Dilemas escrita por Paige Sullivan


Capítulo 23
Capitulo 23


Notas iniciais do capítulo

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Capitulo 23

"Existem dois objetivos na vida: o primeiro, o de obter o que desejamos, o segundo, de desfrutá-lo. Apenas os homens mais sábios realizam o segundo." (L. Smith)

FORTALEZA

Aline e Dennis chegaram na casa de Alberto. Assim que ela olhou para a frente da casa, se espantou. O motorista do hotel deixou os dois na porta da casa e disse que voltaria para buscá-los assim que fosse informado.

– Eu posso me acostumar com isso. – ela comentou e Dennis esticou o braço pra ela o acompanhar.

– Nada que não possa ser resolvido. – sorriram e tocaram a campainha.

Uma empregada abriu a porta e os convidou a entrar. Assim que atravessaram o hall, Malvina vinha sorridente para cumprimentá-los.

– Que bom que vieram! – ela beijou os dois e apontou a mesa de jantar – Podem ficar à vontade. Já volto com Alberto. Deve estar conversando com alguém lá no escritório.

– Ok. – responderam ao mesmo tempo e continuaram andando pela casa.

– Casa linda hein. – Aline comentou. E Dennis apenas concordou com a cabeça.

Outro empregado os acompanhou para a parte externa da casa, onde tinham um balcão gigante e uma churrasqueira, alguns drinks em cima do mesmo e um garçom e um cozinheiro por trás do balcão. Os dois casais do outro dia estavam sentados em bancos altos e com uma mesa, parecido com as de pubs e Matias estava com a namorada perto do deck da casa.

Assim que viram Aline, as senhoras correram para cumprimentá-la e elogiá-la. Dennis as cumprimentou e foi direto conversar com os amigos de Alberto que estavam sentados ainda.

Daniele correu para falar com Aline. Não sabia o motivo, mas gostava muito dela. As quatro continuaram conversando até que Malvina surgiu com Alberto e ele cumprimentou a todos.

– Desculpa, eu estava resolvendo um problema em uma ligação internacional. E sabe como é, o horário deles é diferente do nosso.

– Sem problemas. – um amigo dele comentou – Senta aqui, deixa as mulheres conversando. Matias... – chamou o praticamente sobrinho que estava olhando a vista do deck – Venha cá.

– Meninas, vamos atravessar a sala rapidinho e ir pro outro lado da área externa. Tenho uma surpresa pra vocês. – ela sorriu e todas as acompanharam. Daniele não desgrudava do braço de Aline, e por mais que ela quisesse falar tudo que tinha direito para acabar com a raça do Matias, se conteve, afinal, estavam em um jantar onde não seria nada bom que houvesse escândalos.

Matias as observou indo embora e Dennis percebeu quem de fato ele estava secando. Respirou fundo e jurou para si mesmo que daquele dia não passaria. Os dois teriam uma conversa muito séria.

– Sentem-se meninas. – todas sentaram e Malvina continuava sorrindo e contente. A empregada e a governanta trouxeram caixas vermelhas – Como todo ano eu dou um presente diferente para vocês, esse ano eu resolvi fazer tudo de uma vez. Assim como o Alberto deve estar fazendo com os meninos. Aline tem duas pra você. A outra você leva para sua chefe no Rio, tudo bem? – Aline assentiu.

Cada caixa tinha um nome na frente. Assim que abriu a caixa, Aline não acreditou no que via. Nunca tinha visto a mulher na vida, como ela poderia estar dando presente pra ela? Para as amigas tudo bem, para a nora, mas pra ela? Vasculhou direito e sorriu. Uma linha da Victoria's Secret, um relógio estilo livros, muito bonito por sinal, e um smartphone? Como assim?

– Então, eu sempre dou alguma linha de perfumes e afins de presente para as meninas Aline, tanto que dessa vez que dei perfumes diferentes, o relógio é um brinde da empresa do Alberto, tanto que embaixo você pode ver o nome da empresa, mas o smartphone foi uma loucura que fiz.

– Que isso Malvina, não precisava. – ela sorriu e levantou para abraçá-la – Poxa, mal nos conhecemos e não trouxe nada pra você.

– Menina, Malvina é assim mesmo. Quando ela gosta de alguém não precisa de muito tempo de convívio não. – a amiga dela comentou.

– Não precisa me dar nada Aline. – Malvina a alertou – Estou dando de coração.

– Obrigada. – ela sorriu e sentou novamente ao lado de Daniele que já brincava com seu smartphone.

Do outro lado, Dennis recebia também uma caixa de presente. Não entendeu nada, mas Alberto alertou que não era pra ficar tímido. Tinha uma caixa para Charles, já que era seu chefe, mas Alberto falou que não tinha esquecido do Stolt que era o mais interessado e mandou enviar pessoalmente a caixa pra ele no Rio de Janeiro.

– Como não sei quando vocês vão encontrar com ele, mandei o presente por um portador meu. Um amigo de confiança que está vendo uns negócios pra mim no Rio, e ele conhece o Stolt. Então, matei dois coelhos de uma vez.

– Entendi. Pode deixar que eu entrego ao Charles sim.

– Bom, como não sei se você fuma, não sei se vai te interessar ter charutos, mas dei de presente de qualquer jeito.

– Charutos cubanos? – Dennis já colocava na boca um e começava a brincadeira – Claro que eu gosto. Não fumo, mas que a pose fica bonita, fica, pode falar. – todos riram com ele fazendo as poses de altos executivos em reuniões importantes.

Depois que ele percebeu mais o que tinha dentro da caixa, viu um kit para pôquer que o deixou fascinado e um perfume da Armani. O cara tinha bala na agulha com certeza.

Continuaram conversando até que todos foram informados que o jantar estava sendo servido. Foram para a sala de jantar e sentaram para comer. A conversa fluiu bem e ninguém prestava atenção, mas Dennis sabia que mesmo conversando e rindo com a noiva, Matias não tirava os olhos de Aline. E de propósito ele fazia ela olhar pra ele o tempo todo e contava algo engraçado ou sobre a negociação para que ela não desse a mínima para os olhares de Matias.

Assim que o jantar tinha acabado, foram todos para a área externa da casa de novo. Continuaram conversando, tomando alguns drinks e vez por outra negócios eram mencionados. Quando viram a hora, Aline e Dennis resolveram ir para o hotel, já que precisavam arrumar toda a documentação para o dia seguinte. Ela foi buscar as caixas de presente e assim que virou deu de cara com Daniele.

– Posso te perguntar uma coisa rapidinho? – o olhar sério e desconfiado fez ela engolir em seco. Agora estava tudo perdido.

Dennis resolveu pegar as caixas também e Matias estava encostado no deck, tomando uma cerveja e olhando a vista. Parecia perdido em pensamentos e Dennis achou que era melhor mesmo eles dois terem logo "aquela" conversa.

– A vista é linda daqui. – Dennis comentou chegando ao lado dele.

– O que você quer?

– Conversar. – Dennis andou mais um pouco e foi chegando perto do balcão para que os empregados não ouvissem nada – Ou você está muito ocupado pensando na Aline que não consegue conversar.

– Você é muito intrometido sabia disso? – Matias chegou perto dele com o rosto fechado – Não é dono dela nem nada disso.

– E você deveria ter mais senso moral e decência. – apontou para dentro da casa – Como tem coragem de secá-la com sua noiva ao seu lado?

– Até parece que você como homem não olhou pra minha mulher.

– Realmente, você além de não ter senso moral nenhum, não tem respeito nem pela sua mulher. – meneou a cabeça negativamente – Olha cara, sua mulher é linda sim, admito, mas eu não a olho com outros olhos. Não sou assim.

– Até parece.

– Seguinte, não compare a sua mente suja e podre com a minha. – Matias virou para olhá-lo já enfezado – Só vim de te dar um recado: Se você encostar na Aline de novo, sequer olhá-la ou falar algo a ela que seja digna de uma cafajeste, eu juro por Deus que eu desgraço sua vida, tá entendendo?

– Ah é mesmo? – ele riu em deboche – E qual seria?

– Acha que não pesquisei nada sobre a sua família antes de vir pra cá?

Matias já o olhou diferente. Dennis sabia que ele tremeria nas bases assim que ouvisse o que ele sabia. Mas só o olhar amedrontado dele já era o suficiente para Dennis sorrir vitorioso.

– Eu gostei muito do seu pai e não quero destruir a vida dele por conta do filho irresponsável. Se o seu casamento é apenas uma maneira de levantar novamente a carreira dele, o problema não é meu. Eu nem liguei pra isso quando vim pra cá, mas assim que você mexeu em algo meu, se tornou pessoal.

– Você é louco. Acha que eu acredito em você?

– Quer apostar? – ele riu e olhou para Matias de novo – Sua noiva parece ser boa gente, não causa mal nenhum a ela. Você não sabe como é difícil uma mulher se recuperar de um coração partido.

– Como se você soubesse.

– Posso não saber exatamente, mas já vi casos assim. Por isso que nunca me prendi a ninguém de verdade, não acho justo sacanear ninguém. E é exatamente isso que você esta fazendo com ela.

– Acha mesmo que pode entrar na minha casa e apontar meus problemas como se você fosse um sábio ou algo assim? Eu faço o que quiser da minha vida. – ele se enfezou – E não vai ser você a mudar isso.

– Não duvida de mim não Matias. Eu posso acabar com tudo em pouco tempo. Eu queria ter uma conversa de adultos, mostrar o lado sentimental, mas eu estou vendo que você não vai me ajudar. Só pra terminar a conversa, algo bem claro pra você entender, porque já percebi que respeita muito seu pai: Se você encostar na Aline de novo, eu juro que faço essa negociação sumir na fumaça, e ninguém vai querer comprar o hotel. Está ouvindo? Ninguém!

– Você não faria isso.

– Quem quis jogar sujo foi você. Vai prejudicar seu pai que não tem nada a ver com isso por conta de uma burrada. Estamos entendidos?

– Não.

– Ok então, amanha nós resolvemos isso. – quando Dennis ia saindo, Matias se arrependeu imediatamente. Por mais que aquilo fosse chantagem, ele não poderia deixar o pai perder tudo por conta de uma burrada dele.

– Calma ai Dennis. – ele virou e Dennis voltou a olhar pra ele – Não vou fazer mais nada. Pode deixar.

– Bom garoto! – ele sorriu – Nos vemos amanha. Boa noite.

Assim que ele se virou, Matias jogou a garrafa que estava em suas mãos através do deck para algum lugar no meio da rua. Queria socar alguém ou qualquer outra coisa que pudesse acabar com a fúria interna que sofria.

Aline estava ouvindo todas as lamúrias de Daniele e entendeu exatamente o que ela passava. Depois que ela secou as lágrimas, ela a ajudou a ajeitar um pouco a maquiagem.

– Desculpa, mas é que eu o vi olhando pra você. Eu sei que ele é assim com todas as meninas que aparecem e você é tão linda...

– Bom, eu não tenho nenhum interesse nele Daniele. Pode ficar tranquila, mas acho melhor você conversar com ele e dizer que isso está te incomodando.

– Eu sei... – ela foi colocando o batom de novo e dando mais uma olhada no rosto – Mas no inicio nós dois tínhamos concordado em ficar juntos por dois anos, três no máximo. Ai rolou, ficamos juntos e me apaixonei por ele. E ele sabe disso... Chegou a dizer que também estava e naquela época acreditei.

– Estão juntos há quanto tempo?

– Dois anos. – ela respirou fundo – Eu não quero mais ficar com ele só por causa dos nossos pais. Eu quero que ele me de valor, sabe? Eu sei que nós podemos dar certo.

– Olha, eu passei pela mesma situação que você praticamente. Saí com um cara, ficamos juntos e ele me pediu em casamento. Mas eu já não sabia que ele me traía e tal, e quando descobri fiquei arrasada. Hoje ele corre atrás de mim querendo casar de qualquer jeito.

– Você ainda o ama?

– Não. – Aline chega fez careta que Daniele riu – Ainda me encontro com ele, não posso negar... Mas não passa de... Você sabe.

– Uhum. – Daniele riu de novo.

– Então, eu to muito mais enrolada agora do que você possa imaginar...

– O Dennis? – ela apontou pra trás – Porque ele é lindo.

– Então... – Aline achou melhor não se delongar naquilo – Mais ou menos. – ela riu – Enfim, fica tranquila, que pelo menos da minha parte não vai acontecer nada. Não sou desse tipo de mulher e mesmo que estivesse sozinha, não daria ideia pra um cara praticamente casado.

– Obrigada. E desculpa perguntar isso pra você.

– Sem problemas. Mas ainda acho que você deveria conversar com ele.

– Vou sim. – se abraçaram – Vamos? O Dennis deve estar procurando você.

– Vamos.

Assim que ela se despediu de todos, entrou no carro com Dennis. Respirou fundo e permaneceu em silencio pensando na situação dela. Lembrava-se de si mesma e se via nela praticamente. É muito ruim ser enganada daquela maneira.

– Tudo bem? – Dennis chegou perto dela e a abraçou de lado. Ela apenas assentiu – Pelo visto a conversa foi séria.

– Um pouco. – ela encostou-se ao ombro dele – Mas acho que está tudo resolvido.

– Ela conhece a peça que tem como noivo não é?

– E como.

Quando chegaram ao hotel, foram direto para o quarto. Ainda precisavam revisar os contratos, orçamentos e afins para a reunião do dia seguinte. Depois que tomaram banho e pediram uns aperitivos para não ficarem com fome mais tarde, conversaram sobre outras coisas e cada um contou de sua conversa particular e séria.

– Mas você fez o que? – Aline se levantou espantada e começou a andar nervosa pelo quarto – Ele vai contar pro pai dele. Chantagem Dennis?

– A gente joga sujo com quem faz o mesmo. – ele a olhou calmo – Ou não foi ele que começou dizendo a você que iria contar ao pai dele que você deu em cima dele?

– Tudo bem, mas isso já tinha passado.

– Espero que você não seja tão inocente assim Aline. – ele já estava sério – Acha mesmo que quando ele tivesse a oportunidade ele não ia tentar ficar com você de novo?

– E que história é essa de podres dele? O que você sabe?

– Então... – Dennis pegou uma pasta – Eu investigo todos os meus clientes antes de fazer qualquer negócio. E eles não estão vendendo o hotel só por causa de problemas com dinheiro, você viu a casa dele e os presentes que nos deram? Eles têm dinheiro de sobra.

– Não entendi.

– Matias se envolveu com a máfia alguns anos atrás. Pegou dinheiro emprestado porque tinha brigado com o pai e não recebia mais nada dele, e quase morreu. O dinheiro que estamos oferecendo pra comprar o hotel é o suficiente para pagar a parte de todo mundo, principalmente as dividas dele.

– Por isso que voltou ao Brasil.

– Exatamente. O Alberto é um cara legal, mas também esperto. Qual foi a jogada dele? Fez o filho se prender a alguém aqui no Brasil, tomar conta dos negócios da família ao lado dele e tudo o mais que ele poderia ter de luxo aqui, e em troca pagaria essa dívida.

– Mas até onde eu sei, quem se mete com a máfia, nunca mais sai dela.

– Depende. Ele só deve dinheiro e tem prazo. Por que acham que se interessaram tanto pelo Stolt? Eu matei hoje quando ele me disse que um amigo dele de confiança vai pro Rio e entregar um desses presentes pessoalmente para ele. Stolt é cheio da grana e tudo que ele compra, paga à vista.

– Captei! Qual o objetivo da reunião então?

– Stolt não é burro. Está nesse ramo há tempos. Teve uma reunião dele com Diana e Charles que ele contou o que achava e Charles me incumbiu de descobrir. Ele sabe mesmo que eu fuço tudo. E mandou contar pra você quando estivéssemos aqui.

– Entendi. – Aline não sabia o que pensar. Nem sempre os negócios eram limpos e transparentes de fato, mas era a primeira vez que se via de frente com uma coisa tão grande – Ele vai aceitar tudo que oferecermos então?

– Não necessariamente. A nossa proposta não é a única. Descobri também que tem outras duas empresas querendo entrar na jogada, e é por isso que você está aqui. Precisa convencê-los de que nós vamos valer mais a pena.

– E se o Matias contar para o pai dele que você sabe de tudo? Ele vai aceitar na hora. Acha mesmo que vai querer que as coisas vão a publico?

– Ai que está. É um risco que vamos ter que correr. Eu não imaginei que ele ia dar em cima de você. Foi um ultimo recurso.

– Chantagem é errada Dennis. Acho que agora vai tudo por água abaixo.

– Não vai não. Pelo pouco que o conheço, ele não vai querer mesmo que o pai saiba disso tudo. O pai dele não é idiota e deve ter percebido que ele tava doido por você. E se ele já esta com a corda no pescoço com o pai...

– Confia muito nisso não. – ela sentou derrotada – Vamos ver amanha como vai ser.

SEGUNDA FEIRA

Matias estava na porta do quarto de Aline e Dennis. Tinha passado a noite conversando com Daniele e depois que ela expos todos os fatos a ele, engoliu em seco. De fato ele tinha a iludido e por mais que fosse um canalha de marca maior, ela não tinha nada a ver com os problemas pessoais dele e principalmente os com seu pai. Contou a noiva o que tinha acontecido com Dennis e ela se assustou por ele saber de tudo. Imaginou se Aline também sabia disso, mas comentou com ele que pelo menos na conversa que tiveram, não parecia. Mas como ninguém nem sempre parecer ser o que fala e faz, ela desconfiou também. Tocou a campainha duas vezes e Aline pediu para esperar. Assim que ela abriu a porta, tomou um susto.

– O que faz aqui? – Dennis abriu a porta junto e viu Daniele parada ao lado do noivo.

– Precisamos conversar com vocês dois. – entreolharam-se e mandaram-nos entrar.

– Podem sentar.

Assim que todos se acomodaram, Matias foi logo direto ao assunto.

– Eu preciso saber se a chantagem de ontem é para que meu pai venda de qualquer maneira o hotel pra vocês.

– Não. – Dennis falou firme – Era só pra você parar de dar em cima da Aline. – Daniele a olhou e percebeu que ela estava vermelha que nem um pimentão – Se não tivesse feito o que fez, provavelmente nunca saberia que eu sei da historia toda.

– E você sabia? – ela perguntou a Aline que se endireitou na cadeira.

– Não. Dennis me contou ontem quando chegamos no hotel.

– E como você soube? – perguntou a Dennis.

– Pesquiso tudo que me interessa. E o nosso cliente é tão desconfiado quanto eu. Seu pai está querendo vender muito rápido esse hotel. É um investimento que vale a pena, e eu não ia abrir minha boca em momento nenhum. Ia deixar as coias acontecerem.

– Por que será que não acredito em você? – Matias o olhou sério – Se meu pai não aceitar a oferta, você pode muito bem me fazer convencê-lo do contrário.

– Não, não posso. E nem vou. Seu pai é uma pessoa muito boa Matias, sua mãe também parece ser muito gente boa, não teria porque eu fazer isso. E nem sou disso. Já disse: só falei isso porque você deu em cima dela.

– Ainda não acredito em você. Por saber que eu sou desse jeito pode muito bem ter trazido ela pra me seduzir e depois se fazer de vitima para ficar com as cartas na mão.

– Agora eu sou a vadia? – Aline se revoltou e Dennis já não estava com a cara muito boa – Não vai ter negociação nenhuma. Cancela tudo!

Dennis levantou e foi atrás dela. Daniele não entendeu nada e foi atrás também. Matias continuava sentado olhando a cena que se passava.

– Ele tá pensando que é quem pra me chamar desse jeito? Ele não me conhece! – ela praticamente gritava e Dennis tentava acalmá-la – E você? Não vai fazer nada não?

Daniele voltou para o noivo que continuava sereno e ouvindo a gritaria de dentro do quarto de Aline.

– Pede desculpas a ela.

– Eu não vou fazer nada. Isso tudo é cena.

– Cena? – Dennis saiu pelo quarto a fora e os olhos estavam vermelhos de raiva. – Pede desculpas pra ela.

– Eu não vou fazer nada. – Matias deu de ombros – Não acredito nesse circo.

Dennis ia avançar nele se não fosse por Daniele que ficasse no meio dos dois. Tentou separar, mas os dois estavam quase se atracando e caindo em cima do sofá.

– CHEGAAAAAA! – ela berrou e quase se machucando porque estava no meio deles e Aline entrou na sala desesperada. Foi em cima de Dennis e o puxou para outro lado – Qual o problema de vocês?

– Eu odeio esse cara! – Dennis parecia um touro – Minha vontade é de acabar com a raça dele desde que ele deu em cima da Aline.

– Você que é um safado, que quer comprar o hotel na base da chantagem.

– O que significa isso? – Alberto tinha acabado de entrar com a mulher e dois seguranças – O que vocês estão fazendo?

Depois de meia hora e todos expondo seus fatos, Alberto não acreditava no que estava ouvindo. A bomba tinha estourado tão rápido quanto ele poderia imaginar. Respirou fundo ao ouvir todos os detalhes e assim que recuperou o raciocínio quase deu na cara do filho.

– Dennis... – estavam todos sentados na sala de reuniões da administração e esperando pelo que poderia vir diante de Alberto e da mulher – Há quanto tempo você sabe da historia toda?

– Desde que o Stolt disse que estava interessado em comprar. Ele disse para o Charles que confiava nele para descobrir se o negócio valia a pena ou não e eu fui incumbindo de procurar as respostas. Nós já tivemos problemas com fraude nas contas antes, e desde então não fazemos nada que não tenha 100% de certeza que vá finalizar.

– Sim, mas uma empresa de publicidade não toma conta desse tipo de coisa. Digo, vocês até podem vir para negociar conosco, mas no final só fazem a propagando do lugar, digamos assim.

– Para termos sucesso nos nossos negócios Alberto, não podemos nos manter em apenas uma área de conhecimento. Sim, nosso foco é maior em publicidade, mas analisamos todos os campos. Por isso também foi necessário entrar em fusão com a empresa da Diana, a MP. Tenho que admitir que ela é a melhor do mercado e isso iria nos ajudar e muito.

– Ok. – ele ponderou um pouco – Chantagear o meu filho então entra nos outros campos?

– Não! – ele foi enfático – Eu só fiz isso porque ele chantageou a Aline primeiro e disse que faria de tudo para acabar com nossa negociação dizendo que ela estava dando em cima dele. Ela ia perder o emprego se isso fosse à tona. E sabemos muito bem que não é verdade.

– Não sei. – ele coçou a cabeça e Malvina o cutucou.

– Posso falar?

– Diga.

– Vocês já fizeram aquela proposta antes de vir pra cá, mesmo sabendo do motivo que nos levavam a vender o hotel?

– Sim.

– Isso não quer dizer nada mãe! – Matias se meteu – Isso tudo ai não passa de jogada para conseguir o hotel para eles.

– Ok, então vamos fazer o seguinte: deixa a Aline mostrar a proposta que nós tínhamos e vocês decidem. Se mesmo assim não quiserem a gente, nós vamos entender.

– Ah me poupe. Isso tudo é para ganhar tempo.

Dennis teve uma ideia. E antes que as coisas fossem por água abaixo por culpa do mauricinho que ele estava louco para desfigurar o rosto, propôs uma reunião em uma sala de conferencia com vídeo. Alberto não entendeu absolutamente nada, mas assentiu. Puxou Aline para conversar e a convenceu a continuar como se nada tivesse acontecido. Proporia o projeto e iriam ver no que ia dar.

Uma hora depois estavam todos reunidos em uma sala adjacente. Diana em seu apartamento, Charles com seu tio em Ponta Negra, e até Stolt.

– Boa tarde a todos. – ela sorriu – Algumas coisas acabaram não sendo muito esperadas com relação a essa apresentação, mas vamos seguir.

Aline fez o que pode. Manteve a calma que ela tirou do útero já que estava mais nervosa do que nunca e procurou agir como profissional. Ela tinha ido para lá com esse objetivo e só porque um filho de papai mimado queria ferrar com tudo, ela não poderia deixar.

Depois de mais de vinte minutos apresentando minuciosamente cada detalhe do projeto, Alberto percebeu que eles não estavam brincando. Ninguém perderia tempo fazendo um monte de coisa daquele tipo se de fato não se interessasse na coisa.

Ao final, todos a aplaudiram, inclusive Matias, que ficou impressionado em como ela era inteligente.

– Veja bem Alberto, estou falando isso diante do meu pai, que eu sei que você conhece de longa data... – Dennis começou.

– Sim, nos conhecemos da época da faculdade não é Manoel? – eles riram e Manoel assentiu – Também conheci o Antonio, pai da Diana. Meus pêsames. Não pude ir ao enterro.

– Obrigada, Alberto. Mas recebi seu presente e da sua esposa. Não pude ir e peço desculpas, mas mandei uma pessoa de muita competência. – todos sorriram e Aline não sabia onde enfiar a cara de vergonha.

– Não tem porque nada disso vir a tona. Nem queremos. Trabalhamos sério e não em cima de chantagem. Posso ter errado em fazer isso com seu filho, mas não suporto quem age dessa maneira com mulher nenhuma. – ninguém que estava do outro lado entendeu o que ele quis dizer.

– Como assim Dennis? – Manoel perguntou – O que você fez?

– Eu conto. – Alberto olhou para ele – Já tem muita confusão pro meu gosto.

Depois da reunião, Alberto conversou com seus sócios e acabou aceitando a proposta deles. Parou para pensar no caso e não teria como não acreditar em Manoel e muito menos em Diana. Ela era tão parecida com o pai nos negócios, e ele nunca foi desse tipo de pessoa. Entendeu a situação que levou Dennis a cometer aquele erro, mas sabia que seu filho não prestava e eram bem capaz de deixar a situação se inverter para o lado dele. A pergunta maior era: por que ele não queria que ele vendesse o hotel?

Aline estava sentada no restaurante comendo algo já que a fome tinha finalmente voltado para ela. Depois de toda aquela tensão, sentiu uma vontade louca de comer alguma coisa. Será que ela perderia o emprego depois dessa?

– Podemos nos sentar? – Daniele estava sorrindo e com Malvina ao seu lado.

– Podem, claro. – ela ainda estava nervosa com aquela aproximação.

– Não vamos te morder Aline. Na verdade, queremos agradecer. – Malvina segurou sua mão na mesa – E pedir desculpas.

– Se tivesse nos contado antes, talvez essa confusão toda não teria acontecido.

– Eu não contaria nunca. Vocês me conhecem não tem nem uma semana, como acreditariam em mim?

– Isso é verdade. – Malvina sorriu mais compassiva – Matias fez algo a você que você não quer contar?

– Não. – ela sorriu negando com a cabeça – Nada que vá me traumatizar. Eu peço desculpas a você pelo Dennis. Não sei o que deu na cabeça dele para ter feito uma loucura dessas.

– Não sabe? – Daniele sorriu – Ele praticamente abriu mão de uma conta por sua integridade. Esse homem merece um Oscar.

– Eu entendo que ele tenha me defendido e fico grata por isso, mas ele foi longe demais.

– Pessoas apaixonadas fazem muita coisa que não está nem na lógica delas. – Malvina comentou deixando Aline surpresa – Está na cara que ele está louco por você.

– Não vai me dizer que não rolou nada entre vocês? – Daniele comentou rindo – Nem um beijinho sequer?

– Então... – ela coçou a cabeça e todas riram cúmplices – Mas é tão complicado.

– Complicado nada Aline. – Malvina pediu uma bebida e voltou a ela – Aproveita essa oportunidade boba.

– Queria que o Matias fosse assim.

– Ele precisa aprender muita coisa Daniele. – a mãe dele comentou – Mas você também precisa ajudá-lo. Ele gosta de você, só ainda não se deu conta disso por completo.

– Acha mesmo?

– Eu acho. – Aline completou rindo – Por mais que ele tenha feito o que fez, ele não te olha com nojo e muito menos repulsa. No mínimo atração tem por você... – elas lembraram do que conversaram na noite anterior – Só questão de tempo pra perceber que tem uma joia rara nas mãos.

– Obrigada.

****

Dennis estava no quarto terminando de arrumar a mala. Quando olhou para o quarto de Aline, viu que todas as coisas dela já estavam arrumadas. Coçou a cabeça e imaginou tudo que tinha acontecido em tão pouco tempo naquele resort. Ele tinha se deixado levar por um sentimento que nem ele entedia que tinha por causa dela. O cheiro do perfume dela exalava pelo quarto e ela saiu do banheiro já arrumada para ir embora. Sorriram um para o outro e ela terminou de colocar as coisas na bolsa de mão.

– Conseguimos. – ele falou apenas e ela sorriu ao ver que ele a admirava mais do que nunca.

– Conseguimos. – ela chegou perto dele e o encarou bem nos olhos – Obrigada.

– Pelo que? – afastou a franja de seus olhos e ela respirou fundo.

– Por tudo que fez por mim esse final de semana. Eu tenho que te agradecer. Eu nem valho isso tudo para...

– Hei. – ele a interrompeu colocando o dedo em sua boca – Você vale isso tudo e mais um pouco. Quando o momento surge, nada mais justo do que aproveitá-lo. Aline acabou chegando ainda mais perto dele e assim que os hálitos se misturaram, não houve mais empecilho. Beijaram-se novamente, só que dessa vez mais calmos, mais românticos... Não tinha porque ter pressa para apreciar aquele beijo tão gostoso e inebriante. Ela o puxou para mais perto dele pela nuca e ele acabou rindo na boca dela. Fez o mesmo colocando a mão esquerda entre seus cabelos e a mão direita em sua cintura. Quando se deram conta, ela já estava contra o batente da porta e o beijo se aprofundava ainda mais – Nós temos hora. – ele parou quando sentiu que a situação poderia ir longe demais. Não vamos nos apressar.

– Não. – ela falou em quase um sussurro com os olhos ainda fechados. Ele riu e olhou pra ela divertido.

– Não, não para, ou não, você tá certo?

– As duas opções. – ela completou o surpreendendo – Mas vou pender para a segunda opção já que realmente temos hora.

Foi andando para perto de sua mala e fechando-a finalmente. Ele a abraçou por trás e falou em seu ouvido.

– Quer dizer que se não tivéssemos hora, eu poderia ir mais adiante? – ela riu e se virou pra ele – Olha que eu posso pedir pra cancelar o voo.

– Não vamos cancelar nada. – deu um selinho nele – Amanha o dia será bem longo no escritório.

– Nem me diga.

TRES HORAS DEPOIS

Assim que chegaram ao aeroporto, viram que o relógio já marcava umas oito da noite. Estavam exaustos e só de pensar que ainda teriam que trabalhar no dia seguinte. Dennis insistiu e Aline aceitou em voltar de carro com ele. Assim que chegaram no apartamento dela, os dois se encararam por um tempo e sorriram.

– Posso te convidar pra jantar amanha?

– Pode ser outro dia? – ela sorriu já com vergonha – Pretendia dormir muito quando chegasse em casa amanha. Porque ainda tenho que terminar uns relatórios e as meninas vão me alugar hoje. Ou seja...

– Não vai dormir. – ele riu – Tiago também vai me alugar e Charles disse que iria com certeza estar no apartamento para conversar sobre o que aconteceu.

– Pode ser na quarta?

– Vou ver. Tinha uma reunião marcada com um cliente, mas eu te ligo.

– Tá ok. – ela sorriu e chegou mais perto dele – Vou esperar a ligação.

– Sabe que esse seu jeito confiante é muito mais atraente?

– Jura? – ela sorriu e ele a puxou para mais perto – Você gosta?

– Por que? Só é assim comigo?

– Não. Eu costumava ser assim, mas mudei muito.

– Quer dizer... – ele foi beijando seu queixo e ela fechou os olhos – Que eu estou atiçando a antiga Aline a voltar? – ele beijou seu pescoço e depois eles se encararam – Vou continuar assim então. – ela não poderia dizer que o irmão dele tinha dado o pontapé inicial. Acabaria com todo o clima que já estava ali. Apenas beijou-o em retribuição. Deu uma boa noite e saiu do carro com a ajuda dele para pegar as malas. Deram mais um beijo e ela entrou no prédio.

Assim que entrou no apartamento, Dominique e Leticia estavam jantando e quando a viram pularam pra cima dela.

– Quero saber tudo! – falaram ao mesmo tempo e as três gargalharam.

CONDOMINIO MARTIN

Marta abriu a porta para Dennis. Pegou suas malas e pediu para que ele fosse ao escritório, já que Manoel e Charles estavam lá esperando por ele. Respirou fundo, ainda tinha um monte de coisas pra fazer e receber sermão só estava agendado para o outro dia.

Assim que entrou, viu alem dos dois, seu irmão conversando com eles.

– Chegou então. – Manoel o olhou muito sério – Temos que conversar.


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