2012 escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 74
A loira maluca




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No capítulo anterior, Cascuda contou para Cebola sobre a conversa que tinha ouvido de Dorinha e DC, causando um pequeno desenlace entre ele e Mônica.

- DC e Mônica? Cara, você tá viajando! – Jeremias perguntou enxugando o suor da testa. – Eu nunca vi aqueles dois juntos.
- Nem eu. – Xaveco concordou. – Durante o dia, cada um fica pro lado.
- E de noite?
- A Mônica fica com você, não fica?

Cebola coçou a cabeça. Aquilo era mesmo verdade. Depois de perguntar para os rapazes, nenhum deles relatou nada de estranho acontecendo entre Mônica e DC. Os dois nunca foram vistos andando juntos.

“Hum... seja lá o que tiver acontecido, pode ter sido antes de a gente vir pra cá, é por isso que ninguém viu nada.” ele pensou com seus botões e viu que fazia sentido. E o que teria acontecido de verdade? Aquela pergunta também o atormentava. Será que a Mônica teve a primeira vez com o DC e não com ele? Não, aquilo não podia ser. Ela não teria feito aquele tipo de coisa, teria?

Os dois se amavam, tinham se prometido um para o outro e ele não achava que a Mônica ia ser capaz de lhe dar essa facada em suas costas. De repente, o que aconteceu nem foi tão grave assim. Pelo menos eles não devem ter chegado tão longe.

- Hum... acho que não tem jeito. Vou ter que falar com o DC diretamente. Ele tinha decidido perguntar aos outros amigos antes de falar com ele, mas desse jeito não tinha conseguido nada. Então estava na hora de confrontar o rival diretamente.

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- Você entendeu, né Marina? Diz pra Dorinha que é pra negar tudo até o fim.
- Claro. E o DC?
- A Dorinha disse que ele prometeu não falar mais nada, então ele também vai negar tudo. Grrrr! Só quero saber quem foi o engraçadinho que soprou isso no ouvido do Cebola!

Marina não respondeu, mas sabia muito bem quem tinha feito aquilo. Então Cascuda queria mesmo prejudicar o namoro da Mônica? Por que ela faria uma coisa dessas? Quando Mônica saiu dali, ela foi falar com Denise.

- Menina, então a bomba estourou mesmo!
- Pois é. Agora todo mundo vai ter que fingir que não sabe nada. E aí, você vigiou bem a Cascuda?
- Vigiei sim e ontem de tarde eu vi ela conversando com o Cebola e depois disso eles brigaram.
- Eu não acredito! Como a Cascuda pode fazer uma coisa dessas? E depois fica aí se fazendo de amiga da Mônica e cuidando da Magali!
- Vixe! Nem eu sou tão fingida assim, credo! E agora?
- Continua vigiando que eu vou lá falar com a Dorinha. A gente tem que ficar bem alerta!

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Ela resolveu aproveitar a pausa para levar os presentes para Magali. Batom com sabor de morango, gloss de melancia, perfume com essência de frutas e um hidratante com um cheiro muito bom de baunilia. Ela ia adorar.

- Mônica, você sabe se a Magali tá acordada?
- Tá não, Carmen. Ela continua dormindo que nem uma pedra. Agora eu tô morrendo de preocupação.
- Ah, que pena... eu ia levar essas coisas pra ela. Tudo aqui tem um cheiro bom de fruta, sei que ela gosta.
- Então vem, vamos levar. De repente ela anima com o cheiro.

Elas entraram no quarto da Magali e viram que a moça continuava do mesmo jeito. Do seu lado, Cascão vigiava seu sono pacientemente.

- Alguma novidade? – Mônica perguntou em voz baixa.
- Nada, que coisa!
- Ah, não... é que a Carmen trouze umas coisas pra ela e... Carmen? O que foi? – ela perguntou ao ver que a loira olhava para um ponto indefinido com uma cara muito estranha.

Assim que entrou no quarto, ela viu o emissário da morte ao lado da cama da Magali e ficou preocupada. Aquilo só podia significar uma coisa.

- Heim? Ah, nada não. É que eu não gostei dessas cortinas, são tão cafonas!
- Ué, você esperava o quê? – Mônica perguntou com as mãos na cintura e estranhando a atitude da amiga.

Carmen colocou as coisas sobre uma mesinha e foi andando lentamente até a janela enquanto criticava as cortinas e a decoração do quarto.

- Credo, isso tá deprê demais! Anda, vamos abrir as cortins e deixar a luz entrar!

O emissário a acompanhava com indiferença, imaginando que ela não ia ter coragem de revelar sua presença. Claro, ninguém ia acreditar naquela maluca. Em determinado momento, quando Carmen estava passando perto dele, por trás, a moça investiu contra o emissário segurando suas asas com força e gritando como louca.

- Seu safado, sem vergonha, filho duma quenga! Se você pensa que vai levar minha amiga tá muito enganado! Eu vou arrancar suas asas agora mesmo!

Mônica e Cascão deram um salto quando viram Carmen se agarrando a alguma coisa invisível e o susto foi maior ainda ao verem que aquela coisa estava se materializando até um anjo de asas negras aparecer por completo.

- Ai, cruz credo! O que é isso? – Mônica perguntou levando as mãos a cabeça.
- Véi, os tais anjos de asas negras existem mesmo? Que doideira!
- São os emissários da morte! – Carmen falou tentando derrubá-lo no chão.

O emissário lutava para se libertar daquela maluca, sem sucesso. Ele acabou caindo no chão e ao olhar para cima, deparou-se com a Mônica estalando os dedos e olhando para ele fazendo a mesma cara que D. Morte fazia quando ia aplicar alguma penalidade. Aquilo não era nada bom.

- Misericórdia... – ele murmurou antes de tudo ficar escuro.

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O emissário estava indo fazer suas tarefas quando levou um susto ao ver um colega chegando no pior estado possível. Suas roupas estavam desarrumadas, o cabelo desgrenhado e as asas num estado deprovável.

- Céus, o que houve? Você andou sendo pego por algum furacão enquanto vinha pra cá?
- Que nada, foi aquela loira maluca quem me descobriu enquanto eu vigiava a amiga dela.
- E ela te deu uma surra?
- Na verdade, eu apanhei dela, de um amigo dela e também de uma garota que deve ter mais força do que a D. Morte! Fiquei todo moído!
- Então trate de se recompor e volte ao seu posto. Se D. Morte pega você aqui dando bobeira, já sabe.
- Nem me fale, cruzes!

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Ele aproveitou-se de que DC tinha entrado no depósito de lenha para deixar alguns feixes que ele tinha pego e foi até lá para confrontar o rival.

- DC, precisamos conversar.
- Conversar o quê, mané? Não tá vendo que eu tô ocupado?
- Isso é importante.

DC largou o que estava fazendo e encarou o Cebola, que o encarava de volta bufando e com o rosto vermelho de raiva.

- O que tá pegando?
- Eu é que pergunto! Tá rolando alguma coisa entre você e a Mônica?
- E por que você não pergunta pra ela?
- Tô perguntando pra você. Fala de uma vez!

Ele olhou para o outro com um olhar cínico e falou.

- Quem me dera tivesse mesmo rolando algo entre a Mônica e eu. Assim eu ia poder mostrar pra ela o quanto eu sou melhor do que você! – um soco veio em sua direção, jogando-o no meio de algumas toras de madeira. Ele levantou-se e retribuiu na mesma moeda.
- Eu devia arrebentar sua cara agora mesmo!
- Por quê? Falei mentira por acaso? Eu não sei o que a Mônica vê num idiota que vivia aprontando com ela durante a vida toda! Se ela me desse uma chance, eu não ia deixar passar de jeito nenhum!

Cebola procurou se acalmar para manter a cabeça fria e perguntou.

- Então não houve nada entre vocês? Em momento algum?
- Você é burro por acaso? Já falei que não, cacete!
- Você pode estar mentindo.
- E pra que eu ia mentir? Cara, o que eu mais quero é ver você terminando com a Mônica pra ter uma chance com ela. Acha mesmo que eu ia deixar de falar a verdade só pra salvar o namoro de vocês?
- Então... me falaram que você conversou com a Dorinha sobre a Mônica...

DC pensou rápido e logo abriu um sorriso malicioso.

- Ah, o meu lance com a Dorinha.
- Heim? Lance?
- É... a gente tá, tipo assim, se conhecendo melhor saca? Eu tambem desabafei com ela minha frustração por nunca ter tido uma chance com a Mônica. Deve ter sido isso que seu... espião... ouviu.

Ele coçou a cabeça, esfregou o local da pancada e continuou olhando o amigo meio desconfiado.

- E tá rolando alguma coisa entre você e a Dorinha?

O outro deu de ombros e foi saindo do depósito.

- Na boa, eu não tenho que te dar satisfação nenhuma, valeu?

Do lado de fora, Dorinha esperava pelos dois. Quando soube que Cebola foi falar com o DC, ela resolveu ir até eles para esclarecer tudo aquilo e ajudar a Mônica.

- Ah, qualé, vai falar ou não... er... Dorinha? – Cebola se surpreendeu ao ver a moça do lado de fora.
- Olha, Cebola, eu posso explicar...
- Você não tem que explicar nada, gatinha! – DC falou colocando o braço ao redor do ombro dela e puxando-a para si mesmo.
- Heim? Gatinha?
- Eu já falei pro ceboludo aí e ele entendeu muito bem!
- Falou?
- Claro! E a gente também tá se entendendo que é uma beleza, não é?
- Estamos?

Cebola olhava ora para um, ora para o outro ainda não acreditando no que estava vendo.

- Então quer dizer que vocês dois...
- Nós dois o quê? – Ela perguntou também não entendendo nada e DC resolveu dar mais veracidade a sua história.
- Ih, o bobão aí é muito lerdo pra entender, linda. Melhor a gente mostrar ao vivo e a cores.
- Mostra o qu... – Ele a puxou para junto de si e lhe deu um grande beijo bem diante do Cebola, que olhava os dois de queixo caído e sem saber se aquilo era um beijo ou o se DC estava tentando examinar o estômago dela com a língua.

Pelo menos Dorinha conseguiu entender o que estava acontecendo e procurou corresponder o beijo, apesar de ter achado aquela situação no mínimo estranha. Quando eles se separaram, DC voltou-se para Cebola e perguntou.

- E aí, satisfeito? Vai deixar a gente em paz ou quer monopolizar minha garota também?
- Er... eu... quer dizer... rapaz... – ele estava tão estupefato que nem sabia o que dizer.

Dorinha tentava se recompor, ajeitando os óculos que tinham ficado tortos por causa do ímpeto do DC e voltou a falar com o Cebola.

- Olha, eu não sei o que tá acontecendo, mas como você pode ver, o DC e eu estamos juntos.
- É isso aí, cebolão. Se eu fosse você, ia agora pedir desculpas pra Mônica antes que ela enfie o pé na sua bunda de vez!
- Ai minha santa quelupita! A Mônica! Eu tenho que falar com ela! Flores, eu preciso de flores! Onde tem flores aqui? Ahhhhh! – ele correu em círculos apavorado e puxando os cabelos e Dorinha o ajudou.
- Numa campina perto da lagoa tem umas flores que são muito cheirosas.
- Eu tô indoooo!!!! – Cebola saiu dali em disparada e quando o perderam de vista, DC disparou a rir.
- Nossa, essa foi boa mesmo! Viu só como ele ficou?
- Ainda bem, ufa! E estou orgulhosa de você, DC!
- Humpt! Só fiz pela Mônica, nada mais. Por mim, ela terminava com aquele ceboludo filho da mãe. Mas eu não quero vê-la magoada.
- Faz bem. Só que agora ele pensa que a gente tá junto...

Ele coçou a cabeça.

- É mesmo... então tá. A gente pode fingir por um tempo até a poeira abaixar. Depois é só falar que não deu certo.
- Está bem. Mas da próxima vez, sem mão boba ouviu? Senão eu vou te acertar onde mais dói!
- Opa, vira essa bengala pra lá, eu já entendi. Hum... adoro mulher brava!
- Nem vem seu assanhado!



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