  apartamento, pediu a Deus que estivesse sozinha. Ela ainda não estava preparada para dizer a Leticia que tinha reencontrado logo um dos homens mais importantes na vida dela, e que toda a historia do reencontro envolvia coisas muito maiores do que a mente dela seria capaz de processar em pouco tempo.

Como não foi assaltada por sua voz, deduziu que estava só. Foi para seu quarto e partiu para um banho quente e relaxante. Ou pelo menos, era o que queria que tivesse sido. Mas sabia que aquela situação ia perpassar sua mente até que se esgotasse totalmente e dormisse.

APARTAMENTO BRUNO

— Olha só como está com os pés inchados. Eu falei que não era para ficar sentada o tempo todo. – Bruno, Dominique e Leticia estavam no sofá da sala descansando depois do jantar farto que ele tinha preparado. Ele pegou as pernas dela, e massageava onde via que estava inchado e reclamava a cada toque que dava.

— Eu vou me lembrar de usar a barriga de apoio de mesa da próxima vez. – Dominique fez troça e recebeu um olhar enviesado dele. Leticia só revirou os olhos e assim que olhou para o relógio em seu pulso, se sobressaltou com a hora.

— Tenho que ir. Amanha o dia é longo. Acho que finalmente Aline termina com o comercial e eu estou doida para ver como vai ficar.

— Todos estamos. – Dominique olhou para ela – Obrigada por me trazer.

— De nada. – piscou para amiga e se levantou. Beijou sua testa e Bruno se levantou também.

— Te deixo em casa.

— Ok.

Quando chegaram no carro, ela sabia que seria assaltada por mil e uma perguntas e sermões por não ter tomado conta de Dominique na empresa. Mas, para quebrar a cara de vez, Bruno permaneceu calado boa parte do tempo. Olhou para ele e percebeu que ele estava cansado tanto fisicamente quanto mentalmente.

— Posso saber o que se passa em sua mente? – olhou para ele sorridente e compadecida.

— Tantas coisas. Você nem tem ideia.

— Pelo menos seu relacionamento com a Nique está melhor. – ele sorriu também e assentiu.

— Deixamos de brigar por tempo integral, para ficarmos no meio período. – ela riu também.

— Olha maninho, tenho que admitir que fiquei bem impressionada com vocês dois. Sei lá, achei que quando você descobrisse da gravidez dela, a primeira coisa seria pedi-la em casamento.

— Se não tivesse tanta coisa envolvida, provavelmente, mas... – calou-se e deixou Leticia intrigada, como sempre.

— Uma hora ou outra vou acabar sabendo.

— Vai sim. – chegaram ao prédio dela e assim que ele estacionou o carro, puxou a irmã para um abraço – Mas acho melhor conversarmos sobre isso depois.

— Que saudade desse abraço Bruno. – ela o retribuiu com tamanha intensidade, que permaneceram naquele abraço por um bom tempo – Senti tanto sua falta.

— Eu também pequena. – saiu do abraço e beijou sua testa com afeição – Precisamos conversar mais.

— Com certeza. – sorriu – Vamos fazer o seguinte, que tal almoçarmos juntos amanha? Temos que por o papo em dia.

— Ok. Eu te ligo.

Letícia se despediu do irmão e foi para o apartamento. Assim que entrou, procurou por uma pista e quando viu a bolsa de Aline jogada num canto qualquer, correu para o quarto para saber onde ela tinha se enfiado. Ao chegar no quarto, viu-a já dormindo. Suspirou.

Sabia que Aline estava escondendo alguma coisa dela. Na verdade sentia que ultimamente as pessoas estavam fazendo questão de esconder coisas dela, o que a deixava ainda mais incomodada. Foi para seu quarto, tomou um banho e foi dormir também. 

QUARTA-FEIRA – CONDOMINIO ANIMALE

Aline já tinha levantado e preparado a mesa de café. Enumerava tudo na cabeça tentando manter uma linha de raciocínio e não se deixar levar e acabar contando tudo que podia e não podia para Leticia. Mas pelo menos, sobre o Antony ela teria que saber. Principalmente, porque ela tinha medo de que ela fosse fazer alguma besteira com ele, e Tiago saísse machucado daquela historia toda.

Não conseguia deixar de imaginar, que por mais que ele e ela tivessem tido atritos em tão pouco tempo, ainda tinha afeição por ele. Era infantil, imaturo e tantos outros significados relacionados, sabia que ele e Leticia não tinham conexão alguma que não tivesse conotação sexual, mas se engataram um relacionamento, no mínimo, respeito deveria existir ali. E ela deveria manter isso.

Estava terminando de arrumar as coisas na mesa, quando Leticia lhe deu um susto. Riu da brincadeira e só não falou nada, porque senão ia esquecer o que ia falar. Ou não, mas não podia se deixar levar por nada.

— Bom dia. – olhou para ela sorridente. Letícia percebeu que ela estava era nervosa.

— Será que tem algo para me contar e está me olhando assim tentando começar a conversa?

— Ah que se dane. – sentou em frente a ela – Você me conhece bem demais.

— Eu sei. – sorriu – Ande, conte.

— Não sei como começar isso, mas espero que não me entenda mal. – Leticia olhou desconfiada para ela. Por um fiapo de tempo, imaginou que ela e Tiago tinham ficado juntos. Retirou logo aquele pensamento da cabeça para não dar ainda mais margem ao que ela não queria.

— E acho melhor falar logo, senão vou começar a pensar besteiras.

— Antony voltou. – suspirou assim que terminou de falar. Letícia ficou parada por alguns instantes. Não se mexeu. Apenas manteve o sorriso cínico no rosto e aquele olhar pensativo que Aline detestava. Manteve-se assim por uns minutos, e Aline se preocupou – Sabia que tinha que ter ficado quieta.

— Como assim ele voltou? – perguntou calma, mas parecia que ia explodir – E por que ele foi procurar logo você?

— Opa... Por que ele não poderia me procurar? Afinal, nos conhecemos antes de vocês dois.

— Ok. Ok. – levantou e começou a andar de um lado para o outro – Peraí, como vocês dois...?

— Isso é complicado de contar. – sorriu tímida e completamente perdida – Acho melhor isso a gente deixar de lado por enquanto.

— Já estou de saco cheio de ser colocada de lado por todo mundo que conheço. – bufou e quase gritou – Tudo que acontece a minha volta as pessoas me escondem e dizem que vão conversar comigo depois, que eu não tenho que saber.... Inferno!

— Eu contei que encontrei com ele. – Aline apontou perdida – Eu não estou escondendo isso de você.

— Sim, sim. Isso eu já sei, o que me interessa é saber como foi esse encontro.

— Ok. – levantou as mãos para o alto – Dennis me pediu para ir com ele no jantar do possível cliente da campanha de tênis. Eu fui com ele como companhia...

— Mas você não pode, você trabalha para outra empresa...

— Eu sei, mas é que eu fiquei compadecida dele. Ele está com uns problemas e precisa dessa campanha Leticia. Eu dei apoio, só isso. Além do mais, não é um cliente em potencial. Diana nunca se ligou muito nesse tipo de propaganda.

— Todo cliente é um cliente em potencial. – Leticia sentou e olhou para Aline – Você está dando clientes de mão beijada para eles?

— Ah claro, Leticia. Você me conhece há anos e agora eu me descobri uma bandida de marca maior que vendo meus clientes em troca de amor e sexo. – olhou revoltada para Leticia – Eu já disse que tem coisas muito maiores que nós duas aqui, e eu precisei ir com ele. Só isso.

— E como isso tem a ver com...? – parou e pensou – Ai meu Deus, ele é o cliente em potencial do Dennis.

— Exato.

— Mas ele tinha ido para o Tibet! – reclamou e Aline olhou para ela espantada.

— E você sabia disso?

— É... Eu....

— Sabia. – sentiu um clique na cabeça – Foi por isso que vocês dois terminaram. Ele queria uma vida de peregrino e você não quis largar sua boa vida aqui.

— Existem coisas muito mais importantes do que sapato e roupas. – Leticia comentou e Aline gargalhou – Que foi?

— Ah qual é. Você é a mais consumista de todas nós. E sempre soube que ele queria uma vida simples e calma.

— Aham. To vendo a vida simples e calma. Ele voltou para ser dono de empresa multinacional. Isso é uma vida simples onde? – ralhou – Ainda não engoli essa sua história de ir atrás do seu namorado para fazer a vontade dele.

— Eu não fui fazer a vontade dele. – levantou revoltada – Que inferno. Isso sim eu não posso te contar.

— Vem cá? Alguém vai morrer no final dessa história toda? Por que só isso pra me poupar desse mistério todo. – cruzou os braços e olhou para Aline que já respirava fundo e tentava se conter – Aline?

— Que saco Leticia. Não, ninguém vai morrer. Pelo menos não no sentido literal da palavra. – deu de ombros e se sentou.

— Eu vou perguntar a quem for necessário até descobrir. – olhou para Aline – Me conta. Eu prometo que não conto a ninguém.

— Eu simplesmente não posso.

— Mas vai. – olhou para ela – Eu sei que está doida para desabafar. Conta logo. O que aconteceu?

Aline parou para analisar as alternativas. Se não contasse a ela, provavelmente ela faria o  maior escarcéu do mundo e a história dela com Antony seria posta à tona. E isso traria consequências não tão boas a todos. Mas isso era menos pior do que contar. Ela saberia de tudo, e provavelmente seria mais uma no alvo do Matias e de seu planinho de vingança estúpido.

É... Nenhuma das opções era boa o suficiente e nem concreta para se sustentar. Resolveu contar logo.

— Eu juro por Deus que se eu descobrir que você contou ao Tiago e ao Dennis que sabe disso, eu te mato. – olhou ameaçadoramente – E eu não estou brincando. Meus pais conhecem gente importante e eu sumo com você.

— Que horror!

Acabou contando toda a história. Assim que viu a reação dela, se arrependeu de imediato. Letícia pegou a jarra de suco e praticamente a virou de uma vez para saciar uma sede que a tomou por dentro. Não sabia nem como colocar os pensamentos no lugar.

— E vocês pretendiam esconder isso de mim?

— Tiago só soube porque o Dennis precisa da ajuda dele. Ninguém mais poderia saber. Mas como o Antony entrou no páreo, eu fiquei pensando que se não contasse nada a você, algo iria feder. Já está fedendo bastante, mas eu sentia que iria ficar mais podre que o Tietê.

— Eu preciso de uma cerveja. – levantou e foi em direção a cozinha. Aline foi atrás e assim que ela a pegou e se virou para ela, colocou a garrafa na pia. O olhar recriminador era capaz de lhe dar indigestão assim que tomasse o primeiro gole – Ok, está cedo.

— Cedo demais. Eu também quero beber, mas não posso.

— Como assim não pode?

— Se não se lembra... Meu estomago não tem estado dos melhores ultimamente. – Leticia a olhou de rabo de olho e ela apenas apontou para o relógio – E convenhamos que está bem cedo para começarmos a beber, principalmente para entrarmos para o AA.

— Cheia de piadinhas hoje. – riu sem humor.

— Melhor do que chorar, te garanto... Já chorei muito. – Leticia a abraçou de imediato. Acalmaram-se por um tempo e voltaram para a mesa.

— Antony é muito esperto. Ele só colocou essa condição porque quer me ver. – Aline concordou – Mas se ele tivesse apenas dito que queria falar comigo.... – parou e pensou – Ele não iria falar comigo. Nem eu com ele. Provavelmente imaginou que te colocando no meio do fogo cruzado, teria uma desculpa esfarrapada de chegar perto...

— Ou que eu contaria que o vi e você correria para falar com ele.

— Deixa ele esperando isso sim. – sorriu cínica e sentou para comer alguma coisa – Vamos dar um jeito de te tirar dessa história. Não tem como você ser modelo de nada. Ele é doido.

— Eu sei disso. – ela confirmou nervosa – Nem tem noção como foi difícil fugir dele e dos meninos, tudo por sua causa. – parecia cansada ao falar – Olha...

— Com o Tiago eu me entendo. – Aline ergueu as sobrancelhas – Calma Aline. Eu não vou sair ficando com o Antony pelos cantos se é o que você está pensando...

— Ele está bem rico...

— Pensa que estou com o Tiago por causa do dinheiro é? – Aline não entendeu nada – Eu gosto dele tá? E o Antony sempre foi rico. – retrucou magoada.

— Eu não disse nada. Quem concluiu isso foi você. – Aline terminou de tomar café – Eu só não quero mais problemas, já estamos nos enrolando demais. Dá um jeito no Antony e no Tiago, que eu me ajeito com o Dennis. E sinceramente, acho melhor você ser sincera. – levantou e foi pegando sua bolsa – Vai comigo?

— Nem tomei meu café direito. – olhou para a mesa – E você preparou tudo isso.

— Aham. Queria sondar o terreno, mas com você não tem como fazer isso, vamos logo, Diana me mandou uma mensagem de manha dizendo que ia fazer uma conferencia com nós duas, e com a Nique.

— Agora que me diz isso? – pegou a bolsa correndo no quarto e olhou para ela – Ainda nem terminei de comer o meu pãozinho. – jogou outro para ela – E você precisa comer. Se teu estomago está tão ruim assim, não pode ficar vazio.

Chegaram ao elevador e assim que entraram e Leticia apertou o botão do térreo, virou-se para o espelho.

— E você nem ligou o nome a pessoa.

— Nem perguntei o sobrenome dele. – Aline suspirou – Estava tão absorta em ajudar no projeto, e o Dennis já tinha dito o perfil dele, mas sempre o citando pelo primeiro nome. Nunca que eu ia adivinhar. – Leticia concordou. Segundos em silencio depois, ela se virou para Aline.

— Ele pelo menos continua bonito?

— Sabia que ia perguntar isso. – gargalhou e saiu do elevador – Olha, eu tava contando o tempo que ia demorar para aparecer essa pergunta.

— Que foi? Eu não sou de ferro. Você também deve ter dado uma bela olhada, dona Aline, bem lembro de nossas conversas sobre ele.

— Ok. Ok. – entrou no carro – Ele está ainda mais lindo do que antes.

— Ai sim a coisa complica.

FORTALEZA

Diana estava na sala de conferencia esperando que Aline e Leticia a chamassem pelo programa. Olhou para a janela que dava para a área da piscina e chegou o tempo. Estava lindo como sempre. Parecia que aquele era um dos poucos lugares que o sol ficava tão vivo no céu. Charles entrou na sala com uma pequena bandeja de café da manha e assim que ela o viu, sorriu. A entrada de luz iluminou ainda mais seu cabelo e ele ficou feliz por saber que tinha feito a escolha certa. Sorriu de volta e apontou para a bandeja em sua mão.

— Saiu do quarto tão rápido que me assustei.

— E dispensou os empregados do hotel para me entregar o café? – deram um selinho e ela pegou um iogurte quando ele colocou a bandeja na mesa.

— Não sei porque tanta ansiedade, voltamos para o Rio na quinta a noite. As empresas não vão desabar em dois dias.

— Eu sei, mas gosto de saber o que está acontecendo e como as meninas estão. É o comercial Charles, e parece que Aline adiantou tudo.

— Adiantou? – ele estranhou – Dennis não me falou nada.

— Deve estar preocupado com a história da campanha de tênis. – ele assentiu – E claro, deve ter pensado que Aline me contaria, eu contaria a você e assim por diante.

— E quando ela vai apresentar?

— Quando chegarmos. E isso só estava agendado para a semana seguinte.

— Parece que o comercial então vai ficar pronto já para rodar semana que vem.

— Esperamos que sim. Se quiser, pode ficar para a reunião.

— Não. – ele negou veemente – Já combinei de ir com o Alberto ao centro para resolvermos outras coisas. -  sorriu moleca.

— Eu conheço bem esse sorriso senhor "vou fazer alguma besteira". – cruzou os braços e ele lhe entregou o café já pronto.

— Te amo. – lhe deu um beijo e ela retribuiu.

— Também te amo.

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Helena e Amanda estavam esperando por Aline e Leticia na sala de reunião. Dominique já se movendo um pouco lenta, chegou primeiro que elas e se sentou. As duas foram prontamente ajudá-la para saber se precisava de qualquer coisa, e ela simplesmente negou com a cabeça.

— Podem deixar tudo comigo meninas. Obrigada. – elas responderam e saíram da sala. Assim que se viu sozinha, logo um pensamento tomou conta de Dominique. Não confiava nelas.

Aline e Leticia chegaram ao andar delas e partiram logo para a sala de reuniões. Helena e Amanda entregaram as pastas que faltavam e Leticia apenas pediu que anotassem todos os recados.

— Pode chamar o chefe de produção, por favor? – Amanda assentiu e elas entraram na sala.

Dominique terminava de comer um pãozinho quando as viu. Sorriu de imediato e apontou as cadeiras que já estavam prontas antes dela também chegar.

— As meninas são pontuais. – Aline sorriu e se sentou ao mesmo tempo que Leticia.

— Não confio nelas. – Dominique comentou e elas pararam para olhá-la – Depois falamos disso.

— Cheguei. – o chefe de produção entrou e se sentou em uma cadeira próxima.

Assim que a conferencia começou, Diana agradeceu por não ter que mofar naquele lugar. A reunião prosseguiu como de costume, e pelo parecer dela, o comercial já estava bem adiantado, o que dava a entender que logo quando ela voltasse, teria a apresentação dele.

Terminada a reunião, Leticia percebeu que Bruno tinha ligado para ela. Já tinha visto que hoje não seria o dia dela conversar com Tiago sobre Antony. Aline partiu para sua sala para pegar mais alguns layouts e já iria para a produção de novo. Dominique voltou aos seus afazeres.

PALMAS PUBLICIDADE

Dennis estava terminando de editar o relatório para o pai, quando Tiago entrou na sala. Olharam-se e Tiago logo sentou de frente para o irmão.

— Desde ontem a noite que você não fala nada. Tem alguma coisa errada?

— Está tudo errado não é Tiago? – suspirou e largou o corpo na cadeira – Ainda não entendo essa do Antony. Será que ele sabia da reunião com a gente e fez questão de aparecer?

— Ele não esperava Aline pelo menos. – Tiago comentou – Percebi que ele tinha ficado surpreso com a presença dela.

— Não. Ele achou que tinha matado dois coelhos de uma vez só. A surpresa não foi dela estar lá e sim porque ela representa outra empresa. Como ela mesma disse, eles se conhecem há muito tempo.... A conta não fecha, entende?

— Ela disse que não teve nada com ele.

— Eu sei. Não confio nele. E já basta ter Matias no nosso pé, agora mais um?

— Vamos dar um jeito.

MP

Letícia conversava com o irmão pelo telefone e pedia desculpas por ter que desmarcar o almoço.

— Não pode ser jantar?

— Eu já prometi levar a Nique para jantar. Ela quer conhecer um restaurante ai, e com as chantagens que ela faz de grávida, eu fico sem muita opção. – suspirou e Leticia ria – Que foi?

— Está chamando-a pelo apelido de novo. Estamos progredindo. Quer que eu reserve a igreja pra quando?

— Engraçadinha. Almoçamos amanha então. Eu estou de folga na parte da tarde. Te busco ai.

— Ok. – sorriu – Tenho que ligar para o Tiago.

PP

Dennis terminava de mostrar o relatório para o irmão. Tiago apontava alguns pontos que ele tinha que mudar, quando seu celular tocou.

— Oi amor. – atendeu de pronto – Diga.

— Eu preciso conversar com você Tiago.— Leticia respondeu – É sobre o Antony.

— Sobre quem? – Tiago apontou para o telefone – Como você sabe dele? – estranhou.

— Aline me contou.

— Como assim Aline te contou? – Dennis se surpreendeu e Tiago levantou – Do que está falando?

— Podemos sair pra almoçar?

— Só se Aline e Dennis forem juntos. – ela suspirou – Leticia...

— Ok. Eu falo com ela.

MP

Aline já voltava para sua sala. Não sabia que em menos de meio dia de trabalho já estaria com a cabeça a mil.

Letícia entrou logo em seguida, trancou a porta e puxou uma cadeira para sentar perto dela. Olhou-a por um tempo e ela já sabia que viria bomba.

— Falei com o Tiago.

— Contou tudo para ele? – ela sorria envergonhada – Leticia...

— Então, eu só falei que to sabendo do Antony.

— E...? – incentivou-a.

— Então que ele quer almoçar comigo e com você.

— Mas como é? – ela se ajeitou na cadeira – Eu não tenho nada a ver com isso.

— Tem mais ou menos amiga. – esperou alguma resposta, mas não veio nada – E pra completar, Dennis também vai.

— Que ótimo. – olhou para o computador e viu que ainda eram onze da manha – Preciso de um remédio pra dor de cabeça. E pensar que pra terminar essa semana ainda tem a festa do Caio.

— Nem fala.

12:00h

Aline já arrumava suas coisas para descer. Letícia vinha de outra sala e deixava algumas coisas organizadas com Amanda para quando voltarem. Pelo visto a agenda de todo mundo ia de lotada a completamente atolada aquela semana.

— Não sei como a Diana aguenta. – já estavam no elevador – E como você conseguia montar a grade dela toda.

— Costume. – Aline olhava para a paisagem do elevador panorâmico – Preciso de férias.

— Eu também. – olhou para ela – Aline, você não está nada bem. Tem certeza que não está grávida?

— Tenho. – virou-se para ela – Por que essa preocupação?

— Sei lá. Eu sei que estresse causa certos desconfortos, principalmente em você, com esse seu estomago, mas com o Dennis como namorado não é... – gargalharam – Ah vai saber. Eu fico preocupada. E olha que legal que seria, você e a Nique grávidas?

— Só pra você que isso seria legal. – chegaram ao térreo – Filho nem tão cedo.

Pegaram um táxi e encontraram com os meninos no restaurante próximo das empresas. Assim que se sentaram e fizeram seus pedidos, os casais cochichavam entre si. Dennis já tinha percebido o rosto pálido de Aline e ela apenas lhe disse que era um desconforto estomacal.

— Eu já falei para ela ir ao médico, mas é cabeça dura.

— Você precisa ir meu amor.

— É cara. – Tiago comentou – Problema de estomago é um negócio sério. Ai depois fica com gastrite e não trata, vira úlcera....

— E vai ficar igual a uma tia nossa distante. Sofre disso até hoje e fica de cama por dias por causa da dor.

— Se era pra ficar ainda mais calma, vocês não ajudaram. – tomou um copo de água – E até Diana voltar e esse comercial ficar pronto, eu não vou sossegar. Então é melhor resolvermos logo o que viemos fazer aqui, porque eu ainda tenho duas reuniões.

— Desculpa. – Dennis a abraçou e falou ao seu ouvido – Te sobrecarreguei.

— Sem problemas. – lhe deu um selinho – Mas me deve uma massagem. – sorriram.

Leticia ficou encarando os dois um tempo, até que se deram conta de que não estavam sozinhos. Sorriram sem graça e pediram desculpas com o olhar.

— Pois bem. – Tiago olhou para ela – Como você conhece o Antony?

— Primeiro e antes de mais nada, eu quero que você saiba que eu te amo, e que eu não vou fazer nada pra te magoar.

— Mas hein? – ele não entendeu nada.

Ela contou toda a história que tinha com ele. Até coisas que Aline desconhecia. No fundo Dennis ficou um pouco aliviado por saber que não tinha nada a ver com a namorada. Já não bastava o Matias enchendo o saco, ter mais um seria insuportável. Tiago não sabia se ficava com raiva ou se deixava a história toda pra lá, afinal Leticia estava com ele.

— Mas você saía com ele mesmo quando tava namorando? – ele perguntou em um tom raivoso – É por isso que ele quer te ver. E eu não pretendo passar atestado de corno.

— Não. Fica calmo, porque não vai acontecer nada. Minha história com o Antony morreu há muito tempo. Qual é, eu tinha 19 anos. – deu de ombros.

— 3 anos não é tanto tempo assim. – Dennis comentou e levou uma cutucada de Aline. Tiago e Leticia olharam pra ele e ela respirou fundo.

— O que importa é que eu preciso conversar com ele. E pedir que tire essa ideia descabida de colocar Aline na propaganda.

— Ou podemos conversar com a Diana e ver se ela topa eu ser modelo da campanha. – todos desviaram o olhar para Aline – Qual é Leticia. A primeira coisa que ele vai te pedir então é que você seja a modelo. Menos pior que seja eu.

— Muito pelo contrário. Eu não tenho nem tanto poder na empresa quanto você. – olhou para Aline – E convenhamos, você é a queridinha da Diana... E eu já fui modelo.

— Sério? – Dennis olhou pra ela – Onde?

— Eu desfilava. Era de uma agencia no interior. Depois desisti. Não queria isso pra mim. Pelo menos não pra agora. – sorriu – Eu quero ser dona de uma agencia de modelos. Não ser uma.

— Bom saber. – Tiago a abraçou de lado – Mas nada acaba com o nosso problema.

— O importante é que vocês saibam que não tem nada demais com ele. Pelo menos não mais. – se virou para Tiago – Eu só tenho olhos pra você.

Com certeza essas situações iriam existir muito dali por diante. Ou já existiam... Mas Tiago e Aline ainda se sentiam mal quando trocavam olhares. Dennis e Leticia não percebiam, mas no fundo, bem lá no fundo mesmo, algo lhes dizia que essa sensação não iria mudar nem tão cedo.

Aline e Leticia voltaram para a empresa. Enquanto estavam no táxi, Aline ainda pensava naquele olhar que Tiago tinha lhe dado. Por que não conseguia parar de pensar nisso?

Tiago era o mesmo. Enquanto Dennis dirigia de volta para a PP, olhava pela janela do carro e imaginava o motivo de Aline ter lhe dado aquele olhar. Seria assim pra sempre?


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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