2012 escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 61
Algumas coisas parecem estar mudando




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No capítulo anterior, Carmen tomou a decisão de pegar Fabinho e seguir com Tonico e Cotinha mesmo com o coração em pedaços por deixar sua família para trás.

21 DE JULHO DE 2012

Fazia algumas horas que ele estava sentado debaixo daquela árvore sem esboçar nenhuma reação. Tudo parecia tão sem sentido! Ele não tinha mais a Aninha, perdeu muitos amigos que tinham ficado para trás e nem vontade de paquerar as garotas ele tinha mais.

- Titi, sai dessa cara! – Jeremias falou passando ali perto levando uma cesta de legumes para a cozinha.
- Me deixa quieto, valeu?
- Uma hora você vai ter que sair daí, seu mané. – ele falou e foi embora com o cesto. Pelo visto não adiantava nada falar algo para aquele teimoso.

Na cozinha, Quim picava alguns vegetais para por na sopa.

- Onde eu coloco isso?
- Lá no canto. Valeu, Jerê!

Ele voltou ao trabalho, picando os vegetais e colocando na grande panela. Desde que chegara ao abrigo, ele assumiu a cozinha e passou a fazer o café, almoço e janta para todo mundo. Até que era bem desafiador! Como era preciso economizar, ele aprendeu a aproveitar melhor as cascas e talos dos legumes, reduzindo o desperdício e fazendo a comida render mais.

- Oi, Quim! Eu terminei aqueles pães de abóbora. Quer provar um pedaço?
- Claro!
- Cuidado que tá quente!

Ele pegou uma fatia fina e deu uma mordida, degustando o pão devagar. Estava mesmo delicioso.

- Muito bom, Raquel! Vai dar muito bem com a sopa. Agora me ajuda picando aquelas batatas ali que daqui a pouco o pessoal vai querer comida.

A moça foi picar as batatas e ao invés de descascá-las, ela tirou apenas as partes verdes, brotos e os ferimentos. O resto ia ser aproveitado. Raquel era uma moça rechonchuda e meio baixinha, da mesma idade de Quim. Seu pai era dono de um restaurante no Rio de Janeiro e a família teve que fugir para o MT quando soube da tragédia através de Licurgo, que sempre foi amigo do seu pai.

Ela tinha os cabelos avermelhados e o rosto meio sardento que Quim achava bonito e simpático. E seus dotes culinários realmente impressionaram o rapaz que estava adorando aprender coisas novas com ela.

Magali apareceu para fazer uma visita ao namorado e quem sabe beliscar alguma coisa.

- Oi, fofucho! Como tá indo o almoço?
- Daqui a pouco está pronto.
- O cheiro tá bom!
- E tá mesmo! A Raquel ajudou a fazer usando os temperos da horta.
- Aqui, você não tá precisando de alguma ajuda?
- Não, de boa. Já tá tudo encaminhado e daqui a pouco é só servir o pessoal.
- Ah, deve ter algo que precisa fazer aqui, não?

Raquel entrou na conversa.

- Olha, tem umas vasilhas aí que precisa lavar. Se você não se importar...

Foi com muito custo que Magali conseguiu segurar uma careta de desagrado. Quando ela falou em ajudar, não tinha em mente se servir de lavadora de pratos. Ela olhou para Quim na esperança de que ele a liberasse daquela tarefa chata, mas o rapaz acabou concordando.

- Gatinha, ajudaria muito se você lavasse essas vasilhas pra não ficar amontoado aqui.

Daquela vez ela não teve como se esquivar e foi lavar as vasilhas muito a contragosto. Que coisa chata! Aquela garota podia ajudá-lo na cozinha enquanto para ela só restava lavar os pratos? Mesmo assim ela não protestou e procurou fazer o trabalho o mais rápido possível para não perder a hora do almoço. Quando terminou, ela disse.

- Pronto, tá tudo limpinho.
- Bem a tempo, já vou servir o rango. Vai ter sopa de legumes com o pão de abobora que a Raquel fez.
- Parece delicioso! Posso provar?
- O almoço já vai ser servido, você pode esperar junto com os outros. – Raquel respondeu empilhando os pratos sobre a mesa.
- É que o Quim sempre me serve aqui dentro mesmo, sabe?
- Pois não devia, Quim! Todo mundo espera sua vez lá fora, por que ela não pode esperar também?
- Como é? – Magali olhou para a garota indignada com aquela atitude arrogante. Qual era o problema de ser servida ali na cozinha mesmo?

Ele ficou meio sem jeito e procurou contornar a situação.

- Ah, o que tem? Eu sirvo pra ela o mesmo que todo mundo, não faz diferença nenhuma servir ela aqui ou lá fora.
- Se não faz diferença, então ela pode muito bem esperar lá fora junto com o resto do pessoal. Todo mundo espera, por que ela não pode esperar também?
- Porque eu sou a namorada dele, ué! Ele nunca se importou de me servir aqui dentro!
- Não quero ser grossa, Magali, mas eu também trabalho nessa cozinha e mesmo assim meus pais esperam lá fora como todo mundo, eu não dou tratamento especial pra ninguém! Não posso deixar que ele faça o mesmo! Todo mundo é igual aqui!
- Ah, é? E por acaso você come lá fora com todo mundo ou aqui dentro?
- É diferente, a gente cozinhou e...
- Ué, todo mundo não é igual? Se eu como lá fora, você também come!

A situação estava fugindo do controle e Quim resolveu acabar logo com aquela discussão antes que aquelas duas começassem a gritar e a trocar tapas.

- Olha, Magali, não vamos brigar por causa de bobagem, vamos? Deixa isso pra lá, que diferença faz comer aqui dentro ou lá fora? Vai que eu te sirvo uma porção extra, tá bom?
- Vai dar a ela mais que todo mundo? Por quê? O que ela fez pra merecer mais?
- Eu lavei as vasilhas, ora essa!
- Qualquer um poderia ter feito isso!
- Raquel, por favor! – ele pediu tentando encerrar aquela discussão ali. – vai, Magali. É melhor.

Magali deu uma última encarada na outra e saiu da cozinha com o queixo erguido. Ela não se conformou.

- Quim, eu sei que você gosta de mimar sua namorada mas agora a situação é diferente! Você não pode fazer tudo o que ela quer!
- Por favor, dá um desconto! A Magali não estava preparada pra tudo isso, tá sofrendo demais e vai levar um tempo até ela se acostumar! Depois as coisas se ajeitam.
- E você vai dar pra ela mais comida que pros outros?
- Só um pouquinho, nem é tanta coisa assim. E vai ser só essa vez, prometo.
- Acho bom mesmo! E você tem que aprender a dizer não para ela mais vezes, Quim! Não pode ficar fazendo todas as vontades dela.

O rapaz não respondeu nada e se concentrou em servir as pessoas. Que situação mais chata! Mesmo sabendo que Raquel tinha lá sua parcela de razão, ele não gostava de ver Magali aborrecida.

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19:00

Eles estavam quase acabando de fazer o check-in das bagagens. Era realmente muita coisa e eles tiveram que pagar pelo excesso de bagagem. Não havia problema, Carmen tinha muito dinheiro e o mais importante era poder sair dali.

O aeroporto estava um grande caos e mesmo eles tendo começado a fazer o check-in às cinco da tarde, só perto das sete da noite é que conseguiram terminar. Felizmente ninguém tinha percebido que Fabinho não era filho de Tonico e Cotinha. O menino se comportava naturalmente, chamando os dois de pai e mãe e Cotinha agia como se fosse mesmo a mãe dele, lhe dando comida, levando-o ao banheiro e fazendo tudo o que uma mãe faria pelo filho de cinco anos.

Tonico reparou que a mulher estava menos deprimida. Ao invés de ficar só pensando e lamentando a morte do Chico, ela se entretia cuidando de Fabinho e aquilo mantinha sua mente ocupada. Aquele menino tinha dado a ela um propósito.

Quando foram liberados, Carmen pegou o celular e tentou ligar para os seus pais uma última vez. Sua mãe não atendeu, nem seus primos. Após várias tentativas, ela ouviu a voz irritada do seu pai no outro lado da linha.

- Carminha, o que você quer? E que barulho é esse?
- É a televisão, pai...
- E por que está ligando? Eu não posso mais mandar ninguém te buscar aí, você sabe que dá muito trabalho!
- Eu sei... não é por isso que eu tô ligando.
- Ah, entendi. Na gaveta do criado ao lado da cama de casal tem algumas notas de cinqüenta reais que eu deixei lá. Você pode pegar se quiser, mas acho que não vai resolver muito porque você não pode sair de carro.
- Tudo bem eu só queria... queria...
- Vamos fazer o seguinte: domingo a noite nós chegaremos da fazenda e então conversamos, está bem?

Os lábios de Carmen tremiam e ela não conseguiu se segurar.

- Me desculpa!
- Como?
- Eu sinto muito, pai! De verdade! Por favor, me perdoa!

O homem ficou em silêncio no outro lado da linha, um tanto constrangido com aquela situação. Como não sabia o que estava acontecendo, ele achou que Carmen estava se referindo ao seu comportamento sendo que na verdade ela se desculpava por ter que deixá-los para trás. Mesmo D. Morte tendo lhe explicado com todas as letras que não havia mais como salvá-los, o remorso ainda a machucava por dentro.

- Olha, Carminha, melhor conversarmos domingo a noite, está bem?
- Fala pra todo mundo que eu pedi desculpa, por favor!
- Eu vou desligar, filha.
- Pai, não! Espera! Promete que vai falar com todo mundo? Pede desculpa pra todo mundo por mim e diz pra mamãe que eu amo ela. Eu amo os dois e...
- Está bem, querida. Passarei o recado. Até domingo.
- Pai? Pai... – ela guardou o celular desolada e após enxugar bem as lágrimas, foi para onde Cotinha e Tonico a esperava junto com Fabinho e os três embarcaram no avião rumo ao MT. Ela queria tanto ter falado com sua mãe também!

Quando eles estavam subindo a escada para o avião, ela olhou para o céu e viu que a movimentação entre os emissários da morte era intensa e o portal dali também parecia em atividade. Aquele lugar também ia afundar em pouco tempo e quem não pudesse pegar aquele vôo, estava condenado.
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Sr. Frufru entrou de volta no quarto onde sua esposa tentava escolher entre um vestido azul-marinho bordado com pedras semipreciosas ou um vermelho-escarlate com bordados feitos em Paris.

- Quem era, querido?
- Nada importante. E então, já escolheu o vestido? Eu quero ver você bem linda para a festa de hoje.
- Eu estou indecisa entre esses dois, eles são tão lindos!

O homem olhou para os vestidos sem saber como dar sua opinião. No fim das contas, era a mesma coisa para ele.

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- Aí ela falou que eu tinha que esperar lá fora como todo mundo, vê se pode? Além de me fazer lavar panelas como se eu fosse uma criada, ela ainda veio com essa história de que eu não posso comer na cozinha e que o Quim também não pode me dar porção extra. Quem essa metida a besta pensa que é?

Depois do almoço, os quatro resolveram dar um passeio para relaxar um pouco e Magali contava a eles sobre o desentendimento que tivera com Raquel.

- E o bunda-mole do Quim não te defendeu? Grrrrr! Eu devia dar umas bifas nele! E nessa metida também! – Mônica bufou de raiva e Cebola resolveu acalmá-la antes que ela saísse espancando pessoas inocentes.
- Calma lá, gente! Também não é assim!
- Como não, Cê? Eu não vou permitir que aquela sonsa trate minha amiga desse jeito!

Ele pensou um pouco, escolheu bem as palavras e falou tentando não provocar a ira de mais ninguém.

- Olha, meninas, eu sei que isso foi chato, sei que a Magali ficou com raiva, mas... er...
- Mas o que, careca? Eu também não gostei do jeito que essa garota falou com a Magá. Quem ela pensa que é?
- Acontece que de certa forma, hã, ela não deixa de ter razão.
- Como é?

O rapaz se encolheu todo para se protetger de um possível tablefe e procurou se explicar.

- Acontece que não dá mesmo pra ficar dando tratamento preferencial pra todo mundo.
- Eu não sou todo mundo, sou uma pessoa só!
- É, mas já pensou se todo mundo resolve que quer comer na cozinha e ganhar porção extra? Isso não tá certo mesmo! Ou faz pra todo mundo, ou não faz pra ninguém!

Mônica esfregou a nuca sem ter o que responder e Magali também ficou um tanto envergonhada. Cebola estava certo, eles não podiam dar tratamento preferencial a ninguém. Ela mesma teria ficado indignada se visse outra pessoa recebendo mais comida do que todos ou podendo comer na cozinha enquanto o restante tinha que comer do lado de fora.

- É... pode até ser... acontece que eu não gostei nem um pouco daquela nojenta me falando pra lavar as panelas!
- E tinha outra coisa pra fazer na cozinha? Você mesma disse que o almoço tava encaminhado, então o que mais você podia fazer?
- ...

Cascão fez cara feia e falou.

- Você pode até estar certo, careca, mas ainda assim o Quim não devia ter deixado essa garota dar bronca na Magali. Ela não falou que todo mundo é igual? Se é assim, ela não é chefe de nada e não devia ter falado com a Magá daquele jeito.
- Isso mesmo! – Mônica apoiou. – ela também devia ter sido menos arrogante, ora essa!
- De um jeito ou de outro, ela tinha que falar isso mesmo! – Cebola falou apesar dos olhares furiosos indo em sua direção. Era impressão sua ou nem mesmo o Cascão o estava apoiando daquela vez?
- Ela podia ter falado com o Quim e depois ele conversava com a Magá, só os dois. Não precisava dar carão nela daquele jeito. – Cascão realmente não tinha gostado da forma como Magali tinha sido tratada.
- Bom, de qualquer forma já passou. O jeito é você aceitar que vai ter que comer do lado de fora com todo mundo.
- Humpt! Tá bom, mas só porque eu não gosto de briga! Agora, da próxima vez que aquela chata vier dar uma de chefona pra cima de mim, ela vai ver só uma coisa!

“Aff! Agora vamos ter duas Mônicas?” Cebola pensou procurando não deixar aquelas duas ainda mais irritadas.

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Ele tinha visto Magali se afastando com os amigos para fazerem uma caminhada e sabia o quanto ela estava zangada por causa daquela discussão com a Raquel. Ele também não tinha gostado muito, mas tinha que admitir que a amiga tinha razão. Magali precisava aprender que não podia mais ser mimada o tempo inteiro como era antes.

“Caramba... o pior é que ela deve ter falado tudo pros amigos, aí danou-se!” se tinha uma coisa que ele sabia era que quando Mônica ficava de bronca com alguém, a turma inteira também ficava e ele não queria ver todos contra Raquel só por causa daquele desentendimento. Não era justo. Ela era boa pessoa, trabalhava muito e se esforçava para ser útil. E cozinhava tão bem! Sem falar do seu grande conhecimento sobre ervas e temperos que o deixava impressionado.

Magali até que se esforçava, mas sua especialidade mesmo era comer, não cozinhar. Raquel não. Ela cozinhava, fazia trabalho pesado e não tinha medo de colocar a mão na massa. Até o seu Quinzao tinha gostado dela. Apesar de não ser tão bonita quanto sua namorada, ela também tinha muitas qualidades que...

- Argh, peraí! O que eu tô fazendo? Sai dessa, cara! Você namora a Magali, a Magali!

Ele respirou fundo e procurou voltar aos seus afazeres. Era preciso planejar a janta daquele dia e Quim procurou não pensar mais naquele assunto.

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Elas estavam estendendo as roupas no varal e apesar dos resmungos de Denise, o serviço até que não era tão ruim assim.

- A louca! Agora eu vou ter que ficar fazendo esse trabalho braçal! Ninguém merece!
(Cascuda) – Ah, não reclama Denise! Nossas mães lavaram a roupa, então o que custa a gente pendurar?
(Denise) - Eu nunca precisei fazer isso lá em casa!
(Marina) – Só que você não tá mais na sua casa e agora vai ter que trabalhar.
(Cascuda) – É isso aí, quem não trabalha, não come!
(Denise) – Marina, amore, por que você não pede pro seu bofe fazer uma máquina pra cuidar disso tudo?

Marina riu da falta de noção da amiga e respondeu.

– Porque ele não tem mais o laboratório dele, criatura! Esqueceu que ficou tudo lá no Limoeiro? E nem dá pra construir nada aqui, não tem material suficiente. A gente vai ter que fazer tudo na mão mesmo.
- Gsuis me acode! Vamos voltar pra idade da pedra? Ai, é o fim do mundo mesmo! E das minhas unhas também, olha só que bagaço elas ficaram!

As duas riram apesar da cara feia que Denise estava fazendo e Marina perguntou.

- Cascuda, como tá você com o Cascão? Já fizeram as pazes?
- Não. Ele ainda insiste em me ignorar só por causa daquela briga boba!
- Não foi boba, foi uma briga feia e eu achei que você foi injusta com eles.
- Eu também, achei, gatz. Você pegou pesado!
- Eu peguei pesado? Claro que não! Eles sempre colocam o Cascão em encrenca por causa das suas maluquices e quando ele precisou, ninguém fez nada!
- Isso não é verdade. Viu como ficaram as mãos da Mônica? Acho que aquelas cicatrizes não vão sair nunca mais.

Denise levou as mãos à cabeça.

- Que horror! Ela vai ficar com mãos de bruxa pelo resto da vida?
- Ai, que exagero! – Cascuda retrucou terminando de pendurar suas roupas no varal. – num instante ela se recupera e fica tudo bem.
- Ainda assim eu acho que você devia pedir desculpas pra ela e pra Magali. Esse clima na nossa turma tá muito chato! E elas são suas amigas, ora! Vai perder as amizades por causa de algo que não tem conserto?

Cascuda não respondeu de pronto e levou o cesto para dentro de casa pensando no que Marina tinha falado. Ela até que tinha razão, mas o problema era deixar o orgulho de lado e se desculpar com as amigas. E o distanciamento do Cascão também lhe magoava. Mesmo ela tendo errado, ele não devia tratá-la daquela forma. Ela sempre suportou suas mancadas e seu fedor sem reclamar (muito). Por que ele não pode ser compreensivo com ela ao menos uma vez?


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