2012 escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 52
A louca da cidade


Notas iniciais do capítulo

HOje vai ter dobradinha! Se for possivel, vou postar dois capitulos por dia.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/279654/chapter/52

No capítulo anterior, a turma teve que fazer uma parada porque o avião deu problemas. Parte do grupo pode pegar o vôo no dia seguinte, mas outra parte precisou ir para outro aeroporto para conseguirem outro vôo para o Mato Grosso.

15 DE JULHO DE 2012

06:00 da manhã

As famílias de Dorinha, Luca e DC foram fazer o check-in antes de embarcarem no avião. Após as despedidas, os pais de Mônica, Magali, Cascão e Cebola decidiram que o melhor era eles partirem o quanto antes mesmo sabendo que o vôo deles ia ser no dia seguinte.

Quando DC embarcou no avião, Mônica ficou muito aliviada. Não tinha lhe passado desapercebido que o rapaz olhava para ela com muita insistência. Sorte sua o Cebola estar ocupado demais tomando conta da sua irmã ou ajudando seus pais com alguns problemas e por isso ele não percebeu o que estava acontecendo. Por precaução, ela evitou sair por aí sozinha para não lhe dar nenhuma chance de se aproximar. Ele tinha que entender que aquilo que aconteceu entre eles não ia mais se repetir.

__________________________________________________________

- Só teremos carros disponíveis depois dez da manhã, senhor. Muitos estão alugados e o restante está em manutenção.

Souza deu um suspiro contrariado e perguntou.

- Vamos precisar de quatro carros. Acha que vai dar?

O atendente checou novamente o computador e respondeu.

- Alguma preferência?
- Algo que dê para carregar três ou quatro pessoas e uma grande quantidade de malas e bagagem.
- Um momento... sim... Às dez horas serão devolvidos um grupo de carros e todos se encaixam na sua preferência. O aluguel vai custar RS 156,00 por dia.

Antenor encostou-se no balcão e falou todo maneiroso.

- Escuta, não seria possível dar um desconto? Quer dizer, não vamos ficar com os carros nem por um dia e só estamos alugando por causa de uma emergência!
- Bem, a companhia aérea onde vocês compraram as passagens pode fazer o reembolso.
- Ih, você sabe como isso pode demorar e se a gente gastar esse dinheiro todo, vai estragar nossas férias! Quebra o galho aí pra nós, vai!

O atendente hesitou um pouco, mas Antenor usou toda sua lábia e acabou conseguindo um bom desconto para todos considerando que estavam alugando quatro carros de uma só vez. Quando conseguiram acertar o preço e fechar o negocio, Carlito perguntou.

- Por que pechinchar agora? A gente tá desesperado e é bem capaz de nem precisar pagar o aluguel!
- Pode ser que a gente acabe nem pagando nada mesmo, mas caso a gente precise pagar, não é bom ficar esbanjando dinheiro à toa. Pode fazer falta no futuro para algo sério.

Os outros três concordaram e foram até onde suas famílias os esperavam. Era oito e meia da manhã e eles ainda iam ter que esperar um bom tempo até que os carros fossem liberados.

__________________________________________________________

- Essas arve tão uma belezura, num é pai?
- É sim, Chico! Óia como o pé di laranja tá carregadinho! O caseiro falô que nóis pode levar um barde!
- Qui bão!

Os dois continuaram podando as arvores do pomar conversando alegremente. Aquele emprego permitiria um ganho extra já que na roça o trabalho não estava rendendo muito.

Não muito longe dali, Carmen caminhava maquinalmente sem se importar com os mosquitos ao seu redor ou com o fato de ter saído despenteada e sem maquiagem. Um emissário estava pousado em cima do telhado de um pequeno depósito de ferramentas e ela foi até ele.

- Ei! – ele pareceu ignorar e ela atirou uma pedrinha no telhado. – eu tô falando com você! Ah, tem dó! Será que vocês têm que ficar em tudo quanto é lugar? Dá um descanso, né?

Apesar da vontade de atirar uma das telhas na cabeça daquela garota chata, ele manteve-se firme e não respondeu nada. E nem podia já que D. Morte havia proibido a todos de conversarem com os humanos.

Chico estava levando as ferramentas de volta quando deparou-se com aquela garota loirinha da cidade falando alto e gesticulando em frente ao depósito. Ele ficou alguns segundos olhando para a cena inusitada enquanto ouvia a conversa da moça que falava palavras e gírias da cidade grande.

- Grrrr! Ninguém merece! – ela virou-se rapidamente e deu de cara com o rapaz segurando algumas ferramentas e a olhando como se ela fosse louca. – Er... bom dia...
- Dia moça... tá tudo bem aí?

Carmen tentou recuperar a compostura, ajeitou os cabelos e respondeu tentando assumir seu ar altivo.

- Claro que sim, eu tô muito bem! E por que não estaria? Hahahaa! Quer dizer, o mundo vai se despedaçar, mas eu tô muuuuito bem, tô ótima! Todo mundo vai morrer e ninguém liga né?

Ele deu um passo para trás, hesitou um pouco e procurou alcançar a porta do depósito passando o mais longe possível daquela garota. Após guardar as ferramentas, ele falou com um sorriso forçado.

- Er... tá bão, moça... eu tô indo podar as bananeira e...
- Você deve estar achando que eu sou louca, não é? Todo mundo acha que eu fiquei louca só porque vejo os anjos de asas negras e os portais que levam as almas pro outro lado, mas eu não sou louca não! Loucos são vocês que não percebem que tudo está acabando e ninguém foge daqui!
- Eu acho qui ocê divia vortá pra casa i tomar um copo di água cum açúcar...
- Água com açúcar? Isso é pros beija-flores! Eu preciso é ir embora daqui, só que meu pai não acredita, ninguém acredita! Aquela baranga ainda fica rindo da minha cara e esses bobalhões – ela apontou para o emissário que assistia toda a cena sem se alterar – ficam aí tirando uma com a minha cara! Grrrr!

O rapaz começou a ficar com medo e preparou-se para fugir dali quando ouviu um som vindo da moça. Era um toque de celular.

- Alô? Oi, mãe. O que eu tô fazendo? Nada de mais, só aguardando o fim do mundo. Tá bom, eu tô indo pra casa. – ela desligou o aparelho e falou para o rapaz. – Quer um conselho? Pega sua família e foge pra bem longe daqui. Aproveita enquanto ainda dá tempo, vai pra Chapada dos Guimarães que é mais seguro. Se ficarem aqui, vão todos morrer!

Ele só concordou tentando manter aquele mesmo sorriso forçado e só relaxou quando aquela maluca foi embora.

- O qui foi, Chico? – Seu pai perguntou olhando confuso para a moça que se afastava. – Ocê num tá si ingraçando cum a fia do dono, tá? Num quero arrumá increnca!
- Craro qui não, pai! Essa moça é doida! O sinhô sabe o qui ela mi disse?

Os dois foram andando enquanto Chico falava ao pai sobre as coisas estranhas que aquela moça tinha dito. Tonico ouvia tudo dando risadas e sem dar grande importância. As pessoas da cidade costumavam ser muito estranhas as vezes.

__________________________________________________________

Após assinar toda a papelada para o aluguel dos carros, as famílias finalmente puderam carregar os veículos com toda sua bagagem. Era mesmo muita bagagem. O vôo estava marcado para as onze horas do dia seguinte, mas considerando que a situação estava toda complicada, eles resolveram que o melhor era chegar o quanto antes. O aeroporto de Uberlândia ficava a uma hora e meia dali e eles não sabiam como estaria o transito. Era bom não facilitar.

Depois do almoço, todos foram carregar os carros com as malas. Todos menos Cascão que tinha desmaiado no banco do passageiro depois de fazer uma generosa refeição. Como sabiam que não adiantava tentar acordá-lo, eles deixaram o rapaz dormir enquanto carregavam as malas e Lurdinha só acordou o filho para fazê-lo ir ao banheiro para se aliviar e talvez lavar o rosto para espantar o sono.

- Vamos Cascão, nossa! Como você dorme!
- Mals aê, mãe... ai, tô todo moído! Parece até que eu levei uma surra da Mônica! – ele falou mexendo a cabeça para um lado e para o outro fazendo o pescoço estalar.
- Eu não tive nada a ver com isso, sério! - Mônica protestou colocando uma grande mala dentro do carro.

Quando terminou de carregar o carro, os pais de Magali entraram e Carlito chamou.

- Magali? Onde essa menina se meteu? Magali!
- Tô indo pai! Eu só fui comprar umas coisinhas pra comer no caminho!

Cascão arregalou os olhos quando viu a amiga chegando com um grande pacote cheio de frutas, salgadinhos, doces, bolos, chocolates, rosquinhas e biscoitos.

- Coisinhas? Isso aí dá pra alimentar um país do terceiro mundo!
- Nhé, exagerado! Você quer que eu morra de fome no meio do caminho? Não dá, né!

Depois de muita peleja, eles finalmente conseguiram iniciar a viagem até o aeroporto da cidade de Uberlândia.

- São uma e meia da tarde. – Cebola falou consultando o relógio. – se o transito tiver bom, a gente deve chegar lá pelas três horas.
- Só que o transito não está nada bom agora!

Eles olharam desanimados para o engarrafamento que prometia atrasar bastante a viagem deles. Ia dar bastante trabalho sair dali.

- Minha nossa, isso vai nos atrasar muito! – Luiza falou assustada com o transito que naquela hora se mostrava quase tão ruim quanto o de São Paulo.
- É a hora do rush. Quando chegarmos a BR deve melhorar. Agora olha aí no mapa pra onde a gente deve seguir.
- Nós estamos na av. Nenê Sabino, então temos que seguir para a praça João A. Oliveira.
- Certo. Então vamos. 

Cada família tinha recebido um mapa para que ninguém se perdesse e aos poucos eles foram abrindo caminho pelo engarrafamento. Mônica olhava pela janela do carro rezando para que não desse um terremoto justo naquela hora.

- Agora você vira na rua R. Srg. João Pedro de Lima. – depois de um tempo, Luiza voltou a instruir - Na rotatória, pegue a 2ª saída para a R. Dr. Paulo Pontes.
- E depois?
- Continue para Av. Maria Rodrigues da Cunha Rezende e Na rotatória, pegue a 1ª saída para a rampa de acesso à BR-050.
- Finalmente! – ele exclamou aliviado por terem saído do caos da cidade. Dali por diante, seria mais fácil.

Passava das duas da tarde e eles precisavam correr para compensar o tempo perdido. Havia radares em vários pontos da estrada, mas ninguém se importava com as multas. O importante era chegarem ao destino.

__________________________________________________________

Ângelo seguia o carro junto com dois emissários que o acompanhavam. Um deles lhe falou.

- Não esqueça: você só vai estar lá pra proteger aqueles cuja a hora ainda não chegou. Não inventa de querer atrapalhar nosso serviço ou a D. Morte arranca as nossas asas!
- Ih, pára de ficar repetindo isso, cruzes! Eu já entendi!
-Humpt! É bom mesmo, “queridinho da D. Morte”! – os dois deram uma risada e voaram mais rápido deixando Ângelo para trás e bufando de raiva. Bem que seus amigos tinham lhe avisado que os emissários da D. Morte eram uns chatos.

Ele procurou acelerar para alcançá-los e ao consultar o relógio, viu que estava quase na hora. Os quatro carros também estavam alcançando o destino e era só questão de tempo até tudo acontecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "2012" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.