2012 escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 9
Juntando as peças




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22 DE FEVEREIRO DE 2012

No capítulo anterior, Mônica e Cebola já perceberam que Ângelo está tentando dizer alguma coisa e começaram a correr atrás de mais pistas. Viviane também comunicou a Ramona sobre a “viagem” que a família estava prestes a fazer, mas a moça começou a notar que alguma coisa estava errada.


- Ah, sim. O Ângelo esteve aqui hoje. Por quê?
- Por acaso ele andou falando alguma coisa estranha pra vocês?
- Pra mim não. Bom, ele e a Magá conversaram um pouco sobre a origem do chocolate, sei lá.
- O que ele falou, você não lembra?
- Era qualquer coisa sobre Maias e Astecas. A Magali deve saber contar direito. Ela disse que ia pra casa fazer uma pesquisa.

Os dois correram para a casa da Magali e a encontraram na frente do computador.

- Oi, gente! Eu tava fazendo umas pesquisas aqui. Nossa, vocês sabiam que foram os maias quem começaram a cultivar o cacau pra fazer chocolate? Eu sempre pensei que fossem os astecas. 
(Cebola) – Deixa eu adivinhar: foi o Ângelo quem te falou isso?
- Foi. Parece que a cultura dos Maias é bem antiga, até mais do que a dos astecas. É muito interessante.

Magali foi discorrendo sobre a alimentação deles, roupas, formas de cultivar a terra... nada que chamasse muito a atenção. Ele também deu uma olhada na página onde ela estava lendo e realmente não encontrou nada que pudesse ser revelador.

- O que foi? Vocês estão estranhos...
(Cebola)- É que o Ângelo recomendou um filme de terremoto pra gente, depois falou pra Carmen tomar cuidado com o sol e agora veio com esse negócio de Maias. Sei lá, a gente achou isso meio estranho...
- Vai ver foi só coincidência.

O celular tocou, tirando sua concentração. Era seu amigo sujinho.

- Alô?
- Ei, careca. Onde você está?
- Tô na casa da Magali junto com a Mônica.
- Ué, o que vocês estão fazendo aí que me deixaram de fora?
- Estamos fazendo umas pesquisas. Fala aí, por acaso o Ângelo não andou, sei lá, te dizendo umas coisas meio cabulosas?
- Tipo o quê?
- Coisas sem sentido. Você não falou com ele nesses dias?
- Falei sim. Ele me ajudou a filmar minha performance na bike e o vídeo ficou muito doido! Vocês deviam ver!
- E ele não te falou alguma coisa?
- Deixa eu ver... no fim da filmagem, a gente conversou sobre esportes radicais e ele falou sobre a chapada dos Guimarães e a chapada dos Veadeiros. Falou que dá pra fazer muito esporte bacana lá.
- Sei...
- O que tá pegando?
- Vem pra casa da Magá que a gente conversa.
- Beleza. Já tô aí.

Não demorou muito para o cascão aparecer na janela do quarto da Magali.

- E aí, galera? – ele perguntou pulando a janela para dentro do quarto. Para que gastar tempo batendo a campainha?
(Cebola) – O Ângelo tá falando umas paradas pra gente, é isso.

Após falar brevemente sobre o que o anjo tinha falado para eles, Cebola concluiu:

- Eu acho que ele tá querendo falar alguma coisa.
(Magali) - Tipo o quê?
(Mônica) – A gente não sabe ainda.
(Cebola) – Precisamos perguntar pro resto do pessoal. De repente ele falou mais alguma coisa para alguém. Ô Cascão, por que você não telefona pra Cascuda e pergunta pra ela?
- Ué, e por que o Ângelo iria ficar de papo com a minha namorada?
- Se ele quer nos dizer alguma coisa, deve estar dando pistas pra todo mundo. Larga de má vontade e telefona logo!

Poucos minutos depois, Cascão obteve a resposta. Ele foi respondendo em monossílabos e balançando a cabeça levemente. Ao desligar o celular, Cebola perguntou ansioso.

- E aí, ele falou mesmo alguma coisa pra ela?
- Pior que falou, véi! Foi algo tipo fazer um passeio romântico comigo na Chapada dos Guimarães ou dos Veadeiros.
- Mais ou menos a mesma coisa que ele falou pra você.
- Só que ele também falou que a melhor época pra ir lá seria antes de julho. Eu heim! O que isso tem a ver?

Cebola ficou coçando o queixo por alguns segundos, tentando juntar as peças do quebra-cabeça e não conseguiu encontrar nenhuma relação entre aquelas pistas. Mônica sugeriu.

- Amanhã a gente pode perguntar pro resto do pessoal lá na escola.
- Boa! Se o Ângelo tiver falado alguma coisa pra eles, talvez a gente consiga matar essa charada.
- E vocês acham mesmo que tem alguma charada aí? – Magali perguntou com um olhar cético. Aquilo não estava fazendo sentido nenhum para ela.
- Deve ter. – Cebola respondeu. – O Ângelo nunca foi de ficar falando essas coisas sem sentido, então eu aposto que ele quer mesmo nos contar algo, sei lá. Amanhã a gente fica sabendo.

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- Chico, ocê isqueceu di capinar ali, ó! Num podi deixá os mato tomá conta!
- Tá bão, pai. – o rapaz foi capinar no local indicado e olhou ao redor para ver se o serviço ali tinha ficado completo. – O sinhô sabe si o pai do Zé Lelé tá mió da perna?
- Tá não. Parece qui quebrô memo. Eita cavalo mais danado aquele, sô!
- Ingraçado qui ele sempre foi manso... pru quê ficou brabo di repenti?

Tonico parou um pouco, enxugou o chapéu e enxugou o suor da sua testa. Depois respondeu dando de ombros.

- Eu nun sei, fio. Os bicho anda muito istranho! Num vê as galinha lá di casa?
- Anhé... inté agora num intendi pru quê elas ficam daqueli jeito.

O som de um bando de pássaros chamou a atenção dos dois e Tonico arregalou os olhos.

- Arre égua, sô!
- Qui foi, pai? – ele perguntou também olhando para os pássaros sem entender nada.
- Num é a época di esses pássaro avuá por essas banda! Eles só aparece lá pru fim do ano!
- Eles deve di ter adiantado.
- Esses pássaro nunca vem mais cedo não, fio. Só no fim do ano... i óia como eles tão avuando isquisito!
- É memo...

Os pássaros voavam de um lado para o outro, como se estivessem perdidos. Após voarem por algum tempo em circulo, eles foram para longe dali, se perdendo no horizonte atrás das arvores. Os dois voltaram a trabalhar ainda conversando sobre o assunto até o fim do dia. 
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No dia seguinte, Mônica conversava com Denise enquanto fazia anotações em seu caderno. Ela tinha enumerado todas as pistas recolhidas até aquele momento para mais tarde ela e o Cebola tentarem entender que mensagem o Ângelo estava tentando passar para eles.

- Engraçado... ele te falou mesmo isso?
- Falou, gatz. Quem entende os anjos? Ele disse que era um vídeo quentíssimo e tudo o que eu achei foi uma animaçãozinha tosca e mal feita sobre essas teorias malucas de fim do mundo! Perdi preciosos minutos da minha vida assistindo aquela porcaria!

Ao ouvir a expressão “fim do mundo”, Mônica sentiu um arrepio desagradável percorrendo sua espinha. Mesmo assim ela não deixou transparecer o que sentia. Não fazia sentido se alarmar tão cedo.

- O que ele falou desse vídeo, você lembra?
- Foi qualquer coisa sobre abalar as estruturas da humanidade, que eu ia lembrar desse vídeo por muitos anos... vê se pode?

Mônica fez mais algumas anotações em seu caderno, deixando Denise bastante curiosa.

- O que tá rolando? Algum babado quente? Eu quero saber!
- A gente ainda não sabe bem ao certo...
- Fala aí, amore! Fofoca é comigo mesmo! – Denise faltava pouco pular de ansiedade e Mônica sabia que ela não ia lhe dar sossego enquanto não abrisse o jogo. Talvez aquela revista de fofocas ambulante pudesse ser útil em alguma coisa.
- Sabe o que é? Parece que o Ângelo quer nos dizer alguma coisa e está deixando pistas para cada um da turma.
- Ah, é? Que tudooo!
- È por isso que a gente está perguntando pra todo mundo.
- Deixa eu ajudar, deixa! Achar informação é comigo mesmo!
- Então tá.

Denise começou a olhar em volta procurando por uma presa e Mônica acabou achando graça da situação.

- E aí? O que a Denise falou? – Cebola se aproximou depois que Denise foi atacar uma pobre vítima desavisada.
- Ela disse que o Ângelo indicou um vídeo no blog do Licurgo.
- Então depois da aula a gente vai dar uma conferida. O que a gente tem até agora?
- Deixa eu ver... pra mim e pra você, um filme de terremoto. Para Carmen, ele falou para tomar cuidado com o sol. Com o Cascão ele falou sobre Chapada dos Guimarães e dos Veadeiros, pra Cascuda ele falou o mesmo, só disse que o melhor seria ir antes de julho e para Denise indicou um vídeo do blog do Licurgo que fala sobre fim do mundo.
- Fim do mundo? – ele arregalou os olhos.
- É... melhor a gente conferir primeiro. A Denise vai ver se consegue mais coisas.
- Sei não... isso tá ficando meio assustador, não acha?
- De repente é só uma charada e não uma coisa pra gente levar ao pé da letra.
- Tomara, viu... tomara.

A aula começou e eles pararam de conversar. Mônica ainda sentia aquela coisa ruim em seu peito e Cebola tentava analisar as pistas que eles já tinham em mãos. Aquilo continuava não fazendo nenhum sentido e ele tinha esperanças de que Ângelo tivesse falado mais coisas para outros membros da turma.

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Ela estava sentada em um banco da praça lendo um livro em braile quando percebeu alguém sentando-se do seu lado.

- Oi, Ângelo!
- Como você sabe que sou eu?
- Eu sempre sei.

Ele olhou o livro que ela segurava nas mãos e ia perguntar sobre o que se tratava, mas ela se adiantou.

- É um livro de história natural. Estou lendo a parte em que eles falam dos Maias.
- Então você já percebeu, não é?
- Sim. Eu tenho sentido muita coisa ultimamente. O chão treme, sinto algumas descargas elétricas pelo meu corpo, as vezes fico meio desorientada...
- Você é mais sensível do que os outros, por isso sente mais as mudanças. Está com medo?
- Mais ou menos... E aí, como está indo lá com o pessoal?
- O Cebola já desconfiou que eu quero dizer alguma coisa e está juntando as pistas.
- Que bom! E pra mim, você tem alguma coisa?
- Peça para que eles confiem em mim. Eu não posso falar nada diretamente, então estou dando essas pistas para poder ajudar a todo mundo. Sei que vão confiar em você.
- Vou fazer o possível. Ah, a Nina também chegou.
- Você não perde uma, heim?


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