2012 escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 51
Uma parada inesperada




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No capítulo anterior, a turma embarcou rumo ao Mato Grosso cheios de angustia e triste por terem que deixar o bairro que tanto amavam.

Os passageiros apertaram os cintos imediatamente e alguns começaram a rezar. O avião sacudia um pouco embora não fosse nada de grave. Luisa apertava a mão de Mônica com força sabendo que isso dificilmente a machucaria e todos esperavam aflitos que a turbulência acabasse e o vôo pudesse seguir normalmente.

Magali tremia encolhida em seu banco, Nimbus e DC tentavam manter a calma e Cascão dormia profundamente, ignorando tudo ao seu redor. Foi preciso que sua mãe apertasse seu cinto após tentar acordá-lo sem sucesso. Minutos depois, eles ouviram novamente a voz da aeromoça.

– Atenção senhores passageiros, iremos pousar em vinte minutos. Mantenham os cintos apertados e permaneçam em seus lugares.
– Pousar? Agora? – Cebola perguntou confuso. – Nós ainda não chegamos!

Ninguém respondeu e não tinha nenhuma aeromoça por perto para lhe dar informação. O jeito foi esperar o avião pousar para saber o que estava acontecendo. Perto de vinte minutos depois, eles viram pelas janelas as luzes da cidade e da pista de pouco. Seus corações palpitavam de medo à medida que o avião ia pousando, pois não era aquele o destino planejado.

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Ao ver o avião pousando em segurança no aeroporto de Uberaba, MG, Ângelo suspirou aliviado. Quando aquela turbina pegou fogo, ele ficou muito preocupado em não conseguir manter as coisas sob controle

– Ufa... ainda bem que não deu problemas.

Os emissários da morte passaram direto, indo tomar seus lugares pela cidade afora, deixando-o apreensivo. Apesar de o avião ter conseguido pousar sem problemas, ele sabia que aqueles jovens iam enfrentar muitas dificuldades dali por diante.

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– Como é que é? Vamos ter que ficar aqui por cinco dias? Não podemos, estamos com pressa! – Souza e Sr. Cebola falavam com a moça do guichê tentando manter a calma.
– Lamentamos muito, senhores, mas o avião deu problemas em uma das turbinas e precisa de reparos. Não é nada grave, logo estará consertado e vocês poderão seguir viagem!

Sr. Cebola se esforçou para não arrancar seus últimos fios de cabelo e voltou a falar.

– Nós não podemos esperar cinco dias, moça! Precisamos chegar amanhã mesmo ao Mato Grosso! Por acaso não tem nenhum vôo pra lá?

A atendente olhou o computador e viu que havia um vôo marcado para as sete da manhã. Mas a quantidade de passagens não era suficiente para todos. Pelos seus cálculos, somente três famílias poderiam viajar. Mesmo assim eles compraram as passagens e Souza perguntou.

– Para quando é o próximo vôo?
– Para o dia 22 de julho.
– O quê? Tão longe assim?
– É que não há muitas viagens para o Mato Grosso.

Os dois foram para suas famílias muito contrariados e Sr. Cebola falou.

– Olha, nós só conseguimos passagens para três famílias. O resto vai ter que esperar o avião consertar porque o próximo vôo só sai no dia 22.

O desespero foi geral e todos falavam ao mesmo tempo, apavorados diante da idéia de serem pegos por um terremoto caso o avião não fosse consertado a tempo. Não dava para facilitar. Luiza deu um grito, fazendo com que todos ficassem em silêncio.

– Discutir não vai levar a lugar nenhum. É o seguinte, temos passagens para três famílias, então temos que discutir quem vai e quem espera o próximo vôo.

Os adultos sentaram-se a mesa de uma lanchonete e se puseram a discutir para ver quem teria a chance de ir primeiro. Os jovens esperaram em um local mais afastado e Cebola começou a mexer em seu Tablet aproveitando-se da internet sem fio que o aeroporto disponibilizava.

– O que tá fazendo, Cê?
– Uma pesquisa pra ver se tem outro aeroporto nas redondezas. Deixa eu ver...

Ele listou os aeroportos de Minas Gerais e foi olhando a localização de cada um no mapa. Os aeroportos de Confins e Carlos Prates ficavam em Belo Horizonte, a cerca de 475km dali. Péssima idéia. O da Pampulha era ainda mais longe, 483km. Também havia o de Montes claros, a 681km.

– Credo, só tem lugar longe! A gente ia levar a vida inteira pra chegar lá! – Mônica exclamou irritada com as distâncias.
– Peraí que tem mais.

Por fim, ele encontrou o aeroporto de Uberlândia que ficava a 105km dali seguindo pela BR 050. De acordo com o sistema do Google, a viagem duraria cerca de uma hora e meia de carro. Só faltava saber se nesse aeroporto teria vôos para o Mato Grosso no dia seguinte. Caso tivesse, o problema deles estaria resolvido. Cebola foi conversar com o pai dele e seu Souza sobre sua idéia e Mônica resolveu ir ao banheiro.

– Magali, você quer ir no banheiro também?
– Quero sim. E eu tô morrendo de fome! Será que a lanchonete daqui é boa?
– Ué, e os biscoitos e bolos que o Quim te deu?
– Acabou, né?
– Jáaaa???? Vixe!

As duas seguiram para o banheiro junto com Dorinha, que também precisava se aliviar. DC observava as garotas se perguntando por que mulher sempre tinha que ir ao banheiro em bando. Dessa forma, não teria como ele falar com a Mônica em particular e quem sabe conseguir outro beijo.

Seu corpo tremia ao se lembrar da emoção que ele tinha sentido, da adrenalina e aquela sensação de estar provando o fruto proibido. Sem falar do prazer de olhar para o Cebola e poder chamá-lo de corno ainda que em pensamento. Se não fosse possível namorar com a Mônica, talvez não fosse má idéia ser o “Ricardão” da história. Assim ele teria a parte boa sem o compromisso e sem ter que dar satisfações.

Dentro do banheiro feminino, Mônica contava para as amigas sobre o que tinha acontecido com ela e DC. Magali arregalou os olhos.

– Amiga, você traiu o Cebola?
– Claro que não, Magá! Foi só um beijo! E foi ele quem me beijou.
– Mas você não resistiu!
– Er... Confesso que tava mesmo com vontade de fazer isso, mas foi só uma vez. Não vou mais fazer de novo!
– Ainda assim foi traição, ora! Você ia gostar de ver o Cebola beijando outra menina?

Mônica pôs as mãos na cintura e falou.

– Eu já vi o Cebola beijando outra garota, esqueceu?
– Ah, é... O lance dele com a Penha... Mas aquilo não valeu, ele não fez por vontade própria.
– Só que eu sofri do mesmo jeito pensando que ele não queria mais saber de mim. Nesse caso é diferente. Foi um beijo só e acabou. Eu não vou mais ficar com o DC!
– E foi bom? – Dorinha perguntou com um sorriso malicioso.

Mônica pensou um pouco e respondeu.

– Foi diferente, sei lá. Eu gostei e ao mesmo tempo fiquei com aquela sensação ruim de que tava fazendo algo errado... Não é a mesma coisa que eu sinto quando tô com o Cebola.
– Isso quer dizer que você se sente atraída pelo DC, mas não o ama de verdade. Foi só algo físico mesmo.
– Pra mim foi traição! – Magali falou.
– Pois eu acho que não foi. A Mônica não planejou nada e também não pretende repetir a dose. Foi algo que aconteceu no momento e não teve grandes conseqüências. Foi só um beijo. Não foi?
– Claro que foi! – ela falou com o rosto vermelho ao imaginar o que Dorinha estava pensando. – A minha primeira vez vai ser com o Cebola!
(Magali) – Ué, você ainda não teve sua primeira vez com ele?
– Não deu. Com a morte da Aninha, depois toda essa confusão, a gente não teve clima pra nada.
(Dorinha) - Ah, que pena... Bom, o que tiver que ser, será. Um dia vocês dois vão ter sua chance.
(Mônica) – E o DC? Depois do que a Magali falou, eu fiquei com peso na consciência... Será que eu devia contar pro Cebola?

Magali e Dorinha disseram sim e não ao mesmo tempo, deixando Mônica mais confusa ainda. Magali completou.

– Não pode ter segredo entre vocês dois! Vai esconder isso dele? – Dorinha discordou.
– Você está certa em parte, Magali. Não pode mesmo ter segredo entre o casal, mas o que eles vão ganhar se a Mônica falar o que aconteceu pro Cebola?
– Er... – ela não soube responder. Em sua cabeça, a honestidade era o bastante. Dorinha continuou.
– Se você falar pro Cebola, ele vai perder a confiança em você e ainda vai querer brigar com o Do Contra!
– Ai, eu não quero isso não!
– Então o melhor é ficar de boca fechada. Foi uma vez só e você não pretende fazer nunca mais, então pra quê ficar mexendo nisso?

Após refletir um pouco sobre o que Dorinha tinha falado, Mônica acabou concordando. Uma coisa, no entanto, ainda a preocupava.

– E o que eu faço com o DC? Já pensou se ele resolve contar pro Cebola? Aí danou tudo! Vocês sabem que quando eu e o Cebola tava namorando pela primeira vez, foi ele quem falou sobre o meu plano.
– Não acho que ele seja capaz disso. Se for o caso, tenha uma conversa séria com ele e peça para que esse assunto seja esquecido pelo bem de todos. Ele sabe que você ama o Cebola e precisa respeitar sua decisão.

No meio da conversa, elas ouviram alguém chamando do lado de fora.

– Ô, alguém aí caiu dentro do vaso? Vambora que a gente só tá esperando vocês!
– A gente já vai, que coisa! – Mônica falou lá de dentro e Magali molhou bem as mãos com água. Quando elas saíram, a moça espirrou vários respingos na cara do amigo, que se debateu loucamente como se tivesse afogando.
– Aaaaiii! Tá querendo me matar?

Eles voltaram para o resto do grupo, com as garotas ainda rindo do chilique do Cascão só por causa de alguns respingos de água.

– Até que enfim! – Souza reclamou – O que vocês tanto conversaram lá no banheiro?
– Coisa de mulher, né pai?
– Humpt! Bom, a gente conversou muito e nós decidimos que as famílias de Luca e Dorinha vão primeiro.

Eles concordaram. Como tinham necessidades especiais, eles poderiam ter mais problemas caso algo desse errado. Souza continuou.

– A terceira família a gente sorteou e deu a sua família, DC.

O rapaz, junto com seu irmão, suspirou aliviado ao saber que ia sair dali dentro de poucas horas.

(Magali) – E o resto de nós?
(Luiza) – O Cebola pesquisou e descobriu que tem o aeroporto de Uberlândia a uma hora e meia daqui. Lá tem vôos para o MT e um deles sai depois de amanhã.
(Sra. Cebola) – Pelo menos é mais rápido do que esperar o avião consertar. Nós vamos dormir um pouco e iremos lá pelas oito da manhã. Antes disso não vamos conseguir carro para alugar.

Todos os detalhes foram acertados. As famílias da Mônica, Cebola, Cascão e Magali combinaram de ir para o aeroporto de Uberlândia enquanto os demais iam seguir no vôo das sete.

Eram três da manhã e cada um resolveu se acomodar como podia para tirar um cochilo. Aqueles que iam no vôo das sete só teriam uma ou duas horas para dormir enquanto o resto poderia descansar um pouco mais.

Dona Cebola forrou um canto mais isolado com um cobertor e acomodou Maria Cebolinha para que ela pudesse dormir melhor. Cebola ficou ali do lado para tomar conta da irmã. Mônica se aconchegou junto com seus pais, sendo imitada por Magali. Como tinha um sono fácil e dormia em qualquer lugar, Cascão sentou-se no chão e dormiu encostado a uma parede. Seus pais ficaram nos bancos ali perto, abraçados e dormindo um apoiado no outro. Será que ia demorar muito até que eles pudessem dormir em uma cama de verdade?

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Ao ver que todos tinham se acomodado, Ângelo resolveu sair dali e deixar que eles descansassem um pouco. As três famílias que estavam prestes a seguir no vôo das sete iam ficar seguras dentro de pouco tempo e Ângelo não se preocupava mais com eles. Sua preocupação era com os que iam ficar.

– D. Morte quer saber se tudo está indo bem. – um emissário falou chegando de surpresa.
– Fala pra ela que tá tudo tranqüilo. Eles estão encaminhados.
– Você tá com uma cara...
– E você queria que eu ficasse como? Tem idéia do que vai acontecer amanhã?
– Tenho, mas se tem uma coisa que eu aprendi é a nunca tentar interferir nos trabalhos da D. Morte. Ela foi boazinha com você naquele caso do loiro narcisista, mas não facilita não porque quando ela resolve pegar pesado, não tem pena de ninguém! Nem do amiguinho preferido dela! – o emissário falou com ironia, deixando Ângelo irritado.
– Bah, cala a boca agonia! Nem sei do que você tá falando!

O emissário saiu dali deixando Ângelo com seus pensamentos. Era bem evidente a inveja que os emissários tinham dele por ser amigo de D. Morte. Ela era muito mais gentil com ele do que com qualquer outra pessoa e aqueles corvos gigantes, como ele os chamava, nunca se conformaram ao vê-lo tendo um tratamento melhor da parte dela.


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