Dilemas escrita por Paige Sullivan


Capítulo 25
Capitulo 25


Notas iniciais do capítulo

Enjoy it!



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Aline entrou já sentindo uma pontada no peito. Não era comum ver Diana séria daquela maneira e geralmente estava ligado a algo do trabalho. Mas ela sabia que dessa vez a culpa era dela. Mesmo tendi ficado um pouco mais calma com a ligação de Charles, não sabia se o que ele tinha falado era verdade. Trabalho e vida pessoal era algo que todos ali sabiam dividir, mas com toda essa confusão, nem ela sabia mais como fazer isso.

– Pelo visto o problema é comigo. – ela sentou e respirou fundo.

– O que pensa que está fazendo Aline? – Diana realmente não estava com a cara boa – Olha, eu até entendo que tenha tido problema com o tal rapaz lá, mas o Dennis também?

– Desculpa Diana. Não foi minha intenção. – ela ficou vermelha e parecia bem envergonhada. Diana a conhecia bem pra saber que ela não queria estar envolvida daquela maneira – Eu sei que eu cometi um erro enorme e entendo se quiser me tirar do projeto ou até mesmo me demitir.

– Não seria ruim. – ela respirou fundo e levantou. Começou a andar pela sala e olhou pra Aline de novo, que agora parecia um cachorro acuado com o caminhão da carrocinha – Mas não vou fazer isso. Gosto demais de você. Só acho que você tem que começar a calcular as coisas antes de se entregar de cabeça.

– Posso contar o que aconteceu então? – Aline, mesmo mais aliviada, continuava nervosa – Só assim que dá pra entender o que aconteceu.

Meia hora depois e com milhares de perguntas, Diana gargalhou. Não era a reação que Aline esperava, mas já estava tão afundada no problema que só esperou o que vira depois.

– Se fosse outra pessoa eu não acreditaria nisso. – ela se recuperava – E como sua chefe deveria te dar alguma advertência, mas eu entendo tudo o que está acontecendo.

– Entende?

– Em partes sim. E é de impressionar que você tenha conseguido fazer os dois irmãos ficarem interessados em você.

– Mas eu não fiz nada.

– Exatamente. – Diana sorriu pra ela mais compadecida – Eu conheço os dois desde que eles eram pequenos e sempre foram acostumados ao que vinha fácil. Nunca foram de se prender a ninguém, nem a nada. Acho que a única responsabilidade que os dois têm é o trabalho.

– Dominique tinha me falado algo parecido.

– Você é linda e desde quando começou a trabalhar comigo eu disse que isso seria sua benção e sua maldição. – Aline concordou – Mas parece que nunca me levou a sério.

– Meus problemas sempre me impediram de pensar nisso.

– Aham. Todos os cretinos que você namorou por exemplo. – Aline concordou já sorrindo de novo – Mas parece que o Tiago se ajeitou com sua amiga não é?

– Ele tá namorando a Leticia sim.

– Que ele nunca me ouça, mas é um idiota. – Aline se surpreendeu – Depois de tudo que nós conversamos e quando o Charles veio aqui pra contar pra mim essa historia louca de vocês dois... Não tem nem dois meses e ele já largou você pra ficar com ela...

– Eles se gostam.

– Pode ser. Mas ele não gosta tanto de você assim. – ela olhou assustada para a patroa – Dennis parece que gostou de você de verdade. Só conheço duas pessoas que tiveram a capacidade de sacrificar tudo por uma outra pessoa dessa maneira.

– Quem?

– Charles e eu. – as duas suspiraram – Mas isso não vem ao caso.

– Olha Diana, eu to tentando manter tudo isso no mais profissional...

– Você não vai conseguir. – ela a cortou – Vocês são jovens e ainda não tem muita noção disso. Quando ficarem mais velhos vão continuar não aprendendo. É um circulo vicioso. – elas riram – Estou falando sério. Nem sempre você vai conseguir separar as coisas. É complicado demais conseguir.

– Desculpa, mas você conseguiu. Não é?

– Acha mesmo? – ela arqueou as sobrancelhas e Aline ficou com a pulga atrás da orelha – Duvido muito. Posso ter encarado isso muito bem durante anos, mas está cada vez mais difícil.

– Entendi.

– Não estou dizendo que é impossível, mas não é fácil. E no seu caso, já aconteceu e não adianta mais querer mudar isso.

– Acho que estou entendendo o que está querendo me dizer.

– Que bom! – ela sorriu mais satisfeita – Agora aprende a administrar isso e tudo vai dar certo.

– Não estou demitida então né? – ela encolheu o corpo um pouco na cadeira e Diana gargalhou.

– Não. Ainda não estou preparada para perder alguém como você. Só foca nas coisas. E como eu disse antes, administra isso e tudo vai dar certo.

– Ok.

– Então, eu preciso dos relatórios e de outras coisas da viagem. Eu vou na PP em uma reunião com Manoel, Charles e Stolt. Vamos finalizar as coisas porque parece que esse final de semana os Ramos vem aqui pro Rio.

– Como? – Aline estava levantando e quase surtou sentada de novo – A família toda vai vir?

– Não sei. – ela a encarou séria – O que acabamos de conversar?

– Eu sei. Mas... – ela já levantou alterada e andava de um lado pra outro na sala – Se ele vier pra cá sem a noiva dele? E se ele cismar comigo de novo? E se ficou com raiva por que foi contrariado e tentar revidar?

– Calma Aline! Já viu quantos homens vão estar perto de você? Acha mesmo que ele vai se atrever a chegar perto depois do que aconteceu em Fortaleza? Duvido muito.

– Ok. Vou me acalmar. – respirou fundo várias vezes e ponderou. Ela já estava irritada com ele também, o que não custaria nada de dar um belo soco em sua cara se ele viesse de graça pro lado dela de novo.

– Que bom! Agora me traz os relatórios e confirma com a secretaria do Charles a reunião de hoje.

– Tudo bem.

Assim que Aline saiu da sala, Leticia correu pra cima dela querendo saber se tinha dado tudo certo. Ela apenas se limitou em dizer que sim e reclamou que tinha que trabalhar e não podia ficar de papo com ela. Leticia não gostou muito do tom, mas saiu com o rabo entre as pernas pro seu lugar de novo. Aline percebeu sua micro saia e revirou os olhos. Quantas vezes ela ia ter que dizer a ela pra não usar esse tipo de roupa pra trabalhar?

*****

Os homens Palmas e Charles estavam reunidos na sala de reunião terminando de passar as ultimas informações do projeto. Stolt chegaria no mesmo horário que Diana e eles iriam terminar a reunião sem os meninos. Saíram da sala e viram que já estava na hora do almoço. Tiago resolveu passar na empresa de Leticia e pegá-la pra almoçar já que os planos tinham mudado e Dennis pediu pra aproveitar a carona. Mesmo que um pouco a contragosto, Tiago aceitou.

Quando chegaram a MP, foram direto para o andar delas, já que tinham sido liberados pela portaria. Diana saía de sua sala e assim que pegou a sua pasta com Aline, deparou-se com os dois saindo do elevador. Sorriu e estranhou ao mesmo tempo. O que eles faziam ali?

– Posso saber o que pretendem aprontar na minha empresa meninos? – cruzou os braços mesmo com a pasta em sua frente e os dois não sabiam onde enfiar o rosto.

– Eu... É... – Dennis começou.

– Eu vim convidar minha namorada pra almoçar.

– Hum... – olhou pra Dennis – Devo pensar o mesmo de você?

– Então Diana... Vim certificar de que estava tudo certo pra você não se atrasar pra reunião.

– Sei... – ela olhava desconfiada para os dois, mas por dentro se divertia – Fica tranquilo que já estou indo pra lá. – o elevador chegou e ela entrou – Juízo os dois.

– Pode deixar.

Assim que ela saiu, Leticia chegou perto deles e cruzou os braços também.

– Que foi? Agora todo mundo deu pra olhar assim pra gente? – Dennis reclamou – Aline? – Leticia apenas apontou para a mesa dela lá no final do corredor e ele partiu.

– Oi? Eu vim te convidar pra almoçar.

– E por que não me ligou? – continuava desconfiada, não tinha porque ele ir para o andar delas diretamente – Não precisava perder tempo estacionando o carro e vindo até aqui em cima.

– Que isso amor. – ele puxou sua mão e beijou – Queria fazer uma surpresa.

– Sei. Vou pegar minha bolsa.

Aline estava ao computador terminando de responder alguns e-mails e recebeu um e-mail de Dominique perguntando sobre almoçarem juntas. Ela concordou e já estava arrumando suas coisas pra sair, quando se deparou com Dennis bem a sua frente. Tomou um susto e olhou para ver se era ele mesmo ali.

– Oi. – ele colocou as mãos nos bolsos e parecia um pouco acuado.

– Está tudo bem? – levantou e assim que ele a viu arrumada daquele jeito, com aquele vestido que valorizava demais suas curvas, respirou fundo.

– Ótimo. – parecia um alienado. Aline chegou perto dele e passou a mão na frente do seu rosto, mas estava hipnotizado.

– Dennis...

– Cheguei. – Dominique chegou com Danilo a tiracolo – Parece que vamos almoçar em grupo.

– Oi? – ele se virou e viu o outro casal olhando para ele – É... Eu ia te chamar para almoçar. – ele se virou para Aline que já estava apoiada na mesa se contendo para não rir – Que foi?

– Não sei querido, mas parece que você viu disco voador, alien, sei lá... – Dominique comentou e todos sorriram.

– Quer almoçar com a gente? Já tinha combinado com ela. – Aline comentou com ele que apenas assentiu – Então vamos.

Quando chegaram no hall do prédio, encontraram-se com Leticia e Tiago tentando decidir para onde iriam almoçar também. Acabaram comentando e todos resolveram almoçar juntos. Tiago cumprimentou a todos educadamente, inclusive Aline, que também tentou ser o mais educada possível. Quando Leticia percebeu que ele também estava tentando não olhá-la com outros olhos, puxou-o pelo braço e caminhou na frente dele.

Dominique riu com aquilo. Pelo visto o almoço seria interessante.

Dennis puxou Aline pela cintura e pediu para segurar sua bolsa. Ela agradeceu e não se incomodou de andar com ele daquele jeito.

Quando chegaram ao restaurante a uma quadra dali, pediram uma mesa grande e se dispuseram a almoçar tranquilamente. As conversas foram descontraídas e até divertidas. As meninas contavam de suas aventuras na época da faculdade e uma vez por outra eles também comentavam algo para não ficarem totalmente calados. As três juntas tinham uma energia fora do comum e que faria qualquer homem querer ficar calado apenas assistindo admirado.

Tiago lembrava-se da outra noite, de suas reflexões e tentava de todas as maneiras não ficar olhando para Aline. Mas não adiantava e vez por outra seus olhos o traíam e ele olhava de canto de olho apenas para admirá-la.

– Aline... – Dominique percebeu que mesmo discretamente Dennis já tinha percebido algumas olhadas do irmão, olhou para a amiga – E seus pais?

– Estão bem. Trouxe até uns presentes pra minha mãe. Ela disse que provavelmente mês que vêm nos visita.

– Seu pai ainda parece com o George Clooney? – Leticia comenta logo depois de tomar um suco.

– George Clooney? – Tiago pergunta sem entender nada e elas sorriem.

– Eu acho que o pai da Aline lembra o ator. Nada muito grande, mas sei lá, alguns traços, o sorriso...

– Dominique era apaixonada por ele quando éramos mais novas.

– Hei! – ela se assusta com o comentário e todos riem, inclusive Danilo – Até você?

– Ué... Não vou competir com George Clooney. Vou perder de lavada.

– Todos nós perderíamos. – Dennis comenta – Quer dizer que ele parece mesmo?

– Que nada. Elas são loucas.

– Loucas nada. Quando eles vierem aqui, vocês vão ver.

Depois do almoço e de pagarem a conta, vão todos andando e Dennis espera que eles se distanciem um pouco para falar com Aline.

– Desculpa se me meti no almoço de vocês. Acabei me empolgando, porque tinha uma coisa pra te contar.

– Não tem problema não, foi bom ter almoçado com você. Na verdade, acabou sendo um almoço de amigos não é? Mas foi bom também.

– Hum... – ele já sorri safado e chega mais perto dela – Quer dizer que você queria almoçar só comigo não é? – ela sorri sem graça e assente tímida.

– Que isso Aline, não precisa dessa timidez toda. Sabemos que você não é assim.

– Mas como você me olhando desse jeito... – eles vão chegando perto um do outro e ele a puxa pela cintura.

– Vamos logo Aline. – Leticia chega perto deles e percebe que interrompeu um momento – Desculpa ai. Mas é que o nosso horário já acabou.

– Eu sei. – ela olha para a amiga e Dennis se afasta um pouco – O que queria me dizer? – ela vira pra ele.

– Meu pai vai dar um jantar no sábado, já que o Ramos vai vir. Acho que você já sabe.

– Não.

– Então, agora já sabe. Queria que fosse comigo.

– Não seria exatamente o encontro que você tinha falado não é? – Leticia olha Aline meio surpresa. Que historia era essa de encontro? E de onde ela tirou tanta coragem assim pra falar desse jeito?

– Bem... – ele coça a cabeça envergonhado – Na verdade nosso encontro é na sexta. – eles riem e ele coça ainda mais a cabeça – Sério, to me sentindo na escola convidando a menina pro baile da escola.

– Ah tá, então você era tímido na época da escola?

– Na verdade não. – Tiago chega perto dos três e abraça Leticia – Não sei porque tanta vergonha assim.

– Obrigado mano. To me sentindo bem mais confortável agora. – Dennis praticamente rosna pra ele e delicadamente Aline coloca a mão em seu peito em forma de agradecimento.

– Aceito ir sim pro jantar do seu pai com você.

– Jura? – ele sorriu e deu um beijo em sua testa – Eu te ligo pra gente marcar então pra sexta.

– Tudo bem. – ela sorri e puxa Leticia.

– Tchau Tiago.

– Tchau. – ele a olha ainda um pouco abismado. Quem era ela afinal?

Assim que elas entram no prédio e somem da vista dos dois, Tiago olha para Dennis que fica ainda olhando para a porta perdido em pensamentos. Suspira e o puxa pela camisa para irem embora.

– Está parecendo um adolescente com as calças pegando fogo.

– E você está parecendo um velho de sessenta anos. – eles vao caminhando em direção ao carro – Que foi?

– Você se apaixonou mesmo por ela não é?

– Acho que sim. – entram no carro ao mesmo tempo e Dennis olha pela janela do carro – Nunca senti isso por ninguém.

– Nem eu. – Tiago sussurra.

– Oi?

– Nada. Vamos logo, senão daqui a pouco Charles vai pensar que fugimos.

Letícia ainda olhava meio perdida pra Aline. Dominique já estava no andar delas esperando pelas duas e tinha acabado de se despedir de Danilo, quando elas adentraram o local.

– Para de me olhar assim Leticia.

– O que ela fez? – Dominique perguntou.

– Não sei. Não a reconheci lá embaixo.

– Eu só aceitei o convite do Dennis. Posso? – ela foi andando pra sua mesa e as duas a seguiram – Pelo amor de Deus, vai virar interrogatório de novo?

– O que ela fez?

– Vou contar.

Aproveitaram ainda que Diana não estava na empresa e Leticia contou o que tinha se passado para Dominique. Aline já revirava os olhos e atendia as ligações antes que o telefone aparentemente explodisse.

– Aline só está voltando a ser como era antes.

– Ta louca Nique? Ela é tão louca assim?

– Se eu não faço nada vocês reclamam, se eu faço alguma coisa, reclamam. O que vocês querem afinal?

– Não é isso. – Leticia percebe o tom dela e não gosta – Mas é que parece meio bipolar. Uma hora é a coitada que não entende porque os homens gostam de você, de repente é a mulher fatal que deixa qualquer um maluco.

– Devo considerar isso um elogio?

– Epa. Sem discussões. – Dominique interrompe – Eu levo em consideração que Aline sempre foi decidida. Só que capotou durante alguns anos e se afundou na lama. E hoje está voltando a ser o que era antes.

– Outro elogio?

– Claro. – ela a olha enfezada – Só estou reiterando o que disse antes pra você.

– Sim, mas é uma coisa louca. É como se ela pudesse ao estalar dos dedos ter quem ela quiser.

– Não todos. – Aline olhava um relatório quando fez o comentário. Nem viu Leticia olhando pra ela de rabo de olho – Senão estaria com outra pessoa.

– Como é? – ela cruzou os braços e Dominique se conteve para não rir – Vou pro meu trabalho sabe? É o melhor que eu faço.

– Também acho! – ela sorriu debochada.

– Aline! – Dominique a olhou assustada – Calma mulher. – Leticia saiu irritada e as deixou sozinhas.

– Acordei a toda hoje Nique. E não vão ser comentários infelizes que vão me deixar de mau humor.

– Você já está. – Aline a olha de soslaio.

– Se ela está insegura com os problemas dela e com o namoradinho que não tira o olho de mim eu não posso fazer nada. Eu já estou de saco cheio disso tudo. E olha que... – ela massageia as têmporas.

– Menina, cadê sua mãe pra ver isso? – Dominique puxa uma cadeira e senta ao lado dela – Eu sei que ela não esta facilitando muito as coisas.

– Ela está piorando tudo. Eu estou tentando fazer as coisas darem certo com o Dennis e ela fica alfinetando. E hoje não estou em um dia bom, tomei uma bronca de Diana, e por sorte ela gosta muito de mim, senão era bem provável que eu tivesse no olho da rua.

– Depois converso com Leticia. – ela sorri – Quer dizer que você vai ter um encontro com o irmão Palmas gostoso e lindo de morrer?

– Nique!!!

– Que foi? Vocês não estão com aliança no dedo e eu não estou namorando, posso chamar quem eu quiser de gostoso. – ela dá de ombros e Aline ri.

– Só você mesma.

– Bom, vou pedir pra servente te trazer um chá de camomila. To saindo.

*****

A reunião tinha terminado. Diana continuava conversando com Stolt e Charles terminava de assinar uns relatórios que sua secretaria tinha trazido. Manoel entrou na conversa e todos concordaram em ir ao jantar dele no sábado. Já que Charles não ia fazer o convite pessoalmente, Manoel resolver fazer na frente de todos. Pelo menos assim Diana não teria como recusar.

– Como na sexta feira o Ramos chega com a esposa e vamos nos reunir de novo, eu vou falar do jantar. Uma pequena comemoração com relação a venda do hotel. Apenas os mais achegados e pessoas que já sabem da nossa fusão.

– Claro. – Stolt concorda – Posso levar uma companhia?

– Claro. – Manoel assente contente – E você Diana? – ela procura se fazer de desentendida, mas sabe o que ele vai perguntar – Já tem companhia?

– Tenho. – ela sorri e deixa Charles agoniado. Quem diabos era? – Um amigo meu que está uma temporada no Brasil.

– Que bom! – ele sorri, mas por dentro não fica tão feliz assim. Afinal o plano original não era esse – Enfim, minha governanta já está deixando tudo pronto.

– Sua governanta ou a dos meninos tio? – Charles comenta e todos riem.

– Detalhes. Sou eu que pago, eu que sou o patrão. – ele responde rindo e todos o acompanham – Ela vai te ligar e você da o nome pra ela.

– Pode deixar.

Todos levantam e saem da sala de reunião e Stolt pede pra conversar em particular com Manoel. Diana está terminando de arrumar suas coisas pra ir embora quando Charles chega discretamente ao lado dela e se encosta na mesa.

– Posso saber quem é sua companhia?

– Não perguntei da sua. – ela não o olha e continua arrumando sua bolsa – Por que se preocuparia com a minha?

– Essa doeu. – ele reclama e sorri sacana – Eu pretendia te convidar pra ir comigo...

– Eu não aceitaria.

– Duvido. – ele continua sorrindo e ela coloca uma mão apoiada na mesa e outra na cintura.

– O que quer afinal?

– Voce sabe muito bem o que quero e uma dessas é saber quem vai com você.

– Não te interessa Charles. Você vai saber quem é assim que nos ver na casa do seu tio.

– Está me provocando? – ele chega perto do seu ouvido – Eu vou sozinho. E estarei esperando por você. – ele dá um beijo em sua bochecha e assim que sai da sala, ela senta na cadeira e coloca as mãos no rosto. Ele a estava deixando louca – E a propósito... – entrou na sala de supetão a assustando – Está linda hoje. – piscou e saiu novamente deixando-a perplexa.

SEXTA FEIRA

CONDOMINIO MARTIN

Tiago acordou se sentindo bem. Pela primeira vez, Leticia tinha dormido de um dia para o outro com ele. Olhou para o lado e ela parecia ainda mais linda dormindo tranquilamente. Olhou para o relógio e foi beijando delicadamente suas costas desnudas e fazendo carinho em seu cabelo.

– Se todo dia eu for acordada assim, me mudo pra cá. – ela ainda parecia um pouco grogue de sono e ele lhe deu um selinho.

– Bom dia.

– Bom dia. – os dois sorriram – Temos que trabalhar hoje?

– Temos sim. – ele foi levantando da cama e jogou o roupão pra ela – O café já deve estar na mesa.

Ela colocou a camisola que tinha separado e logo em seguida colocou o roupão. Quando chegaram na cozinha viram tudo pronto e ele a pediu para que sentasse. De repente, Ariana passou por eles que nem um furacão dando ordens e praticamente entrando no celular. Depois, viram Dennis andando de um lado para o outro nervoso e reclamando com Marta que não achava sua gravata.

– Pra que ele quer gravata? – Tiago perguntou baixo e Leticia deu de ombros – Bom dia Ariana. – ela olhou para os dois enfezada e foi pra dentro do escritório – Fui ignorado.

– É assim todo dia? – ela riu e ele assentiu.

– Não todo dia, mas mais ou menos assim. A gente já se acostumou.

– Mas Marta eu tinha pedido desde terça feira... – Dennis estava atrás de Marta que corria dele como diabo foge da cruz – Ela é minha gravata da sorte.

– Eu não sei Dennis, você não perdeu em Fortaleza?

– Mas eu nem levei gravata pra lá. Pelo menos essa não. – entraram na cozinha e nem se deram conta de que os dois estavam sentados a mesa.

– Meninos... – Marta apareceu envergonhada – Desculpa, já sirvo vocês.

– Tudo bem. – eles respondem juntos.

– Sério... – Dennis atravessou a porta e Ariana chegou perto dele – Você sabe onde está a gravata?

– Você perde e eu que tenho que saber? – ela parece irritada e Leticia tenta entender como a empregada fala como se fosse mãe deles ou coisa do tipo.

– Olha Ariana, não estou pra brincadeira.

– E eu estou por acaso? – ela cruza os braços – Você perde as coisas e eu e a Marta temos que adivinhar onde você colocou? Seu pai já me ligou umas três vezes porque a decoração em Ponta Negra veio errada para o jardim. Estou desde ontem tentando consertar isso, o voo do seu cliente chega daqui a uma hora e sua secretaria não conseguiu reservar o hotel e isso sobrou pra mim e você ainda acha que sua gravata é mais importante que isso?

– Desculpa.

– A propósito, bom dia pra vocês dois. – olhou para o casal sentado e apavorado olhando pra ela – Tratem logo de se arrumar, senão vão se atrasar.

Dennis sentou à mesa derrotado. Começou a se servir calado, porque realmente ele não tinha argumentos com relação ao que ela disse e assim que Marta entrou e serviu a todos a olhou com cara de cachorro de rua.

– Eu vou procurar. – ela levantou as mãos – Só não me olha mais assim.

– Pra que isso tudo? – Tiago comentou enquanto tomava café – Não já fechou negócio, pra que precisa da gravata?

– Porque ele tem um encontro mais tarde. – Leticia disse colocando uma torrada na boca.

– Encontro?

– Sim. – ele toma café e olha pro irmão – Vou sair com a Aline hoje.

– Hum... – Tiago mantém o tom indiferente, mas por dentro se sente incomodado – Vai dar tudo certo.

– Uhum. Contanto que ela não esteja com o humor de terça, você vai se dar bem mesmo.

– Como assim?

– Elas duas brigaram na terça. – Tiago olhou pra ela – Por culpa sua, por sinal.

– Agora a culpa é minha? – ela chia e Dennis só observa – Eu sempre tenho que levar a culpa?

– Não vamos discutir isso de novo. – ele a olha sério – Qualquer coisa usa minha gravata. É da mesma cor que a sua.

– Valeu mano, mas não é a mesma.

– Ta aqui o diabo da gravata. – Ariana surge com uma cara de poucos amigos e joga a gravata em Dennis – Eu disse que você tinha largado por ai. Sabe onde estava? Embaixo da poltrona da sala.

– E como foi parar lá? – ele não entendeu.

– Você fica com suas ideias de trazer amiguinhas pra cá e sai se despindo no meio do caminho...

– Ariana! – ele altera a voz e Leticia se contem pra não gargalhar.

– E você dois. Nada de ficar espalhando roupa pelo apartamento! – ela reclama e Tiago a olha sério – Não me olha assim não. Vocês não moram sozinhos aqui não. Tem empregada em tempo integral. Querem fazer essas coisas ai... – ela aponta pro nada – Que façam dentro do quarto ou na nossa folga. O pai de vocês já disse e foi bem claro que nós não temos que ficar arrumando esse tipo de bagunça que vocês fazem. Marta! – ela grita a empregada e vai atrás dela.

– Hoje ela está com a corda toda. – Dennis olha pra eles.

– Nem me diga. – Tiago fala.

CONDOMINIO ANIMALE

– Tem certeza que está bom? – Aline olha pra Dominique pelo espelho do quarto.

– Ele já te viu com menos roupa que isso ai. Pode ter certeza que está ótimo.

– Engraçadinha.

O telefone da casa começa a tocar e enquanto Aline está terminando de retocar a maquiagem, Dominique corre para a sala para atender.

– Alô.

– Dominique, é o Bruno. Tudo bem? – ela gela um pouco ao ouvir sua voz e solta um pigarro.

– Sim, tudo e você?

– Então, eu voltei de viagem e queria saber se a Leticia está ai, precisava que ela me buscasse no aeroporto.

– Custa pegar um táxi? – ela comenta e percebe pelo bufo dele que não gostou – To falando algo de errado?

– Eu fui assaltado enquanto estava viajando. – ela gela de verdade dessa vez. Um tempo em silencio e ele percebe que tem algo de errado – Nique...

– E você fala nessa calma toda? – ela se altera ao telefone e ele se contém para não rir.

– Queria que eu chorasse?

– Está tudo bem com você? Se feriu? Apontaram uma arma pra você? Reconheceu o assassino? Foi na policia?

– Chega. – ele chia e ela cala a boca – É muita pergunta. E sim pra todas elas, menos a parte de ter me ferido.

– Apontaram uma arma pra você? – ela quase grita e Aline, que estava saindo do quarto, ouve esse pedaço e corre pra ver o que é.

– Como assim? Apontaram a arma pra quem?

– Está tudo bem mesmo?

– Eu não estaria no aeroporto se não tivesse. – ele já fala um pouco incomodado. Não que a preocupação dela seja ruim, mas ele está louco pra voltar pra casa – Pede pra Letícia vir me buscar que depois eu conto o que aconteceu.

– Ela está no apartamento do Tiago. Eu vou ai buscar você.

– Não precisa Nique.

– Para de me chamar pelo apelido. – ele ri. Pelo menos se recuperou um pouco – Eu vou ai e ponto final. Internacional?

– É.

– Ok. – ela desliga na cara dele e sai andando de um lado para o outro e pega a bolsa – Avisa a Diana que vou me atrasar.

– Mas o que aconteceu?

– Bruno foi assaltado quando tava viajando. Ta no aeroporto me esperando.

– Depois me conta tudo. Ele tá bem?

– Disse que está, mas vai saber. Depois te ligo. – ela abre a porta do apartamento.

– Dominique! Onde ele está no aeroporto?

– Não sei. – ela coça a cabeça – É mesmo, ele pode ter me ligado do telefone de lá. Viu? Nem pra me dizer aonde ele vai me esperar o desgraçado fala.

– Você desligou na cara dele.

– Como sabe disso? Eu poderia... – ela começa.

– Eu te conheço. – Aline começa a rir e Dominique se enfurece.

– E agora?

O telefone começa a tocar novamente e antes que Dominique o pega, Aline atende primeiro.

– Aline.

– Sua amiga afobada ainda está ai? – os dois gargalham e Dominique puxa o telefone da mão dela.

– Nem pra avisar onde vai ficar. – ela realmente parece nervosa, o que aumenta ainda mais a diversão dele.

– Você desligou na minha cara. Queria que eu mandasse por telepatia?

– Olha... Eu já estou sendo muito boazinha por ir ai buscar você.

– Mas eu não pedi nada. – Dominique fica boquiaberta – Estou mentindo?

– Desgraçado. Pois agora eu não vou mais ai.

– Então não vem Dominique. – ele já está ficando nervoso – Eu me arranjo por aqui.

– Ok. Ok. Onde vai ficar?

Ela anota no papel exatamente onde ele vai esperar e sai correndo de novo do apartamento.

– Meu Deus. Povo maluco. – Aline coloca o telefone na base e pega suas coisas para ir trabalhar.

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Aline estava conversando com Diana em sua sala e contando o que tinha acontecido. Letícia ainda não tinha chegado porque era muito cedo e elas conversavam sobre a reunião que se sucederia mais tarde na PP e sobre o fato de Dominique se atrasar.

– Não tem problema, ela nunca se atrasa. Um dia não vai matar ninguém.

– Tem que dizer isso pro setor dela. Eles não respiram enquanto ela não chega.

– Isso é verdade. – Diana olhou para o relógio em sua mesa – Mas ainda é cedo. Nada que se preocupar.

– Eu vou terminar então minhas pendências. – Diana faz um raio X dela e sorri diferente – Tem alguma coisa errada Diana?

– Vai sair hoje? – ela sorri e Aline assente – Tudo bem, você sempre vem arrumada, mas hoje está mais. Um encontro?

– Sim, Dennis me convidou pra jantar. Disse que ia me buscar logo depois do horário de trabalho.

– Que bom. Está dando tudo certo então?

– Ele me convidou pra ir com ele amanha no jantar do pai dele.

– Então está tudo ótimo. – ela sorri satisfeita – Que bom que está mais feliz.

– Estou sim. – ela sorri parecendo realmente contente – Espero que dessa vez de tudo certo.

– E vai dar. Falando nisso, pode reservar uma mesa pra mim pra oito horas no Quadrifoglio?

– Aquele italiano no Jardim Botânico?

– Ele mesmo. Vou sair mais cedo e espero chegar lá a tempo. Para quatro pessoas.

– Pode deixar.

AERORPORTO INTERNACIONAL

Bruno estava sentado lendo um livro. Sabia que Dominique não chegaria muito cedo, porque o transito nunca era um bom companheiro, mesmo sendo o fluxo contrario do transito da manhã. Assim que a viu adentrando o local, fixou seu olhar nela. Procurava por ele um pouco ansiosa e os cabelos um pouco esvoançantes lhe davam um traço sexy que ele tanto gostava de admirar. A beleza dela misturada ao estilo de roupas sempre estiloso lhe deixavam ainda com mais vontade de puxá-la para um canto e beijá-la, tirar aquelas botas devagar deixando-a ainda mais em desejo por ele.

– Por acaso acha que eu tenho GPS? – ela chegou perto dele e só assim pra perceber que estava tão próxima. Tinha se perdido em pensamentos.

– Como?

– Você disse que ia me esperar na entrada do portão do aeroporto. Vou ser multada.

– Desculpa. Eu estou cansado, precisava sentar. – ela sentou ao seu lado e ele pode sentir o cheiro do perfume mais de perto e quase a puxou ali mesmo.

– Está tudo bem?

– Está sim. Estou vivo não é?

– Me conta o que houve.

– Primeiro, vamos para o carro. Senão eles rebocam. No caminho eu te conto.

Depois que entraram no carro e estavam entrando na linha vermelha, o engarrafamento ia dar tempo suficiente para conversarem. Vez por outra, ele a olhava de canto de olho e via toda a sua silhueta e imaginava que ela deveria ser dele há muito tempo e ele estava era dando espaço para qualquer outro marmanjo ficar passando a mão nela. Ela aproveitou para prender o cabelo em um coque mal feito e assim que percebeu que ele a estava quase comendo com os olhos, virou o olhar para o transito e as mãos para o volante.

– Então... Que te fizeram?

– Eu estava indo para uma conferencia. Meus chefes não sabiam que onde eu estava à noite era perigoso e acabaram levando tudo meu, laptop, documentos e dinheiro.

– E como você conseguiu voltar?

– Tinha esquecido o passaporte em cima da cabeceira do quarto. Se sou parado pela imigração eu estava ferrado.

– Provavelmente. Mas eles te fizeram alguma coisa?

– Por um minuto eu pensei em reagir. Mas tinha me lembrado no momento que apontaram a arma pra mim e pegaram minha pasta que o passaporte não estava ali. Se tivesse feito algumas coisa, tinha ido preso logo em seguida. Não confio nessa policia estrangeira. Tudo deles é motivo para dizer que estamos tentando alguma coisa contra o país dele. E até falar pra eles que estava no quarto do hotel e que tinha esquecido lá, capaz de dizerem que fiz de propósito.

– Não estamos em um filme de espiões Bruno. – Dominique riu – O pensamento até que é bom, mas...

– Mas nada Dominique. Eu tive treinamento militar. Poderia muito bem ter desarmado o cara, já que era o único armado.

– Eram quantos? – ela já estava assustada.

– Acho que quatro. Na verdade cinco. Tinha um escondido no carro que foi logo depois que eles saíram correndo. Outra coisa perigosa. Vai que ele está armado e só esperando por uma reação minha?

– Tudo bem. Então não deu queixa?

– Dei depois. Voltei correndo para o hotel, pedi ajuda e o gerente subiu comigo para o quarto. Quando cheguei lá, fingi que ia pro banheiro, coloquei o passaporte dentro da minha cueca e contei tudo pra polícia. Me perguntaram dos documentos e eu disse que sempre andava com o passaporte na cueca com medo de ser roubado. Ai eles acreditaram em mim.

– Essa foi boa. – ela riu concordando – Vai me dizer que nem desconfiaram do seu porte?

– Depois que contei tudo com calma e meio frio até, o delegado perguntou se eu era militar. Contei que sim, mas que não ia reagir a assalto mesmo sabendo que podia desarmar o cara. Não estava no meu país e ainda corria o risco de tomar um tiro nas costas.

– Ele acreditou?

– Acreditou sim. E de certa forma, não estou errado. O fato de eu saber lutar não me da o direito de sair estapeando todo mundo.

– Se é comigo eu tinha revidado.

– E tinha morrido. – ele a olhou sério – Não é um tipo de situação que você pode simplesmente agir como se fosse uma guerra. É outra coisa. Você não entende.

– Entendo muito bem. – nesse meio tempo já estavam pegando a linha amarela – Vou te levar lá pro prédio porque estou atrasada. Te dou dinheiro e você vai pro seu apartamento.

– Ok. Pelo menos assim falo com a Leticia.

– Voce está bem?

– Estou. Tirando tudo que perdi, que vou ter que tirar de novo e comprar, estou bem.

– Não consigo me acostumar com essa sua frieza em tratar desse tipo de coisa.

– Deveria. Já me conhece há anos e sabe que não é a primeira vez que isso acontece. – ele olha pela janela. O silencio permanece no carro e Dominique lembra quando ele foi assaltado na época da faculdade e quase tomou um tiro.

– Pelo menos dessa vez não atiraram. – ela respira fundo.

– Calma. – ele coloca a mão na dela que está no cambio – Obrigado por vir me buscar.

– Por nada. – o carro para novamente e ela percebe que a mão dele permanece ali na dela. Olha pra ele e os dois ficam naquele momento familiar por um tempo até que são acordados por uma buzina e ela percebe que os carros avançaram. Ele tira a mão de cima da dela e volta a olhar para o nada.

***

Quando chegam ao prédio da MP, Dominique e ele sobem direto para o andar das meninas. Aline os vê chegando e já sai rebocando Bruno pra saber se está tudo bem. Ele pergunta de Leticia e ela diz que ela foi a outro prédio ali perto levar uns documentos que Diana pediu. Os dois continuam conversando e Dominique o olha de longe.

Vai andando em direção ao seu setor e não se sente bem. Senta em sua mesa e pede um tempo para o pessoal para ficar um pouco sozinha. Pega um café na copa e fica pensando no assalto de anos atrás quando Bruno saiu um pouco ferido. Ele sempre teve o mesmo pensamento de não reagir a não ser que fosse necessário. Por mais que fosse esquentado com muita coisa, em relação a esses tipos de situação tinha uma frieza que ela nunca conseguiria ter. Lembrava-se dele sempre lhe dizendo que nunca daria pra ser militar, porque era muito passional e a discussão sempre era grande dos dois com relação a isso.

Mas passar por isso novamente lhe dava calafrios. Ele ainda era o mesmo e isso a irritava. Porque ele a olhava como antes, falava e agia como antes. E ela era louca pelo cara de anos atrás, e não queria continuar sendo louca pelo cara de agora.

18:00h

Aline estava descendo o prédio da empresa nervosa o suficiente para suas pernas tremerem. Não conseguia entender porque estava se sentindo daquele jeito, mas respirava fundo a cada andar que aparecia na tela do elevador. Assim que chegou ao térreo e a porta se abriu, procurou ordenar suas pernas para que a obedecessem.

Assim que chegou ao lobby, Dennis a estava esperando em pé e olhando os cartazes da entrada. Com as mãos no bolso e todo bem arrumado, ela suspirou. Ele dava calafrios tanto quanto o irmão. Queria entender qual era a parte do código genético que fazia os homens daquela família ter uma presença tão perturbadora, que deixava qualquer mulher que passasse por eles praticamente se arrastando.

Dennis virou assim que sentiu sua presença. Soltou aquele sorriso tão encantador que quase a fez tropeçar nos próprios pés. Sorriu em retorno e chegou perto dele esperando que aquela sensação passasse só para poder agir normalmente.

– Está linda sabia? – ele a puxou delicadamente e deu um beijo em sua bochecha.

– Você também. – ela sorriu e o beijou também. Só de sentir aquela barba em seu rosto, a sensação de formigamento começou – Vamos?

– Vamos.

Saíram do prédio e ele lhe abriu a porta do carro. Entraram no carro e ele a olhou fascinado. Ela parecia ser cada dia mais linda.

– Pra onde vamos?

– Surpresa.

A sexta-feira estava apenas começando.


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