Dilemas escrita por Paige Sullivan


Capítulo 26
Capitulo 26


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo para nos deixar ainda mais pensativos...



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Capitulo 26

Dennis saía do carro e Aline olhava o local encantada. Nunca imaginou que iria para um lugar tão diferente como aquele.

– Onde estamos? – ele abriu a porta do carro e ela saiu – Nem parece que estamos no Rio.

– Então, eu tenho uns contatos. – ele estava feliz. Só o olhar dela diante do local já era suficiente para saber que o dia tinha valido a pena – Mas essa casa não é minha. Ainda.

– Como assim, ainda?

– Eu estou juntando dinheiro pra comprar. – abriu a porta e a pegou pela mão – Já viu a vista? – ela negou com a cabeça e riu – Claro que não né? – deu um tapa na cabeça e levou-a para perto da vista que tinha da sacada.

– Uau. – ela estava deslumbrada, literalmente – Essa casa deve ser caríssima. Me admira não ter nenhum famoso querendo comprar.

– Alguns já moraram aqui na verdade. Está à venda e eu estou tentando segurar com o corretor.

– Sei. – ele entendeu o tom irônico dela e tentou não rir – Vai me dizer que não trouxe ninguém aqui?

– Eu... – serviu duas taças de vinho e se virou para ela – Algumas vezes. – foi então que ele percebeu a burrada que tinha feito. Não tinha nada de especial naquele lugar. Pelo menos não mais. O olhar dela um pouco decepcionado lhe doeu o coração. Ela era especial, droga, e merecia algo melhor do que aquilo. Mesmo a vista sendo linda, Aline não tinha que ser mais uma naquele lugar.

– Dennis... – ela chegou perto e pegou as taças das mãos dele. Estava em estado catatônico. Pelo visto tinha percebido a mancada que tinha dado e estava paralisado. Não sabia o que fazer – Tudo bem, eu gostei daqui.

– Não. – ele revirou os olhos – Você merece mais. Desculpa. – foi andando em direção a sacada e encostou na bancada da varanda.

Ficaram um tempo em silencio. Aline não sabia se acreditava na cena que via, porque já tinha tido tanto cafajeste na vida, que poderia ser uma jogada. Mas não estava na hora de desconfiar dele. Foi andando em direção as panelas que estavam postas em uma mesa bonita e começou a farejar o que tinha ali dentro.

Dennis olhava para o céu e não acreditava no tamanho de sua burrice. Estava tão fascinado com o que tinha preparado que nem se lembrou que não era a primeira a ir ali. A ideia tinha sido tão original naquele dia... Por que foi logo se esquecer que não seria tão especial assim?

– Olha, não sei quem cozinhou... – Mas que está bom, está. – ele se virou e não acreditou. Aline estava com um avental, com o cabelo todo preso em um coque e colocando a comida no prato – Tinha entrada?

– Tinha.

– Ah então, ficou tanto tempo parado ai pensando na vida que estou com fome. Desculpa. – assim que ele a viu daquele jeito, sorriu. Não imaginou que ela fosse encarar tão bem a situação. Muito menos daquele jeito. Chegou perto dela e assim que ela passou o dedo na concha e se deliciando com o molho na boca, não resistiu, passou o dedo na concha também e passou nos lábios dela.

Não deu tempo nem dela pensar. Ele apenas a beijou. A mistura do molho de cereja com os lábios dela era cativante. Adocicado, saboroso, intrínseco. E Aline só conseguia se deixar levar ainda mais por ele. Deixou a concha de lado e aprofundou o beijo puxando-o para mais perto. Dennis a puxou pela cintura e prendeu seu corpo ao dele, suficiente para que ar nenhum passasse ali.

– Vamos comer. – interrompeu o beijo antes que ficasse fora de si – Depois continuamos. – sorriu perto de sua boca e ela o puxou de novo – Aline... – ela fazia um caminho pelas suas costas e ia delicadamente tirando seu paletó.

– Quando eu te vi vestido lindo desse jeito, pensei que fossemos a um restaurante. – ela sorriu já afastada dele e andando por trás com o paletó na mão. Colocou-o apoiado na cadeira e Dennis já tinha puxado a cadeira pra ela sentar – Quem está de avental aqui? – negou com a cabeça.

– Mas eu que fiz tudo. – apontou pra ela e pra cadeira – Senta aqui. A comida já deve estar fria.

– Não está não. Acabei de colocar. – ele ainda estava esperando que ela sentasse. Desistiu. Tirou o avental e sentou – Você venceu.

– Que bom! Pensei que ia ter que tirar o avental de você a força. – eles riram e assim que ela sentou, ele colocou mais um pouco de vinho nas taças. Sentou de frente pra ela e como ela já tinha servido o prato, começaram a comer.

Depois de um tempo em silencio, tomando vinho e encarando-se esporadicamente, Aline resolveu quebrar o silencio.

– Você que fez?

– O que? – ela apontou pra comida – Só o molho de cereja. Ainda não sei fazer cordeiro direito e Marta me ajudou.

– Quem é Marta? – ela parecia confusa.

– Ah é, você nunca foi ao apartamento. É a empregada lá de casa. Ariana é nossa governanta. As duas cozinham bem, mas Ariana que não saiba, Marta é melhor.

– Posso usar isso contra você sabia? – ele a encarou com medo – Brincadeira, não vou falar nada.

– Ainda bem, senão não estaria mais vivo pra contar historia.

– Mas o molho está muito bom. – ela sorriu – Combinou com o prato, ficou diferente.

– Você cozinha?

– Um pouco. Mas das três a que tem a mão melhor é Leticia.

– Não parece.

– Realmente. – eles riram – O jeito dela nem demonstra isso. Mas de nós três ela é a melhor.

– Entendi.

Conversaram sobre outros assuntos. Falaram da infância, dos trabalhos, das faculdades. Aline reclamava que estava terminando a pós graduação e não conseguia terminar a monografia. Não tinha inspiração. Dennis contou que fez nos EUA e que também teve problemas para terminar a sua. Contou de suas aventuras com Tiago no exterior e eles se divertiam.

– Posso perguntar uma coisa? Não cheguei a saber porque Diana não voltou ao escritório.

– Matias não veio com os pais. – ele respondeu e ela se surpreendeu – Eu sei que você está inquieta com isso. Eu também fiquei. Mas está tudo bem. O Alberto e a mulher estão felizes que tudo deu certo.

– Desculpou-se com eles de novo? – ela tomava mais um gole do vinho e ele assentia.

– Acho que fiz isso umas quatro ou cinco vezes. Afinal eu fiquei me sentindo meio mal. – ela pegou sua mão na mesa e acariciou.

– Obrigada. De novo.

– De nada. – cobriu sua outra mão na dela – Você merece, eu já disse isso.

Depois da sobremesa, estavam na bancada conversando. Ele contava da casa, da historia e da vontade que tinha de tê-la logo para fazer algumas festas e poder todo dia chegar em casa e ter aquela vista.

– Você vai conseguir.

– Vem aqui. Tenho outros lugares pra te mostrar.

Andaram pela casa toda. Ele mostrou todos os ambientes e todas as ideias que tinha para o lugar. Contou até que dava pra criar os filhos dele ali sem ter problemas com perigo já que o local era todo protegido.

Finalmente voltaram para perto da sala onde tinham jantado e quando se deu conta, tinha um tapete enorme, branco e felpudo e uma lareira.

– Vou acender.

– Mas no Rio nem faz frio pra isso.

– Esse ano está fazendo. – ele demorou um pouco pra pegar o jeito, mas conseguiu ligá-la – Por isso que estou tendo essa dificuldade toda pra fazer isso. Carioca não é acostumado com essas coisas.

– Uhum. – Aline vinha com a garrafa, duas taças e uma manta que tinha achado no meio do caminho – Pelo visto esqueceram algumas coisas aqui. – ele riu.

– Só não tem som. E nem música.

– A gente não precisa disso. – ajoelhou-se ao tapete, colocou a garrafa e as taças de lado, e foi engatinhando na direção dele – Existem outros sons bem mais interessantes que música. – Dennis engoliu em seco. Ele nunca tinha engolido em seco daquele jeito – Percebeu que ainda não tirou sua gravata?

Aline foi desfazendo o nó de sua gravata e assim que ele tentou avançar, ela não deixou. Olhos nos olhos, tirou a gravata lentamente e lhe deu um selinho. Depois foi desabotoando sua blusa e Dennis não resistiu. Ele era homem, merda, e precisava tocá-la também.

– Aline... – falou já sentindo os lábios dela em seu pescoço e descendo por seu tórax, entre a abertura da blusa que ela ia fazendo com os botões que abria – Aline... –empurrou-a com certa brusquidão. Ela estranhou, mas não tirou a mão de sua blusa. Continuava olhando-o intensamente, mas ele não se deixou levar pelo desejo. Naquele momento não – Tem certeza disso?

– Por que está me perguntando? – sua voz emanava sensualidade.

– Lembra-se do que aconteceu em Fortaleza? – quase que sua pergunta não saiu.

– Lembro de tudo. – ela sentou em cima das pernas – Por ... – ele a calou.

– Eu mais do que tudo quero estar com você, quero sentir você... – colocou uma mão em sua bochecha e a outra tirou suas duas mãos de sua blusa – Mas preciso que você se entregue por inteira. No fundo eu sei que ainda gosta do meu irmão.

– Mas eu estou me entregando...

– Eu estou vendo... – ele chegou mais perto – E fico assombrado só de ver que você não é nem um pouco tímida ou sei lá, inibida. E isso é bom. Mas não adianta fazer isso comigo só pra esquecer o meu irmão.

– Por que me trouxe pra cá então?

– Como assim? – ele se perdeu.

– Não querendo parecer ofensiva ou oferecida, mas aqui é o lugar perfeito pra você me ter do jeito que quiser. – ele engoliu em seco de novo, agora era ela que implorava por ele? – E de repente, quando eu estou aqui, inteira sim só pra você – frisou – Me trava pra pensar no seu irmão? – levantou e começou a andar de um lado para o outro – O que você quer afinal?

– Eu quero você. – ele levantou também. Pegou em suas mãos e as beijou – Mas só de lembrar o que aconteceu em Fortaleza...

– Não vou amarelar como da primeira vez. – ela sorriu, puxou delicadamente suas mãos da dele e acariciou o rosto dele com aquela barba tão bem feita e excitante – Eu quero ser sua.

Que homem não gostaria de ouvir isso de uma mulher? Dennis não pensou duas vezes e a puxou para um beijo que já não era mais tão delicado e doce. Já estava cheio de significados e com certeza a grande maioria deles não era inocente. Ela entendeu cada detalhe daquele beijo e se deixou levar pela sensação de ter um homem que realmente a queria nos braços. Ele foi descendo o zíper de seu vestido e o deixou cair como uma cascata pelo seu corpo. A claridade dos seus olhos já estava nublada por uma nuvem de excitação absurda. O ambiente estava sendo iluminado apenas pela lareira e assim que ele viu como sua pele brilhava com a luz da lareira atrás de si, o fogo que já ardia dentro dele foi nas alturas.

Pegou-a com uma certa rudeza e a colocou em cima daquele tapete que a fez arquear as costas ao toque macio. Ficou entre suas pernas e Aline nem percebeu quando ele já estava apenas com sua cueca boxer já esperando por ela. Levantou suas pernas e as colocou em seu ombro e delicadamente foi deslizando suas mãos por elas, indo por dentro de suas coxas e fazendo pressão nos locais certos. Ela arfava. Beijou sua canela direita e logo em seguida o peito de seu pé, e jogou um sapato pra um lado. Fez o mesmo com a outra perna e assim que se viu livre, fê-la sentar e encará-lo. Estava de joelhos diante dela e foi passando a mão por suas costas e beijando seu ombro até que ela se apoiou com os braços deixando seu colo com o caminho livre para seus beijos e carícias. Mas ele queria mais. Queria sentir muito mais dela. Puxou-a e ela acabou sentando em suas pernas dobradas. Sentiu toda sua excitação e gemeu quando ele passou uma de suas mãos por entre seus cabelos e a fez encará-lo.

– Tem certeza disso? – ela já estava praticamente encaixada nele e ele já retirava a parte de cima de sua lingerie e ela apenas lambia os próprios lábios oscilando os olhares da boca dele já vermelha e sedenta com o olhar negro e apetitoso.

– Sou toda sua. – soltou uma voz quente em um sussurro quase pedinte. Ele a pressionou mais contra ele e ela gemeu em seu ouvido, tirando-o da órbita.

Dennis poderia dizer que em toda a sua experiência de vida, digamos assim, nunca tinha experimentado algo como aquilo. Queria aproveitar cada particularidade, senti-la cada vez mais próxima a ele, cada toque, beijo... O corpo se cansava, mas a mente não. Estava insaciável. Aliás, cada beijo que ela lhe dava parecia ser um motor que o impulsionava a desvendar ainda mais seu corpo perfeito. Passeava com sua boca e suas mãos por cada vão de seu corpo, animava-se ainda mais quando ela gemia pedindo por mais e queria que aquele ciclo nunca parasse.

Aline estava fora de si. Era impressionante como ele conseguia fazê-la se sentir cada vez mais desejada e mulher só com aqueles toques. Suas mãos quentes que aumentavam o fogo que ela sentia por cada caminho que ele fazia. Achava que só Tiago tinha conseguido quebrar todos esses obstáculos em seu ser, mas Dennis estava quebrando o recorde. Não sabia explicar, mas queria mais.

Cada vez que sentia a sensação de êxtase invadindo seu intimo, a sensação de formigamento em cada extremidade e o cansaço chegando, queria mais. Desejava mais, precisava de mais. Era impressionante como não tinha saciedade entre os dois.

– Meu Deus! – ele exclamava depois de altas horas, com ela em cima dele e seus cabelos colados em suas costas suadas e quentes como o fogo – Quem é você? – arfava e tentava respirar, quando ela saiu de cima dele e deitou de costas ao seu lado.

– Está devagar Dennis. – ele a olhou apavorado e ela gargalhou – Brincadeira.

– Provoca mesmo. – liberou suas costas dos cabelos ainda presos pelo suor e foi beijando-a novamente e passando sua língua pelo caminho de sua coluna, chegando em sua cintura – Eu aceito o desafio. – ela tremeu e se arrepiou toda.

– Preciso primeiro repor minhas energias. Estou com fome.

– Eu estou com fome de outra coisa. – ela o olhou e entendeu o recado. Virou-a de frente, ficou em cima dela novamente e assim que se colocou entre suas pernas, colocou seus braços em cima de sua cabeça – Podemos comer outras coisas depois.

– Que isso! – ele não dava muito tempo para raciocinar. E ela estava gostando daquilo.

SÁBADO

Letícia estava tomando café da manha e olhando o relógio. Ria só de imaginar que Aline tinha se perdido nesse mundo de Deus e parou pra pensar em tudo o que tinha acontecido de uns tempos pra cá. Ia pedir desculpas a Aline depois. Com toda a correria e ela dormindo na casa de Tiago, nem teve tempo de conversar com ela.

– Bom dia. – Dominique já sentava desleixada e aparentemente cheia de sono.

– Dormiu bem não?

– Não. Tive uns pesadelos com seu irmão. – comentou indiferente e Leticia arqueou as sobrancelhas – Que foi?

– Você... – apontou pra ela – sonhou com meu irmão? – apontou pra si e riu com vontade.

– Qual o problema? Depois desse assalto dele, o assunto não saiu mais da minha cabeça.

– Calma ai Nique, mas você sonhou com ele.

– Para Leticia. – ela deixou a manteiga cair na mesa – Viu só?

– Por que fica tão nervosa quando falo do meu irmão? – ela se assustou – Sério. É impressionante. Ele me evitou o resto da semana toda, porque disse que tinha sonhado com você uns dois dias direto.

– Ele sonhou comigo? – o tom surpreso e curioso fez com que ela segurasse a risada – Tanto faz.

– Sei. – Letícia tomou um gole de café – Mas você disse que foi pesadelo.

– Sonhar com seu irmão é sempre um pesadelo.

– Está comentando isso com a pessoa certa? – ela cruzou os braços e Dominique deu de ombros.

– Você é de casa. – comeu uma torrada e assim que terminou de mastigar começou a falar – Da outra vez que ele foi assaltado, na época que estávamos juntos fiquei do mesmo jeito. É uma sensação reflexo do passado.

– Nem eu que sou irmã dele estou tão preocupada assim, Nique. E não me olha assim. Não é que eu não me importe com meu irmão, mas ele está vivo e bem e isso que importa. Já discuti com ele e reclamei o que devia. Passou. Mas você nem tem mais intimidade com ele...

– Já disse. Ato reflexivo do passado.

– Será que não é outra coisa se manifestando não?

– Parou. – largou a torrada na mesa – Perdi a fome.

– Perdeu nada. Para de drama. – demoraram um tempo se encarando, até que ela olhou pra mesa e voltou a comer – Não falei?

– Vai a merda.

– Tambem te amo.

Alguns minutos de silencio e Leticia olhou para o celular com uma mensagem de Tiago. Suspirou e já era óbvio pra Dominique quem tinha sido.

– Como vocês dois estão?

– Estamos indo bem...

– Mas... – ela a olhou de soslaio e largou o celular na mesa – A maneira como começou, já tinha um advérbio de condição ai.

– Às vezes sinto que ele não esta totalmente presente sabe? Como se faltasse alguma coisa...

– Não se preocupa. É porque você é a primeira namorada dele... Eu vi as fotos de vocês dois outro dia no blog de fofocas.

– É. Já esta todo mundo comentando que um dos solteiros mais cobiçados do Rio já tem dona.

– Pelo menos não vai ter nenhuma engraçadinha no cangote dele.

– Você que pensa. Mas eu tiro de letra. – sorriram uma para a outra e quando Dominique percebeu, já eram quase onze horas.

– E Aline? Deu noticias?

– Não. Foi sequestrada. – Leticia terminou o café – Vai querer o que pra almoçar? Ou vai comer fora com o Danilo?

– Ele está viajando. Foi ver os pais. – ela virou e viu Dominique desanimada – Eu vou sozinha pro jantar de mais tarde.

– Leva meu irmão. – voltou para a pia e nao fosse o reflexo, teria tomado um pano de prato na cara. Quando percebeu, ela estava ao seu lado – Sério, às vezes, você me dá medo. Faz o mesmo que meu irmão.

– O que eu fiz dessa vez? – respondeu cansada.

– Esse jeito sorrateiro de chegar por trás. Odeio isso. – chiou – E estou falando sério. Vocês dois já se conhecem e você não vai sozinha.

– E a gente se detesta. – Leticia revirou os olhos.

– Não é pra tanto. – deu a língua e Dominique revidou – Podem sei lá, selar um pacto de amizade, afinal estão se encontrando direto mesmo. E cada situação que passam se você não já percebeu, um que segura a onda do outro.

– Eu mais do que ele não é? – encostou no balcão – Vou pensar no seu caso.

– Se eu fosse você ligava logo pra ele... – ela a olhou já esperando o que viria – Capaz dele já ter o que fazer.

– Aiai. – Leticia ficou sozinha e sorriu ao pensar que a amiga já estava cedendo ao irmão dela. Mas Tiago não tinha cedido totalmente a ela ainda. E isso a deixava muito triste.

CONDOMINIO MARTIN

Dennis entrou em casa mais feliz do que podia imaginar. Assim que se deparou com Marta, beijou suas bochechas e partiu pra cozinha parecendo um adolescente. Tiago estava comendo alguma coisa e conversando com Ariana que já estava mais calma do dia anterior. Falou que ia terminar de ajeitar as coisas e que o motorista da empresa já tinha marcado hora para levar as duas para Ponta Negra.

– Bom dia meus queridos. – Dennis sentou perto do balcão da cozinha e Tiago o olhou desconfiado – O dia começou bem pra mim e pra vocês?

– Parece que o dia começou bem demais pra você na verdade. – Ariana cruzou os braços e o olhou séria – A gravata ajudou?

– Como uma luva. – ele riu só de pensar nas coisas sacanas que tinha feito na outra noite.

– Não quero nem pensar o que você fez com ela. – ela o olhou com nojo só de imaginar – Já comeu pelo menos? Precisa ter energias para o jantar de hoje.

– Qualquer coisa pra mim tá bom.

Tiago ainda o olhava quieto. Ele largou o paletó na cadeira e sentou ainda suspirando. Ele não sabia se ria da cena patética do irmão ou se o invejava por querer estar em seu lugar. Quer dizer, ele já esteve uma vez, mas não deu valor.

– Pelo visto foi muito bom mesmo.

– Foi a melhor noite da minha vida maninho. – ele já tomava um copo de café com leite e comia uns pãezinhos – Sério, a melhor de todas.

– Imagino. – comentou inocente, mas viu ele o olhar de canto – Não estou... Eu sei que eu já... Mas... Bom... Não foi por mal. Eu entendo...

– Já entendi Tiago. E Leticia?

– Não sei. – ele sentenciou – Eu gosto dela. Gosto mesmo, mas...

– Mas não é a Aline. – Dennis o olhou e ele engoliu em seco. Ficou nervoso e olhava para os lados para não ter que encará-lo.

– Ela é sua agora, não vou me meter. – ele disse por fim – E eu vou fazer dar certo com a Leticia.

– Não se pode forçar sentimento Tiago. – ele o seguia pelo apartamento – Não é assim que funciona, sabe muito bem disso.

– Eu sei. – ele parecia irritado – Mas eu não já perdi minha chance?

– Perdeu. – Tiago o encarou – Que foi? Não vou passar a mão na sua cabeça não, entendo que tenha se arrependido, mas agora a história é outra.

– Porque você se envolveu.

– Não espera que eu vá desistir dela agora não é? Logo agora que ela conseguiu deixar de lado você para ficar comigo?

– Não. – ele passou a mão pelo rosto – Não é isso que eu quero. Já entendi que eu perdi. Só que ainda não me acostumei...

– A que?

– Perder. – Tiago entrou no quarto e deixou Dennis sozinho no corredor. Respirou fundo, nunca tinha visto o irmão daquele jeito. Ele poderia incentivar o irmão a reconquistá-la, mas ele era o outro cara. E mesmo assim, ainda não acreditava totalmente nessa mudança dele.

PONTA NEGRA – RIO DE JANEIRO

Tiago e Dennis já estavam na casa do pai. Como tiveram que chegar mais cedo para recepcionar os convidados, as meninas acabaram concordando em ir de carro com Bruno depois. Ainda estavam se estranhando um pouco, mas depois que Charles chegou e começou a discutir com Ariana, que reclamava junto com Marta que ele estava muito magro, a conversa fluiu melhor entre eles.

Bruno e Leticia já começaram a noite discutindo. Ele reclamou tanto de seu vestido curto que ela acabou colocando Dominique no banco da frente. Aline acabou indo no carro de Diana, com ela e o tal amigo que ela tinha pedido pra ir junto apenas para rever algumas coisas que ficaram pendentes durante a semana e que eram de extrema urgência.

Na verdade, Aline queria evitar Leticia a qualquer custo. Sentia pelo seu olhar que ela tinha se arrependido de ter entrado tanto em sua vida, mas sabia que sua aura negativa e insegura iria prevalecer e elas duas acabariam discutindo. E não estava interessada em dar detalhes da noite maravilhosa que tinha tido com Dennis, que aliás não saía de sua cabeça nem por um minuto. Ele era maravilhoso.

– Então Aline, Diana me falou muito bem de você. – Marcelo comentou e a tirou de seus devaneios – Pelo visto você nasceu para o negócio.

– Obrigada, mas não me acho tão boa assim.

– Não se faça de tímida Aline. Sabe muito bem que isso é verdade. – Diana comentou olhando para o céu da janela do carro – Pelo visto o tempo está colaborando.

– Por que? – ele perguntou curioso.

– No inverno aqui chove muito. E nem tem como prever. É do nada.

– Litoral. Sempre é assim. – elas olharam pra ele – Menos o litoral do Rio. Mas ele não conta. – riram.

No outro carro, os nervos estavam a flor da pele. Bruno ainda não se conformava com a roupa da irmã e Dominique já estava ficando irritada com aquilo.

– Ah parou! Quem tem que reclamar é o namorado dela. Não você.

– Como é? Minha opinião vale muito mais, eu sou o irmão dela.

– Grandes coisas. – Leticia comentou e Bruno acelerou o carro.

– Então, não precisa se irritar não é? – Dominique se apavorou quando viu que o velocímetro estava lá em cima e acelerando – Podemos conversar, esquecer isso não é?

– Eu não acredito que tenho que ficar ouvindo isso da minha própria irmã. Ela não entende, não é assim que uma mulher deve se vestir.

– A vida é dela.

– Você também...

– Eu também o que? – ela cruzou os braços – Diminui essa velocidade, merda!

– Não diminuo nada. – continuou olhando pra frente – Olha o decote.

– E o que tem? Sou solteira, e tenho os seios lindos, você sempre disse isso.

– Agora minha opinião sobre eles serve? – olhou rápido pra ela que se divertia com seu deboche.

– Dá pra diminuir?

– Não. – Leticia já estava olhando pro céu da janela e se perguntando o que estava fazendo ali com aqueles dois adolescentes adultos.

– Então tá. – Dominique não pensou duas vezes. Desafivelou o cinto de segurança e fez que ia sentar em cima do colo dele. Bruno e Letícia se assustaram com a atitude dela que foi tão rápida que ele teve que frear o carro abruptamente.

– Ficou louca? – olhou para o retrovisor esquerdo e viu que não tinha nenhum carro atrás. Ligou o pisca alerta e a encarou e depois viu seus seios quase em cima de seu rosto – Tudo bem, com essa posição eu te perdoo. – sentiu a bochecha arder com o estalo da mão dela em sua cara – Ficou louca?

– Já é a segunda vez que pergunta e não, não estou louca. Vai parar de dirigir feito um imbecil? Ou eu vou ter que tomar a chave e eu dirigir até lá?

– Pra chegarmos amanha na festa?

– CHEGA! PAROU! – Letícia se enfureceu – Quem vai dirigir essa porcaria sou eu. – tentou tirar a chave da ignição, mas tinha se esquecido que seu irmão era mais rápido – Tira a mão do meu braço, senão eu te mordo.

– Sai do meu colo Nique.

– Não me chama pelo apelido! – ela reclamou e ele já enfezado com as duas, largou o pulso de Leticia e praticamente jogou Dominique no banco do carona.

– Por que fui aceitar isso meu Deus? – ligou o carro novamente e continuou o caminho até lá.

****

Quando chegaram na casa dos Palmas foram encaminhados pelos manobristas e recepcionistas por onde tinham que ir. Os meninos estavam esperando por eles na porta e assim que os viram, recepcionaram a todos.

Realmente, não era a festa mais badalada de todos os tempos, mas tinha uma quantidade considerável de gente. Como estavam espalhados pela casa, aparentemente não era notável. Mas quem olhasse bem, perceberia de fato quantas pessoas tinham.


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